Lola estava radiante, sua mente e seu coração pareciam que finalmente haviam encontrado um meio de trabalharem juntos, e pelo motivo certo na hora certa. A Stark não conseguia se aguentar de tanta felicidade misturada com expectativa. Ela iria lutar para conquistar Steve, e sua alegria vinha da grande esperança que tinha de que conseguiria.

Não estava sendo presunçosa nem nada, apenas tinha sido alimentada positivamente por Tony, e por todo o resto do planeta que pareciam encoraja-la.

Até as lembranças das palavras sarcásticas de Loki agiam a favor da crescente esperança dela. "Seu Soldadinho Patriota". Ele ainda não era dela, mas seria! Ah! SERIA!

Lola estava tão confiante que seria capaz de se abraçar de tão contente que estava, mas não faria, caso contrário, isso pegaria mal já que ela atravessava naquele exato momento um corredor cheio de agentes, dentro da Base Nova Iorquina da S.H.I.E.L.D.

Ela tinha acabado de ter uma manhã de pré-treinos com o Agente João Pedro Silva, ele é brasileiro, mestre em Jiu-Jitsu, Capoeira e outras artes marciais, mas o que ele realmente estava fazendo com Lola, era explicando como seria o novo programa de treinamento dela, passado pelo diretor Nick Fury.

O que ajudou a melhorar ainda mais o humor da Stark, foi saber que às segundas-feiras pelas tardes - ou seja, hoje - ela teria treinos supervisionados por Steven Rogers. E para completar como a cereja do bolo, uma música dos anos XX que ela havia aprendido a gostar começava a tocar no seu Ipod justamente quando o corredor ficou vazio. Traduzindo em outras palavras: ela poderia se empolgar requebrando como gostava de fazer quando escutava o MC "Thor".

Sim! Ela trocou o nome "Hammer"(Martelo), para apelidar "carinhosamente" o rapper fazendo menção à Princesa Guerreira, como diz Tony.

Lola ousou. Começou a andar de costas sacudindo seu bumbum numa coreografia inventada na hora, ignorava as câmeras, sabia que provavelmente alguns seguranças a enxergariam fazendo aquilo, mas ela não sentia vergonha porque não tinha que encara-los e a empolgação estava alta demais para permiti-la se importar.

Nenhum som era escutado pelo corredor agora vazio, já que os fones de ouvido de Lola não permitiam que o resto do mundo escutasse uma onda sonora sequer.

– "Oh-oh-oh-oh-oh you can't touch this! Oh-oh-oh-oh-oh" - Lola cantarolou enquanto seu bumbum ziguezagueava rebolando na direção a qual ela deveria estar virada.

O fato de estar de costas ao dançar de forma cômica e vergonhosa a impediu de ver que alguém estava vindo na encruzilhada mais próxima do corredor. E os fones não a ajudaram a prever a chegada desse alguém, impedindo o completamente acidental choque entre ela e uma agente que virava bem no encontro dos corredores indo para a direção da qual Lola saía.

A Stark se chocou com a agente fazendo todos os papéis do arquivo que esta carregava voarem dos braços dela indo direto ao chão.

– Woow! - Lola disse no momento do impacto.

Virou-se para a agente descobrindo o estrago que tinha feito. Felizmente não eram folhas demais.

– Oh, me desculpe! - A Stark arrancou os fones do ouvido e sem demora se agachou junto com a agente para catar os papéis. - Sou uma desastrada mesmo! -.

A agente tomava as folhas da mão de Lola com uma atitude ríspida, como se não quisesse a ajuda dela e não a respondeu logo de cara. O que fez Dolores não sentir muita simpatia vir da outra.

As duas ficaram em pé após terem catado tudo, Lola pôde ver o quão alta e esbelta era a agente. Tinha algo de familiar nela, apesar da Stark nunca tê-la visto no prédio ou em qualquer outro lugar antes. Olhava para a Agente e por algum motivo se lembrava da própria mãe. Não que ela parecesse com Maria Stark, longe disso!

Não tinham nenhuma semelhança física, nem de perto os cachos brilhantes da agente recordava as madeixas lisas cor de chocolate da falecida Ex-Miss Cuba. Só que... A agente calada trazia a memória da mãe de Lola para a garota por alguma razão que agora ela não entendia.

– Sinto muito. - Pediu desculpa mais uma vez sem graça, e intimidada pela ausência de simpatia do olhar e do silêncio da agente. - Estava dançando pelo corredor deserto e não sabia que alguém estava chegando -.

– É isso o que dá trazer civis para um prédio onde só deveriam haver pessoas compromissadas com nosso trabalho. Fury está mesmo perdendo as rédeas desse lugar. - A agente olhou para Lola de cima a baixo.

Okay. Lola não sentiu mais ausência de simpatia, sentiu antipatia circunstancialmente concreta por essa mulher.

– Perdão, nos conhecemos? - A Stark questionou um tanto confusa sem entender direito o porquê estava sendo tratada daquele jeito. Ela estava tão acostumada a gostar de todo mundo e de todo mundo gostar dela.

Em toda a sua vida podia contar com os dedos de apenas uma de suas mãos quem eram as pessoas de quem não gostava; excluindo da contagem os soldados que massacraram sua família.

– Você não me conhece, mas o mundo inteiro sabe quem você é, Senhorita Stark. E uma agente de verdade é o que a Senhorita não é. Só está aqui porque o Fury tem algum tipo de sentimento paternal obsessivo patológico por você, então, por favor, continue com o seu capricho de menina mimada de "brincar" de agente secreta, mas não atrapalhe quem realmente trabalha aqui tentando salvar o mundo. - A mulher rígida disse e em seguida seguiu seu caminho abandonado Lola no corredor.

