Let Me Go escrita por Mrs Jones, QueenOfVampires


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, Mrs Jones aqui! Eu sei, estamos MUITO atrasadas, sorry! Bem, acontece que nossas vidas estão corridas, uma vez que nossas aulas já começaram, e também andamos com bloqueios, que vocês devem imaginar como são ruins. Pedimos desculpas. Vamos tentar atualizar mais rápido e vocês podem colaborar deixando comentários, de nada adianta lutarmos pra escrever uma fic se ela não tem um bom retorno. Enfim. Aproveitem a leitura e até a próxima!



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Catherine nem conseguia parar de sorrir ao ver a vila se aproximando, sua animação era tanta que ela sentia como se pudesse pular do navio e chegar nadando lá. Killian a olhava, em parte feliz pela animação da filha, porém preocupado com a possível decepção que ela iria ter.

Apesar de sentir que fez a coisa certa ao contar para ela sobre seu irmão, preferia quando ela não sabia sobre sua existência. Mas agora o Capitão estava tentando não mentir mais, pois as consequências eram horríveis. Ele ainda se sentia mal por deixar Ruby na masmorra.

– Smee! - Ele chamou e o marujo veio correndo até o leme - Quando eu e a Cath sairmos, você pode deixar a loba andar um pouquinho pelo convés. Mas não diga que foi por ordens minhas.

–Pode deixar, senhor! Mas por quê?

– Porque ela está trancada há dias, é bom deixá-la respirar um pouco, pegar uma cor no rosto e parecer mais saudável. - Killian explicou um pouco impaciente.

– Não, eu quis dizer, por que não posso dizer que foi o senhor quem mandou? - Smee perguntou um pouco temeroso, sabia que o capitão não gostava que o questionassem.

– Porque não! Agora vá cuidar de tudo, já vamos atracar!

Sr. Smee foi até o convés, dando as ordens para que todos se organizassem para atracar. Ao ouvir os barulhos no andar de cima, Ruby ficou curiosa para saber o que estava acontecendo, ela se ergueu com dificuldade devido à fraqueza e olhou por uma brecha na parede do navio, viu que estavam atracando e deduziu ser a Vila onde estava o irmão de Catherine e o feijão mágico.

A hora dela estava chegando, Ruby sabia que mesmo que sobrevivesse à essa viagem, iria morrer nas mãos de quem quer que a comprasse. Instintivamente levou as mãos até sua barriga e se encolheu entre a capa.

Quando o navio atracou, Killian mandou um grupo de marujos localizar Barba Negra enquanto ele levava Catherine para conhecer o irmão, não seria muito difícil localizá-lo, só era sair perguntando pelo filho do Senhor das Trevas, que por sinal poderia estar por ali também.

Apesar de estar aproveitando o fato de estar fora do navio e apenas na companhia de seu pai, sem chamar muita atenção, Catherine estava muito apreensiva. Pelo o que seu pai dissera, havia a possibilidade de seu irmão ter se tornado amargurado ou até mesmo ter virado um monstro, ainda havia a hipótese de ele estar morto. Ao notar as preocupações da filha, Killian passou o braço pelos seus ombros a puxou para perto, a reconfortando.

Enquanto isso, Sr. Smee desceu até a masmorra, Ruby achou estranho, pois não era hora da sua alimentação.

– Algum problema, Sr. Smee? - Ela perguntou quando o viu abrir a cela.

– Oh, nenhum! Só achei que seria bom se a senhorita recebesse um pouco de sol. - Ele abriu e em seguida soltou as correntes que a prendiam.

Ruby se levantou, se esticou e, pela primeira vez em dias, andou pelo local que estava. Suas articulações doíam e seus pés estavam dormentes. Ela sorriu aliviada.

– Muito obrigada, Sr. Smee! - Ela o abraçou - Mas isso poderá trazer problemas para o senhor e eu não quero que mais ninguém se prejudique por minha causa.

– Não se preocupe com isso. - Ele a puxou pelo braço - A maioria dos marujos saiu, assim como o capitão. Vamos lá para cima, aproveitar um ar puro e quem sabe até comer algo melhor.

