Despedaçada escrita por GiGihh


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Esse pequeno pedacinho no início é bastante importante. Quero ver se alguém consegue adivinhar o que isso significa... Hehehehehehe >.



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Capítulo onze –

A Grécia é um lugar de estupenda beleza, divinas praias e uma adorável cultura. Em um desses templos era guardado um tesouro precioso, tão precioso que nenhum humano podia ver, embora fosse fácil sentir o ar carregado. Como deve ser previsto, tesouros não ficam sem proteção fosse onde fosse. Havia um guarda ali. Uma deusa, sendo francos. Sua sombra deslizava de um canto para o outro, os olhos sempre fixos no esquife... Mas quem garante o guarda?

O esquife reluzia por si só em uma aura forte de beleza sombriamente fúnebre. Sobre ele, a moça de pele alva quase não parecia respirar e seu coração quase não podia ser ouvido, mas batia; sem sombra de dúvidas, ainda batia. Seria agradável dizer que ela sonhava, mas a mentira doeria em alguns corações. Os sonhos pertencem às almas e isso ela não possui, não ainda. Mas cada parte se lembra... E assim será quando acordar.

–Ai pequena princesinha – a deusa materializou-se e acariciou o rosto de Thalia com ligeira ternura; tão fria quanto o Alasca – Seria uma pena se seu herói não chegasse a tempo... E outro lhe reivindicasse – sua risada cruel reverberou pelas longas colunas e levou uma brisa fria mundo a fora.



Luke não conseguia deixar de visualizar um lugar hostil, não conseguiu deixar de rever suas brigas com Thalia, suas discussões, seus instintos quase selvagens... Não tinha percebido que estava sentado no chão, tão pouco tinha consciência que mal respirava.

–Luke. Luke, Luke. Castellan. Garoto... – chamavam-no todos os outros, mas este não ouvia. A verdade o castigava. Ele não tinha qualquer amor pelo submundo, tão pouco desejava voltar. Seu desejo de vê-la inteira novamente venceu. Ele não recuaria nem que para isso fosse a sua alma partida em milhões de pedaços.

–Tártaro...

–É. Foi o que eu disse... Ai cacete! – Nico exclamou compreendendo onde aquilo estava indo parar. A filha de Antena compreendeu rapidamente.

–Mas o... Ele não fica no sul, fica? – a loira perguntou; tinha na fisionomia o cansaço – Quero dizer...

–Eu não tenho certeza...

–Pode ser algo apenas representativo e não definido. – Annabeth colocava as palavras para fora como se isso fosse resolver tudo – A cigana não especificou, certo? Não devemos ser pessimistas. É. É isso; Thalia está no sul. Esqueçam o Tártaro.

–Ela está lá, sim.

–Como pode saber?

–Eu sinto, Annie. Sinto como senti as outras e não errei até agora. Se não quiser ir não vá. Acho que eu devo ir sozinho e...

–Nunca! – Priscila exclamou – Castellan, ela é minha irmã e se eu tiver que ir aos confins do mundo para trazê-la de volta eu irei. Você não é o único que se importa com ela.

–Nunca disse isso.

–Mas insinuou.

–Não! Mas eu sou o único que merece passar por isso...

–Chega de se culpar, estúpido! – Dália não tinha paciência – Isso não te levará a lugar algum.

–Thalia não iria querer que vocês se machucassem – ele disse como se aquilo explicasse tudo.

–Tão pouco você! – Nico falou com convicção. Ele tinha na memória um gostoso dia de primavera em que esbarrara com as Caçadoras. Claro que preferiu manter tudo em segredo, mas ainda podia ver a filha de Zeus. Ela se aproximou na frente das outras, Nico não pode deixar de notar o quanto ela era diferente de todas as outras: a camisa xadrez estava amarrada deixando parte de sua barriga à mostra, os jeans claros e surrados, os olhos sempre escurecidos e carregados de mistério. Vejam só quem saiu lá da terra dos mortos ela disse e ele se lembra de visualizar seu sorriso brincalhão; logo depois foi envolvido em uma abraço tão reconfortante quanto os que recebera de sua irmã. Conversaram durante um tempo, Thalia até tentara ensiná-lo a manejar um arco, mas ele não tinha jeito para tal arma; acabaram rindo depois dele próprio ter ficado emburrado. Conversaram sobre tudo, inclusive sobre um herói que fez tanto mal quanto bem, sabemos todos sobre quem falamos aqui, não há necessidade de citar seu nome. Eu sinto falta dele, Nico. Daquele garoto que brincava e brigava comigo o tempo inteiro. Lembrava de discutirem sobre algo mais relacionado a ele. Nunca quis que ele se machucasse, dói tanto em mim quanto nele. Nico passara grandes períodos de tempo tentando traduzir o que quer que estivesse oculto naquela frase.

