Say Something escrita por Carol Dantas


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey guys. Depois de torturar vocês com alguns spoilers, aqui estou eu com a primeira one! Uhuul! Estou super animada com esse projeto novo e super diferente. Nunca escrevi sobre alguém com deficiências físicas, mas sempre se tem uma primeira vez para tudo. Espero que vocês gostem de Say Something e já podem matar a curiosidade de vocês. Um milhão de beijos, vejo todos lá em baixo.



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– Katniss, você precisa seguir em frente – fala minha mãe com o rosto bem próximo ao meu acariciando meus cabelos de leve e sussurrando palavras de conforto, que eu já não sei se são para mim ou para si própria – Já fazem duas semanas, minha filha. Você precisa se reerguer.

Um simples passeio de carro para espairecer. Na verdade, a droga e um fodido passeio de carro. Apenas para relaxar um pouco e me sentir mais leve depois de meses de trabalho árduo e importante para uma empresa. Porque é tão fácil vermos coisas ruins acontecendo a pessoas boas? Não que eu me considere um ser bom, mas alguém lá em cima acha que eu mereço uma desgraça dessas. Não só para mim, mas sim para toda a família. Conviver de agora em diante não será fácil, não mesmo, porém em meio a tantos bandidos, ladrões, estupradores, assassinos, a pessoa que merece esta punição, sou eu. Não que eu tenha me conformado ou aceitado isso.

– Peeta está aí fora. Está abatido, mas não sei se já recebeu a notícia de algum médico ou se ainda espera que você aceite uma visita dele. Você precisa parar de ignorá-lo. Não iremos ficar neste quarto de hospital para sempre.

Luzes brancas. Oh, as infernais luzes brancas. Dois faróis, um caminhão, uma batida certeira no lado esquerdo do carro. O lado em que eu, estava.

Realmente, é complicado ter que lidar com uma situação dessas. Eu simplesmente acordei ligada a vários tubos e fios diferentes, sem sequer imaginar a magnitude de tudo isso. Vestida com uma bata verde musgo do hospital, recebendo visitas de alguns parentes mais próximos, vendo-os chorar ao receber a notícia de algo tão perturbador, vendo-os lamentar e dizer: ‘’Sinto muito’’... Nada disso pode ser comparada a dor que eu sinto ao imaginar a reação de Peeta. Meu melhor amigo, um porto seguro para rir e para chorar, lamentar, espernear, gritar, sorrir. Não um simples amigo, o meu melhor amigo.

Alguém que eu não posso simplesmente pedir para entrar e dizer olhando bem no fundo de seus olhos que eu não serei a mesma nunca mais. O loiro é alguém que tentaria fazer-se forte a minha frente, mas que ficaria devastado e quebrado por dentro, tornando seu coração pó e ruína. Porém não é apenas um estado físico, é a minha vida, o meu futuro, o meu presente. Algo que eu preciso aceitar uma hora ou outra. Entrar em depressão seria fácil demais, eu só estaria mostrando para esse alguém lá de cima, que eu não tenho força de vontade, que não tenho a mínima confiança em mim mesma, que eu não quero me aceitar, não quero ao menos tentar seguir em frente, que eu aceito a pena de todos e choro como uma menininha inocente porque aprender a lidar com a realidade é duro demais.

Não será assim. Eu posso, eu consigo, eu sou forte para aprender que na vida temos obstáculos todos os dias, que eles só servem para nos testar, mas que derrubar o muro criado entre nós e o caminho do destino é apenas uma vontade. Uma escolha. Ele não vai cair sozinho, você tem que derrubá-lo, com força, fé e determinação, porque isso sim é mostrar que você pode, que não é alguém qualquer e que sim, você consegue.

– Mãe – sussurro atraindo sua atenção – Será que você pode chamar o Peeta e nos deixar a sós um pouco?

– Claro, Katniss – ela parece emocionada. Vejo seus olhos marejarem - Quer que eu arrume essa cama para você?

Apenas assinto com a cabeça e sinto a cama se inclinar para frente aos poucos, deixando-me quase que sentada. Fixo o olhar em minhas mãos quando minha mãe beija levemente minha testa e sai do quarto. Percebo com facilidade algumas leves marcas vermelhas e arroxeadas pelo braço, lembrando-me que foi uma pancada forte e que ainda tenho arranhões pelo rosto e pela barriga.

– Katniss... – vejo o rosto de Peeta surpreso e pálido perto da cama. Sem dúvidas está cansado, parece ter acampado no hospital por dias a fio sem conseguir pregar o olho. Olheiras enormes e roxas abaixo de seus antes lindos e brilhantes olhos azuis que agora aparentam estar cansados assim como seu dono.

Sinto-o andar rápido, mas ainda vacilante em minha direção e jogar-se em meus braços, quase que por cima de mim. Aprecio a carícia que seus dedos fazem um pouco acima de minhas costelas e o aperto em meus braços com a mesma intensidade que ele me aperta nos seus, como se eu fosse levantar e sair correndo assim que ele me soltasse.

