Linhas Borradas escrita por Iulia


Capítulo 14
"Mantenha sua mente na missão"


Notas iniciais do capítulo

Oi! Adivinhem quem estava sentindo a depressão chegar ouvindo a trilha sonora do primeiro filme? Meu Deus, tanta nostalgia. Mas enfim, eu ouvi de novo aquela música que era tão Cato e Clove do Kid Cudi e tirei o título do capítulo dela, porque nesse eles estão com satã no couro kkkkk



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Clove

– Eu estou falando sério, Fuhrman. A última palavra desse cara do 11 vai ser meu nome.

– Eu sei – bebo mais chocolate e troco o canal pra algo que me dê a chance de mudar de assunto. “O estilo dos tributos” é um quadro chato.

– Você pode até duvidar, mas ele vai se arrepender de ter deixado toda aquela comida subir à cabeça. Tem um prato de arroz e se acha o futuro vencedor – Cato ri. Sorrio falsamente só para não criar constrangimento, mas ele faz menção de voltar a falar.

– Cato, querido, você está preocupado com esse 11, não está?

A cara que Ludwig fala infantilmente por si só.

– Claro que não, Fuhrman, não há nada nessa porra de mundo que vá me fazer ficar preocupado com um cara do 11. Deixa ele agora, bancando o esperto. Não vai dá tempo de fazer cara de forte quando estiver morrendo.

– Porque você sabe – me viro pra ele agora, sentado na outra ponta do sofá – eu achei que ele valesse a pena.

– Ainda acha?

– Não. Mas ele parecia perfeito para a aliança. Eu pensei em tentar chamar ele de novo.

Eu acho interessante que Cato não tenha falado nada ainda. É ridículo, mas é o Ludwig e quando ele não gosta de alguma coisa, avança pra matar.

Eu estou falando por falar. Não tem jeito de insistir com Thresh porque isso quebraria o coração do Cat Cato. E mesmo que o 11 aceitasse, ele não aceitaria e eu teria que escolher um dos dois.

É tão absurdo. Thresh é bom, mas é idiota, burro e confiante demais pra um 11. Cato também é tudo isso, só que é confiante demais pra um cara do 2 que já salvou minha vida mais vezes do que eu precisei.

E, por favor. Eu não teria o direito de implorar para um 11 substituir um 2 mesmo que o 2 não fosse o Cato.

– Você está falando sério, Fuhrman? – ele finalmente fala, fazendo essa cara de desprezo preocupado.

– Não. Eu vou dormir agora – me levanto, colocando a xícara na mesa. Ele me segue com os olhos até a porta, onde eu paro e volto. Paro de frente pra ele, sorrindo, e levanto sua cabeça com as duas mãos. – Se você quiser, eu te ajudo a estragar a carinha dele.

Eu beijo ele, sorrio de novo e volto pro quarto. Não tranco mais a porta. Cato volta, se deita do meu lado e beija meu pescoço.

– Isso é tão idiota, Cato.

[...]

Durante a noite, algum demônio acordou em mim. Um daqueles dos quais eu deveria ter medo, mas que agora são o que eu sou.

Eu não olho para Ludwig enquanto saio do banho. Não o acordo. Não falo com ele quando ele se senta ao meu lado.

Esse é o meu ano. Que pergunta desprezível é “você vai me matar, Cato?”. Eu não vou deixar o Cato me matar.

– O que vocês vão fazer? – Enobaria pergunta, sem interesse nenhum. – Na apresentação?

– Vou passar em todas as estações – Ludwig responde, comendo -, usar as espadas, as lanças. Vou fazer tudo.

Porque Cato é muito bom. Inteligente, capaz. Meu grande concorrente.

– Vou descer mais tarde – anuncio e volto para o quarto.

Eu sei o que eu vim fazer aqui.

Eu mando nisso, não Ludwig.

As escolhas são minhas, a aliança é minha, a morte é minha, a vitória é minha.

Eu ainda vou ter tudo que almejei. Vão gritar o meu nome no 2. A glória eterna é para a Clove, porque ela merece e é a ela a quem deveriam estar obedecendo.

– Sai da minha frente.

A garota do 9 tropeça e se senta de novo ao lado do seu parceirinho. Eu os encaro por mais um tempo. São todos os meus.

A próxima a ser chamada sou eu.

– Não foda com a minha aliança – ouço a voz de Ludwig, quando eu já estou entrando.

– Sua aliança já está fodida.

Seneca Crane, para sua futura vantagem, mantém os olhos em mim o tempo todo. Defesa, ataque, facas, espadas. Ele sabe que sou eu quando se levantam para me aplaudir pela quarta vez. Ninguém mais tem chance. Eu não dou oportunidade pra ralé.

– Maravilhoso, Clove, maravilhoso! Muito obrigado.

