Survival Game: O Começo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 38
37




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Uma nave pousa em nossa direção, no mesmo local onde estamos. Mas não era aquela nave abdutora, mas uma nave bem maior que ela. Estou sentindo o meu pulso machucado formigar, por dentro da atadura. Sinto o sangue escorrer por ela, daí pela borda da manga do casaco, deixando a ensopada.

A rampa da nave abaixou devagar até tocar o chão, para nos dar passagem. Anne e eu subimos de mãos dadas. Eu ainda sinto insegurança dentro de mim. Se Hitler II me castigar por causa das bombas, não serei eu o morto, mas a situação ficará preta para aqueles que eu amo. Ao subirmos, dois guardas nazistas nos receberam de mãos estendidas e a Martha veio nos recepcionar.

– Vocês estão bem? - ela perguntou.

– Sim, claro. - respondi. Mas senti a fraqueza entrando em mim, que acabei desabando no chão, praticamente inconsciente.

– HEINRICH! - Anne veio me socorrer.

Vi os dois guardas tentarem interceptá-la. Minha visão ficou novamente turva. Seria necessário uns dois paramédicos prestarem assistência a mim, colocando máscara respiratória no meu rosto para tentar me reanimar. Enxergo tudo escuro, a não ser a luz.

Sinto que sou carregado por eles. Ouço a voz da Anne gritando, gritando para me proteger, temendo que eu morra. Sim, é possível sentir, mas impossível enxergar. A não ser dormência nos membros. Parece que eu perdi muito sangue. Eu sei que sou muito novo para morrer, mas o destino pode salvar. Tudo e a todos. O tempo todo ele tem sido o meu inimigo, mas eu ainda não percebia direito. Só quando salvei Anne, Sophia, Lorne e os outros naquele reality, vi que um Heinrich de verdade despertou dentro de mim. Só posso estar delirando. É, só posso estar delirando! Estou?

Vejo luzes em volta de uma luz esférica centrada em mim. Estou sendo reanimado, mas não manifesto nenhuma reação. Volto a pensar nos meus pais. O meu pai contente, a minha mãe emocionada e a Elise comemorando a minha volta a Munique. E Edith e Moe, então? Eles são os meus amigos. Eles estão muito preocupados com o meu estado, mas todos felizes por eu estar vivo.

Sinto a Cruz do Sol sendo retirada do meu pescoço. Tento pegá-la de volta, arrancá-la das mãos dos médicos, mas não consigo. Estou dormente. Os sinto abrirem o zíper do casaco e tirá-lo com todo o cuidado, depois, desabotoarem a camisa. Sinto algo grudar nos dois lados acima do meu peito nu e prenderem eletrodos no mesmo lugar. Meus olhos continuam abertos, porém a visão, turva. De repente, um dos médicos fecha as minhas pálpebras com um polegar e um indicador. Daí eles acionam um par de desfibriladores no meu peito, contorcendo por meio das descargas elétricas. Apaguei de vez. Entrei para o mundo interior. Expirei.

***

Estou no fundo de um rio, cuja correnteza balança os meus cabelos. Vejo Anne nadar em minha direção, me puxando para a superfície, mas ela me enxerga morto. Eu estou morto para ela. Mas vivo para mim. Só não consigo corresponder aos meus sentidos, quando de súbito, abro devagar os olhos e...

Acordo. Acordo em um quarto diferente. Bem diferente do meu quarto. Imagina o quarto 700 do hotel. Estou em um quarto bem diferente dos que já fiquei. Me ergo aos poucos, já que o meu corpo está um pouco dolorido. Quando olho para o meu pulso, está totalmente diferente! O que deveria ser uma atadura nova ou talvez cicatriz, não tinha nada a não ser duas pintinhas marrons no meu braço. Estou com uma camisa de mangas compridas marrom. Daí para o meu braço suturado, não tinha nada. Surpreendi e estranhei ao mesmo tempo.

– As feridas foram removidas a laser. - uma voz feminina falou. Eu virei o rosto. Era a Margot. Ela estava aliviada e feliz em me ver vivo.

– Margot... - falei.

– Oi. - ela estava feliz e sentou bem perto de mim. - Como é que você está?

Dei de ombros. Margot tocou o meu ombro esquerdo. Eu expressava um misto de contentamento com insegurança. Perguntei pela Anne. Ela me respondeu:

– Anne está bem. Ela ficou muito nervosa quando os médicos-cirurgiões trabalhavam em você. Martha teve que aplicar um sedativo nela. Mas ela passa bem. Até perguntou por você.

Eu sorri. Anne estava bem.

– Mas o que aconteceu comigo? - perguntei. Margot suspirou.

– Você perdeu muito sangue, Heinrich. Foi necessário os médicos tratarem de você. Tentaram lhe reanimar, fazer de tudo para lhe manter vivo. Até fizeram transfusão sangüínea. Eu até achei que você fosse morrer, mas foi um milagre.

– Então, foi por isso que eu desmaiei, de repente. - conclui.

– Exatamente. - ela balançou a cabeça. - Eu até pensei em seus pais e nos seus amigos de Munique.

– Lorne percebeu que estava errado o tempo todo. - ponderei. - Foi por isso que ele me esfaqueou no pulso.

– Lorne apenas tentou retirar o rastreador do seu pulso para despistar a Frieda. Mas ele penetrou na corrente sangüínea há muito tempo. Por isso o sangue jorrou direto das veias.

Foi um alívio para mim, mas desilusão do outro lado. Primeiro: foi um processo doloroso; Segundo: perdi um cara que me salvou de uma predadora. E terceiro: quase morri dessangrado por conta de vários ferimentos.

Margot até me elogiou.

– Mas eu sabia que você seria capaz de matar até o maior predador da história! - se refere à Frieda, que deve estar queimando nas fornalhas do inferno. Eu ri.

Antes de mais nada, Margot me entrega a minha corrente.

– A Cruz do Sol! - me surpreendo ao colocá-la no pescoço, quando emito um gemido. Margot teve de colocá-la para mim.

– Ela foi entregue a mim, quando você estava aos cuidados médicos. Você está lindo. - ela me elogia.

Eu sorrio de maneira característica. Apesar do dolorido no meu corpo, Margot me ajudou a despir, enquanto a equipe de figurino e os três maquiadores vieram me preparar com cuidado. Era uma entrevista com os vencedores da 64ª edição do reality. Na hora de despir, quase sinto cócegas com a Cruz do Sol no meu busto nu.

***

Entro trajando uma camisa azul com listras brancas de mangas compridas e uma calça jeans azul e All Star marrom xadrez em um saguão do hotel, onde encontro uma garota de grandes cabelos loiros escuros trajando um vestido azul-marinho sem mangas e botas de camurça azul, de costas para mim. Reconheço a sua postura e o semblante.

– Anne? - pergunto, para quebrar a curiosidade. Ela se vira para mim, abrindo um sorriso. Ela vem na minha direção para me abraçar. A pego em sua cintura, com ela me envolvendo no seu braço.

– Como você está? - ela me perguntou.

– Estou bem, obrigado. - e depois lhe perguntei a mesma coisa.

– Não a mesma coisa que você. - respondeu.

– Como assim? - não entendi.

– Eu me preocupei com o seu estado.

Tentei levar a conversa na brincadeira.

– Aquela sua sutura desapareceu.

E Anne me tascou um beijo. Nós fomos chamados para a entrevista no Palácio de Reichenstag. Uma entrevista com a Marni Gaetner.


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