– Deuses, Katniss. Eu fiquei tão desesperado – sinto seus ofegos em meu pescoço. Noto que ele tenta dizer tudo que precisa, porém as palavras saem rápido demais e ele acaba se atrapalhando, tendo que se concentrar para tornar suas frases legíveis – Quando seu pai me ligou, eu só conseguia ouvir os soluços dele e que seu estado era grave... Fiquei tão nervoso achando que você podia estar correndo algum risco de vida, mas ninguém me deixava te ver, diziam que só os membros da família podiam ficar no quarto e eu...

– Shh – silencio-o notando que seu corpo treme. Passo meus dedos por sua cabeleira rebelde e enxugo algumas lágrimas acumuladas em suas bochechas quando o mesmo ergue a cabeça.

– Mas você está bem, não é? Quando receber alta vamos poder caminhar pela praia como fazíamos todos os fins de semana, nos entupir de pizza e disputar o lugar no sofá apesar de sermos adultos e velhos de mais para isso – ele tenta construir um sorriso em seu rosto, porém eu não o retribuo.

Não iremos caminhar pela praia, Peeta. Não mais.

– Uma vez, quando éramos crianças, você me disse que não importa o que aconteça, ficaríamos sempre juntos, um cuidando do outro e que não iríamos abandonar nossa amizade por nada nessa vida, não foi? – pergunto segurando suas mãos entre as minhas, erguendo o olhar uma vez ou outra, tentando controlar algumas lágrimas em potencial.

– Foi, mas... Porque está relembrando isso? – ele indaga desconfiado sentando-se na cadeira ao lado da cama.

– Porque eu preciso. Peeta, eu tenho que ter absoluta certeza de que isso não foi uma promessa de criança, que estávamos falando sério e que iremos cumprir com esse combinado para o resto de nossas vidas – suplico.

– Katniss, é claro que nós...

– Não existirão mais caminhadas na praia, não vamos brincar de lutinha para ver quem fica no sofá mais confortável, não iremos passear de bicicleta pelo condomínio, eu não irei poder nem ao menos me levantar para ir ao banheiro sozinha, Peeta – digo as palavras com força. Um bolo em minha garganta ficando cada vez maior – No acidente de carro, a pancada foi muito forte e tudo foi parar na coluna, ela está fraturada e isso me custou os movimentos das pernas. Eu não posso mais senti-las, não posso me mexer, me erguer, não posso movê-las. Estou paraplégica, Peeta. E o médico não sabe se é reversível.

Vejo sua expressão cair de uma só vez e seu olhar fica perdido. Seu rosto parece empalidecer ainda mais e pergunto-me se a expressão de um morto vivo cai-se melhor em alguma outra pessoa.

– Não – ele fala baixo, quase não me deixando ouvi-lo. Peeta continua repetindo tentando convencer-se de que não é o que parece. Ele coloca as mãos devagar sobre minhas pernas e tenho que fechar meus olhos fortemente para tentar consolar a mim mesma que vou poder sentir seu toque. Só não nas pernas – Katniss, não...

– Eu não sinto suas mãos em mim, Peeta. Não sinto.

Ele soluça alto fazendo com que minhas lágrimas caiam como rios. O loiro simplesmente joga-se em meus braços, quase deita sobre mim como se fosse um bebê implorando para ser ninado. Envolvo seus ombros e acaricio sua cabeleira, nossas lágrimas se misturam quando junto nossas bochechas e ainda o escuto exigir para alguém que nada disso seja real, que se torne apenas uma brincadeira.

– Vai ficar tudo bem, querido – digo vendo o quão quebrado ele está – Só precisamos aceitar.

– Eu preciso falar com o seu médico - gagueja ele ainda em meus braços – Conversar com um ortopedista, fisioterapeuta... Eu tenho que tentar falar com alguém.

– Está tudo bem – silencio-o – Logo voltaremos para casa, ok? Já vamos para casa...

¬¬¬¬¬

– Pronto, Katniss – fala meu pai encostando a porta da sala – Finalmente em casa. Eu vou tomar um banho para tirar esse cheiro de hospital. Espere sua mãe chegar que ela te ajuda no banheiro.

Apenas concordo com a cabeça levemente e recebo um beijo na testa dado por meu pai. Vejo-o subir as escadas até o segundo andar e volto à atenção para Peeta, que empurra minha cadeira de rodas em direção à sala de televisão.

– O que a senhorita deseja fazer agora? – pergunta-me colocando um leve sorriso em seus lábios.

Pedi a Peeta que não direcionasse a mim um olhar de pena e tristeza, mas que ele sorrisse, pois eu ainda estou aqui. Não estou morta, apenas com um tipo de deficiência.

– Não sei – respiro fundo e penso em alguma coisa para fazermos – Que tal vermos algum dos nossos seriados favoritos enquanto minha mãe não chega?

– Acho ótimo.

Estico meus braços em sua direção agarrando seu pescoço quando ele passa os braços por baixo dos meus joelhos e pelas costas, tirando-me da cadeira desconfortável e colocando-me sobre a poltrona do meu pai. A que Peeta sempre lutou para

– Poltrona reclinável. Um privilégio para você – diz sentando-se ao meu lado, no sofá velho camurça.