Quando chegaram ao convés, Ruby teve que se proteger da claridade pois seus olhos estavam acostumados com a escuridão da masmorra, em seguida ela aproveitou a brisa e respirou fundo, estava começando a se sentir melhor. Sr. Smee a levou para a mesa e trouxe mais comida para ela.

– Muito obrigada por isso. Sei que o senhor está se arriscando, mas eu realmente agradeço. - Ela deu um sorriso gentil para o marujo.

– Não há de quê, senhorita. Mas... Eu não deveria contar... O fato é que o capitão que me ordenou isso, ele que pediu para que eu a soltasse enquanto estivéssemos atracados. Ele também me pediu para que não contasse que fiz isso às ordens dele.

– Por que ele pediu isso?

– Porque ele é um homem muito orgulhoso, mas ele também se sente mal por ter mantido a senhorita presa!

– Sente? Pois não parece... – ela pegou com as mãos um pedaço de carne seca – Não pensou duas vezes antes de me seqüestrar e trancafiar numa cela escura, úmida e mal cheirosa. Não venha me dizer que ele se sente mal por isso...

Smee nada disse e nem havia o que dizer mesmo... No fundo, Ruby estava certa. A situação na qual a moça se encontrava o penalizava e ele queria fazer algo para mudar aquilo, mas quais eram suas opções? Por um momento, pensou em deixá-la fugir. Sabia que seu capitão ficaria furioso, mas ele podia lidar com isso. Aliás, furioso era pouco, Killian seria capaz de fazer picadinho de Smee e aí não sobraria nem gorro vermelho pra contar história.

– O senhor está bem? – Ruby perguntou, vendo o homem tão pensativo. Seus dedos estavam lambuzados de gordura e ela os lambia sofregamente, tentando aproveitar ao máximo a comida que lhe era oferecida.

– Sim, senhorita, estou bem – ele piscou, ouvindo a pergunta de Ruby – Só estava pensando no comportamento do capitão. Ele tem sido um tanto insensível, não apenas com a senhorita, mas também com a menina Catherine.

– Ele é um imbecil, se me permite dizer. O que ele tinha na cabeça quando resolveu esconder da menina o fato de ela ter um meio irmão? Eu diria que ele é um péssimo pai, se não soubesse o quanto ele ama a garota.

– Bem, os últimos anos têm sido difíceis para o Killian, senhorita. – Smee tirou o gorro e coçou a cabeça – Perder a esposa tornou seu coração triste e amargurado, e convenhamos, cuidar de uma filha adolescente não é nada fácil. Eu fico dizendo a ele que Catherine precisa amadurecer, mas ele protege demais a menina. Coitadinha! Ela é como uma filha pra mim.

– Ao menos ele a levou para conhecer o irmão, não é? – Ruby tomou um gole d’água – Significa que ainda há esperança para aquele homem.

Smee soltou um risinho.

– Ah, isso é verdade, senhorita! – voltou a enfiar o gorro na cabeça. Fez uma pausa, enquanto ainda pensava na possibilidade de deixar a garota fugir. Acabou por desistir da ideia, porém, ao ouvir as risadas dos marujos. Os homens bem poderiam ser compreensivos a ponto de deixar a loba fugir, mas Smee sabia que isto era quase impossível. Eles temiam a ira do capitão e por isso se recusavam a fazer qualquer coisa que fosse contra as regras do navio – Senhorita Ruby, peço lhe apenas que não diga ao capitão que lhe contei que foi ele quem me mandou soltá-la. Ele ficaria muitíssimo irritado se soubesse que desobedeci à ordem.

– Tudo bem, Smee, seu segredo está seguro – ela sorriu em cumplicidade – Deixe o capitão pensar que eu não sei o quanto ele é orgulhoso.

– Ele pode ser orgulhoso, mas por vezes fica com o coração mole. Talvez ele desista dessa ideia louca de vendê-la...

– Eu não acredito muito nisso...

***

Enquanto Ruby se fartava com a carne do navio, Killian e Catherine caminharam até a vila. A menina não escondia sua ansiedade, olhando para todos os lados como se fosse encontrar o irmão a qualquer momento.

