Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 77
Capítulo Três - E quem vai te salvar quando eu me for?


Notas iniciais do capítulo

Hoje me senti um pouco inspirada e quase que termino a fic num dia só (brincadeirinha) mas a sensação de já ter o final pronto na cabeça é boa demais. Bom, a fic vai seguindo no seu ritmozinho e estou gostando muito do ritmo que está tomando e da maturidade que nossos personagens queridos estão adquirindo. Espero de coração que gostem.
AH, e IMPORTANTE!
A música que Castiel ouve no rádio e canta é sunshower, do (RIP)Chris Cornell, um cara foda (desculpe o uso da palavra) que partiu muito cedo. Usei o refrão. Link da música: https://youtu.be/KO6odc5VJmY
Quanto à música relativa à partida de Tsubaki e o nome do capítulo é essa aqui: 'Watch Over You'
Link pra quem quiser (versão que me isnpirou): https://youtu.be/LK3NuxO3Ke0



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                Ela passava a mão pela nuca, massageando cada centímetro da própria pele. Os ombros estavam tensionados, ela definitivamente precisava de descanso. Agora com Viktor em casa, ela não precisava dos favores dos amigos para olhar Ethan e isso já era um grande alívio. Não queria importunar os amigos com assuntos que não eram deles.

                Margarida, mãe de Tsubaki a liberou mais cedo em consideração à sua amizade pela filha. Era hoje. Infelizmente veria sua amiga partir por tempo indeterminado. Seu coração apertava, enquanto o sol queimava sua pele na entrada do restaurante. Ela já tinha trocado a roupa e guardara o uniforme lá na cozinha. Tinha um reserva e buscaria amanhã. Estava fazendo muito calor e mesmo a blusa de alça e a saia jeans que usava pediam para fugir dali. Suspirou e começou a atravessar o estacionamento. Havia marcado de encontrar Tsubaki na estação de trem à 16. Margarida a liberou às 14 para que tivesse tempo de respirar antes de ir para a estação. A mãe de Tsubaki estava certa. Natsumin precisava de férias. Mas ela só poderia tê-las depois que terminasse o período. Não podia trancar a faculdade. Não quando faltava tão pouco para acabar.

                Natsumin se distanciou de seus próprios pensamentos ao ouvir o acender de um isqueiro.

                Ela olhou para trás. Castiel a olhava encostado à uma picape preta enquanto tragava.

                Natsumin virou o corpo para ele. Devolveu o olhar em silencio.

                — Pelo visto há muita coisa que eu perdi enquanto estive fora. Muita coisa que não me contaram.

                O coração de Natsumin apertou. Ah, não. Ethan.

***       

                Lysandre passou a mão pelo pescoço da amada, depois depositou um beijo ali.

                — Lysandre. — Ayuminn o devolveu um olhar de ternura. — Você não está ajudando assim.

                — Me desculpe. — Lysandre deitou Ayuminn na cama, em seguida sentou aos seus pés. Os olhos eram os mesmos olhos apaixonados em anos. Ayuminn queria conservar aqueles olhos para sempre. — Você é tão linda que não consigo tirar os olhos de você.

                — Pois não tire. — ela inclinou-se para frente e beijou os lábios dele. — Nem por um segundo.

                — Nunca tirarei meus olhos de você. — ele a beijou. — Mas você está carregando nosso filho. Não quero que se machuque.

                — Foi só uma tontura. Isso acontece. — ela se ajeitou nos travesseiros da cama box.

                — Não frequentemente. — ele pôs a mão sobre a dela. — É o estresse, não é?

                Os olhos de Ayuminn se encheram de lágrimas. Aquilo já respondia.

                — Me desculpe. — ela tentava prender as lágrimas. — Mas eu ainda tinha esperança.

                Lysandre suspirou. Em seguida, deitou-se ao lado da amada. Ela aconchegou-se na cama king, a colcha branca, junto ao casal de cabelos prateados, a luz que emanava da porta de vidro que dava pra varanda do apartamento que os dois dividiam sozinhos, finalmente, fez com que parecesse dois anjos naquele momento.

                — Eu também gostaria que meus pais viessem ao nosso casamento. — Lysandre deitou a cabeça no ombro dela e ela levantou a cabeça para olhá-lo nos olhos. — Não é culpa sua querer isso. Na verdade, é completamente normal. Embora... impossível.