– Peeta... Não quero que você me dê privilégios ou algum tipo de tratamento especial – informo inclinando meu peso para trás e vendo o suporte para pés subir.

– Ei, aproveita aí. Quando eu te deixar em cima do sofá e pular nessa poltrona, você vai reclamar.

Ele sorri. Dessa vez vejo o Peeta de sempre. Brincalhão, palhaço, aquele que ri de tudo e sempre faz piadas, não foca sua mente apenas nos assuntos sérios. Esse é o Peeta que conheço desde criança.

– O que acha de comprarmos uma cadeira de rodas verde? – sugere pensativo olhando para a tela colorida da televisão.

– Verde? – ergo as sobrancelhas.

– Sua cor preferida, esqueceu?! – ele me encara como se eu fosse um alienígena. Rio disso – Aliás, essa parece super desconfortável.

– E é.

– Então podemos comprar uma verde? – pergunta esperançoso. Afinal, seu super herói preferido é o Huck.

– Podemos – respondo.

Vejo-o comemorar de forma exagerada e rio de sua atitude. Alguns minutos depois minha mãe chega com alguns exames em mãos, mas os deixa de lado, dizendo que quer se concentrar em mim agora. Já que passei quase que a manhã inteira sem sua presença. O clima fica pesado mesmo quando tomamos a decisão de subir para que eu possa tomar banho com a sua ajuda, porém meu quarto é no segundo andar. Escadas.

– Acho melhor o Peeta te levar no colo. Eu vou levar a cadeira lá para cima – ela respira fundo sem olhar para mim – Vamos ter que adaptar a casa de algum jeito.

Pois é. Nós vamos, ou então terei que passar o resto da minha vida presa dentro de um quarto.

¬¬¬¬¬

– Katniss, é uma boa ideia – reforça minha mãe olhando para mim – Mas não podemos decidir por você.

Fisioterapia. Não acho que seja obrigatório para um cadeirante, já que não se tem uma data certa para parar e nem uma garantia de que vá funcionar. Tenho muito tempo livre agora, fui ‘’demitida’’ por causa do meu acidente, disse meu ex-chefe, mas é claro que sei não ser essa a razão e sim a de eu estar presa a uma cadeira agora. Que tipo de empresa vai querer um funcionário cadeirante? Nenhum que eu saiba pelo menos.

– Não tenho mesmo algum outro tipo de opção? – pergunto ao médico.

– Ter, nós temos, porém é como digo Katniss, não posso lhe garantir nada. Não posso dizer se uma cirurgia com células tronco resolveriam, ainda estamos em teste. A fisioterapia também não tem um tipo de certeza, mas é muito melhor do que deixar seu corpo parado sempre – explica.

– Eu – respiro fundo – Posso pensar sobre isso um pouco? Cinco minutos é o suficiente.

Deixo minha mãe na sala com o médico e empurro as rodas da minha cadeira até a sala de espera onde Peeta está. Meu pai não pode vir, está trabalhando já que no momento tenho que ser sustentada por eles e como Peeta trabalha em casa pelo computador, não tardou em se oferecer para vir fazer companhia.

– Como foi? – pergunta apreensivo sentado a minha frente. Junto seus joelhos aos meus.

– Ele sugeriu seções de fisioterapia, mas também disse que não tem garantia – informo-lhe.

– O que você acha sobre isso? Ninguém pode te obrigar – fala compreensivo.

– Eu sinceramente não sei. Posso ficar anos e mais anos fazendo seções atrás de seções sem ganhar nada de retorno, fico me questionando se em algum momento eu não vou me cansar e desistir.

– É melhor ter uma esperança, certo? – questiona acariciando minha bochecha – Dizem que ela é a última que morre.

Escuto os murmúrios ao redor das pessoas que também esperam por alguém ou pela sua vez de serem atendidas. Seria eu atrasando a consulta de algumas delas?

– Você não vai desistir de mim, não é? – indago sabendo que ele quer que eu aceite esta oferta ao invés de deixa-la de lado.

– Eu jamais desistiria de você – sorri.

– Então eu preciso voltar - digo virando-lhe as costas e seguindo meu caminho de volta para a sala do médico. Se eu parasse para pensar mais abandonaria a coragem de agora – Mãe.

– Oh Katniss, você voltou. – diz com um pequeno sorriso de canto. Aproximo-me dela puxando com apenas uma das mãos a roda direita e fico de frente para o homem de jaleco branco, que me encara ansioso.

– Han... Quais são as clínicas mais perto daqui que você indica? – pergunto e ele sorri feliz e animado.

– Conheço uma à duas quadras daqui que é muito boa. Um dos meus irmãos é sócio de lá e tenho certeza que o trabalho deles é ótimo.

– Quando ela pode começar? – indaga minha mãe.

– Que tal daqui a duas horas? Posso ligar para lá e dizer que uma das minhas pacientes precisa de um tratamento contínuo de fisioterapia. Assim você tem tempo para passar em casa e colocar uma roupa mais confortável, Katniss. Tenho certeza que você tem algumas roupas de ginástica no armário, hum? Fico feliz que tenha aceitado nossa ideia.

