A Revolução Brasileira escrita por Pedro Henrique Sales


Capítulo 12
Raíz Marxista


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores e autores. Este capítulo é o início da segunda parte da história, quando Alberto deixa de contar suas histórias passadas, para contar o seu então ontem, numa forma de cronograma.

Se tiverem quaisquer duvidas, deixem um review. Espero que gostem.

Boa leitura!



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São Paulo, 18 de janeiro de 2030.

O dia mal começou e já estava com as expectativas a mil! Acordar de manhã com rápidas sequências de choque no pulso produzidos pelo próprio relógio é algo extremamente excitante. Cargas tão baixas que causam apenas um incômodo. Uma invenção tão simples, mas tão essencial, que não há como se atrasar hoje em dia.

O tilintar dos talheres vindos da cozinha logo pelas seis e meia da manhã já denunciavam que Anne estava preparando o café. Roberto estava dormindo, e assim ficaria até às dez horas: quando Marilda, nossa empregada, chega para aprontar o almoço e fazer os serviços gerais na casa.

Pão de forma com rosbife na chapa. Não há algo melhor para se comer logo de manhã. Quanto mais quente, melhor. O rosbife, quando derretido, se transforma num creme salgado de cor amarronzada indescritível! O cheiro da manteiga protegendo o pão para não queimá-lo, emitindo um som borbulhante no ar; o cheiro do café expresso saindo; o som de alerta do micro-ondas ao terminar de esquentar meio copo de leite, para a outra metade ser completada com café são absolutamente normais no meu cotidiano. Nada de diferente. Mas, desde cedo, algo me disse que hoje seria um ótimo dia.

~-~

Senhor Giancarlo, apresente-se. disse Brian, dirigindo-se a um dos participantes da reunião. Um sujeito baixo, magro, já de idade, com os dentes estragados, pelos saindo do nariz e uma orelha sem lóbulos, um tanto assustador.

Olá, bom dia a todos e abriu a boca na intenção de sorrir, mas os dentes saltavam para fora, tomando maior atenção. Sou um cientista político aposentado. Também um indignado com o governo atual, que se perpetua desde 2002. Tenho algumas ideias para podermos quebrar isso tudo. Mas quem também tiver, manifeste-se e venha aqui em cima apresenta-la. Falarei num linguajar mais fácil, à pedido do nosso cérebro, Alberto Neto.

Somos milhões. Não podemos esquecer-nos disso. Mas há quase uma metade que se opõe à mudança, pois são beneficiados sem ela. O comodismo se instaurou na mente e na bunda do brasileiro: primeiro: atura e, às vezes, concorda com certas atitudes; segundo: não é novidade, mas todos nós sabemos que nós mesmos não tomamos atitude alguma. Mas é claro! O comodismo pode ser visto pelo outro lado como medo e a insegurança e piscou o olho esquerdo. Como eu, sozinho, posso enfrentar um problemão desses? Como expor minha opinião sem ser julgado injustamente, sem correr riscos, sem ser ferido, sem ser preso, sem morrer? Está aí o problema. Um dentro doutro. Quando um militante resolve sair sozinho, ou em um grupo pequeno, não tem voz. Igual ao Brasil. Nosso país não tem voz na Organização das Nações Unidas por muitas décadas. Aqui, muitos não terão voz. Mas por isso existem seus representantes. Cada um procura englobar uma classe de opiniões semelhantes numa só.

Hoje é o nosso primeiro dia de muitos! Uma segunda agradabilíssima. Mas cá entre nós que o ar condicionado está nos ajudando nesses últimos dias. Que calor insuportável!

Mas enfim, exporei minha tática para vocês. Brasília. Esse deve ser nosso primeiro alvo. Todos nós iremos de ônibus para lá. Muitos ônibus. Muitos! Cada um levará um colchonete consigo, alguns poucos trajes para passar, no máximo, uma semana na rua, uma panela e uma colher de pau. À princípio, sem violência. Afinal, queremos começar um governo de paz. Para isso, evitaremos ao máximo terminar este com violência. Não avisaremos a polícia para fazer segurança. Não avisaremos ninguém. Deverá ser um susto para todos. Algo extremamente simples, que foi usado como ferramenta na queda de uma ditadura: bater panelas no horário político. Mas não faremos apenas nesse horário. Parte de nós ficará no acesso de carros ao Congresso Nacional. Outra, na Esplanada dos Ministérios... Cada grupo em um determinado lugar. Chegaremos no nascer do sol. Abriremos nossos colchonetes nas vias de acesso à esses locais e por lá ficaremos. Ninguém passará e continuou tagarelando seus planos por mais quinze minutos, até que alguém o interrompeu aos pigarros.

