Living escrita por Absolutas


Capítulo 13
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Boa Tarde!
Mais um capítulo para vocês, maior do que o anterior (kkkk).
Enfim, Boa leitura para vocês!!

P.S. Quero agradecer a recomendação da BabyPeach tanto de Living, quanto de Burning. Eu amei, realmente, muito obrigada.



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CAPÍTULO 11

– Tem certeza que esse cara é confiável? Você realmente acredita nele, Sarah? – perguntou Josh, parecendo desconfiado.

Estávamos em meu quarto na pensão, ambos sentados lado a lado na cama barulhenta em que eu dormia. Ele havia acordado cedo e deixado Taylor dormindo – havia passado a noite com ela, mesmo tendo alugado dois quartos.

– Sim, já falei. – suspirei impaciente. – Me pareceu uma história bem convincente, se quer saber.

Ele fez uma careta.

– Não sei, não. Ele me parece...

Você – interrompi-o. - está me parecendo uma pessoa extremamente preconceituosa. – ele revirou os olhos e abriu a boca para argumentar, mas eu o impedi com uma aceno. – Acha que não sei que está tomando as dores de Taylor?

– Não estou tomando as dores dela. – garantiu-me.

– Está sim, Josh. – eu ri. – Qualquer um pode ver que está caidinho por ela. Menos você.

– Ah, por favor! –disse ele exasperado. – Taylor e eu não somos o foco da conversa, tá legal? Nem estávamos falando de amor – ele disse a ultima palavra com acidez, talvez se lembrando do como se entristeceu por amar Chloe, que nem notava sua presença. – Estávamos falando de Elliot. Eu nem sei o que a fez pensar em sentimentos... – ele se interrompeu, os olhos arregalando-se. – A não ser... – ele arfou e eu arqueei uma sobrancelha. – Você e ele.

– Eu e ele...?

– Estão juntos?

– O que? – explodi. – Está louco?

– Estou completamente normal. – ele sacudiu a cabeça. – É, só pode ser isso!- ele falou mais para si mesmo do que para mim. - Juntando tudo, é única conclusão que eu poderia chegar. Já esqueceu o Nate, não foi?

– É claro que não. – esclareci, meu coração falhando uma batida à menção de Nathan. – E não. Mil vezes não, não estou com Elliot. – tive que morder minha língua, pois as palavras “mas, o beijei algumas vezes” ameaçaram suceder minha explicação.

– Por que será que não acredito nisso?

– Não faço a mínima ideia. – falei com sinceridade.

– Eu sei que há algo.

– Não há nada.

– Você mudou, Sarah. Não parece mais a mesma. –declarou, fitando meus olhos como se buscasse uma resposta neles.

– Mas eu sou a mesma.

Ele sacudiu a cabeça.

– A antiga Sarah não estaria defendendo alguém que ela mal conhece.

– Também o defendi de Edmund Harris há sete anos quando você chegou na Academia de Não-Humanos. E eu também não te conhecia direito. – Josh abriu a boca para dizer algo, mas fechou, ficando em silêncio e fechando a cara. – Eu sei escolher meus amigos, Josh. Tenho um pressentimento quanto as pessoas serem ou não adequadas para fazer parte da minha vida. – eu sorri. – Acho que é uma extensão do meu escudo. – Ele riu e coloquei minha mão sobre a sua, que estava repousada em seu joelho. – Devemos dar uma chance à ele. – conclui, olhando-o com um olhar suave e esperançoso.

Josh bufou e revirou os olhos.

– Tudo bem, Sarah, faça o que quiser. – ele tentava ser rude e despreocupado, mas pude notar uma centelha de consentimento oculto por trás de suas palavras. Ele também acreditava que Elliot não era ruim. Sorri. – Mas depois não venha dizer que eu não avisei: esse cara pode te machucar algum dia.

Dei de ombros.

– Tanto faz. Você nunca acerta nas suas previsões, mesmo. – provoquei e ele me fuzilou com olhar, depois deu de ombros, tal como eu fizera segundos antes.

– Dane-se. – disse. – Já que estamos de pé tão cedo, vamos treinar. Soube que transformou o porão em um ringue.

– Não exatamente em um ringue... – comecei e então percebi que não queria mais dar explicações; nem mesmo de como transformara o porão, cuidadosamente equipando-o para ser uma sala de treinos de Muay Thai. Decidi deixar que ele chamasse minha pequena academia de treinos como quisesse; meu corpo já ansiava pela luta, pela sensação de vencer. – Dane-se. – ecoei suas palavras. – Vamos treinar.

