Like An Angel escrita por LadySophie
Notas iniciais do capítulo
"Talvez as pessoas mandem você desistir dos seus sonhos porque, no fundo, elas sabem que você pode realizá-los."
Parecia que aqueles minutos seriam monumentais, como se eles fossem decidir todo o meu futuro. E foram.
Era algo simples, só decidir se iria ou não sentar ali, uma coisa normal. Mas no fundo eu sabia a verdade, só me recusei a enxerga-la.
Desde o principio, fiz tudo errado. Aproximei-me, em vez de evita-lo. E eu sabia a tragédia que iria acontecer, que eu iria ser obrigada a fazer. Todas as pequenas escolhas me levaram a ser obrigada a fazer o certo - o que falavam que era certo.
E eu estava simplesmente ali, de frente para ele, prestes a cometer o ato mais cruel que eu poderia imaginar. E ele sorria feliz, inocente. Ele não sabia a ironia daquele momento.
Eu estava perdida metaforicamente e existencialmente. Ele era minha crise existencial.
Mas no fundo, que diferença faz? O anonimato no mundo dos homens é melhor do que a fama no céu, por que… o que é o céu, no fim das contas? E a terra, o que é? Tudo ilusório. Era isso. Eu deveria fazer o que eu julgava ser certo, e não o que me mandavam fazer. Era minha vez de escolher. Mas eu não podia, não sabendo o que ele se tornaria depois disso. Eu não podia.
- A sua busca pelo sentido da vida é tão obvia quanto trágica, Sophia – ele falou baixinho, ainda sorrindo. Olhei receosa para seus olhos, e ali estava. O brilho dourado que eu aprendi a temer, e eu soube que era a hora, que ele estava começando a se lembrar. Tinha que ser agora. Coloquei uma flecha no arco e apontei para ele.
Forcei-me a ficar fria, a lembrar de sua verdadeira identidade.
- Queria dizer que sinto muito, mas não sinto – falei.
- Ótimo. Você não sabe pedir perdão e eu não sei perdoar.
Fechei os olhos e soltei a flecha. Eu sabia que ele não iria desviar, não conseguiria de qualquer modo.
Ouvi o nauseante barulho de um corpo caindo, larguei o arco no chão e me virei para ir embora.
- Poderia ser diferente, Sophia. Poderíamos ser felizes – ele sussurrou antes que eu fechasse a porta do quarto.
Não... Nunca iremos poder.
Daniel me esperava fora da casa.
- Ele estava parcialmente certo – ele comentou – Poderia ser diferente. Você pode esquecê-lo e voltar para seu lar.
- Não nasci para ser presa e fazer coisas que me limitam, Daniel. Porque as minhas crenças são ainda maiores que os meus sonhos, e é atrás do que eu acredito que irei até o fim.
- E no que acredita?
- Me responda você, estávamos na mesma situação.
Ele sorriu de lado e voamos por dias e só paramos quando julguei estar suficientemente longe da minha antiga vida.
Mas eu não poderia arriscar, então mais uma vez mudei minha aparência e meu nome, apenas para espera-lo chegar novamente, apenas para mata-lo e ter que fugir novamente. Fazer tudo errado novamente.
No final, quando você perde alguém, cada vela, cada oração não vai resolver o fato de que a única coisa que restou em você é um buraco na sua vida onde aquela pessoa com quem você se importava costumava estar. E uma pedra com a data de nascimento cravada, que eu tenho certeza que estará sempre errada.
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