– Eu também – suspiro – Só espero que não me decepcione.

1° Aula

– Quem são esses? – pergunta a doutora Portia apontando para minha mãe e Peta ao meu lado.

– Meu melhor amigo Peeta e minha mãe – informo e eles se cumprimentam.

– Não vamos perder tempo, que tal começarmos logo? – sugere parecendo animada com o início da sessão.

Assentimos e ela nos guia até uma sala privada em meio a um corredor. As paredes são de um tom bege, mas não muito triste já que vários utensílios coloridos estão espalhados pela sala. Alguns pesos que eu já havia usado na academia em um canto, um tipo de maca acolchoada em preto bem grande no meio, alguns utensílios de madeira presos à parede, bolas de plástico de diversos tamanhos e um tipo de passarela bem grande com uma barra de cada lado. Eu usaria tudo isso?

– Precisa de ajuda para se sentar? – pergunta ela ajeitando seus cabelos presos em um rabo de cavalo e eu confirmo levemente com a cabeça antes de puxar um pouco das barras do short de lycra para baixo.

Peeta logo se aproxima e me puxa para seu colo, nos direcionando para a maca acolchoada. Ele coloca-me gentilmente ali em cima deitada e volta a ficar ao lado de minha mãe que está sentada em uma das cadeiras que haviam ali, deixando meus tênis em seu colo sem retirar sua atenção de mim.

– Primeiro vamos alongar seus braços, tudo bem? – ela coloca duas bolas de plástico laranja em minhas mãos – Agora eu preciso que você inspire e expire bem devagar conforme vai levantando os braços, coloque-os para frente e para trás um de cada vez.

Repito isso algumas vezes e depois faço um movimento ainda com os braços para os lados, tirando-me a ideia de quem faz anjos de neve deitados ao chão. Depois com uma almofada na cabeça e uma na parte de trás de meus joelhos dobrados, preciso esticar-me de forma diagonal para alcançar com a ponta dos dedos das mãos as bolas que foram deixadas um pouco longe de mim, movimentando um pouco meus quadris e erguendo meu tronco.

– Isso Katniss, muito bem. – elogia Portia quando um grande elástico está abaixo dos meus pés e com as mãos eu preciso puxá-los para cima. Faço uma careta algumas vezes até me acostumar com o exercício, já que minhas pernas parecem pesar e a força em meus braços triplica até que eu note que meus joelhos se erguem a uma altura um pouco acima de meus seios e eu precise fazê-los voltar para o seu lugar.

– Isso foi ótimo – diz Peeta colocando meus tênis em meus pés cobertos apenas pelas meias, agachado a minha frente.

– Muito bom mesmo, Katniss – avisa Portia ao nosso lado – Vamos nos ver três vezes por semana se você quiser voltar, o que acha?

Sinto o olhar de todos em mim e não posso deixar de garantir que voltarei. Para uma primeira sessão eu me senti bem e todos dizendo o mesmo, apenas oficializa a ideia de que eu consigo seguir com a fisioterapia e que não irei me arrepender.

16° Aula

– Essa posição machuca? – pergunta Portia e eu logo nego – Então segure aqui.

De bruços volto a usar os elásticos. Com um espelho a minha frente posso ver que quando os puxo para frente, Portia precisa direcionar meus tornozelos para frente para que consiga concluir o exercício de puxá-los em direção a minha bunda.

Ainda não sinto minhas pernas, mas a cada sessão posso perceber uma facilidade muito maior de concluir meus exercícios. Claro que em algumas vezes sinto dor e preciso parar um pouco, elas exigem cada vez mais da minha musculatura e não ver uma diferença nítida fisicamente só perturba o meu psicológico.

– Vamos Katniss, você consegue – incentiva ela quando preciso girar-me pela maca até estar deitada de lado, faço impulso algumas vezes para a direita e fico frustrada ao não conseguir parar de lado e sempre bambear até cair de costas novamente - Peeta, ajude-me aqui, por favor.

Ele aparece ao lado da maca e senta-se ali olhando-me fixamente e despejando com seus olhos o quanto ele acredita em mim. Essa é uma das primeiras vezes em que só ele vem comigo para a fisioterapia, apesar de precisar dos cuidados dos meus pais, não posso depender deles para tudo, não sou mais uma criancinha e um pouco mais de dois meses como cadeirante, já colocam em sua cabeça sua real situação.

– Peeta, estenda uma de suas mãos para a Katniss – ele o faz – Agora Katniss, eu preciso que você agarre a mão dele e vá se virando devagar até conseguir deitar-se de lado. Peeta, não a puxe, deixa que ela faça sozinha.

Respiro fundo e tento alcançar sua mão algumas vezes. Quando minha mão esquerda agarra a sua, faço uma força extrema usando meus ombros, minha barriga e até minha cintura para conseguir virar-me até deitar sobre meu braço direito que fica por baixo de mim.