–Como pode saber? Ela deve, e tem todo o direito, me odiar...

–Você é muito cego, não? Pare de pensar apenas consigo mesmo e pense nela!

–É isso o que estou tendo fazer!

–É? Thalia te adora. Ela te ama, garoto! – Amber não deixou barato.

–Ela é uma Caçadora – Luke sentia que poderia ser capaz de chorar, mas não era parte dele demonstrar suas fraquezas.

–Existem diferentes tipos de amor, Luke – Rachel interveio, diferente de todos os que já haviam falado, seu tom de voz era baixo e terno, era além de tudo gentil – Independente de qual seja o amor que ela nutre por você, ele é forte. Qualquer amor é forte.

Luke olhou-a demoradamente. Pensava que ela de alguma forma havia sido abençoada por Afrodite, embora não fosse e ele soubesse. Mas conseguia ouvir as palavras da deusa saindo dela e não pode evitar se sentir um peso mais leve.

–Nico, como chegamos ao Tártaro pelo caminho mais curto?

–Bom... – ele bagunçou os compridos cabelos negros.

[...]

Caíram próximos aos portões da grande mansão de Hades. Nico sabia que o pai não estaria presente. Tinha a ligeira noção de que o Olimpo deveria estar discutindo os motivos e os culpados da separação daquela pobre alma. A maioria dos nove da profecia vomitava tudo o tinham para por para fora. Nico desmaiou segundos depois. A viagem pelas sombras esgotara suas forças e abalara a todos ali. Não era uma experiência agradável. Jackson não estava tão perturbado; já havia experimentado a sensação, mas isso não queria dizer que gostaria de senti-la outra vez. Dália tinha a pele esverdeada e caiu semi consciente. Grover não conseguia mexer o braço.

Luke chamou por ajuda, mesmo estando de fora dos portões, atraiu a atenção das três Fúrias. Alécto olhou a tudo com visível interesse. Luke explicou tudo de forma rápida e as três levaram os mais frágeis para dentro; Grover ia aos protestos. Seguiram os que restaram, com medo no peito, mas esperança no olhar.

A pedra esquentou de tal maneira que deixou uma marca de calor no peito do nosso herói. Luke podia sentir as duas primeiras partes agitadas devido a proximidade com a terceira e mais complicada das outras partes.

Próximo a beirada do abismo ela se encontrava tão bonita e poderosa quanto uma deusa. Não havia qualquer indício de que que aquela fosse Thalia embora apenas Luke soubesse que era ela. Vestida com uma toga tão negra quanto a noite, um preto tão escuro que chegava a ter ondulações azuis, deixava sua perna direita a mostra desde a coxa. Se aproximaram com receio e a proximidade confirmava o que Castellan já sabia. Era sua Thalia; a pior parte dela. Os cabelos estavam longos e soltos formando os mesmo cachos que ele vira na moça adormecida sobre o esquife dias atrás. Deveria estar no auge dos 15 anos, quase 16. Trazia um ombro desnudo e uma lança em mãos, os pés descalços sobre toda aquela rocha áspera. Em sua totalidade, ela espalhava eletricidade pelo ar.

O demônio era diferente de tudo o que ele esperava e já vira. Isto era algo terrivelmente surpreendente visto que o próprio havia liberado as mais diversas feras do Tártaro um ano atrás. Era como um esqueleto... Não, não. Está longe de ser verdade. Ele era pura eletricidade vermelha e laranja, as feições demôniacas, sumia no ar e voltava segundos depois em um lugar diferente nunca distante dela.

–Que Ártemis nos proteja.

A pele de Luke se arrepiou com a energia presente no local. Ele reconhecia aquela força que o puxava para perto. Claro que parte daquilo provinha da menina, mas a grande maioria era dos pedaços do titã que voltara ao abismo. Ele podia sentir a fúria de Cronos, o ressentimento por ser traído, o odio por ele ter recuperado o controle do próprio corpo e arruinar seus planos.

–Vão embora! – sua voz poderia muito bem ter sido um grito embora não fosse. Os seis receberam as duas palavras como alguém que recebe um “tapa na cara”.

–Thalia, você precisa retornar...

–Eu não preciso! Eu não quero! – o demônio pareceu explodir eletricidade; o choque no ar fez com que três caissem tamanha a dor – Não me importo!

–Lia... – Luke chamou-a dor na voz.

–Então você ainda ousa me chamar desse modo? Perdeu a noção, Castellan? Eu não tenho intimidade com traidores. – aquilo foi uma facada no coração; ele esperava por ela, mas não importa o quanto esperasse, nada subistituiria sua dor.

