Living escrita por Absolutas


Capítulo 36
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Olá, esse é último capítulo antes do Epílogo!
Boa leitura!



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Capítulo 28

Foi impossível reestabelecer a Academia de Não-Humanos depois de tudo. Todos os CTs foram reduzidos a escombros, a maioria das casas também foram destruídas e as poucas que restaram, assim como a do Tio Jerry, não eram o suficiente para abrigar todos os integrantes que que continuaram vivos após o ataque.

Mediante isso, o governo americano nos cedeu casas provisórias, uma vez que éramos sua “arma secreta”. Não eram bem casas, na verdade mais pareciam cabanas, contudo serviram bem.

E por tudo isso, foi declarado o fim definitivo da Academia de Não-Humanos de Óregon. No fundo, eu sentia vontade de continuar, seguir com o legado do meu tio, mas eu estava farta. Farta de ser uma arma do governo e de perder pessoas que amo. E, por mais que abominasse a mesmice, me vi abraçando-a feliz quando esta retornou. Nada de surpresas, mortes ou vinganças. Estava em minha zona de conforto.

A maioria dos integrantes restante permaneceu por pouco tempo nos alojamentos do governo; Jéssica por exemplo, conseguiu localizar seus avós paternos e retornou à eles, que a receberam de braços abertos. Chloe, Kath e Raoul se matricularam na Universidade de Nova York e resolveram seguir a vida como pessoas normais. Lorena e Nathan não ficaram nem duas semanas, logo partiram para a casa dos pais de Lorena, os quais abrigaram Nate de bom grado. Já Josh, Taylor, Elliot e eu, retornamos à pensão da Sra. Croollyn. O restante simplesmente preferiu seguir carreira militar, o que eu certamente faria se essa escolha me fosse dada há apenas alguns meses. Porém a grande diferença entre agora e no início do ano, era que eu não estava sozinha e sabia que Elliot jamais voltaria para guerra por vontade própria.

Chegamos ao aeroporto de Chicago dois meses e oito dias após a morte de Dorothea. Havíamos permanecido nos alojamentos por mais tempo devido ao meu parentesco com Tio Jerry, o qual me obrigou a resolver as questões burocráticas do encerramento oficial das atividades.

Pegamos um táxi até a pensão e a sensação de familiaridade que me assaltou quando avistei a entrada antiquada do imóvel foi extremamente reconfortante.

— Nunca pensei que fosse sentir falta desse lugar. – murmurei, com um sorriso de canto, enquanto descia do carro.

— Nem eu. – confessou Josh. – Mas a paz que essa casa exala é algo de outro mundo. Acho que já chega de guerras por uma vida! – ele suspirou e pegou sua mala no porta-malas do táxi.

— Concordo! – disse Taylor, imitando-o.

Seguimos pelo caminho de pedra do jardim após pagar o motorista e abrimos a porta da frente da pensão, encontrando um Matt radiante brincando com um homem alto de cabelos negros.

— Elliot! – o garoto pareceu ainda mais feliz ao nos ver. Pelo canto do olho, vi que Elliot sorriu com a recepção calorosa. Matt, em um salto, pôs-se de pé e correu para abraçar Elliot, o qual retribuiu o abraço parecendo igualmente feliz.

— Como vai, garoto? – perguntou.

— Estou bem! – garantiu Matt. – A Sra. Croollyn ficará feliz em vê-os.

— Tenho certeza disso. – concordou Elliot.

— Quem são, filho? – questionou o homem com o qual Matt brincava, virando-se para nós e causando uma reação imediata de surpresa.

— Você estava lá! – exclamei - Você é o pai do Matt?

O homem a nossa frente era claramente um dos ex-recrutas e carregava uma cicatriz feia do canto do olho direito até o maxilar.

— Sou Brandon. – apresentou-se. – Tive de deixar minha família quando fui preso.

— Foi enganado por ela. – completei e ele assentiu.

— Todos fomos. – concordou.

— Meu pai voltou! – concluiu o garoto, parecendo confuso com nossa conversa, mas querendo desesperadamente fazer parte dela.