– Muito bom – ouço Portia dizer animada e vejo Peeta sorrir. Retribuo e volto a deitar-me de costas para fazer o mesmo, desta vez segurando a mão de minha fisioterapeuta.

38° Aula

– Hoje teremos aula na piscina? – pergunta Peeta surpreso.

– Sim. Por isso pedi para que a Sra. Everdeen colocasse uma roupa de banho na Katniss e trouxesse uma para você, Peeta – diz Portia sorridente, fazendo uma trança em meus cabelos.

Arrumo a parte de cima da alça do biquíni amarelo que escolhi e o short de malha florido. Vemos Peeta ficar vermelho quando minha mãe o entrega uma sunga azul e meu pai ri dizendo que essa não é a primeira vez que ele fica apenas de sunguinha em nossa frente.

– Primeira aula na piscina. Animada? – pergunta Portia que veste um uniforme da clínica específico para aulas no meio aquático.

– Sim, acho que será bem diferente.

– E dinâmico – complementa ela.

Vejo que a piscina tem diversos níveis de altura e aposto que foram feitos estrategicamente para que o paciente possa se socializar com a água. Peeta ao chegar com suas roupas em mãos as deixa ao lado do meu pai e minha mãe e vem correndo em minha direção.

– Sente-se nesta primeira parte aqui – pede Portia.

Peeta como sempre, coloca-me em seu colo e depois, deixa-me sentada na parte de mármore envolta da piscina. Os dois entram na água e ficam a minha frente.

– Katniss, quero que você venha trazendo seu corpo para frente até conseguir sentar neste segundo nível aqui – indica Portia.

Me pareceu difícil só de imaginar ter que fazer isso sozinha, mas com a água fica muito mais fácil. Coloquei as mãos um pouco mais para frente e fui puxando-me, duas, três, quatro vezes até que fui para o nível mais abaixo que cobre minhas pernas por inteiro. Ouço todos baterem palmas e sorrio, pois finalmente consegui me locomover sem ajuda.

– Pode vir para este aqui agora – fala Portia.

Fui descendo devagar os níveis até que a água batesse em meios seios e toda a piscina ficasse reta, um único tamanho. Pedi para mergulhar e Peeta ajudou-me, segurando um de meus braços. Minha fisioterapeuta pediu para que meu melhor amigo ficasse atrás de mim e segurasse apenas minha barriga, deixando meus braços livres para os movimentos.

– Segure suas coxas e traga para perto dos braços de Peeta e depois solte-as – repito isso algumas vezes e logo depois de estar aquecida, Portia se aproxima com uma quadrado enorme de borracha que flutua sobre a água e que contem um tipo de macarrão colorido nos quatro cantos – Vamos treinar o equilíbrio agora. Peeta coloque-a sentada aí em cima, por favor.

Ele o faz tranquilamente e tento segurar-me aos seus braços para não bambear para os lados, porém Portia pede para que ele se afaste e eu tenho que agarrar-me ao quadrado.

– Vamos jogar um pouco de vôlei. Bem simples, só bater na bola com as mãos e assim vamos seguindo.

É um pouco complicado, pois não tenho tanta firmeza em meus movimentos e o quadrado de borracha não parece muito seguro, mas Portia diz que preciso confiar em meu corpo e que tudo vai transcorrer bem.

Agora deitada no quadrado, Peeta e Portia formam uma diagonal. Meu melhor amigo segura algumas argolas e eu terei que pegá-las de sua mão uma por uma e trazê-las para a fisioterapeuta.

– Não consigo levantar – informo segurando a primeira argola e tentando erguer-me.

– Consegue sim. Primeiro o ombro depois o resto do tronco, vai de uma vez – fala a fisioterapeuta.

Impulsiono algumas vezes e logo consigo, colocando a argola em suas mãos e voltando a deitar-me para pegar a próxima com Peeta que fica se afastando quando vou pegar outra.

– Para seu besta!

– Besta que você ama – provoca ele.

– Ai, você parece uma criança. Me dá isso logo – peço sorrindo e ele se esquiva algumas vezes, até desistir quando jogo um pouco de água em seu rosto.

¬¬¬¬¬

Peeta empurra minha cadeira pelo calçadão da praia e eu abro meus braços sentindo o vento bagunçar meus cabelos. Meses e meses de fisioterapia vão passando rápido e continuo a questionar-me se ela realmente está mudando algo em mim. O médico que continuo frequentando lembra-me sempre que nada é garantido, posso levar anos para ver algo mudar em minhas pernas, como também posso não notar nada nunca. É um tiro no escuro seguir com isso e fazem apenas seis longos meses.

– Não corre muito, Peeta! – grito.

Ele parece um crianção na maior parte do tempo em que tudo pode ser mais descontraído, porém isso faz-me rir sempre.

– Você nunca foi tão medrosa – diz ele. Claro, não é sempre que se tem uma pessoa andando de skate e empurrando sua cadeira de rodas ao mesmo tempo.

Continuamos a ir e voltar por ali e logo decidimos parar um pouco. É a primeira vez que voltamos à praia depois do meu acidente. Ver o mar, a areia, as gaivotas, lembra-me coisas e momentos tão bobos e ainda sim especiais entre eu e Peeta.