Pois não? disse Giancarlo ao moço.

Desculpe interrompê-lo, mas qual a vantagem de pararmos esses principais pontos de Brasília? O que ganharemos com isso?

Desobediência civil. Numa democracia é sim permitido manifestar, desde que não atrapalhe o andamento alheio. Mas essa ideia é para, justamente, atrapalhar. Vamos começar pelo cérebro do Brasil. Depois, podemos pensar em algo como parar rodovias, principais vias das metrópoles e megalópoles.

Só para finalizar, as panelas. Nos horários de propaganda política, ficaremos fazendo barulho. Não só nós, mas mobilizaremos mais pessoas com folhetos, banners e afins para fazê-lo também. Isso mostrará que não estamos nem aí para o que eles estão nos dizendo e toda a última palavra de uma frase, ele encolhia os braços, e dava ênfase na sílaba tônica, levantando os lábios e deixando à mostra aquilo que chamamos de dente.

~-~

Milhões de famílias não moram num lugar descente! Vá para o litoral sul de São Paulo e veja a quantidade de pessoas morando em palafitas e cortiços! Milhões de famílias moram debaixo de pontes. Milhões de famílias não têm recursos mínimos para sobreviver! Cada dia vivido, aliás e fez uma pausa, corrigindo sua fala , sobrevivido, é uma vitória para essa gente! Pessoas vivendo em extrema miséria num país onde há mais de quinze anos o governo anunciou que o Brasil superou a miséria? Perdoem-me, mas tenho que certeza que nenhum desses vagabundos pegou um ônibus sequer e viajou para o interior do Maranhão e ver com os próprios olhos aquele cenário.

Ouvi inúmeras vezes pessoas propondo a ideia de separar o Brasil em dois hemisférios. A parte rica, o sul, e a miserável, o norte. O mais engraçado é que essas pessoas que dizem isso sempre são do hemisfério sul e arrancou risos dos ouvintes. Nunca ouvi um morador do norte dizendo isso, sabem por quê? Porque eles sabem que sem a economia gerada no sul de nada eles seriam! Ok. Não tiremos os méritos da economia deles, mas querendo ou não, a região sudeste do Brasil que representa a economia desse país. Sou fiscal da mineração do estado de Minas Gerais. Conheço cada cidade de cor e salteado daquela região. Vocês pensam que Minas é só Belo Horizonte, Alfenas e Poços de Caldas? e coçou a cabeça Não! Visitem o noroeste de lá. Peguem alguma cidade pertinho de Goiás e da Bahia. Vejam com os seus olhos! Estou ciente de que vocês têm uma boa noção do nosso Brasil, pois essa reunião é selecionada. Mas muitos já sabem. A MIBI tirou muitos da ignorância. Porém, uma página na internet ainda é pouco. Os dados sobre o desenvolvimento estudantil nas escolas públicas é alarmante! Quem aqui se lembra daquela greve de professores em 2019 que durou um ano letivo completo?

Não estudei esse ano justamente por esse motivo gritou bem alto o jovem para ser escutado.

Então, meu caro. Onze anos se passaram e a situação continua. Um ignorante se dá, primeiramente, em casa. Mas o segundo lugar é na escola. Como educar uma criança não tendo a oportunidade de estudar? Completamos um terço do século XXI e ainda existe isso. Brasil: a pátria educadora. Era o slogan do governo de uma presidenta que passou por aqui. Aonde, em que lugar é uma pátria educadora? As estatísticas para as futuras gerações são sempre terríveis! Não há educação onde professores são mal pagos, onde há violência dentro das escolas, onde unidades são pessimamente conservadas, onde não há recursos mínimos nos materiais didáticos... Um colega meu, formado em física, me contou do dia em que foi pedir emprego na rede pública. Uma sala lotada de candidatos. Parecia uma lata de sardinha com uma fila enorme para colocar o nome na relação professor/matéria. Quando chegou sua vez, eram folhas e folhas que não acabavam mais de professores de português, de história, de geografia, algumas de biologia, pouquíssimas de matemática e... física, química e biologia? Vazias! Pra não dizer vazias, havia apenas um nome na parte de física. Não demorou dez minutos e ele foi contratado. Queriam até que ele cobrisse as aulas de matemática. Vocês acham que existem professores de física em todas as escolas públicas no Brasil? Ah! Detalhe: ele estava procurando emprego na região central de São Paulo! Não era no interior de Sergipe. Voltando ao raciocínio, a rede pública contrata qualquer babaca aí para dar aulas de matemática. Ou colocam um professor de matemática para lecionar química. Só falta ter um jardineiro dando aula de biologia!