                O rosto domado de lágrimas de Ayuminn beijou o nariz, os olhos, em seguida os lábios dele. Há um ano, o pai de Lysandre sofreu as consequências de um câncer no fígado e não resistiu. Poucos meses depois a mãe dele também se foi. Dizem que quando o amor é verdadeiro, um não consegue viver sem o outro. Ayuminn sentia aquilo naquele momento. Ver Lysandre daquela forma lhe partia o coração. Os pais de Ayuminn se recusaram a atender á cerimônia devido à sua rebeldia no passado e, provavelmente influenciados por seu irmão problemático. De alguma forma, parecia ser mesmo melhor assim.

                — Tenho certeza de que eles estarão lá, meu amor. — Ayuminn sorriu para o amado.

                Lysandre levantou o tronco e levantou o vestido de Ayuminn. Olhou aquela barriga alva protuberante e beijou-a. Depois, seus lábios.

                — Tsubaki já foi? — Lysandre perguntou, preocupado.

                — Ela marcou às 16. Ainda deve estar em casa. Por que?

                — Pedi a uma pessoa para leva-la. — Ayuminn iluminou-se com a resposta dele. — Eu não quero te impedir de ver a partida da sua amiga.

                Ayuminn cobriu o rosto dele de beijos.

                — Mas você tem que prometer que controlará suas emoções. — ele tomou o rosto da amada nas mãos. — Você está frágil ultimamente, Ayuminn.

***

                — Castiel, eu...

                Ele avançou em sua direção como um tufão e ele perdeu as palavras que estavam na ponta da língua. A abraçou com força. Natsumin franziu o cenho e os braços sequer o abraçaram de volta de tão surpresos.

                — Me desculpe. — ele pronunciou com os lábios nos cabelos dela.

                — Hm. — Natsumin não sabia o que dizer. Ele estava pedindo desculpa por... fazer um filho nela?

                — Eu não sabia que Debrah tinha sido cúmplice do idiota. — Castiel se separou do abraço e tomou o rosto de Natsumin em suas mãos. — Eu achava que ela tinha sido feita de peão, mas... Por que você escondeu isso de mim, Natsumin?

                O rosto da moça se confundia entre alívio e arrependimento.

                — Eu mereço a verdade. — ele a encarava com dureza.

                — Você precisava dela. — Natsumin respondeu sem hesitar.

                Castiel suspirou e acendeu mais um cigarro.

                — Não negue. — Natsumin o pressionou.

                — A que preço? — o ruivo expeliu a fumaça enquanto falava e, naquele momento, Natsumin percebeu que Castiel estava, na verdade, mais inseguro do que devia. Estava fumando demais. Ele não era assim, fumava muito de vez em quando. Queria perguntar qual era o problema, mas sentia que não devia.

                Castiel passou a mão pelo rosto mais uma vez e Natsumin notou que ele tremia.

                — Onde você está indo? — ele perguntou com a voz rígida.

                — Desculpa, mas isso não diz respeito a você.

                Castiel tragou mais uma vez. — Eu vou te dar uma carona. Para de ser uma garota mimada e me diga a verdade dessa vez.

                — Castiel. — Natsumin tentou interrompê-lo.

                — Não é você quem decide.

***

                Viktor sentou-se no sofá com Ethan no colo. Ayuminn estava de pé, mostrando a ele um trenzinho de brinquedo que falava e arrancava risadas do menino. Lysandre sentou-se no sofá de frente para o de Viktor.

                — É realmente uma pena. — Viktor deixou que Ethan fosse brincar com o trenzinho no chão. Em seguida, suspirou. — Mas a cidade já estava comentando. A própria Melody não conseguia mais esconder que sabia. O pai dele estava querendo expor os dois.

                — Você conseguiu achar o Nathaniel? — Ayuminn tinha a expressão preocupada.

                — Ainda não tive muito tempo para procurar. — Viktor soltou um suspiro. — Cheguei ontem à noite e a Tsubaki estava lá em casa com o Alexy. Ela não parecia bem.

                — E a Natsumin? — Lysandre perguntou.

                — Vai direto do trabalho. — Viktor confirmou.

                — É preocupante. — Lysandre passou a mão pelos cabelos. — Nathaniel não está muito bem.

                — Há rumores de que ele está bebendo desde ontem. — Viktor balançou a cabeça.

                — E ninguém sabe onde ele está, pelo amor de deus? — Ayuminn alterou um pouco a voz e Lysandre a olhou, sério.

                Ayuminn suspirou.

