Living escrita por Absolutas


Capítulo 16
Bônus 3


Notas iniciais do capítulo

E aí leitoras, como vão? Espero que bem.
Bom, resolvi postar esse bônus porque sei que algumas pessoas sentem falta do casal da primeira história - Nathan e Lorena, daí eu pensei: "Por que não mostrar um pouco da vida deles antes de a calmaria se extinguir de vez?" Espero que gostem, de verdade!
E aí vai um bônus na visão da Lorena, só para matar a saudade...
Boa Leitura!!



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BÔNUS 3

Lorena

Uma brisa agradável jogava meus cabelos para trás e refrescava minha pele suada e pegajosa após um longo treino de esgrima. A calmaria que tomara a Academia de Não-Humanos desde a morte de Dorothea se instalara e permanecia até hoje, deixando-me feliz, mesmo embora houvesse coisas que eu quisesse mudar. Na época eu não acreditava que o tempo aliviaria a culpa por tê-la matado, contudo aqui estava eu, sentindo a felicidade borbulhar dentro de mim, enquanto permitia-me esquecer por certos momentos o que era ser uma assassina por impulso e imprudência.

Meus pais vinham me visitar sempre com Ravenna- a qual já havia nascido e estava cada vez mais parecida com minha mãe, embora agora não me pedissem mais para voltar para casa – pareciam ter aceitado a minha escolha de viver aqui – o que só me deixava ainda mais feliz e realizada.

Um som leve de passos vindo em minha direção me tirou de meus devaneios. Me virei para ver quem era e não pude reprimir o sorriso que se espalhou por meu rosto.

– Fugindo ? – perguntou a voz mais bela do mundo para mim. A voz que tantas vezes me dissera “Eu te amo”.

– De você? Nunca. – Nathan riu e se aproximou, dando-me um abraço apertado.

– Às vezes acho que você não deveria dizer essas coisas para mim. – sua voz era de uma falsa seriedade. - Ou me olhar desse jeito.

– E por que não ? – perguntei, entrando na brincadeira.

– Por que só me deixa mais apaixonado por você. – sussurrou próximo ao meu ouvido.

– Essa é a intenção. – respondi, tal como ele.

Nathan sorriu e deu um passo para trás, segurando minha mão enquanto sondava meus olhos.

– Eu preciso de um banho. – lembrei, após um longo momento de comunicação silenciosa entre nós. Certas vezes quando nos olhávamos assim, parecia que nossas almas conversavam; era intenso e prazeroso.

– Você realmente não deveria falar isso para mim. – seu sorriso era malicioso agora.

– Por quê ?

– Por que eu fico morrendo de vontade de lhe fazer companhia.

Eu ri e revirei os olhos.

– Aquiete-se, Nate. – eu me aproximei e dei-lhe um beijo no rosto. - Como foi seu dia? – perguntei mudando de assunto.

– Agradavelmente monótono. – respondeu guiando-me até a porta da frente da minha casa e entrando comigo. – E o seu?

– Igualmente. – revirei os olhos.

Seguimos de mãos dadas até a cozinha onde estavam Kiara e Ian; aparentemente em uma competição de quem conseguia tomar mais sorvete de uma vez.

– O que estão fazendo? – perguntou Nate, enquanto eu soltava sua mão e ia até a geladeira, pegando uma garrafa de água gelada e entornando parte do líquido em um copo que peguei no armário.

– Competindo. – falou Kiara entre colheradas de sorvete de creme.

– Não fale de boca cheia! – gritou Katherine entrando no cômodo.

Kiara revirou os olhos para ela e continuou concentrada em sua competição com Ian.

– E aí casal? – cumprimentou Katherine.

– Oi. – dissemos Nathan e eu juntos.

– Treinando muito Lorena? – perguntou ela estendendo outro copo para que eu colocasse água.

Eu sorri.

– Preciso compensar os anos que fiquei sem fazê-lo. – brinquei.

– Poderia compensar os anos que ficou sem minha companhia também, já que estamos falando de assuntos pendentes, o que acha? – a voz de Nathan era debochada, mas pude ouvir uma nota verdadeira em sua frase.

Katherine riu e caminhou em direção à saída.

– É melhor eu ficar longe, não tenho vocação para castiçal, se é que vocês me entendem. – ela bebeu um gole de água antes de continuar. – Só não fiquem se agarrando na frente da minha irmãzinha. – aconselhou antes de se retirar.

– Qual o problema? Um dia ela fará isso também – gritou Nathan.

– Nathan! – repreendi-o e ele soltou uma gargalhada quando Katherine voltou à soleira da porta, só para fuzilá-lo com olhar, saindo logo em seguida. – Você devia tomar jeito, sabia?

– Aposto que não pensou nisso antes de se apaixonar por mim, com meu jeito torto.

Bebi o copo d’água lentamente antes de responder.

– O amor é cego, esqueceu? Não foi algo que eu pudesse ter controlado.

– Então se arrepende? – o sorriso debochado em seu rosto denunciava que ele estava achando graça nessa conversa.

– Para falar a verdade... – eu parei, fingindo pensar enquanto colocava o copo na pia. Então me virei para ele, e o olhei nos olhos. – Não.

Ele sorriu e se aproximou de mim, seu olhar dizia o que ele ia fazer e eu me esquivei.

– As crianças. – lembrei-o. Mas Ian e Kiara nem estavam prestando a atenção em nós e Nathan se aproveitou desse fato para me roubar um selinho. Eu suspirei.

