La Naissance escrita por Getaway6738


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Manifesto Dos Marshmallows


Notas iniciais do capítulo

Então gente, resolvi que era hora e lancei essa fic nova :D yaay! Enfim, só uma curiosidade. La Naissance Significa o nascimento, para descobrir do que, vocês vão ter que ler. Então aproveitem bem ok? Bora ler?

PLAYLOST:
Nome: Al Bowlly - Guilty
Link: https://www.youtube.com/watch?v=CfSZARFUvnM

Ah, e La Naissance também é uma musica do (meu ídolo, mentor, herói, deus) Keaton Henson, se vocês quiserem ouvir é so ir aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Xh_PnpMNVwY



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O amor é algo singular. Não se nasce sabendo tudo sobre ele, mas quanto mais você vivencia... mais percebe o quanto ele é crucial para todos. Depois de seu nascimento, o amor nos ensina coisas que não aprenderíamos sozinhos e ao mesmo tempo nos faz superar as coisas que mais precisamos.

Quando você acha, no meio dessas tantas milhões de pessoas que existem no mundo, aquela que é certa para você, então pode saber que você vai tanto ensinar, quanto aprender tudo. Inclusive a amar verdadeiramente.

— Entrega para você, Tony — grita meu chefe, enquanto arrumo as barras de chocolate na prateleira. — Depois dela você pode ir para casa.

Sorrio com a oportunidade de sair um pouco mais cedo da loja. Vou até o balcão aonde meu chefe, Jaime, um sujeito que veio de Portugal a Paris com a família para abrir a própria loja de doces aqui, segura uma caixa com um pequenino bolo dentro.

Ele é o melhor exemplo de um típico português, é meio gordo e tem um bigode enorme, usando hoje — e na maioria dos dias — uma camisa social branca um pouco aberta na altura do peito e uma calça social marrom escura. Jaime pega um pedaço de papel e escreve o endereço nele, me entregando em seguida.

— Vê se volta inteiro dessa vez, rapaz — advertiu ele, com um pouco de sotaque português restando em sua voz.

— Vou tentar, chefe — sorrio, saindo da loja e ouvindo o sino da porta badalar uma vez.

Prendo o bolo na parte traseira da minha bicicleta e me olho momentaneamente na vitrine da loja de doces.

Uso uma blusa social branca dobrada nos cotovelos com suspensórios pretos que combinam com minha calça social e uma gravata borboleta vermelha. Meus cabelos loiros estão um pouco grandes na frente, então estou usando meu chapéu de palha para tentar disfarçar. Uso um monóculo em meu olho direito, mas só para ler, então ele está bem guardado em meu bolso.

Arrumo um pouco o cabelo e começo a andar pela cidade. O dia está ensolarado, com os pombos voando despreocupadamente e, às vezes parando perto de algum banco para comer o pão que foi jogado no chão por algum senhor que sentou para ver o movimento da rua.

Enquanto subo sem pressa pela rue de tolbiac, vejo algumas crianças brincarem em frente à loja de carnes do Sr. Giuseppe e mais a frente, o senhor Allec, com um jeito estranho de andar e cara de rabugento, caminha com seu cachorro para relaxar. Cumprimento-o, o vendo dar um sorriso sincero e balançar a mão acima da cabeça. A cara de malvado é só aparência, sem falar que ele é um de nossos melhores clientes.

Viro a rua e olho o endereço novamente, Quai de la Gare, 75013... Ou seria 75073? A letra de Jaime não está ajudando muito. Ao chegar ao numero menor, o do inicio da rua, vejo a biblioteca nacional. É impossível alguém de lá ter pedido um bolo tão simples assim. Eu devo ter errado o endereço, mas por via das dividas, vou entrar e perguntar se o bolo foi pedido ali.

Pego o bolo, ajeito um pouco a gravata e o chapéu. Espero estar apresentável; nunca entrei num lugar tão bem visitado assim. São os loucos anos 20, e mesmo que a maioria da população esteja muito bem, obrigado, nem todos têm a oportunidade de ir a um lugar como esse.

Subo as praticamente infinitas escadas e assim que passo pelas grandes portas de madeira, vejo dezenas de prateleiras cheias de livros aqui e acolá, assim como varias pessoas sentadas lendo alguma coisa, completamente em silencio. A mesa do bibliotecário fica a frente, mas ele está tentando arrumar a caixa de cartões que fica ao lado do balcão.

