Capítulo 08 – Lágrimas do passado

 

Haruno Sakura

 

- Ahhh! – suspirei cansada. Olhei para frente e tirei todos os livros da minha frente – Finalmente acabamos.

 

- Se eu tiver que explicar mais alguma coisa sobre reprodução humana, juro que vou ficar louco.

 

- É uma gracinha ver você corar quando está falando sobre sistema reprodutor feminino. – sorri

 

- Sasuke!

 

Olhei para trás ao reconhecer aquela voz. Lá vinha Madara e mais dois brutamontes. Provavelmente seus seguranças. Virei meu rosto para frente e encontrei Sasuke sério. Seus olhos já não demonstravam vida, ânimo.

 

- Madara...

 

O Uchiha rabugento passou do meu lado e me olhou de soslaio. Um olhar que me fez arrepiar.

 

- O que está fazendo aqui com ela?

 

- Estamos dando aula de reforço Madara. – falei

 

- Por acaso me dirigi a você, Haruno?

 

- Não fale assim com ela. – Sasuke se levantou e enfrentou o tio – Nós dois estamos dando aulas de reforço juntos, punição do Pein.

 

- Não levante a voz para mim Sasuke. Principalmente por causa dessa aí.

 

- Olha aqui Madara...! – levantei-me e esbravejei irritada

 

- Calada Haruno. – sorriu cinicamente – Estou tentando conversar com meu sobrinho, classes superiores. Não interrompa.

 

- Tio!

 

- Cale-se também Sasuke. Não admito que fique protegendo essa garota. Desde o primeiro momento fui contra o seu envolvimento com ela, não vê que ela só está tentando te iludir? Uma aproveitadora... E você está caindo direitinho.

 

- Me diga Madara. Como é ser superior com o dinheiro de Fugaku? O dinheiro de Itachi e do Sasuke? – me aproximei de Sasuke e enlacei sua mão com a minha. Sim, eu estou enfrentando o perigo de frente. Mas quando estou com Sasuke, fico mais confiante. – Disse que sou uma aproveitadora... Mas você consegue me barrar. Acho que estou aprendendo com o profissional, não acha?

 

- Está insinuando que eu estou roubando meu irmão e meus adoráveis sobrinhos?

 

Olhei para Madara e o vi colocar a mão dentro do paletó. A primeira coisa que eu pensei, foi que ele sacaria uma arma e me matasse exatamente naquele momento.

Apertei a mão de Sasuke e ele olhou curioso para mim. Suspirei aliviada quando aquele velho tirou um cigarro e um isqueiro do bolso.

 

- Sakura, Sakura... Você não acha que está sendo muito abusada? – ele tragou o cigarro e jogou lentamente a fumaça na minha cara.

 

- Cof, cof. – sorri – Boa tarde camada de ozônio.

 

- Ande nos trilhos Haruno. Sabe muito bem do aviso que lhe dei, posso ser mais rude. – ele colocou os óculos escuros – Não me faça perder a compostura.

 

- Pare de ameaçá-la. – Sasuke me passou para trás dele e continuou – Não ouse fazer nenhum mal a ela, ou você pagará muito caro.

 

Madara sorriu maquiavelicamente. Sasuke ficou tenso a minha frente...

 

- Vocês dois acabaram com o meu humor. Dois pirralhos me enfrentando, querendo ser superiores... Acordem. A qualquer momento posso acabar com os dois.

 

- Então acabe conosco agora.

 

- Não vim aqui para isso. Vim apenas para lhe informar que viajarei. – ele se virou – Não apronte nada, não quero interrupções.

 

- E para onde irá?

 

- Não interessa.

 

Fiquei esperando Madara sumir das nossas vistas. Sai de trás de Sasuke e o encarei.

 

- Ligaremos para Itachi? – perguntei – Essa viagem é meio suspeita.

 

- Me empreste o celular.

 

Entreguei o celular para ele, se afastou e depois de muitos minutos, Sasuke se aproximou.

 

- Itachi vai seguir os passos dele.

 

- Falou para ele tomar cuidado? – perguntei preocupada

 

- Ele sabe se cuidar. – Sasuke entregou meu celular – Me diz... De onde você tirou toda aquela coragem para enfrentar meu tio?

 

- Me irritou ao vê-lo falar daquele jeito. E também...

 

- Também?

 

- Você me deu forças. Quando segurei sua mão, me ajudou bastante. – corei

 

- Sempre. – ele se aproximou e falou no meu ouvido. Me arrepiei – Sempre poderá contar comigo.

 

Dei um beijo em sua bochecha e sorri com seu sorriso. Fomos para nossos quartos pegar nossas malas. Em poucos minutos iríamos para onde nossos amigos estavam nos esperando.

Nos encontramos na frente do colégio, estávamos esperando por Kakashi. Já que era ele que iria nos levar.

Deveríamos ter esperado apenas quinze minutos, mas nosso professor nos deixou esperando por trinta minutos e quando apareceu, usou a desculpa de que tinha derramado café na camisa e teve que lavar antes que manchasse. Óbvio que não acreditamos.

