Survival Game: O Começo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 17
16


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Estou aproveitando o tempo que sobra para escrever mais um capitulo.
Quero muito agradecer à Natália Romanova e ao Guilherme Baggins por terem comentado.

Valeu pessoal!!



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Duas horas depois, já estávamos na cama. O general Fritzgerald nos aconselhou a dormir bem cedo para acordarmos dispostos para entrar no reality. Isso foi há uma hora.

Voltei a sonhar. Na verdade foi um outro sonho, em que Edith e eu caminhávamos de mãos dadas, quando de repente, uma tropa de nazistas vinha em nossa direção. Um deles apontou o dedo indicador em nós, que acabamos correndo. Puxei a mão de Edith e saímos em disparada, com a tropa nos perseguindo. Acabei entrando em casa, mas o que não esperava, era ver a minha família refém. Um guarda nazista apontando a arma nas costas do meu pai, enquanto o outro apontava no pescoço da minha mãe. Meu Deus! sussurrei, quando o terceiro guarda vinha escoltando Elise no braço. Meu Deus do céu, a minha família toda refém dos nazistas!

As lágrimas brotavam dos olhos verde da minha irmã.

– Foge, Richie! - sussurrou em um tom inaudível, que eu sou o único a ouvir.

Acordei. Acordei ofegante, com a pulsação acelerada e todo suado. Me bateu uma insegurança tão forte, que me obriguei a seguir as regras do programa amanhã. Pensei em Anne. Imagino como ela deve ter sentido antes de receber a pontuação. Medo, insegurança, pavor... Não é incomum um judeu sentir isso. Sei muito bem disso, porque tive um amigo que foi embora de repente e nunca mais voltou. Dias antes, ele havia desabafado tudo sobre como era sentir medo, medo que que ele e sua família sejam mortos ou extraditados para o campo de concentração, onde seriam forçados ao trabalho escravo. Até então penso nele.

Me levantei da cama, fui para a janela, abri as cortinas e me deparei com Berlim iluminada à noite. Que beleza! Daqui, eu não sairia para ver esta deslumbrante noite. Penso, será que Lorne e Frieda devem estar acordados a essa hora para ver a última noite de Berlim? É claro, eles são daqui, eles já aproveitaram a noite. Ouço alguém me chamar:

– Heinrich? - era a voz da Anne. Me virei.

– Anne?

– Perdeu o sono, não é? - ela perguntou.

Assenti com a cabeça.

– Eu só... Quis aproveitar a noite iluminada de Berlim. - dei uma pequena pausa. - Talvez seja a última.

– Eu também perdi o sono, depois que eu o vi acordado. - Anne falou.

– Ah, - falei, constrangido. - foi mal, se eu te acordei.

– Não tem problema. - Anne respondeu. - Eu também quis desfrutar da vista.

Nós dois sentamos no chão, frente a frente um do outro.

– Bela pontuação! - Anne me elogiou, com o olhar fixado na vista.

– Obrigado. - agradeci. - Pelo menos, você conseguiu ganhar a simpatia dos jurados e da Martha.

– Jurados... - resmungou. - Foi a pior coisa pra mim.

Depois suspirou.

– Fiquei com medo de que algo de ruim iria acontecer com minha tia e com os meus primos.

A curiosidade despertou em mim.

– O que aconteceu com os seus pais? - perguntei.

Anne demorou muito para responder, o que me fez sentir culpado e arrependido de ter perguntado. Na hora em que eu ia me desculpar, Anne me interrompeu.

– Não, Heinrich. Você não tem culpa de ter perguntado sobre os meus pais. - deu uma pausa para o triste suspiro. - Os meus pais morreram em um acidente de navio em alto-mar. Eles estavam no Brasil porque o meu pai era um diplomata. Depois que Hitler II, aquele sem noção, entrou no poder, ele simplesmente cismou que os meus pais eram comunistas, o que na verdade não eram, mas sim, judeus. Foi aí... Foi aí, que ele e os nazistas arquitetaram o acidente naval, quando os meus pais cruzavam o Atlântico durante a volta. Eles enviaram aviões com mísseis teleguiados para explodir o navio onde eles estavam. - uma lágrima saiu do seu olho esquerdo, mas a voz continuava normal. - Nessa época, eu tinha uns onze anos. Estou sendo criada com a minha tia e com o meu primo.