– Senti falta daqui – Peeta diz sentando-se em um banco de concreto de frente para o mar, fico de frente para ele atrapalhando sua visão. Bebo um pouco de água e coloco a garrafinha que trouxemos de volta a bolsa depois de oferecer ao loiro e vê-lo negar.

– Eu também – respondo – Mas não é a mesma coisa quando estou presa a esta cadeira.

Baixo o olhar e vejo que o estofamento já está meio desgastado. O tempo está passando e eu continuo na mesma.

– Ei – chama ele erguendo minha cabeça com a ponta dos dedos – Pensei que já tivéssemos passado pela fase de aceitar a sua condição física.

– Já, mas... É difícil chegar aqui e lembrar que no início do ano corríamos por ali, brincávamos na areia, jogávamos água um no outro e agora não podemos fazer isso como antes.

– Baby, não ligo de não fazermos as mesmas coisas, o que importa mesmo é que você está aqui comigo, viva ainda por cima – fala ele. Seu nariz se esfrega no meu em um doce beijo de esquimó e eu sorrio, vendo o clima tenso se dissipar – Agora vamos voltar, daqui a pouco seus pais ligam procurando por você.

Ele passa suas mãos pela minha coxa rapidamente e fico pasma, congelo. Quando ele vai se levantar, minhas mãos em um auto reflexo que eu não conhecia, seguram seus pulsos e não posso deixar de encarar minhas pernas.

– Katniss, o que houve? – pergunta preocupado sentando-se novamente.

Um soluço escapa por entre meus lábios e coloco as mãos de Peeta em minhas pernas novamente. O calor. Ele acaricia a parte de dentro das minhas coxas e meu subconsciente anota um pouco dos calos em seus dedos.

– Katniss! – ele fala desesperado dando um leve beliscão em minha pele e sem que eu tenha intenção alguma vejo o músculo da perna esquerda se sobressaltar rapidamente – Ah, Deus.

– Você viu?! – indago nervosa. Não pode ser um truque da minha cabeça, não pode – Peeta, eu estou sentindo suas mãos.

Levanto minha cabeça e encontro os olhos azuis de Peeta cravados aos meus. Posso ver as lágrimas prontas para cair e já sinto as minhas escorrendo pelas bochechas. Sorrio. Isso está realmente acontecendo e posso ver a confirmação quando Peeta abre seus lábios de volta. Não é uma ilusão. E sem querer, quando desperto deste torpor, coloco uma de minhas mãos sobre a de Peeta que continua em minhas pernas e seguro o pulso do braço que está estendido até minha nuca.

– Isso é real, Katniss – ele diz fazendo-me concordar com a cabeça.

Logo sinto os lábios de Peeta colados aos meus, apenas um toque. Assusto-me de início, porém quando sua língua bate em meu lábio inferior jogo para o inferno todas as minhas preocupações, todas as dúvidas do que está certo ou não, todas as perguntas do porque eu estou beijando meu melhor amigo e todas as indagações do que será um futuro próximo, pois agora sou eu e Peeta. Nada mais.

– Isso não é apenas amizade, Katniss – ele supõe com a testa colada a minha – Não pode ser. Tudo que passamos juntos, tudo que aprendemos, tudo o que vi você superar e agora todo esse amor que sinto dentro de mim. Precisamos ficar juntos porque não sou o mesmo Peeta sem você. Esqueça o acidente, esqueça a cadeira de rodas e se concentre apenas em mim, em nós.

Posso sentir sua respiração embolada na minha, ele cruza seus dedos aos meus retirando nossas mãos de minha perna e colocando-as sobre seu peito. Seu coração batendo tão rápido que me pergunto se ele consegue ouvir suas pulsações.

– Diga alguma coisa. Não deixe-me imaginar um futuro em que você não existe – ele suplica.

É tanta confusão. Num segundo começo a sentir alguns toques em minha perna, no outro Peeta e eu nos beijamos e agora ele declara seu amor por mim. Não podíamos estar andando rápido demais, nos conhecemos há praticamente vinte anos.

– Só prometa ficar comigo – peço-lhe.

– Não precisava pedir – responde ele voltando a colar nossas bocas.

73° Aula

A sala parece girar, posso sentir o suor escorrer por entre meu pescoço e sei que estou vermelha não só no rosto, mas também nos braços e pescoço. Tudo causado pelo imenso esforço de tentar manter-me em pé.

– Vamos Katniss, tente mover um pouco dos pés para frente – incentiva Portia.

Em meio a passarela que contem duas barras, estou eu apoiando-me com força em um andador, em pé sem a ajuda de ninguém. Minha mãe segura a cadeira de rodas atrás de mim caso eu caia, Peeta está ao lado me observando junto de um computador ligado ao vídeo chat com meu pai que fez questão de ver a aula de hoje mesmo estando em uma conferência no outro lado do país e Portia que está agachada a minha frente segurando minhas pernas que não param de tremer.