Passaram por um grupo de prostitutas, que voltaram seus olhos para o pirata bonitão que caminhava a passos largos e decididos. Killian ignorou suas risadinhas e chamados (“Ei, bonitão! Quer se divertir?”) e seguiu em frente, de mãos dadas com a filhinha.

– Pai, você realmente acha que ele vai me odiar? – perguntou Cath, temerosa.

– Não sei, meu amor. Eu acho que é muito difícil te odiar – riu ele, lançando à filha um olhar fraternal – É mais fácil ele me odiar, afinal, sou o pirata charmoso que roubou a mãe dele.

– Hum... eu acho que seria melhor eu ir sozinha então, para evitar discórdia...

Para evitar discórdia... Onde é que aquela menina aprendia um vocabulário tão apurado? Nos livros, claro. O capitão sorriu ao ouvi-la falar daquela maneira.

– De jeito nenhum! Vou para protegê-la! – disse – Sabe se lá no que Baelfire se tornou com o passar dos anos...

– Baelfire – ela repetiu o nome do irmão. Ainda não se acostumara à ideia de ter um meio-irmão. Durante muito tempo, trancada no navio, habituara-se ao fato de ser filha única de pai solteiro, tendo marujos bêbados como família – Coitado, não deve ter sido fácil pra ele... – lançou ao pai um olhar acusatório –Você também, né pai...

– O que tem eu?

– Por que não levou o Bae junto? Já que ela queria se livrar do marido covarde, podia ao menos ter pensado no filho.

– Ficou louca? Ele nunca teria aceitado isso! Você gostaria de abandonar seu pai para ir morar num navio pirata com sua mãe? – Killian ergueu as sobrancelhas, em ar de questionamento.

– É, acho que não... Principalmente se minha mãe ficasse de namorico com o tal capitão do navio – disse a menina, fazendo o pai rir – Mas e então, como o encontramos?

– Perguntando...

Killian fez três tentativas de comunicação. As mulheres da vila faziam cara feia e o ignoravam, afastando-se como se temessem ser atacadas. Na quarta tentativa, o pirata abordou um velho gordo que ia se arrastando pelo caminho até as docas.

– Com licença, será que o senhor saberia me dizer onde mora o Baelfire?

– O filho do Senhor das Trevas? Ele mora lá! – o velho apontou um casebre atarracado e caindo aos pedaços. – Ou pode encontrá-lo na padaria da esquina, é onde ele trabalha.

– Hum... e o pai dele? Ainda vive aqui?

– Não, não, ele se mudou há muito tempo. Vive agora num castelo na floresta, depois de ter cortado relações com o filho. Fique sossegado, o rapaz tem bom coração.

Killian agradeceu e o velho se afastou. Catherine olhou para o pai.

– Viu? Eu sabia que meu irmão não podia ser tão mau quanto o pai.

– É, mas ainda há a possibilidade de ele querer me matar com a massa do pão – brincou o capitão, levando a filha na direção da padaria. Catherine foi tomada por uma crise de risos, ao imaginar a cabeça do pai envolta por massa de pão. Era em momentos assim que ele agradecia por ter uma filha que ria de suas piadas (ainda que elas não fossem tão engraçadas). – Ei, isso não foi engraçado... Permitiria que seu pai fosse morto por um padeiro?

– Não seja bobo, papai, ninguém morre com massa de pão... – ela enxugou as lágrimas de riso.

– Dá pra morrer engasgado... Aliás, me surpreende o fato de Baelfire trabalhar como padeiro. O Senhor das Trevas é poderoso o suficiente para lhe dar uma vida confortável e luxuosa, no entanto, o garoto ainda mora no mesmo casebre e batalha por um mísero salário.

Aproximavam-se da padaria e Cath ficava cada vez mais nervosa. Agarrava-se à mão do pai com tanta força, que chegava a cravar suas unhas na pele do homem.

– Vai ver ele não quis seguir o mesmo caminho do pai. – disse, pensativa – E pensando bem, é até vantajoso o fato de ele ser um padeiro, assim teremos pão de graça.