Quem dera se a educação fosse o único problema. A falta dela nos traz tantos outros... O saneamento básico, por exemplo. Milhões não têm acesso. E a escassez deste agrega no quê? Saúde pública! Sofra um acidente e vá para um Hospital Geral. Veja a sujeira, veja a falta de recursos, veja um vírus a olho nu! Médicos negligentes ou nem são médicos de verdade. Quem nunca viu na televisão aqueles imbecis batendo o cartão na entrada do hospital e saindo logo depois pela mesma porta que entrou só para provar que foi trabalhar? É um absurdo! Às vezes penso muito na prisão perpétua pra esse tipo de gente. Médicos que usam produtos com o prazo de validade vencido... Uma desgraça! Uma vez tive a má sorte de precisar ir num hospital público porque sofri um acidente e era o local mais próximo que estava. Ao chegar, sentei numa cadeira de rodas. Detalhe: a cadeira não tinha rodas! Era apenas o aro! Aquele som estridente rangendo por todo meu trajeto lá dentro era perturbador. Fiquei mais de oito horas lá dentro. Conheci um cara que estava na mesma situação que a minha: tínhamos fraturado o ombro. Ele chegou de ambulância e estava esperando há mais de quatro horas para ser atendido! Que diferença faz ir de carro ou de ambulância?

Tornou-se normal ver os corredores da morte. Hospitais com os leitos esgotados levam cada paciente que chega para um corredor e o deixa por lá. Milhares morrem sem atendimento algum! Não há triagem. Em alguns lugares, a demora de atendimento para uma vítima de bala alojada no cérebro é a mesma para alguém que simplesmente queimou o dedo numa panela. Para alguns espectadores isso é enfrentado como o sol do meio-dia: ninguém encara diretamente.

Não podemos esquecer, também, da merda da segurança pública. Policiais totalmente despreparados. Fazem vinte flexões e caem no chão! Não aguenta correr atrás de um traficante e já se cansa! Sinceramente, deveria ser crime um policial ser admitido através de concurso público. Se o país entrar em guerra, que magrelo irá fazer concurso pra entrar no exército e enfrentar brutamontes lá fora? É um vergonhoso despreparo! Cada frase de Agenor atingia os tímpanos como um tiro de quem o ouvisse. Era grito atrás de grito. Gritos de intolerância e de inconformação. Todo agente policial deveria ser tão bem preparado como os agentes do Batalhão de Operações Especiais do estado do Rio de Janeiro. Eles sim são bem preparados! Anos de Academia! Não algumas horas com uma caneta na mão respondendo perguntas! Ser policial não é saber atirar, simplesmente. Ser policial é saber atirar; ter um condicionamento físico perfeito; ter, no mínimo, um porte atlético ou maior que isso; é ser inteligente e estratégico; é repugnar um traficante e ter piedade de um drogado! Ser policial é amar defender a população do mau; é fazer cumprir a lei; é fazer manter a ordem para que haja uma convivência harmoniosa entre todos! O brasileiro sai às ruas temendo ser assaltado a qualquer momento. O maior problema não é o bandido, mas sim a falta de policiamento nas ruas. Índices criminalísticos crescendo deliberadamente ano após ano. O controle de tráfico perdeu as estribeiras. É droga dentro das escolas, nas praças, nas ruas, nos parques e até em shoppings! É vergonhoso. Muito vergonhoso! Essa revolução que estamos planejando precisa mudar todos esses quesitos. Falei as raízes do problema. Mas ainda restam os galhos, as folhas, o tronco, os frutos...