Ele aparenta ter seus vinte e poucos anos, assim como eu, e veste um suéter cinza escuro, quase preto, por cima de uma blusa social branca, junto a uma calça também cinza. Seus olhos são castanhos e seus cabelos, um pouco grandes assim como os meus, têm a mesma cor que seus orbes. Vou em sua direção, abrindo a caixa para lhe mostrar o bolo.

— Com licença, senhor, foi aqui que pediram um... — ele se vira em minha direção, e de alguma forma, acabo tropeçando numa madeira empenada do piso e jogo o bolo no sujeito, sujando completamente seu suéter. — Perdão, eu... — continuo, sem saber muito o que e como fazer.

Meu chefe vai me matar se descobrir isso, então tenho que resolver tudo sem que ele saiba.

— Não... — o bibliotecário abaixa a cabeça e olha para baixo sem ao menos fitar-me, completamente envergonhado. — Eu deveria ter concertado essa tabua hoje de manhã, mas... Desculpe-me pelo acontecido.

Ele está se desculpando por um erro meu? O normal nessa situação não seria gritar e me fazer ser despedido, não?

— Eu encomendo outro bolo para você com o meu salario, tenho certeza que podemos resolver isso, não precisa se preocupar — garanto.

— Não é preciso, o bolo... E-era para o meu aniversário, mas acho que agora ele não é mais... N-necessário. Então me desculpe. Mesmo assim vou lhe pagar pelo incomodo de ter vindo até aqui.

Não sei como ele acabou trabalhando num lugar tão renomado como esse. Quer dizer, é preciso falar com várias pessoas e... Ele não parece se sentir confortável com isso.

— Eu insisto, não é preciso pagar — suspiro. — Olha, que tal o senhor ir até o banheiro e se trocar, e depois nós resolvemos o que fazer em relação a isso?

Ele simplesmente assente com a cabeça depois de alguns segundos e anda na direção do banheiro. Sento numa cadeira próxima ao balcão e espero por vários minutos até ele aparecer, completamente corado, agora com uma mancha de água na frente de seu suéter.

— Deve secar logo, me desculpe pelo i-incidente.

— Quem deve pedir desculpas sou eu. Afinal, te sujei completamente — sorrio um pouco, sem saber o que fazer para compensá-lo. — Sou Antony Dartanhon, e você?

— J-Jean Maurice — responde, ajeitando um pouco o suéter, como se isso fosse o fazer secar mais rápido.

— Então, feliz aniversário, Jean – parabenizo, o fazendo soltar um leve sorriso. Talvez ele não seja tão tímido assim.

— Obrigado.

— Olha, quero te desculpar corretamente. O que acha de passar na loja onde eu trabalho algum dia desses e pedir outro bolo ou comer doces por minha conta? Garanto que será melhor do que passar o aniversário sozinho na biblioteca.

— Eu...

— Jean, a culpa foi minha. Ao menos deixe eu me desculpar propriamente — sorrio.

Por algum motivo, estou insistindo mais do que deveria em vê-lo novamente. Acho que me sinto em divida com ele após o que aconteceu.

— Tudo bem — suspira, não como se fosse um fardo ir até lá, mas como se sair de sua rotina o desagradasse. — Eu posso ir.

— Ótimo. Au revoir, Maurice — sorrio e ando até a saída, descendo rapidamente as escadas abaixo de mim.

***

O final de semana passa, mais devagar do que eu pensaria que poderia passar, e finalmente chega a segunda-feira. Já é de tarde, então a loja não está mais tão cheia quanto fica de manhã. Meu chefe, Jaime, saiu mais cedo para comprar material para fazermos alguns doces amanha, então até onde sei, a loja é toda minha.

Até agora Jean não apareceu, o que me deixa um pouco preocupado sobre se ele vai mostrar as caras por aqui ou não. Desde que nos vimos na biblioteca, estou ansioso para que ele apareça por aqui. Sento no pequeno banco atrás do balcão e quando estou quase caindo no sono, sou acordado pelo barulho do sino da porta.

— Seja bem-vindo — anuncio, ainda um pouco sonolento.

— Olá — murmura Jean, coçando seu braço esquerdo, sem saber muito bem o que falar.

Ele veio! Ele realmente veio! Eu achei que, por ser muito tímido, Jean não viria, mas... Fico muito feliz por ele ter se preocupado em aparecer.

— Ah, oi. Criou coragem para vir aqui? — brinco.

— Eu teria que criar alguma hora. Afinal, é doce de graça — afirma, me fazendo rir.

— Se é doce que você quer, então veio ao lugar certo. Aqui temos praticamente todos os doces que você pode imaginar. Quer experimentar alguma coisa ou tem algum favorito? — indago, saindo de traz do balcão e me aproximando dele.