O capitão riu, bagunçando os cabelos da menina, que protestou. Ao aproximarem-se da minúscula padaria, que era vizinha de um bordel, Killian tapou os olhos da filha, impedindo-a de ver a turma de prostitutas que tomava sol e fazia sinais indecentes aos transeuntes. O cheiro de pão novo invadiu suas narinas e Cath sorriu ao passar pela porta do estabelecimento. Pães recém-assados se amontoavam em cestos e alguns funcionários iam de um lado para o outro, atendendo clientes impacientes.

– Com licença, procuro por Baelfire – disse o capitão a uma mocinha que ia passando. Ela gritou para os fundos da loja (“Bae, tem um cara querendo falar com você!”) e um rapaz de cabelos macios e sorriso simpático veio na direção deles.

– Meu irmão... – Catherine sussurrou, observando o rapaz com curiosidade.

– Pois não? – perguntouele, olhando de Killian para Cath.

– Você é o Baelfire? - Killian perguntou o olhando de cima a baixo, surpreso por ele já ser um homem feito.

– Sim, senhor.

– Minha nossa, estou ficando velho! - O capitão soltou um riso - Er... Nós viemos aqui porque...

– Espera! - Bae o interrompeu, franzindo o cenho - Você... É o Capitão Killian Jones.

Baelfire assumiu um semblante duro, Killian puxou a filha para trás dele e se manteve ali, já esperando que ele tivesse uma reação agressiva, porém não queria que a filha passasse por aquilo. Entretanto, tal ação fez com que o rapaz prestasse atenção na garota, era impossível não notar as feições, o olhar. Sim, ele percebera as semelhanças entre Catherine e Milah, logo em seguida notando que a garota levava os olhos azuis e os cabelos negros do capitão.

– Eu sei o que você está pensando, mas me deixe falar. - O Capitão pediu.

–Ela. - Baelfire apontou Catherine - É filha... De vocês?

–Sim, sou sua meia-irmã. - Cath passou à frente do pai, se aproximando do padeiro, estendendo a mão para cumprimentá-lo.

Bae ficou estático olhando para a garota, seus olhos começaram a ficar marejados, tanto por emoção quanto por revolta. Além de ter o abandonado, Milah ainda teve uma filha. Mas o rapaz não podia negar que estava abalado por ter em sua frente alguém tão parecida com sua mãe, era quase como se a própria estivesse ali novamente.

Ao perceber que o homem estava sem reação, Catherine deixou a mão cair ao lado do corpo um tanto decepcionada, olhou na direção de Killian, como quem pede auxílio, e ele se aproximou e falou:

– Baelfire, eu sei que você tem todos os motivos do mundo para me odiar e até mesmo ter raiva da sua mãe. Mas a Catherine não tem culpa de nada, ela está aqui porque quer te conhecer.

– Catherine... - Bae piscou algumas vezes, ainda assimilando toda a situação - Ela é igual...

– Eu sei, sou igual à minha mãe... Nossa mãe. - Catherine se corrigiu.

– Olha, isso é muita coisa para processar! Poderia me dar um minuto? - O rapaz pediu se apoiando no balcão e abaixando a cabeça.

Catherine olhou um tanto desesperada para Killian e ele apenas deu de ombros, ela estava inquieta e ansiosa, o que deixava o capitão mais nervoso ainda, se passaram alguns minutos e Baelfire ergueu a cabeça novamente, fixando seu olhar na garota.

– Você está bem? - Catherine perguntou se aproximando novamente dele.

– Sim, apenas assustado... Confuso e perturbado também, mas estou bem. - Bae deu um leve sorriso.

– Bom, eu vou ficar ali na frente e vocês podem conversar um pouco... - Killian falou encarando Baelfire e depois virando para Catherine - Mas qualquer coisa, grite por mim, certo?

– Não se preocupe, Capitão. Eu não sou como o meu pai, se é isso te preocupa. - O padeiro assegurou.

– Bom saber! - Killian forçou um sorriso, virou as costas para os dois e foi esperar no lado de fora da padaria.

Bae indicou uma mesinha no canto da padaria e Catherine foi até lá com ele, se sentaram um de frente para o outro. A garota apertava as próprias mãos um pouco nervosa e animada, apesar do choque inicial, até que tudo estava correndo bem. Mais alguns segundos de um silêncio desconfortável até que Baelfire decidiu quebrá-lo.