 

A viagem iria durar cinco horas. Sasuke quis ir na frente com Kakashi, então fiquei com o banco de trás só para mim.

 

Olhando as nuvens, Madara me veio na cabeça. E junto com ele a lembrança da conversa que eu tive com Mikoto assombrou minha mente.

 

- Eu pedi para Sasuke ir à padaria. – ela sorriu – Ele já deve estar voltando.

 

- Ah. Então eu volto mais tarde.

 

- Eu pedi para ele sair justamente para ter uma conversa a sós com você Sakura.

 

- Sobre o que Mikoto san?

 

- Entre. – ela sorriu e se afastou da porta para que eu pudesse entrar.

 

Segui Mikoto até seu quarto – o que me pareceu bem estranho – e me sentei na sua cama quando ela pediu. Sentando ao meu lado, a mãe do Sasuke segurou minhas mãos e me olhou fixamente nos olhos.

 

- Eu sei que estão juntos.

 

- O que? – tentei me levantar – Quem está junto de quem? Não sei do que está falando...

 

- Sakura minha querida, não tem como enganar uma mãe. – sorriu – Já faz um bom tempo que percebi que você e Sasuke estão juntos.

 

- Eu...

 

- E isso me deixa muito feliz. – Mikoto se levantou e andou até a janela – Sasuke está tão feliz. Você não faz ideia do quanto eu fico feliz ao vê-lo sorrir, ao ver os olhos dele brilharem. – ela me olhou – Você nasceu para fazê-lo feliz.

 

- Sasuke sabe que você descobriu?

 

- Ah não. – sorriu – E nem quero que saiba. Será nosso segredo. – minha adorável sogra se aproximou novamente de mim e se sentou – Não nos contaram ainda, não estão preparados para encarar Fugaku e seu pai. Sei que ele tem um certo receio por te deixar se aproximar tanto de Sasuke.

 

- Ele não pode me impedir. Eu amo seu filho e nada pode impedir isso.

 

- Eu sei. Sakura, você já tem 14 anos e já é bastante madura, não é mais uma criança. Deixarei vocês namorarem escondidos se me prometer que serão responsáveis, que não farão nenhuma besteira.

 

- Sasuke me respeita. – corei – Nós nunca extrapolamos e ainda não pensamos em fazer isso.

 

- Que bom. – seu sorriso desapareceu e seu rosto ficou sério de repente. Segurando minhas mãos, Mikoto apertou-as suavemente. – Agora vou lhe dizer o real motivo de termos vindo conversar aqui no meu quarto.

 

- Está me preocupando...

 

- Sakura, eu confio muito em você. Já se tornou parte da família e é como uma filha que eu nunca tive. Por isso, escute-me com atenção e me prometa que nada do que falarmos aqui sairá daqui.

 

- Sim, eu prometo. – olhei preocupada para os orbes negros de Mikoto

 

- Guarde bem essa frase. “Brevemente o falcão repousará nos galhos da cerejeira”

 

- Por que tenho que guardar essa frase? – perguntei

 

- É a senha do banco. Onde toda a herança da família Uchiha está guardada.

 

- E por que...? – levantei-me assustada – Porque está me falando isso?

 

- Esses dias acordei com um pressentimento ruim. Sakura, eu quero que você seja a única que saiba essa senha. Sei que você ficará com Sasuke por muito tempo, sei que será consciente, sei que é muito esperta. – ela se levantou também e ficou a minha frente – É a pessoa confiável para isso, para coordenar todo o futuro dos meus filhos.

 

- Mikoto san, não estou entendendo.

 

- Madara. Eu sei que ele está tentando roubar o dinheiro de Fugaku e os meninos ainda são novos, são inconscientes. Madara acha que eles possuem a senha, você é a pessoa que nunca passaria pela cabeça dele, é minha segurança. – ela me abraçou – Estou garantindo seu futuro e o futuro dos meninos.

 

- Meu futuro? – arregalei os olhos

 

- Fugaku e eu decidimos te colocar como receptora da herança.

 

- O QUE?!

 

- Como eu já disse, já faz parte da família.

 

- Não posso aceitar isso, me desculpe. Mas não é o certo...

 

- Sakura, querida. Eu sei o quanto que você gosta de nós, e sou muito grata por seu amor. Eu preciso que faça isso. Madara vai tentar de todas as formas descobrir essa senha, ele nunca imaginará que irá estar com você, portanto é nossa única chance.

 

- Está bem. – suspirei – Só irei guardar a senha, jamais irei adquirir algum dinheiro de vocês.

 

- O dinheiro é seu também.

 

- Mãe! – Sasuke gritou lá embaixo

 

- Lembre-se, não conte nada ao Sasuke.

 

- Não se preocupe. – sorri

 

- Ele vai perguntar o que estávamos conversando, conheço meu filho. – Mikoto sorriu e foi até o armário do quarto. Abriu uma gaveta e tirou de lá uma caixinha. Voltou-se para mim – Isso aqui é para você.