***       

                Tocava Chris Cornell no rádio e Castiel mantinha os vidros abertos a balançarem seus cabelos com o vento. Ele havia feito a barba, revelando mais de seu belo rosto. O laranja do céu pintava sua pele e iluminava seus olhos cinza. Os olhos de Ethan.

                Natsumin o olhava secretamente de vez em quando, esperando-o tocar no assunto novamente, mas ele apenas dirigia em silêncio. A música aproximou-se do refrão e ele cantou junto, aquela voz bela e rasgada da qual ela se lembrava muito bem.

When you're all in pain

And you feel the rain come down

Oh it's all right

When you find you way

Then you see it disappear

Oh it's all right

Though your garden's gray

I know all your graces

Someday will flower

Oh oh in a sweet sunshower

 

Natsumin deixou-se ouvir a voz dele e perdeu-se na visão da estrada diante daquele belo céu laranja e sem nuvens. Ela não sabia, mas ele também a olhava secretamente. O refrão passou e naquela mesma melancolia, Castiel baixou o rádio.

— Você não tinha direto. — ele murmurou com a voz séria. Natsumin engoliu em seco.

                — De uma forma ou de outra, a escolha final foi sua, Castiel. — apesar daquele momento a agradar, nada mudaria a escolha dele. Castiel podia falar o que quisesse, mas Natsumin sabia que mais cedo ou mais tarde, sabendo da gravidade da acusação de Debrah ou não, ele faria a sua escolha. E seria a música.

                — Eu podia ter ficado. — ele segurou a vontade de acender mais um cigarro, mas a estrada campestre rumo à estação de trem estava livre, não poderia parar.

                — Não, não ia ficar. — ela retrucou, convicta.

                Castiel desviou o carro para o acostamento.  — Você não tem como saber.

                — Eu sei que não ia mudar nada. Só iria adiar. — Natsumin retrucava à altura e aquilo o impressionava de alguma maneira.

                — VOCÊ MENTIU PRA MIM! — ele socou o volante com força e Natsumin o olhou com raiva.

                — No final das contas você não mudou nada mesmo. — Natsumin abriu a porta do carro e saiu com raiva.

                — Natsumin, você vai me escutar. — Castiel bateu a porta e foi de encontro a ela.

                — Eu já escutei o suficiente. — ela deu de ombros e começou a andar para o ponto de ônibus.

                Castiel seguiu-a e andou mais rápido, parando à frente da garota, bloqueando seu caminho.

                — Por que isso agora? O que está havendo com você? — ela finalmente perguntou. Suas expressões eram duras.

                — Eu.. — o ruivo passava as mãos pelos cabelos que o vento cismava de jogar em seu rosto. Ele sabia muito bem que o motivo de seu retorno não era apenas o casamento de Lysandre, até porque o casamento aconteceria em cinco meses ainda. Ele sabia que trazer a turnê dos Tríades para a cidade e os arredores não era por acaso, ele sabia muito bem, ainda mais olhando o motivo de seu retorno ali, diante de seus olhos, relutante. Mas ela estava tão distante e isso o deixava enfurecido.

                Ela o olhava também enfurecida.

                — Natsumin. — ele aproximou-se dela, um pouco demais até.

                — Natsumin! — e então uma voz masculina e uma maldita buzina interrompeu aquele momento.

                                                                               ***

                No banco de trás da BMW de Viktor, Natsumin abraçava seu filho, que se maravilhava com os campos preservados ao longo da estrada. Ela olhava aqueles olhos grandes e cinza iluminados pelo laranja do sol e tudo em que conseguia pensar eram nos mesmos de Castiel. Olhos que também olhava a estrada maravilhados daquela maneira. Havia algo muito forte que havia mudado em Castiel, ela não conseguia entender o que era. Era intenso. Ele tentava dizê-la algo, como se tentasse tirar dela alguma verdade além a de Debrah. Como se esperasse dela uma reação diferente de todas as que ela teve. Agora já tinha esfriado a cabeça, então podia pensar mais claramente, mas naquele momento, ela só pôde sentir raiva. Por ele, por ter ido embora e nunca ter dado notícia, sequer ter feito uma única ligação. Era mais do que ela precisava. E ele nunca entenderia. Ela poderia ter omitido algumas coisas sim, aquele tinha sido o momento perfeito para dizer que ele tinha um filho, mas o momento passou rápido demais. Ela não teve como se adiantar.