Só para finalizar, não posso deixar de lhes contar uma experiência que tive há dezoito anos. Trabalhei na Receita Federal por algum tempo e uma das minhas funções era atender os usuários do programa Bolsa Família. Todo mundo sabe do que se trata esse programa. Muitos já gozam de uma opinião sobre ele. Como lhes disse, viajei por todos os cantos do Brasil. Conheço o sertão nordestino. Conheço o interior de Tocantins e do Amazonas, inclusive o Pará. Morei à trabalho por alguns meses numa cidade divisa com a Guiana Francesa, no estado do Amapá. O comércio entre as cidades (divididas por um rio) é feito com a moeda euro. É um horror! O agreste e o sertão são duas regiões quase inférteis. Numa das viagens que fiz de ônibus, conversei com um garoto que estava sentado do meu lado. Conversamos por horas até o fim da viagem. Quando chegamos no assunto Bolsa Família, ele me disse o seguinte: Não apoio de maneira alguma esse programa. O governo brasileiro preza a ignorância, o conforto, a acomodação. Não é correto dar o peixe para o pescador. Mas, sim, dar a vara e ensinar-lhe a pescar. Todavia, porque o governo não dá a chance de trabalho ao invés de lhe dar uma migalha por mês? E lhe respondi : Já pensei dessa maneira. Mas depois que, realmente, passei a conhecer o Brasil, depois que vi tudo com os meus olhos, não é possível fazer isso que você disse. Não existe emprego no semideserto nordestino. O solo sofrendo com os reflexos da arenização, não nasce nem vegetação gramínea! Não tem uma gota dágua! Não existe nenhuma forma de trabalho. Como dar a vara para o pescador sendo que o rio não tem um peixe sequer? E, realmente, não há como! O Bolsa Família beneficia as famílias pobres e extremamente pobres, juntamente com o programa País sem Miséria. Levam em consideração o número de pessoas residindo na casa, a renda total gerada pela família, se há alguma gestante e quantos são menores de dezessete anos. Distribuem uma renda mensal de setenta e sete reais para pessoas que não têm um rendimento mensal nesse valor. Dar dinheiro para pessoas que não têm nada? Perfeito! As duas primeiras gerações do programa já estão ganhando seu próprio dinheiro. Realmente ajuda. Muitos estão estudando. Mas o problema não é esse. Quando eu trabalhava na Receita Federal, me apareceu um caso bizarro. Uma mulher estacionou seu carro de luxo na frente do prédio. Entrou no meu setor, pegou uma ficha, aguardou sua vez... para retirar seu Bolsa Família! A mulher era empresária, porém, a empresa não estava em seu nome. Safadeza, não é? Muita gente realmente precisando, e existem vagabundos que não declaram renda só para usufruir desse dinheiro. Não existem exigências o suficiente para garantir eficácia na segurança do benefício. Assim como várias coisas aqui neste país, mais uma, infelizmente, é banalizada. Um projeto admirado por incontáveis países e repudiado pela própria nação anfitriã. A sujeira não é divulgada. Está aí mais uma ação como o sol do meio-dia: ao olhar diretamente, não importa para onde você desvie, mas continuará insuportavelmente claro.

~-~

Um dos nossos militantes, Douglas, mencionou a ideia de explodirmos Brasília. Na hora em que subiu no tablado de carpete, com alguns holofotes focalizando-o apresentando suas ideias, uma excitação generalizada ocorreu naquele auditório. Uma compilação de vozes discutindo aquela audácia. Havia alguns que já pensaram naquilo. Mas ninguém teve coragem de apresentá-la. Nem mesmo os que já estavam cientes desta ideia. Aliás, um estava representando o outro. Infelizmente não é possível levar cinquenta milhões de pessoas num auditório.

O Brasil só irá pra frente quando tudo de ruim deixar de existir. Um asteroide deveria cair sobre nossas cabeças e recomeçarmos do zero e falava com louvor toda a sua estratégia, gesticulando demasiadamente Como isso é muitíssimo improvável, por que não acabar com o Plano Piloto? Uma pena destruir aquele lindo trabalho, mas seria o início de uma nova era. A era da verdadeira democracia. A era da felicidade, da cumplicidade, da riqueza! Assim, poderemos, finalmente, dizer: sou brasileiro e sou feliz!

Até que não era uma ideia ruim. A maioria achou extremamente violenta, mas, posteriormente, ele nos explicou que tudo seria de madrugada, num horário nada movimentado. Fugiria cem por cento da pacificidade, mas é uma ideia a ser discutida.

Se incendiarmos a sede do Partido dos Trabalhadores O partido que rege o Brasil há vinte e oito anos , sem dúvida alguma eles se sentirão intimidados e, dessa forma, irão recuar. Nossa meta é desestabilizá-los. É tirar o poder do presidente Oscar Schneider! Não culparemos totalmente ele, mas o PT precisa sair! Não há mais espaço e nem tempo para eles. Eles acabaram com o nosso país. Acabaram com a nossa maior empresa. A Petrobrás está falida! Vamos agora viver só do etanol? É vergonhoso ser brasileiro. É vergonhoso viajar para os Estados Unidos da América e mostrar nosso passaporte. Até a Argentina está a nossa frente! Aquelas imensas favelas estão acabando a cada ano! E aqui elas crescem a cada ano. As pessoas estão empobrecendo! Essa maldita inflação cresce sem parar! E os salários? Estagnados... Tenho pena dos investidores, sabiam? Não dos conservadores. Às vezes eles dão sorte e saem ganhando. Mas daqueles que esperam o retorno em longo prazo. Eike Batista perdeu tudo. O Sistema Brasileiro de Televisão está cambaleando... A Rede Bandeirantes não consegue quitar nenhum processo... Mas os irmãos Marinho deram sorte. Mesmo com o encerramento do reality show Big Brother Brasil há dez anos, eles conseguiram manter a Rede Globo no mesmo patamar. Mas não vamos negar que eles sim são investidores. Eles são ótimos empresários. Quase todos os canais a cabo são deles, também. Não é atoa que ainda são os mais ricos do Brasil.

