Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 46
Capítulo Quatro - E a noite traz seus encantos


Notas iniciais do capítulo

Maratona!♥



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Os galhos secos das árvores medianas da região dos lagos encontravam-se de maneira brusca, provocando um barulho provocador. Crac. Crac.
Todos dormiam. Ou melhor. Quase todos.
A casa de dois andares fora dividida. No andar de cima, dormiam as garotas. No de baixo, os rapazes se virariam. A sala estava repleta de corpos masculinos, espalhados pelo chão como verdadeiros mortos-vivos. Kentin, que fora um dos primeiros a entrar, ocupava um dos sofás e, Castiel, o outro. O ruivo havia praticamente expulsado Armin dali e o garoto saiu para não causar uma má impressão na frente de Natsumin. E ainda, evitar confusão naquela noite, aparentemente calma.
Alexy tinha os lábios entreabertos e babava um pouco. Em seus sonhos ele tinha um cartão de crédito ilimitado e podia comprar as roupas que quisesse, sem medo no próximo mês. Armin sonhava com Natsumin vestida com uma sósia de Assassin’s Creed, totalmente sexy com as botas marrons, as roupas masculinas convertidas em um vestido branco sexy, o capuz de mesma cor e a capa vermelha por dentro e branca por fora sobre o ombro direito. Ela estava absolutamente fantástica.
Kentin ronronava um pouco, em razão do resfriado iminente. Ele sonhava com Natsumin, mas ela era apenas uma garotinha. Uns sete anos. Ele, é claro, tinha a mesma idade que ela. E eles se escondiam juntos no pique-esconde.
Nathaniel estava perdido em seus sonhos. Tinha um caminho a seguir, mas em seu final havia um abismo. Ele só tinha uma opção, Ou seguia em frente e caía, ou voltava para o início, arcando com sérias consequências.
Castiel sonhava com o retorno de Debrah. Mas, ao contrário do que ele esperava, aquilo o causava apreensão. E não apenas alegria, como era esperado.
No andar de cima, Natsumin era a única acordada. A menina deitou-se de bruços, procurando dormir, mas era impossível. Era impossível fugir daquilo, não se entregar. As palavras corriam à sua frente, como se quisessem zombar do seu autocontrole, da sua vontade de parecer uma garota comum. Mas esse era o problema. Ela não era.
A garota se descobriu lentamente, procurando não emitir um barulho sequer. Prendendo a respiração e mordendo os lábios, Natsumin dirigiu-se à porta lentamente, antes de fechá-la às suas costas.
— Ufa. — ela deixou escapar um suspiro.
Suas órbitas azuis rodeavam o caminho, encontrando finalmente as escadas que levavam a um corredor estreito, em seguida, à sala e a porta da entrada. A menina percorreu o caminho, agora mais rapidamente. Não podia deixar aquelas palavras fugirem, não podia desperdiçar o que estava dentro dela. Apesar de ser injusto, apesar daquilo lembra-la que ela não merecia sequer existir, Natsumin necessitava daquilo. Era aquela sua condição de ainda se deixar viver com a culpa.
Como um vulto, ela pegou sua pequena bolsa de couro, que estava na mesa de centro da sala e transpassou a alça fina por seu corpo, deixando-se ser acompanhada pela noite. Ela abriu uma das janelas de madeira e pulou-a. A porta, que tinha a fechadura atingida pela maresia, rangia quando era aberta. E aquilo poderia acordar os rapazes.
Natsumin sentou-se sobre a janela e sentiu imediatamente um aperto no peito. Um ruivo estava deitado sobre o sofá, usava apenas uma regata preta e mão direita estava sobre o abdômen. Seu belo rosto era ligeiramente iluminado pela luz lunar oriunda da mesma janela que Natsumin abrira.
A garota balançou a cabeça, obrigando-se a esquecer. Esquecê-lo. Nunca sentiu nada demais por ele. Não se permitiria que acontecesse agora.
Não mesmo.
Seus pés atingiram a areia fina e fria. À sua esquerda, o grande matagal chamado de reserva, lembrava-a de abutres e bichos noturnos. Mas, aquela escuridão e calmaria, de certa forma a chamavam para o perigo. Natsumin resolveu enfrentar esse perigo.
