Lembranças escrita por Kelly S Cabrera


Capítulo 1
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Fãããããs de DMC, eu sei que coloquei a Rebellion tendo uma energia própria e sendo uma das espadas do Sparda (no caso Yamato também seria), mas caso isso não seja verdade, ignorem XD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/55391/chapter/1

Estava atrasada, muito atrasada. Se Sparda estivesse do meu lado ou eu estaria morta ou ele me jogaria de volta pro Inferno... Mas o que eu poderia fazer? Havia dezenas de demônios me impedindo de continuar e a chuva ainda pra atrapalhar tudo. Foi uma luta injusta, sim, mas eu tinha que continuar e vencer dezenas de demônios de uma vez não foi uma coisa fácil...

Assim que notei que nenhum demônio me atrapalharia mais voltei a correr entre as ruelas da cidade. Minha missão era, pelo menos, salvar os filhos daquele que eu sirvo, assim como o mesmo pediu antes de partir. Temia que, por causa do atraso, não desse pra salvar nem sequer um deles.

 

Passei por uma ruela e senti algo que me fez dar meia volta para dar uma olhada. Lá estava, encostada em uma das paredes, a espada que um dia pertenceu a Sparda e agora deveria estar com um dos filhos dele, Dante. Peguei a espada fitando-a com raiva do dono que a deixou para trás, balancei a cabeça deixando a raiva de lado e voltei a correr levando a espada comigo. Estava com pressa.

Quando cheguei a rua da casa da humana Eva pude sentir uma energia demoníaca, não era muito forte, mas para uma humana e dois pequenos mestiços isso seria complicado...

 

Entrei me deparando com um grande demônio segurando um dos filhos de Sparda no chão que se debatia tentando se soltar. Atrás dele havia uma grande poça de sangue, talvez o que restou de Eva...

-Atrasada – Disse por entre os dentes chamando a atenção do demônio que rugiu ao sentir minha presença – E alguém não deveria estar aqui – Olhei para o mestiço nos olhos. Ele permaneceu imóvel, agora sentado no chão, com medo do que havia visto e do que estava vendo.

O demônio rugiu novamente ficando entre eu e Dante. Com um movimento de mão criei uma corrente de ar o afastando tanto de mim quanto do mestiço e fazendo parar do outro lado da sala. Prendi a espada em frente a Dante, como se fosse um tipo de proteção e de certa forma era, por isso ele não deveria abandoná-la.

 

-Feche os olhos – Ordenei indo em direção ao demônio que se levantava do outro lado. Arrancaria a cabeça daquilo nem que fosse a base da força.

Não esperava o ataque repentino da besta que com seus braços longos me acertou em cheio. Fui arremessada para o outro lado da sala permanecendo imóvel por um tempo. Mas não seria aquele golpe que destruiria com minha confiança. Levantei preparada e consegui fugir de suas garras. O monstro desproporcional correu na minha direção e, como o espaço da sala não era grande o suficiente para uma luta, logo bateu na parede atrás de mim. Aproveitei essa vantagem para golpeá-lo com minha espada. Incrivelmente, minha espada feita no inferno, não conseguiu penetrar em sua pele resistente. Mal tive tempo para me preparar, pois o monstro virou-se em minha direção e com grande agilidade conseguiu me pegar pelo pescoço e me levantar quase na altura de sua boca, revelando dentes afiados. Tentei me livrar de suas garras, entretanto havia algo de diferente naquele demônio. Ou talvez apenas estivesse desprepara para aquele tipo de luta. Tentei ignorar essa idéia. Seria vergonhoso para mim algo do tipo.

 

Senti então o demônio se balançar, como se estivesse perdendo o equilíbrio. O suficiente para me soltar. Cai no chão e vi que Dante, o pequeno Dante, havia pegado a espada Rebellion e fazendo grande esforço conseguira golpear o tornozelo do demônio. Fiquei chocada com aquela cena e mal tive tempo para perceber que a besta agora mirava suas garras para o pequeno. Corri antes que o atingisse e o empurrei para um canto da sala, fazendo o demônio se confundir e atingir a parede.

 

- Fique aqui paradinho! – falei irritada e chocada para Dante.