– Ai – gemo de dor e desconforto. Tento sustentar meu corpo e arrastar meus pés para frente o máximo possível, porém eles não parecem querer se mexer. Todo o esforço indo para o ralo.

– Vamos Katniss. Você tem que tentar – ela diz como se eu não estivesse realmente tentando.

– Eu não estou conseguindo – digo em meio as lágrimas. Sinto meu nariz escorrer assim como meu suor, tudo parece parado. Nada que eu faço parece adiantar. Sinto todos olhando para mim, ponho força em minhas pernas que não param de tremer e ainda sim continuam no lugar. Tento respirar fundo, porém só sinto-me engolir um soluço.

– Katniss... – suspira Portia.

– Eu quero parar – suplico – Não aguento mais.

Pareciam séculos em que eu estava tentando me mover, horas sendo torturada do mesmo jeito que os viventes pecadores do século XVII. Eu não queria desistir, não queria sentar-me na cadeira de rodas novamente, mas toda a força de vontade dentro de mim estava se esvaindo a cada vez que eu impulsionava o andador para frente e meus pés não acompanhavam o movimento. Não se mexiam dois centímetros sequer.

Portia se levanta e coloca gentilmente minhas mãos nas barras dos lados, pega o andador tirando-o da minha frente e se afastando para coloca-lo para fora da passarela. Nesses segundos em que ela vai voltar para me ajudar a sentar na cadeira, Peeta invade o espaço segurando meu rosto.

– Ei, olha para mim – ele exige tentando conectar nossos olhares, mas eu não deixo. Estou o decepcionando – Katniss, olha para mim.

Engulo o choro, pois ainda estou de pé. Sustento meu próprio peso sem a ajuda do andador e Peeta prolonga o tempo em que meus braços precisam me segurar.

– Peeta – soluço – Preciso parar. Está doendo muito.

– Ei – ele chama segurando meu rosto e limpando o rastro de minhas lágrimas. Posso sentir meus lábios tremendo – Eu sei que você está cansada, sei que isso está exigindo muito de você e do seu corpo, mas não pare agora, eu sei que você consegue. Todos nós acreditamos em você, não estaríamos ao seu lado se não acreditássemos.

Respiro fundo, sentindo-o soprar ar em meu rosto. Fecho meus olhos quando ele para de falar e mexe em meus cabelos, fazendo um rabo de cavalo rápido.

– Eu estou tentando – digo baixo.

– Sei que está, todos sabemos disso, mas também sei que você pode mais. Você não está me decepcionando, Katniss. Não acredite nessa possibilidade. Tente mais um pouco, por favor. Só alguns passos.

Ele se afasta um pouco de mim, porém continua a minha frente. Arregalo os olhos quando ele nega o uso do andador e diz que posso sozinha. Peeta quer que eu ande até ele.

– Peeta...

– Vem, você consegue baby.

Sinto Portia atrás de mim e vejo minha mãe se afastando para ficar junto ao computador, ela parece emocionada assim como meu pai.

– Tente controlar as pernas, Katniss. Se concentra – diz Portia segurando minha cintura e impulsionando-me devagar para frente.

Posso sentir tudo queimando. Meus braços, minha cintura, minhas pernas, meu pescoço e até meu coração. Fecho meus olhos e até mesmo os órgãos que não necessitam da minha vontade para funcionar, parecem implorar por atenção. Concentração, Katniss. Concentração.

– Uh – puxo o ar para dentro de meu corpo com força quando sinto Portia empurrar o meu pé direito com o seu. Olho para o chão. Primeiro os dedos, calcanhar e depois sustento o peso na perna. Dedos, calcanhar, perna. Dedos, calcanhar e perna. Repito isso várias vezes em minha cabeça e em seguida tudo parece acontecer no automático. Ainda sinto-me tremer e agradeço por Portia estar atrás de mim, porém logo avisto os tênis de Peeta e fraquejo por realmente saber que estou andando.

– No seu tempo. Não perde o foco, Katniss – sussurra Portia.

– Vem amor. Só mais dois passos – diz ele.

Ali, quando mexo a perna direita que percebo que é Peeta quem me move, quem me faz querer seguir em frente e tentar de novo. Ele é a minha luz branca, minha perdição e minha salvação. Tudo junto e misturado, tudo numa só pessoa. Só falta a esquerda. Penso e é mexendo os dedos, o calcanhar e a perna esquerda olhando nos olhos de Peeta que o alcanço. Que percebo a minha travessia. A metade da passarela foi cruzada e não importam os inúmeros minutos que precisei para conseguir, está feito e ninguém pode negar.

– Mereço um abraço? – sussurro sentindo meus lábios abrirem-se em um sorriso e receberem um pouco das lágrimas salgadas.

– E muito mais – diz.

Solto-me das barras de uma vez e agarro seu pescoço, sinto seus braços ao redor da minha cintura antes que eu possa chegar ao chão. Ouço o choro e as palmas de minha mãe que fala animadamente com meu pai que se diz orgulhoso por insistir em ver a aula de hoje.