— Na verdade... Eu não sei muito bem o que comer. Meus pais nunca me deixaram comer doces em geral, acho que o bolo que eu encomendei seria um dos p-primeiros doces que eu iria comer, tirando aquela vez que eu comi um chiclete escondido — ele nunca comeu doce? Isso é inaceitável!

— V-você nunca comeu nenhum doce? — pergunto, espantado.

— Não... Isso é estranho, não é? M-Me desculpe por isso — comenta, voltando a seu estágio de timidez extrema.

— Não, não é isso! — coço a nuca, tentando achar alguma forma de falar isso sem que ele fique pior — É que... Bom, é como falar para um padeiro que nunca comeu pão. Eu amo doces, então... Acho que vou ter que te mostrar a minha seleção dos melhores de todos.

Ele ainda olha para o chão, mas seu sorriso demonstra que eu fiz a coisa certa.

— Então — continuo, coçando o queixo — o que eu deveria te dar primeiro...? Ah! Marshmallows, claro — ando apressadamente até um canto da loja, onde fica uma pequena lata vermelha, cheia de marshmallows feitos aqui mesmo, assim como quase tudo que se vende aqui. Tiro de lá dois deles e entrego um a Jean. — Prova isso.

Ele coloca o pequeno doce branco na boca e, após algumas mordidas, dá um sorriso encantador, que me faz corar, como se nunca tivesse visto algo tão belo assim.

— É bom. Muito bom mesmo — fala, ainda com a boca cheia, e quando percebe isso, tampa rapidamente a mesma, corando um pouco.

— Então você vai adorar as balas de caramelo com ameixa — dou um leve sorriso, talvez por perceber a enrascada em que me meti.

Eu sei que isso não é certo, mas desde que me conheço por gente, eu... Não tenho olhos para mulheres. É como se eu fosse a maior aberração do mundo sendo assim. Eu já tentei gostar delas. Já até namorei uma menina quando era mais novo, mas... Não consigo fazer isso.

E agora esse homem aparece e estraga o meu pequeno muro de defesa. Torço de verdade para eu não estar me apaixonando por ele, por que isso seria um problema dos grandes.

O resto da tarde passa voando. Depois que comemos os doces, sentamos para conversar e aos poucos ele foi abrindo a guarda para mim.

— Com um pai militar, as coisas podem sem bem... Difíceis, principalmente depois que ele voltou da guerra.

— Ele foi para a guerra? — pergunto.

— É. Foram tempos difíceis para ele. Ele não costuma falar muito nisso depois de ter voltado, então não sei muito bem o que aconteceu lá.

— Quer mudar de assunto? — sugiro, vendo que ele fica um pouco incomodado com esse tópico.

— Acho que seria uma boa ideia — sorri timidamente, agora desviando o olhar, ao invés de olhar para o chão. Já é um progresso.

— Então... Qual é o seu livro preferido?

— Com absoluta certeza, The Great Gatsby. Já leu? A crítica social nele é incrível.

— Crítica social? Eu leio mais por diversão, então não entendo muito dessas coisas. — Olho para o céu, que a essa altura já está negro. Droga, já está quase na hora de fechar... — Jean, o que você acha de me ensinar isso de crítica social, e eu te ensino como se faz algum doce amanhã?

— Eu... Acho que posso te ensinar, sim — sorri, mas deixa sua expressão se dissipar na mesma hora que olha o céu. — Já está muito tarde, acho que já vou indo.

— Não! — deixo escapar sem perceber — Q-quer dizer... Eu posso te acompanhar até a sua casa, dessa forma nenhum de nós vai sozinho.

— Acho que t-tudo bem por mim — cora. Espera... Ele... Ele acabou de corar?

Fecho a loja o mais lentamente possível e começamos a andar pela cidade. Ele mora na Rue Jeanne d’Arc, então é relativamente rápido ir daqui até lá. O que não me deixa muito feliz. O frio da noite está relativamente agradável, a lua está minguante, e as estrelas brilham imponentes no céu.

— Então, há quanto tempo você mora aqui? — pergunta ele, enquanto tento não pensar que o tempo já está acabando.

— Desde que nasci, acho — sorri. — Não me lembro muito bem de algumas coisas da minha infância. Isso chega a ser engraçado de uma forma estranha.

— Engraçado? — indaga.