 

Ela me entregou a caixinha, eu peguei receosa, abri-a e lá dentro havia um colar com um pingente de lágrima.

 

- É lindo... – falei abobalhada

 

- Era da minha mãe. A corrente é de outro e o pingente de cristal.

 

- Não posso aceitar isso. – olhei-a e me arrependi amargamente ao vê-la abaixar os olhos tristemente – Mas posso guardar com muito carinho.

 

- Obrigada. Agora vamos antes que Sasuke desconfie.

 

...

 

Olhei para o céu e sorri tristemente. Automaticamente levei minha mão para o colar repousado no meu pescoço. Desde o dia em que Mikoto san morreu, eu o coloquei e jamais o tirei. É uma forma de mantê-la viva...

Olhei para frente e Kakashi não estava no carro. Estávamos abastecendo. Tínhamos parado e eu nem havia percebido, ficar voltando ao passado por causa de acontecimentos no presente me deixa cansada. Tudo culpa por causa do idiota do Madara.

 

Espera...

 

“Madara acha que eles possuem a senha, você é a pessoa que nunca passaria pela cabeça dele, é minha segurança...”

 

“- Claro que não. Foi para vigiar Sakura também. – Itachi sorriu

 

- Me vigiar?

 

- Madara nunca gostou de você, eu temo o que ele possa fazer. Sempre achou que você é uma má influencia para meu irmãozinho...”

 

Agora posso entender.

 

- Ele sabe que eu sei a senha, sabe que também sou herdeira... – murmurei – DROGA!

 

Sasuke se virou para mim e me olhou intrigado.

 

- Sakura?

 

- Ahn?

 

- O que foi?

 

- É que... – olhei para o céu novamente – O sol já está se pondo.

 

Ele murmurou algo que não entendi e também olhou para o céu. Eu não posso contar para Sasuke o que está acontecendo. Preciso realmente saber se é por isso que Madara me quer ver longe dele. Por enquanto, isso só deve permanecer comigo. E quanto menos gente souber da senha para a herança, melhor.

 

Kakashi entrou no carro e deu partida. Depois de 1 hora chegamos no hotel onde toda a nossa turma estava hospedada.

 

- Pode me indicar o quarto dos garotos, garotas e professores do colégio Chatsworth? – Kakashi falou docemente com a recepcionista. E vi bem que ela demorou um pouco para captar as coisas.

 

- O quarto vago dos professores é o 503. Não há mais espaços nos quartos femininos e masculinos.

 

- Fizemos uma lista...

 

- Sim eu sei. Mas não tem como colocar mais camas nos quartos. Sinto muito. – ela abaixou o olhar para a tela do computador – E agora não há dois quartos de solteiro disponíveis. Há um de casal...

 

- Não. – eu falei – Tem de haver vaga.

 

- Não há querida. É uma temporada movimentada, deveriam ter reservado antes.

 

- Mas reservamos! Tem que ter uma vaga sobrando no quarto das meninas e outra no quarto dos meninos!

 

- Sakura... – Kakashi colocou a mão no meu ombro e sorriu para a recepcionista – Ficaremos com o quarto de casal.

 

- Kakashi sensei... – choraminguei

 

- Poderia levar uma cama, ou colchão para lá? – ele perguntou

 

- Desculpe-me, mas todos foram ocupados.

 

- Que serviço ridículo vocês tem aqui. – Sasuke abriu a boca pela primeira vez – Só fico na dúvida se há uma cama nesse quarto.

 

- Ora seu... Claro que há uma cama.

 

- Então vamos.

 

Esperamos Kakashi assinar alguns papéis. Ele nos entregou a chave e entramos no elevador. Nosso professor ficou no quinto andar e eu e Sasuke subimos para o oitavo. Saímos e logo avistamos nosso quarto.

 

Suspirei pesadamente e abri aquela porta. Ainda bem que aquela não era uma suíte de lua de mel, mas o quarto era imensamente grande e perfeitamente lindo.

 

- Há um sofá. – Sasuke comentou – Eu dormirei lá.

 

Eu concordei. Kakashi nos pediu para descansarmos primeiro antes de irmos nos encontrar com o pessoal. Concordamos com a decisão, já que estávamos muito cansados. Tomei um banho e deitei na cama. Fiquei escutando Sasuke se revirar naquele minúsculo sofá. Sentei na cama e o observei. Realmente aquele sofá era minúsculo, e a cama onde eu estou é enorme.

 

- Sasuke... – o chamei

 

Ele se sentou lentamente e me olhou. Passou a mão no rosto e jogou a franja para trás. Maldito seja...

 

- Hm?

 

- Essa cama é grande o suficiente para nós dois. Esse sofá é pequeno demais para você. Pode dormir aqui.

 

- Não, obrigado. – ele se deitou novamente

 

- Tudo bem. – bufei – Depois não reclame quando suas costas doerem e também não jogue a culpa em mim, por favor.

 

Deitei. Depois de alguns minutos, senti sua presença ao meu lado. Abri o os olhos e ele estava me fitando fixamente.

 

- Somente por causa das minhas costas. – ele sorriu