                Ayuminn pôs a mão sobre a sua, como se compreendesse a intensidade daquele momento. Natsumin retribuiu com um sorriso e Viktor olhava a estrada sério demais. Natsumin suspirou. Sabia que mais tarde teria que dar satisfações a ele e odiava isso.

***

Leaves are on the ground

Fall has come

Blue skies turning grey

Like my love

                — Volte. — Natsumin abraçou Tsubaki com força enquanto o trem chegava à estação. — Mas volte. — seus olhos azuis encheram-se de lágrimas naquele momento.  — Quando encontrar a coragem que eu sei que está em você. Volte pra nós. — ela pegou o rosto da amiga nas mãos e a abraçou mais uma vez.

I tried to carry you

And make you whole

But it was never enough

I must go

                — Se eu tiver meu filho precocemente, a culpa vai ser sua. — Ayuminn foi a próxima, abraçando com força a amiga.

                — Ah, chutou! — Tsubaki pulou de alegria, seguida de Alexy e Rosa.

                — Ele tá falando “se manda!” — Alexy prendeu o choro e abraçou Tsubaki com força. — Mas volta pra gente quando puder. — enxugou uma lágrima no rosto de Tsubaki.

                Foi a vez de Rosa, seguida de Viktor e o pequeno Ethan, que pronunciou “Tsu” de forma convincente.

                As meninas e Alexy caíam de amores enquanto Viktor prestava atenção ao redor.

Próximo embarque para Aurora em 5 minutos.

                Das sombras, ele surgiu.

And who is gonna save you

When I'm gone?

And who'll watch over you

When I'm gone?

                Não se sabe ao certo como, Viktor pôde perceber de longe e atentou-se. Natsumin olhou para o comportamento estranho de Viktor e seguiu seu olhar. Nathaniel estava com os cabelos bem penteados e um pouco molhados, usada calças jeans surradas, uma jaqueta escura e tênis velhos. Ao aproximar-se, todos puderam sentir o odor de álcool.

You say you care for me

But hide it well

How can you love someone

And not yourself?

 

And who is gonna save you

When I'm gone?

And who'll watch over you

When I'm gone?

                No meio daqueles olhos e abraços, ela também o viu. Os olhos amarelos retribuíram os olhos dele. Não houve conversa, ou impedimentos, nada estava no caminho dos dois naquele momento. Tsubaki lançou-se nos braços dele num beijo caloroso e lágrimas deixaram a visão de Nathaniel turva. Seu coração batia forte e a vontade era de não largá-la até que o trem parta sem ela.

And when I'm gone

Who will break your fall?

Who will you blame?

                O apitar final foi o que a despertou e num gesto rápido Tsubaki desvencilhou-se dos braços dele. Ela deu uma última olhada antes de entrar no trem e ele correu em sua direção, mas era tarde demais. O trem partiu e ninguém pôde fazer nada.

                Envergonhado, Nathaniel olhou para os presentes ali com os olhos marejados. Natsumin prestou bastante atenção naquele olhar dele e o retribuiu. Talvez, dessa vez, ele aprenda a dar valor agora que a perdeu talvez para sempre. Natsumin conhecia Tsubaki. Ela podia demorar para deixar um amor, mas quando o decidia, não tinha mais volta.

***

                A estrada havia sido a melhor decisão que tomara na sua vida. Mas grandes decisões também carregam grandes fardos. Hoje, Castiel conheceu bem o seu.

                Perder a única pessoa que o entendia, era o seu fardo. E pior, perdê-la para um cara que parecia demais com o seu agressor, isso era quase masoquista. Castiel socava o volante com força, o pôr do sol passava rapidamente e já começava a escurecer. Ele ligou os faróis e tentou não pegar os cigarros. Isso poderia atrapalhá-lo e estava correndo demais.

I can't go on

Let you lose it all

It's more than I can take

Who'll ease your pain?

Ease your pain

 

I can't go on

Let you lose it all

It's more than I can take

Who'll ease your pain?

Ease your pain

                Castiel não se conteve e parou o carro. Retirou o maço dos bolsos. Saiu. Acendeu o primeiro, sentindo o calor invadir seu peito e a nicotina, seus pulmões. Ele já se sentia mais calmo, as mãos estava, menos ansiosas. Se chorasse, seria de frustração. Mas desde pequeno, desaprendeu a chorar e, mesmo se quisesse, não conseguiria.

And who is gonna save you

When I'm gone?