— Tem coisas que a gente lembra nitidamente sobre a nossa infância, e coisas que a gente não faz a mínima ideia que tenha acontecido. Por exemplo — coloco as mãos nos bolsos e olho para algum lugar qualquer. — Lembro que quando era criança, eu sonhei que estava caindo, e continuava caindo para sempre. Mas meus pais me diziam que eu, na mesma época, tinha um carrinho azul que eu adorava, e mesmo assim, não consigo me lembrar dele.

— Isso é por que você ficou mais impactado pelo pesadelo do que pelo carrinho — afirma, com o semblante um pouco triste. — As lembranças ruins costumam ficar presas mais facilmente.

— Você parece ter várias dessas — comento. Não sei por que fui falar isso, nós ainda não temos intimidade o suficiente e...

— Tenho, mas acho que já superei a maioria. Meu pai sempre foi muito cruel, porém depois da guerra isso só piorou. Acho que esse é um dos meus maiores pesadelos. Ele — o Jean... Confia em mim para falar essas coisas?

— Você diz como se seus pais fossem o inferno na terra.

— De certa forma — solta um riso controlado.

Acho que os papéis estão se invertendo. Eu normalmente sou bem extrovertido, mas quando se trata de gostar de alguém eu... Fico completamente tímido e nunca sei o que falar. Já ele, parece que a cada segundo se solta mais e mais, a ponto de me contar algo assim.

Estamos próximos à casa dele, e meu coração acelera como se tivesse corrido uma maratona. A rua está completamente vazia e a maioria das pessoas já deve estar em casa, jantando.

Droga. Eu estou gostando dele... Não quero me apaixonar novamente, isso nunca dá certo! Ok, Tony, você consegue, é só esperar ele entrar em casa e ir embora o mais rápido que puder. Nunca mais olhar na cara desse sujeito.

— Então é isso — afirmo, seguindo sem ao menos me despedir propriamente. Sei que fui mal educado, mas... Tenho medo de não conseguir ir embora se me virar.

— T-Tony — chama ele, me fazendo virar. Já falei que quero sumir? — Você... Não vai sumir, não... Vai?

— Como assim? — ele lê pensamentos ou coisa do tipo?

— N-n-nada não... Besteira minha. Eu... Eu tenho que ir.

— Agora eu quero saber! — exijo uma resposta, o segurando pelo braço.

— É que... Você tem sido tão legal comigo e você é um bom — toma algum tempo para prosseguir — amigo. Não quero que você suma como todos os outros.

— Eu não... — ele é irritantemente charmoso assim. Mesmo tendo me chamado de amigo, não consigo resistir. — Eu não vou sumir. Prometo.

***

Algum tempo se passou desse aquele dia, acho que um ano ou coisa do tipo. Nós nos tornamos grandes amigos e até hoje ele passa na loja praticamente todo dia para conversarmos, o que só tem feito piorar meu amor por ele. E para piorar ainda mais, ele tem sido especialmente amável nas últimas semanas. Sorri muito e sempre tem algo doce para dizer quando preciso de conforto.

Tenho certeza de que tudo na sua vida vai acabar nos trilhos certos, é só ter coragem para enfrentar os desafios que a vida te impõe — disse ele.

Droga, não tenho coragem para enfrentar isso, por que eu não posso simplesmente dizer que gosto dele! Eu seria excluído de toda a cidade por ser... Assim.

Nas últimas semanas, ele tem agido diferente comigo, como se quisesse se afastar, mas mesmo assim não parou de me ver. Jean apareceu na loja novamente, e é sempre bom vê-lo aqui. Principalmente por que ainda mantenho a tradição de eu acompanhá-lo até sua casa.

— Então, vamos? — sugiro.

Ele assente com a cabeça, e após fecharmos a loja, começamos nosso pequeno caminho.

— Está animado para o final de semana? — pergunta ele.

— Ir para um parque de diversões é o que eu chamo de diversão — rio. — Claro que sim. E, como está indo com a sua família? Tentou conversar com eles sobre morar sozinho?

— Sim — seu semblante se endureceu e ele parou na calçada. Mesmo a Rue Joanne d’Arc sendo movimentada, a essa hora quase ninguém aparece por aqui. — Eles ainda acham que eu tenho que casar primeiro.

— Mas você pode acabar achando uma mulher que te encante — me dói dizer isso, mas... Tem que ser feito. Ele não pode suspeitar de mim.

— Esse é o p-problema, Tony — suspira. — Eu não quero achar uma.

Meu coração resolveu fazer uma maratona novamente. Eu já disse que isso já está me irritando a essa altura? Eu crio expectativas, só para saber que elas vão ser trituradas no futuro.