***
Esse foi o meu erro
Como pude achar que merecia?
Não posso ser perdoada
Sou uma vida desperdiçada.
Porque as cinzas daquele passado me lembram
De quem eu não sou
Não mais.
Natsumin largou a caneta. O objeto caiu sobre seu colo, rolando até se acomodar nos vestígios de areia e capim. Pingos largos chocavam-se contra a folha de papel, borrando as letras, que expeliam a tinta azul pelas bordas. Natsumin encontrou-se em meio à tristeza e à solidão que a muito tempo tentou esconder de si mesma.
12 de julho. Sim, hoje era 12 de julho. Uma data comum para todos que estavam naquela casa de madeira, agora tão distante de Natsumin. Mas para ela, era um data péssima. Doze de julho era o aniversário de seus pais. Sim, dos dois. Era uma coincidência engraçada, mas agora para Natsumin, não havia nada de engraçado naquilo. Nada de legal, de coincidente.
Natsumin deixava-se ser atingida pelas lágrimas. Tinha se permitido chorar um pouco. Pelo menos por hoje. Ela não tinha mias vontade de viver. Queria trancar-se para sempre, permitir-se sofrer. Por isso, não estava se importando com Castiel. Sabia que merecia ser largada daquela maneira por algo que nem ela mesma sabia o que era. O ruivo não a havia contado e ela nem se preocupou em saber.
A menina se dispersou de seus pensamentos quando um barulho estranho a tirou de seu mundo amargo. Algo mexia no seu pacotinho de batatas chips e agora o puxava para a escuridão da mata.
— Mas o que...? — a menina levantou uma das sobrancelhas em suspeita, em seguida levantou-se à procura da bolsa de couro preta. Suas órbitas azuis seguiram uma alça fina de couro, que era arrastada para a escuridão, juntamente com o pacotinho de batatas e seu... celular.
— Quem está aí? Devolva a minha bolsa! — Natsumin levantou-se em um único impulso, deixando as folhas de suas composições caírem no chão e se espalharem pelo mato.
***
Castiel havia ouvido o barulho da porta. O ruivo indagava-se se seria prudente segui-la. Afinal Natsumin era uma completa cabeça de vento e com certeza se perderia. Mas, ele sabia muito bem que a aproximação dela o deixaria... Perturbado.
Depois de relutar, o ruivo levantou-se e seguiu para a mata. Em silêncio.
***
Natsumin arquejou.
— Quem está aí? — a garota virou-se para trás, seu coração disparara com o barulho. Era como um ronronado baixo, ou um rosnado tímido. Poderia ser um bicho perigoso?
Ela escutou novamente o barulho do saco de batatinhas.
A menina passou as costas das mãos pelos olhos a fim de limpar todas as lágrimas, o que não era possível. Ela caminhou a passos lentos, observando novamente a alça da bolsa. Natsumin virou-se para o objeto e seguiu-o.
— Me dá isso! — Natsumin ajoelhou-se rapidamente e agarrou a alça da bolsa. Algo a puxava, mas Natsumin não conseguia distinguir o que era, em razão da escuridão. Seus dedos molhados pelas lágrimas acabaram soltando a bolsa e ela caiu para trás. A “coisa” correu, arrastando novamente a alça da bolsa consigo. Natsumin seguiu-a novamente, até que a criaturinha parou de correr.
Natsumin prendeu a respiração e se aproximou vagarosamente.
— Peguei! — a menina jogou-se no chão, agarrando a bolsa. Dois pares de olhos azuis profundos a encaravam assustados.
— Olá. — Natsumin sorriu, pegando o pequenino filhote travesso nas mãos. Fora um gatinho preto de brilhantes olhos azuis e menos de vinte centímetros que havia roubado sua bolsa e suas batatinhas.
Meow
O pequenino miou, tremendo de frio. Os dentes de Natsumin chocavam-se. A menina podia sentir todo o corpo ser tomado pelo frio. Ela levantou a blusa e enrolou o gatinho na parte de baixo da blusa, em seguida abaixou-se para pegar a bolsa.
— Não acha que é muito tarde para uma menina linda estar fora de casa?
Natsumin ouviu a voz às suas costas. Agora, não só o frio a perturbava.


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Notas finais do capítulo

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