I

O dia começara calmo. O vento balançava os cabelos longos e brancos de Syndra, que se sentava e observava as folhas das árvores caírem. Fazia tempo desde que Zed lhe visitara da última vez. As coisas estavam monótonas, e ela não fazia outra coisa a não ser treinar seus poderes — tarefa que lhe irritava, pois não conseguia controle absoluto de suas esferas.

Ela não entendia.

Qual era o sentido de ter seus poderes se não conseguia dominá-los?

Queria ser como Zed.

Treinava arduamente como ele. Queria lhe mostrar que conseguia se defender sozinha, e que quem dominava seu poder era ela. E não seu poder que tomava conta de si.
Mas não conseguia.

Tudo parecia tão.. difícil.

Por que diabos não conseguia encontrar seu equilíbrio?

Sequer conseguia controlar seus sentimentos. Era inútil.

Talvez fosse por isso que Zed não lhe visitava mais. Suas explosões momentâneas de raiva devem ter lhe afastado.

"É, deve ser isso."

Sentiu vontade de chorar.

Ela se sentia tão... sozinha.

Não queria ser inútil para Zed, mas gostava de sua companhia.

Gostava de Zed. Amava Zed.

Mesmo que ele lhe irritasse fazendo provocações e treinos complicados, e que depois ficasse rindo. Gostava dele. Admirava ele. E se odiava pelo fato de que criava brigas por qualquer motivo bobo.

Mas.. ela era assim.

Não conseguia controlar.

Syndra era instável.

Puxou sua esfera para perto, e então se levantou. Seus cabelos brancos esvoaçavam e seus olhos arroxeados já estavam marejados. Não estava usando sua roupa habitual. Um pijama, já que havia acabado de acordar, e também não usava a espécie de "coroa" em sua cabeça.

Preparava-se para começar seu treino, mas percebeu uma sombra perto da janela.

— Zed? - Murmurou enquanto se sentia observada.

Ouviu um riso e então ele apareceu.

— Zed. - Ela comentou novamente, enquanto caia de joelhos.

— Eu voltei. - Ele retirou sua máscara. Syndra era a única que ele permitia lhe ver. — Eu disse que.. não iria te abandonar, Syndra. - Ele se abaixou perto dela, que começara a chorar como uma criança.

— Tão.. instável. - Ele sorriu e então secou as lágrimas da mulher, que prontamente lhe puxou para um abraço.

Seus olhos vermelhos encontraram-se com os roxos e ela lhe sorriu.

— Eu te amo. - Ele murmurou e percebeu a surpresa nos olhos dela.

— Eu te amo. - Ela respondeu, simples. E então sentiu Zed lhe abraçar mais uma vez.

Se sentiu calma. Uma calma que nunca havia alcançado.

Pela primeira vez, Syndra nunca fora tão estável.