— Como assim? — indago, ficando de frente para ele.

— É c-complicado — fita o chão. Eu conheço esse olhar muito bem.

— Jean... É melhor dizer, ou eu vou fazer picadinho de você — ameaço-o de brincadeira. — Você sabe que as minhas cócegas são capazes de tirar qualquer informação de qualquer pessoa.

— Ok, ok, eu conto — responde, rindo, mas em seguida, se sentando no meio fio e ficando tão para baixo quanto antes — Tony... Eu só sou seu amigo. Não converso com mais ninguém desde que nos conhecemos, e isso só acontece por que eu sou tímido demais para conhecer outras pessoas.

Sento-me ao seu lado sem saber o que pensar. Mesmo com toda essa intimidade que construímos com o passar do tempo, ele não costuma dizer mais de duas frases, então sei que o que ele vai dizer é extremamente serio.

— Eu n-não sei o que eu tenho. Desde criança tenho dificuldades para conversar com os outros, e os livros são tão mais interessantes do que o m-mundo real... É como se neles, eu pudesse sentir a felicidade que eu não tenho aqui. Aí você chegou e fez essa coisa toda de timidez sumir tão r-rápido, que eu acabei... — calma, Tony. Ele não vai se declarar para você. Não crie expectativas, você sabe que isso não é verdade. — Olha, eu sei que parece loucura, mas eu provavelmente... Provavelmente estou a-a-a-a-apa...

Ótimo, uma crise de gagueira! Logo agora que ele ia... Deixa para lá.

— Jean, respira devagar... — coloco a mão em suas costas para tentar acalmá-lo. — Isso, assim mesmo. Você não precisa falar agora. Se acalme, antes que você acabe ficando com falta de ar novamente.

— N-não — murmura, ainda com dificuldades para falar. Ele toma bastante ar e despeja o mais rápido que pode, tampando o rosto em seguida. — Eu estou apaixonado por você.

Agora é a minha vez de ficar sem conseguir falar. Minha boca seca de repente, e meu coração... Bom, nem vou falar dele. Eu fito o chão sem saber como agir. Se ele disse que gosta de mim, então...

— Você só pode estar brincando comigo, não é? — pergunto secamente.

— N-não eu... Eu realmente gosto de você. Eu sei que isso é louco e que vou acabar perdendo a sua amizade, mas eu te peço para que... Não conte para ninguém que isso aconteceu — se levanta rapidamente, caminhando na direção de sua casa.

Levanto-me o mais rápido que posso e agarro seu braço. Decido me guiar pelos instintos, e ele me dizem que eu não posso deixá-lo ir embora.

— Por que você não disse isso antes, Jean?

— P-P-Por que eu... Não queria que você parasse de falar comigo — Seus olhos estão arregalados diante da minha atitude imprevisível.

Sorrio como nunca sorri antes na minha vida e de supetão, colo meus lábios aos dele, posicionando minhas mãos em sua cintura e o puxando para mais perto de mim. Ainda bem que a rua está vazia. Após alguns segundos de surpresa, ele coloca timidamente suas mãos em minha nuca e retribui o beijo.

É como se meu corpo fosse completamente derretido enquanto nos beijamos, como se todo o tempo que eu passei imaginando com seria se nos beijássemos, tenha sido em vão, por que a realidade é mil — melhor, um milhão de vezes melhor do que tudo que já imaginei.

Assim que nossos lábios se desgrudam, ele continua com as mãos em minha nuca e encosta sua testa junto a minha.

— Isso não é real. N-Não pode ser — balbucia, enquanto sorrimos — Isso é muito melhor do que qualquer livro que eu já tenha lido.

— Isso é melhor do que qualquer doce que eu já tenha comido — rio.

Quero guardar esse momento em mim. Quero guardar cada sensação, cada cheiro, cor, toque, para nunca esquecer. Nunca em toda a minha vida me senti mais completo do que agora.

— Ainda quer ir ao parque nesse final de semana? — pergunto.

— Eu vou para q-qualquer lugar com você — sorri, olhando esperançoso em meus olhos.

O amor ensina. Ensina que marshmallows são os melhores doces, que The Great Gatsby talvez seja o melhor livro dessa década, que timidez pouco importa quando se gosta de alguém e que principalmente... Nunca se deve desistir dele.

Então não desista. Por que ainda há muito para aprender.


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Notas finais do capítulo

Então! Curtiu? Favorite, comente e se possível recomende que você vai estar me ajudando pra caramba. Eu respondo todos os comentários, então não seja tímida(o) e me escreva alguma coisa :D