Retornando aos planos, com esse incêndio que planejo, eles irão recuar e tomar alguma medida. Mas cá entre nós: poderíamos muito bem queimar os ternos deles! e riu junto com o auditório. Os parlamentares gozam do auxílio terno, uma ajuda para comprar suas roupas de grife (com o imposto pago pelo cidadão) Teremos que avançar sem medo! Seu Alberto publicou a ideia de Gene Sharp na Menos Ignorantes para um Brasil mais Inteligente. Aquela de, em um protesto de punho popular, colocar as mocinhas, crianças e idosos na frente. Isso evita babacas com estilingues, e tranquilizam a polícia, que acabam achando que só existem pessoas daquele porte. Mas é apenas um blefe. Os grandalhões ficam no meio! E é isso que precisamos fazer. Juntemos, no mínimo, dez mil pessoas para cada passeata pacífica e as colocaremos nessas disposições. Caso aja a necessidade de participarmos ativamente de um confronto, a frente nos abre espaço para podermos atacar.

Quando houver feridos, mortos e prisões, atacaremos como um rolo compressor e sem medo do que possa acontecer!

Epa, epa, epa! interrompeu um militante. Colocar a vida das pessoas em risco!? Você está maluco? e gritou com Douglas.

Meu amigo, é o seguinte... Estamos organizando uma revolução. Uma re-vo-lu-ção! respondeu Douglas, falando pausadamente cada sílaba. Se você acha que não haverá mortes, é melhor sair desse auditório. Não existe revolução pacífica. Protestos, sim! Revoluções? Desconheço. Tentaremos evitar. Mas esteja ciente, não só você, mas assim como todos, terá derramamento de sangue! Isto é fato. A polícia reagirá. O exército vai aparecer. Ou você acha que um presidente sai do seu poder tão fácil quanto você sai do seu carro com uma arma apontada na tua cabeça? Obrigado pela pergunta.

Continuando... Nós não podemos contrair jamais! O motivo pelo qual todas as manifestações não dão certo é justamente por isso. Militantes começam, fazem algazarra... Passam dois dias e param com a palhaçada. Não neguem. Muitas manifestações que vemos por aí são desnecessárias. Para não dizer desnecessárias, não possuem nenhum recurso. Precisamos fazer panfletos, banners, jornais... Qualquer meio de propaganda que divulgue nossa ação. Precisamos de muita gente! Cresci vendo as manifestações na televisão... Sempre quis participar. Mas meus pais nunca deixaram. Eles nunca apoiaram. Sempre julgaram todo protesto como uma ação violenta. É o mesmo que dizer que todo muçulmano é terrorista. Não! e deu um grito estridente. Não é assim! Se todos pensarem assim... jamais haverão mudanças.

A partir do momento em que formos presos, juntaremos uma massa de pessoas e invadiremos todos os postos policiais para soltar nossos companheiros. Ninguém ficará à mercê do governo. Ninguém! Sabem aquele ditado unidos venceremos? Nós iremos vencer! Todo nosso esforço valerá a pena. Eu lhes garanto.

Lanço a ideia de recolhermos fundos da MIBI. Para socorros, propaganda, divulgação internacional... Seja lá o que precisarmos. Mas precisamos, acima de tudo, garantir um boníssimo serviço médico para todos nós quando algo acontecer. A doação de cinquenta centavos de cada um de todo o nosso grupo ajudaria muito! Somos cinquenta milhões. Vinte e cinco milhões banca uma revolução, creio. e riu. O que sobrar, poderemos iniciar algum projeto no novo governo que está por vir. Este homem está completamente esperançoso, que acabou contaminando para todos aqueles que o ouviam.

Repito: estejam cientes do que irá acontecer. Ao começar, não terá mais volta! Se pararmos, tudo ficará muitíssimo pior! Estou sendo duro, meus amigos, mas, acima de tudo, realista! Precisamos nos precaver. Como disse Karl Marx, o fundador do socialismo moderno, nenhum grande movimento nasceu sem derramamento de sangue.


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