– Você conseguir amor! Isso foi incrível – ele diz beijando meus ombros e meu rosto repetidas vezes. Apenas agarro seu pescoço com força deixando algumas lágrimas caírem livremente pelo meu rosto, pois sei que desta vez, elas são de alegria.

¬¬¬¬¬

– 5, 4, 3,2, 1! Feliz Ano Novo! – todos da praia gritam e se abraçam. Sorrindo animadamente pelo novo ano que se inicia, desejando toda a paz e amor do mundo para seus amigos, família e respectivos namoricos.

– Feliz ano novo, meu amor – diz Peeta animado se ajoelhando na areia e me abraçando. Sinto os braços de minha mãe e meu pai circundarem nós dois. Foi meio complicado convencê-los a me deixar passar o ano novo na praia, porque é meio tumultuado e eu ainda estou numa cadeira de rodas, mas no fim acabaram concordando e se auto convidando para virem junto.

– Vejam os fogos – aponta minha mãe para o céu que começa a se iluminar com rajadas de luzes rosa, vermelha, verde e branca. Meu short de paetê preto e meu colar prata refletem as cores e dão-me a impressão de que estamos ainda mais perto dos fogos de artifício. Minha blusa de seda branca balança junto com meu cabelo solto e não posso deixar de sorrir ao me sentir tão livre.

– Vamos pular algumas ondas – anuncia Peeta e vejo ele e meus pais começarem a retirar seus chinelos.

– Eu não vou pular onda nenhuma – aviso quando ele se aproxima para retirar minhas sapatilhas.

– Ah vai sim. Veja seus pais, pulando e rindo como dois adolescentes – diz e não posso deixar de sorrir, vendo como esse ano passou rápido e o quanto de emoções foram jogadas sobre nós, mas mesmo assim minha família não se abateu, apenas se uniu ainda mais.

– Cuidado! – grito rindo quando Peeta puxa-me para seus braços. Ele nunca se cansa de me levantar, mesmo sabendo que já posso fazer isso algumas vezes sozinha.

Ele corre em direção ao mar e quando sinto que ele irá nos jogar na água, ele recua e gira em seus próprios calcanhares. Devagar, ele coloca-me em pé na areia e passa um de seus braços pela minha cintura quando coloco o meu esquerdo sobre seu pescoço. Um ano de fisioterapia não é fácil, apesar de já sentir a maior parte dos impulsos feitos sobre minhas pernas, ainda não posso andar livremente por aí, ainda estou presa à cadeira de rodas e ainda é por tempo indeterminado.

– Sente a água? – ele pergunta quando uma das ondas quebra perto de nós e se espalha pela areia, voltando em seguida.

– Está gelada – digo e ele concorda com a cabeça orgulhoso.

– Sim está. Preparada para pular? – indaga nervoso.

– Não muito – respondo sincera, pois é verdade. Nunca tentei pular por conta própria – Mas eu consigo.

– Nós conseguimos – ele diz. Nervosamente, peço para ele esperar uma onda menor e ele ri um pouco de mim.

– Não, essa não! – grito – Espera a próxima.

– Já esperamos muito – ele gargalha do meu desespero – 3, 2, 1. Pula!

Com a sua ajuda, ergo com força meu corpo e sinto meus pés se erguerem juntos. Peeta pula comigo e quando voltamos ao chão, ele me puxa para um abraço. Sinto minhas pernas tremerem devido a força, mas eu logo as controlo quando me concentro.

– Esse é o melhor ano novo da minha vida – ele diz beijando-me quando volto a cadeira.

– Peeta...

– Não! – ele contradiz ajoelhando-se a minha frente. Entrelaço nossos dedos e deixo nossas mãos sobre minhas pernas, pois ainda é muito bom sentir a quentura de sua pele sob a minha – Não me importa se você é uma cadeirante, Katniss. Você evolui cada dia mais, acabamos de pular uma onda no ano novo, na praia, no nosso lugar especial e nós dois ainda estamos juntos para complementar toda a situação. Eu te amo tanto. Amo sua coragem, seus esforços, amo sua atitude e sua vontade de viver. Eu amo você por inteira, Katniss.

Selo nossos lábios em um beijo gostoso, lento e viciante. Peeta é tudo e muito mais. Meu melhor amigo, minha força, meu porto seguro, meu amante, minha vontade de continuar, minha paixão de toda a vida. Peeta é meu complemento e sinto que sem ele, nada do que aconteceu este ano, teria o mesmo rumo.

– Vamos ficar juntos sempre, não é? – indago.

– O sempre que você quiser.

Seus olhos, seus sorrisos, seus abraços, seus beijos, são todos meus. Peeta é meu, para sempre e sempre.

– Eu também te amo.


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Notas finais do capítulo

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Finish! Mereço reviews? Mereço recomendações? C'mom guys. Faz tempo que não recebo uma recomendação e mesmo que seja uma one, acho que essa Katniss merece reviews. Gritem, berrem, me odeiem, me amem, mas digam o que acharam. Lembrando que esse foi o capítulo mais longo que eu já escrevi. Quem diria, 6 mil palavras. Um grande beijo para vocês e até a próxima.