Our Secret! escrita por Ponyo, Nemarun


Capítulo 7
Quatorze anos, Ponyo: Paradoxo.




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Quatorze Anos- Paradoxo.

Querido Diário.

19 de Dezembro.

Olha, somos amigos a bastante tempo, Diário. Escrevo em você desde dos meus cinco anos. Já escrevi em você em vários lugares diferentes, como na cozinha, no quarto, no jardim, no banheiro, etc.

Mas acho que eu nunca escrevi na diretoria, que é onde estou agora.
Sou quase uma budista e totalmente contra machucar outro ser, sou a favor da paz e participei da "Paciata" contra os maus tratos em animais. Só que eu realmente estava precisando dar uns belos tapas na Lívia.

Eu estava limpando a sala quando a vadia veio me irritar falando que está namorando o Lysandre. Ela não ficou muito contente quanto eu simplesmente mostrei o dedo do meio para ela e falei que não dava a minima. E realmente não dou... Eu acho.

Só que eu não imaginei que iriamos entrar em uma grande discussão, e que eu tacaria o apagador na sua cabeça. Coisa que eu não me arrependo.

Depois de muitos socos e arranhões, um inspetor veio e levou a gente para a diretoria. Nenhuma levou suspensão ou algo assim, afinal era o último dia de aula.
Eu levei alguns arranhões e um soco no estômago, já Lívia está toda machucada e mal consegue me olhar nos olhos. Se eu estou feliz com isso? Eu não consigo parar de sorrir.

Obrigada por me ouvir, diário.

(...)

Eu e Ken estamos debaixo da árvore de Ipê. Estava bem quente para uma noite de verão, todos os alunos estavam comemorando o fim das aulas e se despedindo dos amigos que não veriam no resto do verão.

–Não é justo, Kentin.

–Eu também acho, mas não tenho escolha... Vou sentir sua falta, Ponyo. você foi a melhor amiga que eu já tive, embora fosse a única. - Abracei Kentin fortemente, com lágrimas nos olhos. É simplesmente horrível quando uma pessoa tão querida vai embora desse jeito, é como se uma parte do seu coração fosse junto. E o meu já não estava em muito bom estado.

–Promete que não vai se esquecer de mim?

–Prometo... Mas mesmo se eu quisesse te esquecer, eu não conseguiria. O soco que você me deu no braço ainda está roxo e vai ficar por pelo menos seis meses. - Ele desfez o abraço e me olhou sério nos olhos - Ponyo, eu só queria te dizer que...

A buzina do carro da mãe de Kentin ecoou em nossos ouvidos. Era hora dele ir embora.

–Adeus, Ponyo.

–Ficaria surpreso se eu te dissesse quantas vezes eu já ouvi isso.

–Eu sei que sim. - Ele sorriu. - Espero que a gente se encontre no futuro.
Ele me beijou na bochecha e andou em direção ao carro. Mas no meio do caminho, parou e veio correndo em minha direção e me beijou nos lábios.

–Desculpe por isso. - Kentin me olhou triste nos olhos. - Sei que você não gosta de mim desse jeito, mas é que como tem uma grande chance de eu nunca mais de ver, eu morreria se não tivesse feito isso.

Ele correu novamente em direção ao carro. Posso não ter uma visão muito boa, mas ele estava um pouco vermelho, sorrindo.

Corri para minha casa e subi as atravessei o corredor em uma velocidade que eu nem mesmo sabia que podia correr. Olhei pela janela do meu quarto a acenei para o carro preto. Fiquei olhando até ele virar na esquina e desaparecer por completo.

Ken foi embora para a escola militar, permanentemente.

Ele prometeu me escrever sempre que possível e me deixou um ursinho fofo de lembrança, mas mesmo assim, eu sei que não vai ser a mesma coisa sem ele.
Eu acho que tenho um dom de fazer com que qualquer pessoa do sexo masculino que eu ame desapareça da minha vida deixando uma marca no meu coração.