— Por que não vai chamar a Sra. Croollyn, Matt? – Brandon pediu. Matt então soltou-se de Elliot e correu em direção a cozinha. – Gostaria de agradecer a vocês. – falou, levantando-se do chão onde estivera sentado com seu filho e caminhando até nós. – Se vocês não tivessem interferido, eu jamais poderia ver meu filho novamente. Eu ficaria preso naquele inferno a minha vida inteira, lutando por uma causa que não era minha.

Eu soltei o ar devagar.

Suas palavras haviam acelerado meu coração. Uma maravilhosa sensação de dever cumprido se instalou em meu peito e eu sorri. Sorri de verdade, enquanto uma felicidade momentânea indescritível deixava-me em êxtase. Olhei para Elliot, a fim de compartilhar essa sensação com ele, mas ele estava olhando fixamente para Brandon, como se não compreendesse suas palavras.

Josh foi o primeiro a se pronunciar.

— Não precisa agradecer, tínhamos interesses particulares ao detê-la.

— Ainda assim. – insistiu, fixando os olhos escuros em nós. – Vocês se arriscaram.

Estava prestes a responder quando uma voz estridente e chorosa me interrompeu.

— Eu não acredito! – Sra. Croollyn tinha as mão enrugadas na frente dos lábios, enquanto nos fitava da soleira da porta.

— Olá, Sra, Croollyn! – cumprimentei.

— Vocês voltaram! – exclamou. – Pensei que tivessem ido embora de vez.

— Nós também. – disse Josh. Taylor riu.

Sra. Croollyn então nos abraçou, um a um, com lágrimas nos olhos. Ela me lembrava minha avó dos sonhos, uma vez que nunca conhecera a minha avó de verdade.

— O jantar está quase pronto. – anunciou após nos soltar. Vocês podem ficar com os mesmos quartos de antes. – nos assentimos e ela continuou. – Vou pegar as chaves para vocês, devem estar cansados. – ela caminhou até uma salinha ao lado do hall de entrada e voltou estendendo quatro chaves para nós.- Vocês por acaso se alimentaram direito nesse tempo em que estiveram fora? Parecem meio magros... – observou.

— Realmente, - disse Elliot. – a comida que ingeri nesses últimos meses não era nem de longe tão boa quanto a da senhora.

Ela pareceu orgulhosa ao ouvir isso.

— Pois então se apressem. – falou. – Vão tomar banho que vou servir o jantar em meia hora.

Nós apenas sorrimos e acatamos a ordem, carregando nossas malas escada acima, cada qual indo em direção seu quarto. Taylor e Josh já haviam desaparecido pelo corredor quando Elliot me parou.

— O que foi? – perguntei, colocando minha mala no chão e fitando-o.

— Você tinha razão. – falou simplesmente deixando-me ligeiramente confusa.

— Sobre o quê?

— Eu estava sendo egoísta ao recusar ir com você para Oregon. E ajudar os outros. – ele respirou fundo. – Agora há pouco, quando aquele homem, o pai do Matt, nos gradeceu por ter interferido, eu me senti bem. Como se eu houvesse feito a melhor coisa da minha vida, como se eu fosse uma pessoa boa. – ele sorriu, o olhar distante. – Eu nunca havia sentido isso antes.

Eu sorri em resposta.

— Fico feliz por isso. Porque eu também me sinto assim.

Ele ergueu a mão e a passou por meu rosto em um afago eletrizante.

— E além disso, - ele mordeu o lábio inferior, tentando conter uma risada. – Eu saí no lucro.

— Como assim?

Sua expressão era de puro divertimento.

— Eu tenho você e meus poderes. –seus dedos pararam em meu queixo e ele ergueu meu rosto em direção ao dele, aproximando-nos. – E, pela primeira vez, fui chamado de meu amor pela minha garota coração de gelo. – ele riu.

Eu me afastei num átimo.

Garota coração de gelo?— perguntei, cética.

— Sim. – ele voltou a se aproximar e eu dei outro passo para trás, fuzilando-o com os olhos. Mas essa distância não durou muito tempo, logo seu olhar se tornou mais concentrado e uma força tremenda me puxou para ele, chocando nosso corpos. Eu arfei.

— Vai ser impossível me afastar de você agora, não é? – perguntei contra seu pescoço, enquanto ele deslizava as mãos pelas minhas costas.

— Com toda a certeza. – concordou, roçando os lábios em minha bochecha. Fazendo-me sorrir com o pensamento de nunca mais ter que soltá-lo.


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