– Então, Catherine... Fico feliz que você tenha tido interesse em me conhecer, mas vejo que você já é uma moça... Por quê demorou tanto pra vim até mim?

– Basicamente porque eu não sabia da sua existência. Meu pai me contou há poucos dias... Na verdade, eu meio que o forcei a me dizer o que ele tanto escondia. - Catherine deu um sorriso sem graça.

– E depois o forçou a te trazer aqui?

– Fiz um pequeno escândalo... Mas eu tinha direito de te conhecer, assim como você tinha de saber da minha existência.

– Eu entendo o seu lado e, por incrível que pareça, entendo o dele também. O modo como a nossa mãe decidiu seguir a vida não foi muito digno, ela abandonou o marido e o filho, fugiu com piratas e não deu notícia de vida... - Ele soltou um suspiro - O que também não era motivo suficiente para o Senhor das Trevas matá-la, mas acho que todos concordamos que ele é um covarde.

Catherine assentiu, sentia pena de Baelfire por ter uma péssima relação com o próprio pai, pelo modo como ele fala, parecia odiá-lo. Ambos perderam a mãe muito cedo mas ela ainda tinha seu pai e ele a amava mais que tudo e lutava pelo seu bem todos os dias. Tudo que o Senhor das Trevas fez pelo filho foi matar a mãe dele e o condenar ao fardo de ser filho do "covarde" para sempre.

– Então eu entendo que seu pai tenha medo de te trazer aqui, nem posso imaginar que tipo de reação meu pai teria ao te ver aqui...

– Ele iria querer me matar para atingir o meu pai. - Catherine concluiu.

– Isso mesmo, mas ele tem uma dívida comigo, por destruir minha vida! Eu o pedi para manter distância dessa vila, de qualquer lugar em que eu esteja e daminha família... Considerando que você está nessa vila, comigo e sendo parte da minha família, ele não vai chegar perto de você.

–Fico bem mais aliviada ao saber disso. - Cath sorriu, ficou feliz por saber que Baelfire a considerava como família.

– Mas então, me fale de você agora. Posso imaginar que tenha vivido mil aventuras a bordo de um navio. - Bae pediu.

– Nem tanto, meu pai é superprotetor e eu passo boa parte do tempo dentro da cabine desenhando ou lendo... Vim à terra poucas vezes, sei esgrimir muito bem e graças ao bom estoque, roubado, de livros do navio, eu sei falar francês, latim e espanhol. - Catherine falou orgulhosa.

– Quem diria que tem uma moça recatada e educada no meio dos piratas. - Ele soltou uma breve risada.

Os dois conversaram por algumas horas, ele contou que tinha se casado há pouco mais de um ano com uma moça chamada Emma que o ajudava na padaria e tinha um filho de poucos meses chamado Henry. Também contou que por anos culpou Milah por todo o sofrimento, mas depois de ver o que seu pai se tornou percebeu que o culpado foi ele e que ninguém merecia suportar o Senhor das Trevas. Catherine o pediu para falar mais de sua mãe já que ela mal se lembrava, absorveu cada detalhe e ficou satisfeita com o rumo da conversa já que Killian evitava falar de Milah para ela.

Durante esse tempo, o Capitão se convenceu que Baelfire não faria mal à sua filha e decidiu ir atrás dos marujos e ir logo até Barba Negra para resolver o assunto do Feijão Mágico. Ele não agüentava mais ficar com Ruby trancada no navio, sua real vontade era de libertá-la mas ao mesmo tempo não queria vê-la partir, de uma forma doentia, o capitão a mantinha por perto.

Enquanto isso, no navio, Ruby ajudava Smee com as louças e eles conversavam umas banalidades sobre as pessoas do navio e sobre as próprias vidas, logo ela percebeu que a lua cheia estava se aproximando e suas transformações voltariam, assim como a hora de entregá-la. Pelo menos ela estava com a capa, o que já era mais confortável.

– Sabe, eu estou curioso sobre suas transformações, senhorita Ruby. - Smee falou enquanto enxugava uns pratos.

– Não tem nada de muito extraordinário... - Ela deu de ombros.

– Claro que tem, do contrário, não estaríamos te vendendo! - O marujo falou, se arrependendo no mesmo instante - Me perdoe...