Ivan, Nathaniel, Kentin, Lysandre...

Acho que o Lys estava certo, afinal. Amor é para idiotas.


(...)

Acordei no quarto de Lysandre, com a barriga para baixo e com muita dor.

–Está se sentindo melhor, mana? - Olhei para o lado e vi Ambre e Andrea, encostadas na cama, com seus olhinhos brilhando de preocupação e Lys ao lado delas.

–O que aconteceu? - Levantei da cama e sentei, embora estivesse morrendo de dor.

–Te encontramos assim quando chegamos da escola, tentamos ligar para a ambulância, mas todos os telefones da casa sumiram. Corremos para o Lys e ele cuidou de você. - Elas se sentaram uma em cada lado e seguraram minha mão. Percebi que a minha mão esquerda estava enfaixada e meu abdômen também, estava apenas usando meu sutiã e a uma legging preta.

–Garotas, vocês podem nos dar um minuto a sós? - Elas se me olharam para ver se eu estava de acordo com isso, acenei levemente com a cabeça e elas andaram em direção a sala.

–Se você tem alguma coisa gostosa na geladeira, pode dizer adeus. Elas atacam qualquer coisa quando estão esperando ou entediadas.

–Eu não estou me preocupando com isso. - Ele sentou ao meu lado e me olhou sério. - Que porra aconteceu com você?

–Nada, eu só cai.

–Isso explicaria o olho roxo, mas não as marcas de socos em suas costas nem o aranhão no braço... Foi sua mãe, não é? - Não falei nada em resposta, apenas olhei para baixo. Eles suspirou e voltou a me encarar. - Ela te bate a muito tempo?

–Desde os oito. Mas aos onze piorou.

–E imagino que você tenha um bom motivo para deixar que isso aconteça.

–Por favor Lys, não fale nada ninguém! Se descobrirem, ela vai ser presa e vão me separar das meninas!

–E você quer que eu te veja ferida desse jeito e não fazer nada?!?

–Sim! Quer dizer, não... não sei tá legal? - Levantei com um pouco de dificuldade e sentei ao seu lado. - É um paradoxo, Lys.

–Seu pai podia...

–Sem chance, não tenho noticias dele há mais de quatro anos.

–Ponyo, ele não pode ter simplesmente desaparecido assim, deve ter acontecido algo e...

–Não se iluda, Lys. Nem ao funeral de Nathaniel ele se designou a ir! Meu único plano é conseguir sobreviver a esses quatro anos o máximo que conseguir.

–Mas em breve ela vai começar a fazer o mesmo com Ambre e Andrea... E aqueles seus avós franceses?

–Eu não faço ideia onde eles estão.

–Se eu achar eles, você para de sofrer, certo? Você não se machuca mais e as meninas ficam bem.

–Sim, mas eles provavelmente me levariam embora para a França. - Lysandre pensou durante um tempo e segurou minha mão. Falou algumas palavras em russo que provavelmente não significam algo bom.

–Eu realmente não acredito que vou fazer isso, mas eu vou te ajudar a procurar eles. Mesmo que você em troca... tenha que ir embora.

–Obrigada, Lys! - O abracei forte chorando. - Não acredito que vai fazer isso por mim!

–Eu faria qualquer coisa por você, e é uma pena que você seja a única que não acredita nisso.

Lys e eu deitamos na cama juntos e ele começou a passar a mão pelos meus cabelos e começou a cantar uma melodia melancólica, a voz dele é tão calma e doce... Me senti protegida.

–Antes que eu me esqueça, eu entendi o que você disse sobre o amor. Ele realmente machuca e só nos faz perder tempo.

–Ponyo, eu não estava totalmente certo quando disse aquilo.

–Então você acredita?

–Estou começando.


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Notas finais do capítulo

Espero que agora você não odeiam tanto o pobre Lys XD



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