Peguei a espada Rebellion do chão e, sentindo a força que aquela espada transmitia àquele que a possuía, encarei decidida o demônio na minha frente. Pulei em sua direção e com a espada pertencente à Sparda consegui penetrar naquela couraça. O demônio gritou de dor quando viu se braço direito cair no chão. Aproveitando o seu momento de dor arranquei-lhe a cabeça, fazendo sangue jorrar por toda a sala.

Voltei minha atenção para o canto da sala onde havia jogado Dante e pude vê-lo encostado na parede assustado, como um rato encurralado. Ele não precisava gritar para eu ver que estava com medo, os olhos azuis dele já mostravam isso conforme ia me aproximando.

-Isso não foi muito inteligente da sua parte – Disse quando parei a sua frente.

 

Dante pareceu não entender o que estava falando, já que continuava estático no mesmo lugar e do mesmo jeito. Sem escolhas, Dante não falaria comigo por enquanto, toquei levemente o rosto do mestiço. Eu só precisava controlar direito a minha energia, não queria um Dante morto assim como resto de sua família. Assim que ele desmaiou o peguei em meu colo e me levantei. Teria que levá-lo para um lugar seguro. E o único lugar mais seguro que eu conhecia, por enquanto, era minha própria casa.

 

Minha casa não era muito grande, mas tinha um certo conforto. Ela ficava do outro lado da cidade, longe da casa onde o pequeno mestiço morava. Não era o lugar mais seguro do mundo, mesmo porque demônios são bons em invadir lugares, mas era mais seguro do que deixar Dante sozinho em sua casa.

A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa, foi por o pequeno Dante em um dos quartos, o cobrindo e colocando sua espada encostada na parede ao lado da cama.

Voltei para sala, indo em direção a janela. A chuva estava de volta e dessa vez com força total. Sentei-me encostando meu corpo na parede da janela, pensando no que havia acontecido. Sparda me mataria, me cortaria em pedaços e me jogaria no Inferno. Eu havia falhado. Eu não havia conseguido salvar a todos. “Pelo menos, salvei Dante”, pensei um pouco mais aliviada. Sparda não me mataria, nem me cortaria em pedaços, mas de qualquer forma eu voltaria para o Inferno quando ele voltasse. Olhei para as minhas mãos manchadas com o sangue do demônio que estava na casa do pequeno mestiço. Levantei-me, se Dante visse aquilo quando acordasse provavelmente ficaria em choque de novo.

Quando voltei para sala,depois de um banho e com roupas mais leves, vi o pequeno Dante tentando arrombar a porta da minha casa.

-Vai embora de novo sem a espada? - Perguntei, perto do sofá, vendo ele tentar, de qualquer jeito, sair.

Eu não tive resposta de Dante, o que me fez suspirar irritada. Seria uma longa noite.
-Seu pai não te deu a espada para
você deixar de enfeite nos lugares por onde você passa... - Tentei não soar autoritária demais, afinal, Dante era filho daquele que eu servia. Ele deveria mandar em mim, e não eu nele.

-Me deixe sair – Ouvi ele pedir com a voz tremida – Minha mãe.. o Vergil... Me deixe sair.

Andei até a porta e parei a atrás dele e percebi as lágrimas caindo de seus olhos. O que Dante tinha agora? Sua família foi morta para salvá-lo...

 

-Estão mortos, Dante, e você não pode fazer nada – Dante fechou os olhos, ainda chorando, o que me fez ver que eu havia sido um pouco dura. Ele realmente não podia fazer nada, mas eu não deveria ter falado.

Retirei cuidadosamente as pequenas mãos dele da fechadura e o fiz ficar de frente para mim.

 

-Não se culpe, Dante, não foi culpa sua o que aconteceu. - Eu não sabia o que dizer, afinal, demônios não sabem lidar com esse tipo de situação.

Dante limpou uma das lágrimas com o dorso de sua pequena mão, ainda olhando para mim um pouco assustado.

-Você é como eles – Afirmou. Ele ainda estava soluçando.

-Sou, mas não igual a eles – Disse esperando que Dante me entendesse, mas recebi um olhar confuso em resposta.

 

Peguei uma de suas mãos e o levei para o sofá. Sentia o olhar desconfiado do pequeno, mas também não era para menos. Sentei-me no sofá e esperei um tempo até que Dante tivesse coragem o suficiente para se sentar ao meu lado.