***

Algumas horas mais tarde eu estava em meu banheiro, dentro do box, a água quente e reconfortante do chuveiro escorrendo pelo meu corpo, lavando o suor pegajoso que ficara em minha pele após o treino. Minha mente estava leve como sempre ficava depois de uma boa luta, apesar de eu poder ver alguns hematomas surgindo em minha canela e em meu braço, onde Josh acertara com mais força. Mas eu realmente não me importava; não ligava muito para aparência, nunca havia ligado. Sempre havia priorizado o prazer à beleza. E eu tinha prazer na luta, por isso não me importava que ela me rendesse alguns hematomas arroxeados e cicatrizes permanentes. Era parte de mim, simplesmente; algo sem o qual não conseguiria ficar.

Saí do banho e vesti-me, um plano passando pela minha cabeça: talvez eu pudesse evitar todos e prolongar meu momento de paz se saísse um pouco. Biblioteca, pensei. Afinal, eu realmente precisava devolver os livros que havia pegado há algumas semanas.

Apressei-me então em pegar minha bolsa e a chave do meu carro e rumei para a saída da pensão.

– Sarah... – uma voz disse timidamente.

Me virei e vi Taylor parada no pé da escada trajando uma calça preta e uma blusa florida de alças finas, calçando uma sandália baixa dourada com tiras na frente.

– Sim? – perguntei, tentando não ser rude.

– Onde você vai?

Tive que me segurar para não dizer que não era da conta dela, afinal, essa seria minha resposta mecânica a qualquer um que me fizesse uma pergunta desse gênero. Tive de lembrar a mim mesma que ela era uma pessoa importante para Josh – caso contrário, ele não a teria trazido; e que ela estava fragilizada pelo encontro repentino com Elliot.

– Vou à biblioteca.Tenho que devolver alguns livros. – expliquei.

– Posso ir com você? – perguntou, a voz baixa falhando um pouco, temendo uma recusa.

Eu suspirei.

– Tudo bem, pode vir.

Taylor deu um breve sorriso e se apressou em se colocar do meu lado enquanto íamos em direção à garagem.

A viagem até a biblioteca de Chicago foi silenciosa: ela não disse nada e eu tampouco me prontifiquei para quebrar o silêncio. E tinha de admitir, foi agradável. O fato de preencher cada segundo com conversas levianas me parecia infantil e desnecessário e fiquei feliz que ela parecesse pensar o mesmo. E alguns minutos depois, estacionei meu carro em uma vaga próxima a entrada.

A Biblioteca Pública de Chicago era um prédio grande, alaranjado, com “Chicago Public Library” escrito em letras grandes e brancas na lateral do prédio – logo acima de “Rogers Park Branch”, com as mesmas letras brancas, proporcionais e em relevo, porém ligeiramente menores - com dois mastros no topo dando suporte a duas bandeiras tremulantes: a dos Estados Unidos - listrada de branco e vermelho com um quadrado azul escuro no canto superior direito repleto de estrelas brancas representando os inúmeros estados- e a de Chicago – com três listras brancas (nas extremidades e no meio) e duas azuis celeste com quatro estrelas vermelhas dispostas na horizontal sobre a listra central branca. Era um lugar calmo e aconchegante, ao menos para mim. Era onde eu podia ficar em silêncio sem parecer antissocial. Sorri.

Caminhamos lado a lado, Taylor e eu, até a entrada do prédio. Eu, particularmente estranhara a atitude dela de se oferecer para ir comigo, afinal, ela nunca fizera menção a ser minha amiga. Mas segurei qualquer dúvida quanto a isso dentro de mim e a guiei para dentro do prédio grandioso.

– Bom, vou devolvê-los – falei apontando para os livros em minha mão. – pode dar uma olhada por aí se quiser...

– Prefiro ir com você, se não for incomodar. – falou, os olhos brilhando um pouco.

– Ok.

Falei e segui pela direção que eu queria, sentindo sua presença atrás de mim.

– Tudo bem. – falei após alguns passos. – Sei que quer me dizer alguma coisa, ou não estaria fazendo isso.

Taylor fez uma careta, levando a mão até os cabelos ruivos e tirando-o dos olhos.

– Bem, sim.

– Então...?

– Olha eu sei que pode ser preconceito, trauma, ou o que quer que queira chamar, mas... – ela mordeu o lábio inferior por um momento. – mas acho que devia tomar mais cuidado com Elliot.

– Ah, por favor. – falei revirando os olhos, me segurando para não aumentar a voz, pois, afinal, estávamos em uma biblioteca. – Você também não!

– Sarah, por favor,escuta.

– Não. – falei. – Ele é tão vítima quanto você. Devia saber disso.

– Eu sei, e acredito que ele seja inocente até certo ponto. Mas ele, no geral, não inspira confiança. Ao menos a mim.

– A mim inspira. – retruquei.