–Thalia, você sabe que isso não é verade...

–Ah é? Tem certeza de quem ele é, Annabeth? – ela riu de uma maneira maligna; caminhava lentamente de um lado para outro já que estava instável demais para permanecer parada – A pequena Annabeth... Sempre doce e tolamente inocente. – sua voz foi carregada de escárnio; o demônio ao seu lado riu estericamente, seu corpo esplodindo energia e se recompondo segundos depois.

Annabeth ficou com as bechechas coradas e o olhar baixo e tristonho. Percy se exaltou.

–Ela é sua amiga, Thalia. Você não devia tratá-la desse modo! –Thalia olhou de cima a baixo, medindo-o com rigor; sorriu debochando do primo.

–Está pensando que é quem para me ensinar como tratar as pessoas, hein, Jackson? Levou anos para descobrir que amava a melhor amiga e mesmo assim beijou outras garotas. – Percy estava vermelho, Rachel acanhada – Ora! Não me diga que não sabia que seu namorado já beijou sua amiguinha ruiva ai atrás? – Annabeth estava a beira das lágrimas.

–Thalia! – três exclamaram ao mesmo tempo; as Caçadoras e o herói desta história. Os três outros afetados pelas palavras maldosas se afastaram do abismo, discutindo sobre seus ideais, sobre até onde as palavras de Thalia eram verdades – Não seja tão má! Somos seus amigos e queremos apenas o seu melhor! – Amber falou sentida.

Ela voltou a gargalhar.

–Não seja tão cínica, garota – seu tom foi cortante; raios voaram para todos os lados – Eu lembro de vocês duas, lembro perfeitamente quando nos encontraram e tentaram me convencer a me separar da única família que conheci. – as Caçadoras receberam as palavras com choque; elas quase não pensavam naquele epsódio de anos atrás. Thalia se virou para Luke – E você... – soltou um risinho – Dei minha vida pela sua e como retribuiu? Jogando veneno ao qual nem os deuses suportam. – Luke ficou pálido, estático – Eu senti dor, Castellan. Toda a dor que você imaginar será pouca.

–Eu não sabia... Eu não queria!

–Me poupe do seu show. Não acredito em você, Traidor. Traiu sua família, traiu a mim! E trairia de novo. – seus lábios vermelhos se moviam com perfeição fazendo com que as palavras soassem de tal maneira a ferir como qualquer objeto cortante.

–Não! Eu nunca traí você. Eu...

O demônio explodiu e apareceu a centímetros do rosto de Luke. Gargalhou e nisso voltou a explodir. A explosão e a risada feriram o homem que caiu “queimado” no chão. Thalia gargalhava com a desgraça que ela mesma causara. Luke sentia todo o odio dela e o desprezo pelo mundo, pela vida... Ele tirou uma espada, sabe-se-lá de onde e tentou atacar o demônio e chegar mais perto dela, enquanto lutava contra o demônio sozinho, pois seus amigos achavam-se ocupados discutindo os erros do passado, ele gritava para ela:

–Você sabe que eu nunca poderia esquecê-la...

–Claro! E por isso se engraçava com qualquer menina que aparecesse. E não foram poucas.

–Mas eu nunca senti nada...

–Claro! Porque os homens não sentem. São animais selvagens feitos para serem caçados e abatidos. – Luke quase não conseguia vê-la; a luminosidade do demônio o impedia de ver qualquer coisa que não fosse a energia vermelha e laranja estalando ao seu redor. Ele se encontrava com os braços e bochechas queimados e o monstro ainda inteiro, intacto, inatilgível... Como ela.

–Ótimo! Então você me odeia. Já entendi isso. Mas para que descontar nos outros? São sua família, seus amigos – aparou um golpe, mas foi pego por trás, um choque que lhe deixaria uma queimadura nas costas.

–Família não existe. É só uma palavra inventada por tolos ingênuos que ainda acreditam no melhor das pessoas. – Luke tentava alcançá-la, mas sempre que chegava mais perto o demõnio atacava mais fortemente. Ele caiu na beirada do abismo, o coração pulsando em sua garganta. Apenas o brilho do demônio-luz era visível até ela se colocar na frente – Devo-lhe muito, Castellan. Foi você um dos motivos desse meu medo do mundo, meu medo das pessoas... Mas eu posso resolvê-lo! – e sorriu...

Sua lança veio de encontro as mãos dele... E Luke Castellan caiu ouvindo somente a risada maligna de Thalia.


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Notas finais do capítulo

Sabem de um coisa? Eu estou muito decepcionada. Poxa! Têm tanta gente gostando da ideia e simplesmente lê em silêncio? Ah pessoal, que mal custa escrever apenas "gostei"? Isso pode parecer que não, mas me incentiva :