Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 39
Capítulo Trinta e oito - A menina e seu passado


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura! ♥



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Castiel estava com as duas mãos nos bolsos da calça jeans escura, enquanto deixava-se ser atingido pelos pensamentos. O pátio de Sweet Amoris estava vazio e, como já era de se esperar, ele estava matando a aula de história. Odiava história e tudo o que havia nela, mas, principalmente, odiava a senhora Flynn, que gostava muito bem de cuspir nos alunos durante as aulas.
          Ele respirava fundo, seu peito subia e descia calmamente sob a blusa preta de Winged Skull, sua banda favorita. Uma brisa fria tomava o final da tarde. As aulas estavam acabando, mas ele preferia ficar ali, esperando-a sair.
          Castiel não entendia porque não a tirava de seus pensamentos. Natsumin era apenas uma menina comum. Por que esse interesse repentino? Não gostava dela, não devia. Ele não queria gostar mais de ninguém. Não queria que o que aconteceu antes se repetisse. De jeito nenhum.
          E podia começar , indo logo para casa. Não tinha que ficar ali. Não era sua obrigação espera-la sair. Isso apenas o ajudava a pensar coisas ruins, a não tirá-la da cabeça. Precisava acabar com toda essa palhaçada. E, apesar de ter sido ele mesmo quem fez a maldita aposta, agora era ele mesmo quem queria que ela acabasse.
         Não aguentava mais vê-la sair do banho, observá-la — mesmo que sem querer. — escovar os cabelos negros e trocar a roupa. Não conseguia tirar a imagem de Natsumin usando apenas roupas íntimas. Castiel não conseguia tirá-la da cabeça desde esse dia. Ele agora estava mudando seu pensamento. Natsumin não era comum. Definitivamente não. Ela era orgulhosa, rude, fria, completamente maluca e engraçada quando queria. Mas, ao mesmo tempo, talentosa e bondosa. Natsumin era diferente, com certeza.
         Castiel se deu conta de que não deveria estar pensando nela daquela maneira.
         O ruivo direcionou-se rapidamente para o portão de ferro. Ele ia sair dali. Precisava ir para casa, não valia a pena espera-la sair da sala de aula. Castiel pôs a mão direita na fechadura e preparava-se para abri-lo quando ouviu a voz de alguém. Era Natsumin. Estava acompanhada do garoto esquisito e de cabelo azul.
         Castiel trincou os dentes e apoiou-se no portão de ferro. Ficaria ali pelo menos mais um pouco.           
                                                       ***
         — Você foi demais, Natsumin! — Alexy pegou-a pela cintura, girando a menina no ar. — Nós fomos demais!
         Alexy tinha o sorriso largo estampado no rosto. Ele e Natsumin haviam acabado de falar com Dajan. O garoto, sem pensar duas vezes, havia imediatamente ido ao encontro de Kim, sem sequer hesitar. Alexy se sentia um às na reconciliação de casais e agora era seguido de sua fiel escudeira, Natsumin! 
          — Fomos mesmo! — Natsumin sorria da mesma maneira que se lembrava de sorrir antigamente.
          — Há há Vou fazer isso todos os dias! — Alexy sorria, ainda rodopiando o corpo da menina no ar. — Alexy cupido ao seu dispor!
          — É mesmo! — Natsumin deixa-se ser girada pelo ar, apreciando o vento em seu rosto e a amabilidade de Alexy. Ela sorria como nunca mais havia sorrido antes. Era um sorriso sincero, aberto, belo. Natsumin se sentia bem, mas, ao mesmo tempo, se sentia culpada. Não deveria estar sorrindo, muito menos feliz. Ela carregava o fardo da morte dos pais e... Não podia se deixar ser feliz.
          Natsumin deixou o corpo leve cair delicadamente das mãos de Alexy. Ele a deixou deslizar, até seus pés alcançarem novamente o chão.
          Alexy pôde sentir a tensão em Natsumin. Ele podia perceber que havia algo de diferente nela. Ela não podia deixa-la se sentir daquela maneira. Apesar do pouco tempo em que a conhecia, suas palavras eram sinceras. Ele a amava. Sim, a amava. Como uma amiga, é claro. Na verdade, como uma irmã. E, o agoniava saber que ela preferia sofrer sozinha a compartilhar algo com alguém.
          — O que há Natsumin? — Alexy observou os olhos azuis cintilantes da menina se tornarem opacos.   
          — Nada. — Natsumin soltou um sorriso tímido, mas Alexy percebeu que não era um sorriso sincero.
          Natsumin não queria falar. Não queria mostrar para as pessoas sua fraqueza interior. Ela queria parecer forte para que ninguém tentasse machuca-la. Ela devia ser forte. Havia prometido isso a si mesma desde o início. E cumpriria custe o que custasse.
          — Vamos, Nat. — ele sorriu, puxando-a pelo ombro, para que seu corpo se chocasse no dele e ele pudesse abraça-la de lado. — Sei que há algo de errado.
          Natsumin piscou os olhos agora ganhavam um tímido brilho. Ela sorriu sem mostrar os dentes e, em seguida, assentiu com a cabeça. Agora, precisava de Alexy. Não queria perde-lo novamente. Ela contaria, mas seria à sua maneira.   
          Mas agora, precisava de Alexy. Não queria perde-lo novamente. Ela contaria, mas seria à sua maneira.   
          — É... Bem... Uma amiga. — Natsumin hesitou, sentindo-se uma idiota por ser daquele jeito. Ela suspirou, pronta para mergulhar nas suas memórias. — Ela está decepcionada porque não consegue aceitar sua personalidade fria e, ao mesmo tempo, está cercada por problemas do seu passado. Ela não consegue entende porque sempre que tenta se esquecer, tudo retorna da pior maneira possível.
          Alexy mantinha os olhos firmes em Natsumin e percebeu que ela desviava o olhar. Ele sabia muito bem que quando a menina falava de sua “amiga”, na verdade estava se referindo a si mesma. Mas, preferiu entrar no jogo dela e ajuda-la da mesma maneira. Natsumin era muito especial para ele.
          — Olha, Natsumin. — Alexy abriu seu sorriso largo, enquanto focava os olhos cor de rosa nos dela. — Diga para essa sua “amiga” que a melhor maneira de esquecer seu passado é trata-lo apenas como uma lembrança ruim. E, usar essa lembrança ao seu favor. — Alexy sorriu, quando observou Natsumin franzir o cenho. — Fale para ela se lembrar das lembranças boas que vieram antes das ruins. Com certeza ela deve ter tido uma!
          Natsumin sorriu. Alexy era simplesmente a melhor pessoa que ela podia ter conhecido.
                                                             ***
And if you should ever leave me I will crumble
That's just the way I am,
I hope you never leave me
That is just say