– O que a faz confiar nele?

– Tudo. O conjunto da obra. – falei sem pensar. – Sei que ele é uma boa pessoa, não importa o que digam.

E então, para a minha surpresa, Taylor sorriu. Teria rido se não estivéssemos em uma biblioteca, a julgar pela sua expressão.

– Está apaixonada por ele? – perguntou após um momento, o olhar perspicaz.

– O que? Não! – dessa vez eu me esqueci de manter a voz baixa e ouvi murmúrio irritado a minha volta. – De onde tirou isso? – perguntei, abaixando a voz.

– Do que você falou. – esclareceu. – Da forma como o defendeu.

– Você...

– Não desconfio dele, Sarah. Minha reação de ontem foi mais um choque pela lembrança do que aconteceu, não o culpo mais. Eu mais do que ninguém sei como era aquela mulher.

– Então por que estava dizendo essas coisas para mim?

– Um teste. – falou aparentemente orgulhosa de si. – Eu desconfiei ontem, e depois que Josh me contou sobre como foi a conversa de vocês, eu tive mais certeza ainda. Então resolvi investigar por mim mesma. – eu arfei, olhando-a incrédula. – E se quer saber, minhas suspeitas foram confirmadas.

– Então acho que você está louca. – declarei.

– Pense o que quiser, já dei o meu diagnóstico. – ela riu, baixinho.

– Não estou doente e você não é médica para diagnosticar coisas.

– Que seja. – falou dando de ombros.

– Foi só para isso que veio? Para confirmar o que acha que conformou?

– Não. – ela sacudiu a cabeça de leve, os cabelos ruivos balançando. – Precisava de um tempo para conversar com uma garota. Josh é meu amigo, mas... Não posso conversar só com ele o tempo todo.

– Pode conversar com a Sra. Croollyn – brinquei.

– Ah, por favor. – ela revirou os olhos. – ela me parece um pouco louca.

– Não mais do que a maioria das pessoas. – garanti.

Ficamos quietas enquanto eu fazia a devolução dos exemplares e então seguimos rumo à saída, uma vez que ambas não estávamos interessada em pegar outro livro emprestado.

– Poderia me ensinar a lutar também... – comentou Taylor, assim que passamos pela porta de saída.

– Achei que o Josh tivesse te ensinando. – comentei.

– Mais ou menos. – ela enrubesceu. Certo, pensei, havia algo aí.

– Então, você está apaixonada pelo Josh.

Notei que o rubor no rosto dela ficou um pouco mais forte. Com certeza havia acontecido algo nesses treinos.

– Não. – respondeu com pouca convicção.

– Ah, qual é? – zombei. – Sei que sim,está escrito na sua testa!

– Está? – ela olhou-me com os olhos arregalados e eu soltei uma gargalhada.

– Eu realmente preciso saber mais sobre isso.

– Saber mais sobre o que? – ela perguntou com uma falsa inocência.

Revirei os olhos.

– Você não me convenceu, Taylor. – ela deu de ombros, com uma expressão de desagrado.

– Tanto faz. – disse.

Notei, pela posição do sol que já devia ter passado das quatro da tarde; e por um breve momento lembrei que não tinha visto Elliot hoje...

Sacudi a cabeça. Era ótimo que o dom de Taylor não fosse leitura de mentes, pois se fosse, esse pensamento teria deixado-a mais convicta do que já estava; embora ela claramente estivesse errada.

Eu estava prestes a destrancar o carro, quando notei um movimento estranho pelo canto do olho. Rapidamente foquei o olhar e reconheci-os. Os homens que bateram em Elliot na noite em que o conheci. Uma raiva avassaladora tomou conta de mim, mas antes que eu decidisse ir embora para não ter que olhar mais para os rostos hipócritas deles, percebi que não estavam sozinhos. Havia mais dois que não estavam no beco aquele dia. Eles carregavam algo... Alguém para ser mais preciso, até um carro preto com os vidros escuros. A pessoa estava com um saco de estopa enfiado na cabeça.

Mordi meu lábio inferior com força e senti gosto de sangue, minhas mãos fechando-se em punhos.

– Sarah, aconteceu alguma coisa? – perguntou Taylor, preocupada com minha expressão.

– Está afim de aprender a lutar, não é? – perguntei, meus olhos cravados em cada movimento que os monstros faziam. Eles ainda não haviam alcançado o automóvel, mas eu os perderia se tentasse chegar até eles à pé; pois eles se encontravam em um canto oculto ao lado de uma casa há uns bons metros de distancia.

– Sim. – respondeu, confusa.

Eu sorri, um senso incomum de justiça misturado com adrenalina correndo quente e feroz por minhas veias.

– O que acha de aprender na prática?


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Espero comentários...



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