– Eu entendo. - murmuro. - Meus pêsames.

– Agradeço. Mas, você é bom em guardar segredos?

Na verdade, eu era péssimo em guardar segredos. As coisas são tantas, que não conseguia me controlar. Mas a Anne passou por situações difíceis na vida, que eu tinha que cooperar.

– Mais ou menos. - menti, por sua causa. Quero conquistar a sua confiança. - Mas a minha boca será um túmulo. Por quê?

– Porque isso vai ficar só entre nós e às sete chaves.

– Talvez cinqüenta, cem, ou infinitas chaves. - brinquei. Anne riu.

– Bom, só quero que entenda que esse segredo não poderá ser relevado em hipótese alguma. - ela suspirou e desabafou. - O führer e os nazistas querem que nós sejamos marionetes para eles. Eles querem o massacre geral de todos nós judeus, e até de arianos, se for necessário. Resumindo, eles querem espalhar todo o ódio pelo mundo, todo o sofrimento. E é por isso que vai ter um dia em que vou desafiar Hitler II diante da Alemanha toda.

– Eu saquei a sua situação, a sua vingança. Mas precisa ter fé de que tudo vai acabar um dia, por mais que sofrêssemos, a Guerra deve acabar. E se a Alemanha perdesse, a esperança pode nascer.

Anne esbugalhou os olhos grandes e azuis.

– ... O poder das cores... - ela lembrou.

– O verde. - completei. Ela sorriu, eu também.

***

Acordei com o hino da Alemanha soando no meu ouvido. Depois, veio a voz do general Fritzgerald:

Alô, alô, Alemanha!

hoje chegou o grande dia! É hoje que os nossos participantes da 64ª edição do Survival Game vão entrar no ar! Quem está a fim de ver o jogo explodir?

A multidão gritava eufórica. É, parece que o Survival Game é a Belle Époque para eles, enquanto para nós judeus, é o martírio.

É, parece que todo mundo está ansioso para assistir aos nossos participantes se enfrentarem até sobrar um casal. Então, QUE COMECE O SURVIVAL GAME!!

(multidão eufórica)

Fui conferir a janela, abrindo a cortina. A luz do sol atravessou o quarto quase que imediatamente, quase me cegando. A multidão estava lá na fachada do hotel, toda eufórica e histérica. Fechei imediatamente a cortina. Anne e Desmond estavam de pé.

– Bem, é hoje! - Desmond falou, um pouco desapontado.

Assenti com a cabeça e sorrindo semicerrado.

***

A coisa vai piorar pro meu lado. Enquanto tomava o café da manhã no mesmo lugar, Lorne e Frieda me olhavam, cada um com a sobrancelha arqueada, como se quisessem me matar. Mas eu estou marcado para morrer, mas não será por muito tempo.

Depois do café, nós três encontramos Margot conversando com Helmut, no meio do corredor. Ela nos viu.

– Ah, pessoal, eu já vou acompanhá-los. - falou.

Helmut se virou para mim.

– Como você está, Heinrich?

– Eu estou bem e tenso, ao mesmo tempo. - respondi

Margot e Helmut terminaram a conversa. Ela se dirigiu a gente, pedindo que a acompanhássemos.

– Quanto ao uniforme de vocês, eles serão distribuídos na viagem. - Margot falou.

– Que viagem? - nós três indagamos, surpresos, em um tom uníssono.

– O programa será gravado na parte norte da Floresta Negra.

Floresta Negra! Fica a sudoeste da Alemanha, bem perto do sudeste da França e a noroeste da Suíça. Um pouco distante de Munique, mas um pouco perto de Ulm, terra de Einstein, o grande gênio da ciência.


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Notas finais do capítulo

Floresta Negra existe.
Para quem quiser saber, basta pesquisar no Google.

Obrigada!



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