       Natsumin vestia o pijama de morangos que havia ganhado no Natal do ano passado, de seus pais. Ela não o vestia desde a morte deles, apesar de ser o seu preferido.
        Seu cabelo molhado caía sob as costas e ela havia prendido a franja molhada com uma presilha para trás, deixando seu belo rosto mais à mostra. Ela passava uma colônia no corpo enquanto preparava-se para dormir na cama-sofá do quarto de guitarras.
         Sua voz saía mais branda e calma, menos presa. Ela mal percebia que estava cantando a composição de Castiel. Mas, não havia se importado muito. O ruivo devia estar provavelmente dormindo e não falava com ela há dias. Não porque estivesse com raiva dela, Natsumin não conseguia decifrá-lo. Mas, ela achava que, era simplesmente por ele não fazer questão e falar.
          Natsumin passou as duas pernas para cima do sofá, sentando-se em cima delas, enquanto esfregava agora o creme hidratante no corpo. Era o creme de sua mãe.
          Natsumin sentia-se bem melhor depois da conversa com Alexy. Era como se o amigo tivesse despertado a parte de Natsumin que sempre existiu, mas que a menina tentava esconder.           

And if you should ever leave me I will crumble
That's just the way I am,
I hope you never leave me
That is just say


          Natsumin deixou-se cantar novamente. Nessa noite, não se preocuparei com nada, nem ninguém. Estava se sentindo perfeitamente bem consigo mesma e sabia que isso não duraria muito tempo. Portanto, precisava aproveitar enquanto ainda durava.
          Ela só se lembrava do refrão, mas valia a pena repeti-lo quantas vezes fosse necessário. Era uma composição tão bela e, para os que não conheciam Castiel de verdade, seria impossível acreditar que era ele quem a cantava.
          — O que falava tanto com o garoto de cabelo azul? — Castiel abriu a porta do quarto de guitarras, fechando-a imediatamente às suas costas. Ele estava sem camisa e exibia os músculos torneados do peitoral liso e os braços fortes e firmes.
           Castiel não aguentava mais. Precisava perguntar. Havia guardado aquela pergunta a tarde inteira. Ela não interpretaria da maneira errada mesmo. Natsumin era esperta demais para isso.
           — O que? — Natsumin virou-se, soltando a colônia no chão com o susto. O recipiente bateu com força contra o chão de linóleo, dividindo-se em vários fragmentos diferenciados. Natsumin observou a cena, perplexa. Agora, Castiel havia conseguido acabar com o seu momento de alegria. — Droga, Castiel! Não sabe que não se deve entrar assim no quarto dos outros? E se eu estivesse nua?
          Castiel sorriu, aproximando-se da menina.
          — Primeiro, a casa continua sendo minha, apesar de você morar aqui. Segundo, eu já te vi nua. — ele sussurrou no ouvido dela. — Ou se esqueceu?
          Natsumin ruborizou, empurrando o corpo de Castiel para trás, enquanto se deslocava para a porta a fim de pegar uma vassoura. Seu pé direito, descalço, atravessou um dos grandes cacos de vidro e a menina, por reflexo, levantou-o com violência do chão.
          — Ai! — Natsumin segurava a perna direita com força, a ponta de seus dedos estavam brancas de tanto que ela os pressionava contra a pele. — Droga! — ela sentou-se novamente na cama-sofá e cruzou a perna direita, virando o pé para cima a fim de observar o ferimento. 
          Castiel estava de braços cruzados, observando a cena, enquanto caminhava na direção dela. Seus pés também estavam descalços, mas o ruivo, esperto, havia feito um caminho diferente, sentando-se ao lado da menina, que fechava os dedos indicador e polegar em formato de pinça, a fim de retirar o pedaço de vidro encrustado na pele grossa do pé.
          — Deixe-me ver logo isso daí. — Castiel sorriu, puxando com força o tornozelo de Natsumin, para que sua perna ficasse sobre o seu colo. — Temos a noite toda para conversar e tenho quase certeza de que você está querendo muito passa-la comigo.
          Natsumin suspirou, sem resistir. A noite estava apenas começando.


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Notas finais do capítulo

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