And who'll watch over you

                Castiel sentia-se mais sozinho do que nunca. Tinha os Tríades, tinha a música. Mas a conversa com Lysandre deixou claro que estavam mudando. Ele estava cansado de fazer estrada com bandas por aí. Ele ainda não atingira o que queria, ainda era obrigado a trabalhar com composições de outras pessoas, mas o que queria mesmo era compor sozinho e em paz. Ao ver o show de Natsumin naquela noite, mesmo que através das janelas do lado de fora, sozinho, como sempre passou sua vida, naquela noite teve certeza de que queria compor com ela. Ele se lembrava bem da capacidade daquela menina magrela que hoje era uma mulher e tanto. Ele sabia do talento que ela tinha e, mais importante, do que via em seu coração.

And I will give you strength

When you're not strong

Who'll watch over you

When I'm gone away?

                Castiel guardou o maço depois de fumar três cigarros para se acalmar e voltou para dentro do carro. Guardou os cigarros apagados numa pequena lixeira no carro e seguiu para a estrada, dessa vez, devagar.

Snow is on the ground

Winters come

You long to hear my voice

But I'm long gone

                Então impressionou-se com uma figura vagando sozinha. Não podia ser. Ela desacelerou para ter certeza. Era o reprezentantezinho.

                                                                               ***

                Castiel passou o braço de Nathaniel sobre seu ombro e levantou o rapaz do meio da estrada. Nathaniel murmurou algumas coisas que ele não soube identificar.

                — Relaxa, isso também não me agrada. — Castiel sentou Nathaniel no carona e fechou a porta. Depois que voltou para o motorista, olhou o loiro por alguns segundos. Nathaniel tinha um olho roxo, a camisa estava suja de terra e ele cheirava a álcool.

                — Olha, confesso que esperava tudo de você à essa altura. — Castiel ligou o carro. — Menos a fossa. — ele levantou os ombros e fez o retorno. — Não me leve à mal, mas já sei onde vou te levar, só que não será minha casa. Nunca fomo os melhores dos amigos, de qualquer maneira.

                Nathaniel sorriu. Depois levou a mão à costela. Pelo visto rir também o causava dor.

                Um silêncio atingiu o carro depois que Castiel desligou o rádio. O único som possível era dos pneus se arrastando pela estrada e, de vez em quando alguns gemidos de Nathaniel. Castiel não quis perguntar nada, não era da sua conta. Mas sabia o motivo de eles estar assim muito bem. Quanto tentou levar Natsumin à estação, ela contou algumas coisas. Como se naquele momento ele pudesse ajudar de alguma maneira. Por ironia do destino e por ter zombado dela ter feito menção de ele ajudar o represente, cá estava ele o fazendo. Maravilha.                    

                — Você tá um trapo, cara. — Castiel quebrou o silêncio. — Mas sabe, seja lá o que for, a vida segue.

                Nathaniel olhou para a janela. Como o destino era realmente um grande filho da mãe. Castiel era quem o estava ajudando. Justamente o cara que ele mais detestava. De toda forma, ele não estava errado. Ele precisava seguir em frente. E já sabia como.

                — Me deixa ali naquele ponto. — Nathaniel apontou para um ponto de ônibus há poucos metros adiante com a cabeça.

                — Hm.. Nah, melhor não. — Castiel balançou os ombros. — Vai assustar os motoristas desse jeito. — ele apertou a mão no volante. — Vou te deixar num lugar seguro. A não ser que tenha um lugar pra ficar. Tem?

                Nathaniel permaneceu em silêncio.

                — É. Isso responde.

***

                Quando chegaram ao apartamento, Lysandre abriu a porta rapidamente. Ele tinha a expressão de surpresa, mas Castiel não se importou, afinal, era óbvio que Lysandre se surpreenderia com aquela parceria excelente. Um músico em crise existencial e um ex-representante em trapos. A combinação era perfeita.

                Castiel entrou sem se incomodar com formalidades e deparou-se com um pouco mais do que esperava na sala.

                Sentados como uma família feliz, estavam Natsumin, o riquinho e...

                Uma criança que era a cara dele.

— Olha, representante, uma reunião. — Castiel estampava um sorriso de coiote no rosto. — E, pelo visto, não fomos convidados.


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Notas finais do capítulo

É, hoje eu to que tô, uma máquina. Não esqueçam de escutar as musiquitas do capítulo pra sentir o climão e, por favor, comentem, favoritem, recomendem.. Isso ajuda demais ♥



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