– Tudo bem, eu já aceitei... Não posso fazer nada, só não esperava esse destino para... mim. - Ela levou a mão instintivamente para a barriga e puxou a capa por cima.

– Eu continuo a insistir que o Capitão vai desistir dessa ideia, no fundo ele tem um bom coração.

– Talvez... Eu não espero mais nada de bom vindo dele.

Enquanto isso, em um bar não muito bem freqüentado, Barba Negra se divertia com um grupo de prostitutas. Tendo uma delas no colo e as outras em volta, gargalhava e jogava dados, pouco se lixando para o que estariam pensando dele. Não fora difícil localizá-lo, e uma vez que o fizeram, os tripulantes do Jolly Roger retornaram para avisar ao capitão.

– Ótimo! Não pretendo me demorar, mas quero que fiquem de olho na Catherine, para o caso de o Senhor das Trevas aparecer. – ordenou aos homens, que assentiram antes de seguir na direção indicada.

Quanto Killian entrou no estabelecimento em que Barba Negra se encontrava (ele, como todos os outros piratas, costumava freqüentar o lugar por causa das prostitutas) e avistou o oponente, sorriu confiante e marchou a passos largos até a mesa. O outro, quando percebeu a presença de Jones, abriu um largo sorriso.

– Ora, ora, quem diria! – exclamou e as vadias se viraram para ver com quem o homem falava – A que devemos a honra de presença tão ilustre?

– Você sabe o que eu quero! – Killian se sentou sem nenhuma cerimônia, afastando uma das mulheres para o lado.

Barba gargalhou, ligeiramente afetado pela bebida.

– Oh não, não... Não vou ceder uma de minhas meninas a você – puxou a que estava mais perto para um beijo desajeitado – Já se esqueceu de sua finada Milah? Oh... um homem tem suas necessidades, Jones, mas o que diria sua linda esposa se soubesse que busca pelos carinhos de uma prostituta? Sem ofensas,meninas...

– Não estou aqui pra isso – respondeu Killian, os punhos cerrados e o rosto vermelho por irritação – Você tem algo que eu quero.

Barba arqueou uma das sobrancelhas, como que se perguntando do que diabos Jones estava falando. Killian apenas suspirou, consciente de que Barba Negra estava se fazendo de desentendido.

– Um feijão mágico! – disse e o outro fez um “aaah” exageradamente alto.

– Bem – engoliu seu rum fazendo barulho excessivo -, tudo a seu preço... – encarou Killian com dureza no olhar, provavelmente para tentar lhe meter medo – Que tem a me oferecer, Jones?

– Dinheiro, obviamente.

– Não preciso do seu dinheiro. - Barba Negra falou com desdenho e se pôs a pensar - Mas se bem que você tem algo que me desperta grande interesse.

– E o que seria? - Killian perguntou tentando não demonstrar a preocupação com as condições de troca.

– Seu navio, Jolly Roger. - O pirata abriu um sorriso maldoso pois sabia o quanto o navio era valioso para o Capitão.

Killian ficou encarando Barba Negra sem acreditar na audácia dele ao pedir uma troca dessas, aquele era um alto preço e de nada adiantaria trocar o navio pelo feijão se não teria no quê navegar até seu destino. A menos que roubasse outro... Não! Nada naquele mundo valia a troca por seu amado navio. Talvez tenha chegado a hora de desistir daquela história maluca de vender a loba e esquecer um pouco a ganância.

Mas se bem que com o dinheiro que será pago ele poderia comprar o navio de volta e ainda sobraria! É, um pequeno sacrifício temporário.

– Não teria outra coisa de seu interesse? - Killian perguntou.

– Não consigo pensar em mais nada. - O pirata respondeu despreocupadamente.

– Tudo bem... - Killian respondeu depois de um longo suspiro.

– O quê? Vai aceitar assim? - Barba Negra arregalou os olhos - Você deve estar desesperado por esse feijão, o que tem em mente?

– Não é da sua conta, leve o feijão daqui há uma hora para onde o navio está aportado. - O Capitão levantou-se e saiu marchando do bar tentando não pensar no que tinha acabado de fazer.