-O que estou querendo dizer, Dante, é que eu sou um demônio, mas não ajo como um. - Disse – Eu sirvo ao seu pai.

 

Dante não falou mais nada, apenas desviou seu olhar para seus próprios pés. As lágrimas ainda caiam, mas pelo menos, eu havia conseguido fazer com que ele não fosse de volta para sua casa.

Apesar de estar no mundo humano muito tempo antes de conhecer Dante, eu ainda não entendia o que o pequeno sentia. Eu não sabia o que era perder alguém que gostava. Aliás, eu nem sabia o que era essa palavra direito. Eu era uma serva, não sentia nada por Sparda, nem por ninguém... Humano ou demônio. Mas ao ver o pequeno Dante chorando em silêncio e com medo, algo dentro de mim despertou. Puxei Dante para perto de mim, o fazendo encostar sua cabeça em meu peito. Ele me abraçou com força. E eu tentei entender o que se passou em minha cabeça e se era possível eu pegar afeição por alguém...

-Se servir pra alguma coisa – Eu disse baixinho – Você, a partir de hoje, ficará comigo... Pelo menos, até você não esquecer a Rebellion por ai.

Dante me abraçou com mais força, como se estivesse concordando com o que eu havia dito.

-Não me deixe... sozinho – Disse por fim, me fazendo abraçá-lo.

 

~X~

 

Paro de falar assim que ouço a porta da loja ser aberta. Trish que estava ao meu lado, ouvindo minha história, se levanta.

-Está atrasado, Dante. - Disse, como quem queria dar uma bronca. Isso realmente é algo estranho de se ver.

-Não culpe a mim – O meio-demônio respondeu – Aqueles demônios tomaram mais tempo do que eu previa.

-Certo – Trish disse voltando sua atenção para mim, ainda no sofá e agora de braços cruzados – Vou deixar vocês dois conversarem. Depois você me conta o resto da história, sim?

Concordo com a cabeça e dou um sorriso vendo Trish sair da loja. Levanto-me e vou em direção a Dante, parando a sua frente, que se encostou em sua mesa.

-Agora eu entendo porque estava chovendo tanto. Você reapareceu...

-Isso não foi um comentário muito legal da sua parte, Dante – Digo usando um falso tom de ofensa – Nem parece que está feliz em me ver.

-Deveria? - Dante pergunta arqueando uma de suas sobrancelhas – Você desapareceu do nada e do nada volta.

-O meu pequeno mestiço estava ficando muito forte pra mim – Dou um sorriso divertido. Dante suspirou voltando ao normal.

 

O motivo não era esse, claro. O problema é que eu não queria me apegar demais a ele, mais do que já sou apegada. Achei, na época, que se eu me separasse as coisas seriam mais fáceis para ele.

 

-O que quer Ilya? - Perguntou me tirando do pequeno transe, fazia um bom tempo que eu não ouvia ele dizer o meu nome – Problemas com demônios?

-Só se o problema for comigo mesma – Dou uma risada – Eu só vim te ver.

-Saudades, é? - Dante deu um sorriso e desencostou-se da mesa.

-Uhum, muitas. - Digo e logo completo - Sinto muito Dante, seu charme não vai me pegar. - Volto a rir o vendo bufar.

-Certo, vou tomar um banho então. Você espera?

-Claro. Não vou fugir de novo – Respondo e antes que ele subisse a escada toda continuo – Dante...

-O que é? - Dante pára no meio da escada.

-Eu... eu... - Certo, eu ainda sou um demônio e ainda não tenho o costume de falar o que sinto – Deixa pra lá. - Dou os ombros fazendo Dante dar uma risada.

-Para um demônio você está indo bem. Continue assim e você conseguirá dizer o que quer.

 

Dante volta a subir as escadas sumindo no andar de cima. Vou em direção a mesa e me sento na cadeira. Observo o retrato de Eva. O que eu queria dizer, na verdade, seria o que Eva e Sparda diriam. Eu estou orgulhosa. Sim, orgulhosa pelo o que Dante se tornou, pelo caminho que escolheu. Não é um caminho fácil, isso é mais que obvio, mas foi um bom caminho e eu me sinto orgulhosa por isso.

-É, a noite vai ser longa – Digo sorrindo para o retrato, feliz pelo meu pequeno mestiço.

 

FIM


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lembranças" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.