A Stark não entendia o motivo de tantas palavras rudes e maldosas. Aquilo que ela tinha dito não era verdade! Lola estava ali porque queria ajudar! Não era um simples capricho, ela queria fazer XY-32 pagar pelas vidas inocentes que tinha tirado. É claro que ela também estava empolgada com esperança de conquistar Steve, mas também não era essa a única e nem principal razão para ela estar ali.

Lola queria que nenhum outro inocente fosse machucado ou sofresse como ela sofreu na infância. Ela queria virar uma agente para com o auxílio da sua força e inteligência, o mundo se tornasse um lugar melhor. Ela não estava sendo uma garota mimada.

Ah! Mas de uma coisa ela sabia! Aquela agente chata e preconceituosa com certeza havia entrado para a pequena lista de pessoas que ela realmente não gostava.

[...]

– Quem era essa agente, Lola? - Natasha indagava antes de dar uma garfada em seu prato.

– Já disse que não sei, não pensei em perguntar na hora que ela estava saindo: "Ei, sua insuportável! Que tal me dizer seu nome para que na hora do almoço eu e a Viúva Negra possamos falar mal de você até sua orelha ficar tão quente e vermelha até explodir?" - A Stark ironizou rabugenta.

– Como não? Era o mínimo que você poderia ter feito. - Natasha ria zombando parcialmente de Lola.

Elas e Clint almoçavam no refeitório em uma mesa menor, não esperavam que outro Vingador desse as caras.

– Você tem que relevar o temperamento dessa agente, Lola - Barton aconselhava. - Desde o incidente da Casa Branca, todos os agentes andam muito tensos e estressados, não é à toa que temos alguns agentes da C.I.A. zanzando pelo prédio na tentativa de juntar forças para prender esse XY-32. -.

– Eu sei, Clint, EU estava LÁ, vi com meus próprios olhos! Pessoas explodiram na minha cara! E nem por isso saio por aí ofendendo desconhecidos. - Lola explicou seu ponto.

– Isso é verdade. - Natasha ficou do lado dela.

– Ela não agiu por stress, agiu por falta de educação mesmo. - Lola continuou depreciando a mulher.

– Bom, não posso defendê-la por tudo, nem a conheço. - Clint deu de ombros.

– Gosto assim, Barton. - Lola brincou dando uma risadinha. - Amigo de inimigo meu, não é meu amigo de verdade. -.

A Stark passou o olhar pela porta de entrada do refeitório e por coincidência a "agente mal-educada" estava adentrando o local para o almoço.

– Não olhem agora! Mas a "aguada" sem educação acabou de entrar naquela direção. Nove horas nas suas costas, Natasha. - Lola explicou. - Clint! Eu disse para não olhar! - Ela bronqueou o amigo nada discreto.

– Ah! É ela! Agora está tudo explicado! - Barton ligou todos os pontos agora, observando quem era a agente que tinha tratado Lola mal.

– ELA? Você conhece? - Lola a observava sentar e iniciar sua refeição do lado oposto da sala.

Romanoff virou seu rosto discretamente para descobrir quem era a tal mulher, e descobriu!

– Oh-ouh! - A Viúva Negra expeliu ao também saber de quem se tratava.

– "Oh-ouh"? "Oh-ouh"?! - Lola questionou. - Será que dá para pararem de suspense e me dizerem logo quem é "essazinha" e o quê ela tem contra mim?!. -.

– Lola, aquela é a Agente 13, Sharon Carter, a atual namorada do Steve. - Clint explicou, para a surpresa da própria Viúva Negra.

– Namo... rada? - Lola perguntou perplexa, não sabia distinguir o turbilhão de emoções que a atingiram agressivamente graças a uma só palavra dolorosa.

– Sim, namorada! Ele passou uns meses em Washington depois que você foi suspensa após beijar o Loki e começou a namorar ela. - Barton explicava sem compreender o grau das possíveis consequências do que dizia. - Au! - Resmungou ao receber um chute de Natasha por baixo da mesa.

– Namo... rada. - Lola tentou assimilar a palavra mais uma vez. Não conseguiu controlar a onda esmagadora que destruiu toda a sua esperança de uma só vez.

A Stark sentiu raiva. Raiva dessa Sharon, raiva de Steve e raiva de si mesma. Lola canalizou toda a sua cólera para a latinha de refrigerante em sua mão. Seus olhos ardiam como fogo ao fitar a Agente 13, seu coração parecia doer, e quase todo o conteúdo da latinha deu um banho acidentalmente em Clint, enquanto o alumínio foi amassado como papel entre os dedos da Stark.

– Lola! - Barton confuso pulou da cadeira tentando se limpar.

– Me... Me... Me desculpe. - A Stark começou a se dar conta da realidade. Soltou o metal que havia agarrado e apressou-se em pegar alguns guardanapos para auxiliar Clint.

– Lola, você está bem? - Natasha perguntou.

A garota não respondeu a pergunta, estava atordoada. Largou Barton e os guardanapos e começou a se levantar da mesa.

– Eu... Eu... Preciso de um pouco de ar. Com licença. - Ela disse partindo como uma bala até a saída.

Natasha olhou Clint furiosa.

– O que foi? - Ele não compreendia a repreensão. Assim como Steve, ele achava que Lola gostava do Deus da Trapaça, por isso não utilizou filtro algum ao dar a notícia a elas.

– Vocês homens não entendem nada! - Romanoff resmungou.