Passou na padaria para buscar Catherine, a garota não queria sair de lá mas o pai a prometeu que a traria sempre que pudesse para visitar o irmão. Depois de uma longa despedida, ela saiu de lá satisfeita e com um bolo de presente para viagem.

– Eu adorei conhecê-lo! A família dele é muito gentil e me trataram muito bem. - Catherine falou com um sorriso enorme.

– Que bom, minha querida. - Killian retribuiu o sorriso, afinal nada no mundo importava mais do que a felicidade da filha - Quando chegarmos ao navio, arrume suas coisas que nós vamos ter uma mudança temporária.

– Como assim? - Catherine olhou para o pai pelo canto do olho.

– É temporário, eu tive que fazer um troca. - Killian falou coçando a cabeça, como sempre fazia quando estava nervoso.

– Isso não tem nada a ver com a venda da Ruby, tem?

– Mais ou menos...

– Céus! Pai, isso está indo longe demais! É sério? Seu precioso navio? - Catherine questionou completamente chocada com a atitude do Capitão.

– Eu vou pegá-lo de volta. Está tudo sobre controle.

– Não estou mais falando do seu maldito navio! Essa sua ganância está absurda! - Ela vociferou e saiu marchando na frente em direção ao navio.

Quando ela subiu a rampa, viu Ruby voltando para a masmorra e a acompanhou até lá, Catherine não achou estranho o fato dela estar na parte superior do navio pois sabia que seu pai tinha permitido aquilo, mas decidiu seguir a história e fingir que o Sr. Smee tinha desobedecido o Capitão.

– Como foi lá? - Ruby perguntou voltando ao seu lugar.

– Foi ótimo, ele é muito simpático e tem uma família linda... Me deu um bolo de presente. - Catherine tirou uma fatia e entregou à Ruby.

– Ele cozinha? - A moça perguntou enquanto se deliciava com o bolo macio.

– É padeiro. Bem diferente do que imaginei... Bom, mais tarde a gente conversa melhor, eu vou subir para arrumar minhas coisas pois nós vamos mudar de navio.

– Por quê?

– Não faço ideia. - Catherine deu de ombros, não queria dizer a realidade e preocupar Ruby mais ainda - Nos vemos depois.

Ruby achou aquela conversa muito estranha, no pouco tempo que passou ali percebeu que o navio era uma das coisas mais valiosas para Killian e não via motivos para que mudassem para outro. Talvez tivesse algo relacionado com sua venda, o que reforçava o pensamento de que nada o impediria de entregá-la.

– Aí tem – pensou consigo mesma, indo sentar-se a um canto escuro. – Que será que aquele maldito está planejando? Já não basta me usar como mercadoria...

– MOVAM-SE, RATAZANAS IMUNDAS! – o capitão começou a berrar lá de cima e pelo barulho Ruby percebeu que os marujos corriam de um lado para o outro, movendo coisas. – SERÁ QUE EU TENHO QUE EXPLICAR TUDO? SMEE! ANDE LOGO, HOMEM!

Ela imaginou o senhor Smee um tanto trêmulo, o gorro apertado nas mãos e o rosto voltado para o chão enquanto falava com seu superior. Não conseguiu ouvir que ordens Killian deu ao marujo, mas dali a pouco deu com o gordinho na porta do porão, enxugando o suor do rosto.

– Vamos, senhorita Ruby, o capitão me mandou buscá-la.

– Vamos mesmo mudar de navio?

– Sim. Não me pergunte o porquê, não é sensato questionar as ordens do capitão, de modo que nada sei.

Ela se ergueu e sentiu o estômago revirar, talvez por medo, talvez pela gravidez. Apoiou-se à parede quando sentiu o corpo bambear e mal ouviu a voz de Smee perguntando se ela estava bem.

– Estou, não se preocupe. Foi só uma tontura... – murmurou.

– Venha, eu te ajudo! – disse ele, segurando-a por um braço – Já é hora de o capitão começar a alimentá-la devidamente.

Ruby apenas assentiu. Temia que seu segredo não fosse durar por muito tempo. Killian Jones ainda ia descobrir a criança guardada em seu ventre.


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Notas finais do capítulo

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