– Vou tomar banho. – avisei-o, desencostando da pia e contornando-o até chegar a soleira da porta.

– Estou convidado à subir? – perguntou fazendo um cara de “cachorro que caiu da mudança”. Eu arqueei uma sobrancelha.

– Pensei que o tivesse mandado se aquietar.

– Prometo ficar no seu quarto quieto sem fazer barulho. Não vou nem te apressar no banho. – disse ele,

– Ok,Nathan. – cedi por fim. – Mas se não se comportar, é melhor esquecer esse bônus. – brinquei.

Ele levou a mão direita à testa, como um soldado fazia ao cumprimentar o outro e me seguiu até o meu quarto.

Nathan ficou fuçando no meu computador enquanto eu tomava banho e me vestia. Uns bons minutos depois, saí do banheiro totalmente limpa e relaxada, usando um short jeans um pouco largo nas coxas e uma camiseta verde escura, pronta para passar a noite curtindo o sossego do meu quarto. Assim que sentei na beirada da cama, Nate fechou o notbook e colocou-o na mesinha de cabeceira ao lado dele.

– Me comportei direitinho? – perguntou, com um sorriso malicioso.

– Sim, por incrível que pareça. – falei, revirando os olhos.

– Então acho que mereço uma gratificação, General. – Nathan se aproximou um pouco, sem deixar de me fitar.

– E à que tipo de gratificação você se refere? – perguntei, desconfiada.

– Ah, sei lá. – ele fingiu hesitar. – Tipo, um beijo de verdade.

Eu ri da definição dele.

– Um beijo de verdade? – falei assim que consegui respirar. – Existe beijo de mentira?

– É claro que sim. – disse Nathan como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Um beijo entre atores por exemplo.

– Mas nós não somos atores e eu nunca te dei um “beijo de mentira” – fiz o sinal das aspas com as mão para dar ênfase.

– Para mim um selinho é um “beijo de mentira” também. – esclareceu, os olhos azuis focados em meu rosto. – E foi o único que eu ganhei até agora.

– Sério? Nem tinha notado. – brinquei.

Ele estreitou os olhos e após alguns momentos um sorriso malicioso se espalhou em seu rosto.

– Ok, então. – falou se aproximando até estar de frente para mim, o rosto à centímetros do meu. – Vou te mostrar como é um “beijo de verdade”.

E antes que eu pudesse dizer algo, antes que eu pudesse sequer piscar ele já havia envolvido seus braços em volta da minha cintura, seu corpo chocando-se contra o meu de uma forma que fez-me estremecer. Seus lábios devoravam os meus, famintos; como se tivéssemos passado meses longe um do outro e sentisse saudade do contato físico; e minha mente turva não controlava mais nada, tal como a dele não controlava – eram os instintos. Puramente instintivo e movido pelo fogo ardente do desejo esse era um beijo de verdade na definição de Nathan. E eu tinha de admitir que a minha definição de beijo havia mudado depois desse.

Quando ambos não conseguíamos mais respirar direito ele se afastou, bem devagar, como se testando a distancia a qual impunha à nossas bocas, como se ponderando se era ou não tolerável. Então ele enterrou o rosto em meus cabelos e soltou um suspiro longo e satisfeito. E isso foi incrivelmente agradável. Tanto que permanecemos nessa posição – abraçados, até os olhos de Nathan pesarem e ele resolver se deitar. Eu, ao contrário, estava completamente alerta, e permaneci acariciando seus cabelos enquanto ele dormia, a expressão serena. Eu amava vê-lo dormir, era um dos raros momentos em que ele parecia completamente em paz. E com tantas coisas que o vinham perturbando: como a ausência de Sarah e agora a de Josh e Taylor também. Ele, de alguma forma sentia-se responsável e pensava nisso o tempo todo. Por isso era bom ver os momentos em que essas preocupações o deixavam e ele conseguia voltar a ser um garoto comum – ou quase – de dezoito anos que pegou no sono na cama da sua namorada. Eu sorri com o pensamento. Meu pai me mataria se visse ou soubesse disso algum dia, mesmo nós não tendo feito nada demais; não exatamente.

Por fim, quando pareceu estar tarde o suficiente para dormir, levantei-me e peguei o notbook a fim de desligá-lo corretamente e colocá-lo sobre a escrivaninha, antes de voltar a me deitar. Porém, assim que o abri, tinha uma mensagem escrita em meu editor de texto, o qual estava aberto. Curiosa, sentei-me na cadeira e li, com um sorriso bobo no rosto. Na mensagem dizia:

Gostaria de ser bom o suficiente para escrever coisas belas para você. As vezes penso que você merece alguém melhor do que eu. Alguém mais romântico. Alguém que conseguisse compor um poema ou uma música em sua homenagem. Mas, ao mesmo tempo que penso nisso, vejo o quão errado me parece imaginá-la com outra pessoa. E fico feliz por você me amar tanto quanto eu te amo. Isso é mais do que eu poderia pedir, ou sequer imaginar para alguém como eu.

Você é incrível, Lorena. E com certeza merecia mais do que eu ou essas simples palavras.

Do seu, cada vez mais apaixonado namorado, Nathan.

E eu não conseguia imaginar como minha vida poderia ser melhor que isso.


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Notas finais do capítulo

Quero comentário de todas, viu? É sério, fico aguardando, quero saber o que acharam do capítulo, o que estão achando da história... Enfim, me interesso muito pela opinião de vocês, então...



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