Eles não valem tanto a pena, então não sou boa pra eles. Dou as costas e saio de uma vez.

De volta para o meu quarto, repasso novamente as informações sobre Thresh. Será que Ludwig é tão bom para eu ignorar o 11?

Ele não tem medo de mim. Ele me olha por cima como fazem lá em casa.

Eu só preciso ganhar isso. Eu tenho os planos que sempre tive na minha cabeça. Nada mudou. É a minha meta, eu estou focada. E estão tentando abrir a porta trancada.

Quando ele abre a porta e avança até mim agarrado ao meu braço, é definitivo: Ludwig é o meu maior concorrente.

– Nunca, nunca mais, tranque essa porra de porta!

O aperto dele dói. Ele foi treinado pra intimidar mais tempo que eu.

Mas eu sei que ele odeia silêncio. Está com mais raiva, mas me solta.

– O que você fez hoje? – ele se senta no sofá. Não respondo. – Clove. O que você fez hoje?

Continuo em silêncio. Falar com ele, gerar qualquer traço de contato não hostil, remete a coisas que enfraquecem.

Cato é meu inimigo.

– Me responde, caralho!

Ele se levanta, joga as coisas que estão sobre a mesa no chão. Derruba a mesa. Quebra as cadeiras.

– Sai daqui e para de quebrar minhas coisas.

– Você não está começando com essa porra de novo! Você vai bloquear o que a Enobaria te diz, você continua minha!

Cato me levanta da cama agora, pelo braço de novo. Eu chuto seu estômago.

– Sai daqui. Não volta. Não encosta em mim.

– Você é louca?! Você é louca, sua vadia?! – Ludwig me joga na cama e prende meus braços, me sacudindo com tanta raiva que eu nunca vi direcionada a mim. – Não se atreva! Reconheça o seu lugar.

– Meu lugar é na mansão do presidente recebendo a coroa – alcanço seu braço e cravo meus dentes até sentir gosto de sangue. Cato urra, apertando a água vermelha no seu braço.

Quando ele para, o vermelho é a única coisa que vejo voando em minha direção. Ludwig acaba de bater na minha cara.

É mais forte do que eu jamais recebi. Dói mais que todos os outros.

– Você pediu. – Ele me encara antes de dizer.

– Você é covarde igual ele – rosno, de joelhos na cama, observando Ludwig se afastar como ele fazia. – Não é um concorrente digno.

– Você mordeu meu braço, Fuhrman – ele responde no mesmo tom, ainda de costas.

– Você nunca bate na cara de alguém, porra, você nunca vira a cara depois!

– Eu não gosto de idiotas.

– Eu tenho nojo de covardes – minha voz treme agora. – Que não podem olhar na sua cara depois de...

Ludwig se vira de repente e para na minha frente.

– Não posso? Clove, você não sabe metade das coisas que eu posso fazer – ele ri. – Você pediu e você continua pedindo.

Eu sei do que ele está falando.

– Você começou esse jogo sujo de beijar! Eu não sou idiota pra abrir mão da minha vitória por causa dos seus planinhos sentimentalistas de quinta.

– Plano? Eu perderia meu tempo tramando pra quem já pertence a mim? Fuhrman, eu te avisei que esse era o meu ano, que esse é o meu jogo.

– Por que você não me encara dignamente, seu filho da puta?! Vai pro inferno com esses seus joguinhos confiantes pra me manter longe do que você quer, eu não vou esquecer que eu quero o mesmo, eu não vou me...

Não pronuncio essa palavra. Todos sabem que ela existe, como ela é, o que ela faz. Que ela pertence aos perdedores patéticos.

– Não tem joguinho nenhum, Clove – Cato mente, olhando no meu olho pra bancar o honrado. – Eu sabia que você não estava preparada.

– Você está mais que eu? Por favor, vai se foder e me deixa ganhar em paz.

Jogo os copos e os jarros de vidro nele. Ludwig desvia.

– Eu te disse pra ir embora! Eu te avisei que eu era o vencedor, Fuhrman! Eu não tenho tempo pra conversar com concorrente! Eu mando aqui!

Acerto um caco no seu antebraço agora. Outro filete de sangue.

– Duas pessoas não ganham os Jogos juntas – digo.

– Se lembra de tudo que eu fiz por você?

– Eu me lembro do que eu vim fazer aqui.

– Se lembre de quem manda aqui primeiro, Clove.

Ludwig me olha por mais um tempo e depois sai, fechando a porta sem um ruído.


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Notas finais do capítulo

Sim, gente, eles são propositalmente perturbados desse jeito. Me desculpem pela demora, espero que tenham gostado e que comentem c:
Ah. E Feliz Natal, né, porque eu provavelmente não vou postar antes. Espero que aproveitem essa minha época preferida do ano. Até mais c: