Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 36
Capítulo Trinta e cinco - A Partida de Dajan


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura! ♥



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Com o susto e o baque, Natsumin soltou o cobertor, deixando-o cair no chão. A menina ficou desorientada, sem saber o que fazer. Suas bochechas coraram de vergonha e seu coração disparou de nervosismo. Se Castiel não a viu de roupas íntimas no dia anterior, então ela havia feito o favor de fazê-lo ver hoje.
            Sério, Castiel voltou o rosto para trás e virou o corpo, andando em direção as escadas, com as mãos nos bolsos da calça de moletom. Ele tentava esconder o rosto ligeiramente corado, parecendo não ligar para o que havia acabado de ver. Mas, esse era o problema. Ele ligava. Só não sabia por quê.
            — Oh Droga, espera! — Natsumin pegou o cobertor e cobriu-se novamente, correndo atrás de Castiel, desajeitada. — Era exatamente com você que eu queria falar! — Natsumin agora estava com ainda mais raiva. Não só de Castiel, como dela mesma. Sua expressão era séria e rígida e as sobrancelhas estavam arqueadas, formando uma ruguinha entre elas.
           Castiel passou a mão pelo cabelo ruivo, sem sequer olhar para trás ou espera-la, que indicava que estava tentando se controlar, ou, talvez, parecer desinteressado. Ele não falaria nada do que havia acontecido no dia anterior. Ela não precisava saber que ele havia tentado tirá-la das garras de Ambre, mas havia sido atingido e, muito menos, que estava compondo para ela. Ela havia acabado de acordar, era impossível Natsumin ter ouvido qualquer parte da música. Ele ainda estava com raiva, mas não era de Natsumin. Ele já estava acostumado a ver alguém dizer que o odeia. Aquilo era bem comum, na verdade. Não seria diferente com Natsumin. Afinal, ela não era especial para ele. Ela era apenas... Diferente.
           E quando a aposta acabasse, toda essa palhaçada e confusão que se formava em sua cabeça toda vez que a via, com certeza acabaria.
           — Só que eu não disse que falaria com você. — Castiel retrucou, chegando ao último degrau, no primeiro andar.
           Natsumin arqueou ainda mais as sobrancelhas, se possível e suspirou, enquanto observava do andar de cima, o ruivo direcionar-se à porta dos fundos. Ela suspirou, controlando-se, enquanto ia atrás de Castiel, ainda enrolada no cobertor.
           — Castiel, foi você quem tirou minha roupa? — ela indagou de pronto, um pouco ofegante, assim que observou o corpo de Castiel, agachado de costas para ela. Os músculos fortes de suas costas estavam tensos e Natsumin podia ver isso pelo fato de ele estar sem camisa. Ele acariciava Dragon, enquanto colocava ração na sua tigela prateada. 
          Castiel não se virou. 
          — Eu te fiz uma pergunta. — Natsumin continuou.   
          — Preferia dormir molhada? — Castiel finalmente falou, sua voz era áspera e rude.
          — Eu não pedi sua ajuda. — a menina retrucou.
          — Depois eu que sou o arrogante. — Castiel finalmente virou o rosto para ela, com um sorriso estampado nele. O sorriso de coiote.
          — Só quando quer. — Natsumin resolveu entrar no jogo de ironias de Castiel. Era melhor do que irritá-lo e não esclarecer nada.
          — Esse é o problema. — Castiel levantou-se, batendo as mãos umas nas outras para tirar os restos de ração e levantando-se, ficando agora de frente para Natsumin. — Eu sempre quero. — ele abriu seu sorriso traiçoeiro e passou por Natsumin, entrando novamente para a cozinha e direcionando-se à sala.
          — Não entendo... — Natsumin seguiu-o. — Por que me tirou da chuva?
          Castiel estava de costas e andava em direção às escadas, para subi-las. Quando Natsumin fez a pergunta, ele parou de andar, com o pé no primeiro degrau. Sua mão estava no corrimão e ele apertou os punhos e Natsumin pôde ver seus músculos tensionados e rígidos ainda mais tensos. Ele soltou o corrimão e virou-se na direção dela.
          Castiel foi rápido. Ele avançou na direção de Natsumin, passando seus braços fortes ao redor dela, fazendo com que Natsumin arregalasse os olhos azuis com o susto.
          — Também não entendo. — Castiel sussurrou no ouvido da garota. Seus lábios roçavam em sua orelha. A ironia no tom de voz dele era mais do que evidente. — Está apenas de roupas íntimas e tudo o que a cobre é uma coberta. — ele soltou um riso baixo, afastando-se dela. — Não devia fazer isso na frente de alguém como eu. — ele retirou os braços da cintura dela e continuou a subir as escadas novamente, trancando-se no seu quarto.
            Natsumin ficou parada por um tempo, observando-o subir. Seu coração disparava e ela não entendia o motivo. Não podia estar... Não, claro que não, era impossível. Mas... O que ele queria dizer com aquilo? Alguém como... Ele?
                                                            ***           
            Uma semana depois...
             — Estão dizendo que ela está um pouco depressiva. — Peggy comentou. — Se é que você me entende. — ele piscou um dos olhos de forma maliciosa para Iris, que arqueou as sobrancelhas, incrédula com a notícia.
            — Como assim? Ela está doente? — Violette indagou, inocente.
            — Doente? — Peggy sorriu, enfiando um dos biscoitos na boca. — Se bem que... — ela abriu um sorriso malicioso. — Até que amor pode ser chamado muito bem de doença.
            — Ela não está depressiva, Peggy. — Iris contrapôs a menina. — Apenas não está...
            — Feliz? — Peggy sorriu com sua indagação.
            — Satisfeita. É isso. — Iris completou, calma como sempre. Ela sabia que não valia a pena discutir com Peggy sobre boatos. Peggy sempre ganhava. — O que você acha, Natsumin?
            — Hm? — Natsumin não estava prestando a mínima atenção na conversa das meninas. Em sua cabeça, ainda giravam pensamentos incomuns. Ela não conseguia parar de pensar no que havia acontecido na semana anterior. “Não devia fazer isso na frente de alguém como eu”. Alguém como eu? Como assim?
            Castiel, como era Castiel, é óbvio, não havia falado nada a respeito do que ele havia dito. E ainda, continuava a agir normalmente, como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse dito nada de mais.
           Ambre e Viktor eram Ambre e Viktor. Natsumin não os denunciou para a diretora. Achava essa atitude infantil e ela sabia muito bem se defender sozinha. Mas, um anônimo havia feito essa proeza e agora os dois se viam suspensos por uma semana. Era até bom. Natsumin podia respirar ar puro. Ar sem veneno.
           Armin estava estranho depois do que havia acontecido entre eles. Embora Natsumin tentasse falar com ele, ele sempre se afastava, dando a mesma desculpa.
            — Agora não posso, Natsumin. Tenho que zerar esse jogo.
            — Não acha que pode zerá-lo em casa? — Natsumin indagava.
            Mas era sempre assim. Ou melhor, foi assim durante toda a semana passada. E agora, Natsumin estava cansada de tentar se explicar. Não havia feito nada demais, ela precisava falar com Castiel naquele dia. Ele havia visto o beijo e...
           Natsumin se via ainda mais confusa agora. Ela não devia se importar com Castiel. Ele mesmo havia dito isso. A vida era dela e ela podia beijar quem quisesse.
           É. Era isso.
           Quando a aposta acabasse tudo voltaria ao normal. Ela voltaria para casa e levaria sua vida adiante, como sempre. Toda essa palhaçada acabaria.
           E, contando com essa semana, faltam extas duas semanas para a aposta acabar e os exames finais começarem. Natsumin mal podia esperar para que esse dia chegasse.     
           — Natsumin!? Eeeei, Natsumin! — Peggy balançava Natsumin de um lado a outro pelo ombro. — Pelo visto não é só a Kim que está estranha.
           — Aconteceu alguma coisa, Natsumin? — Brita perguntou, sorridente, os olhos amarelos brilhavam. Ela agora acompanhava as meninas, visto que sua amizade com Cathy e Diana havia se encerrado desde o dia do golpe de Ambre.
           — Não. Não! Claro que não. — Natsumin sorriu, disfarçando. — às vezes eu gosto de ficar perdida nos meus pensamentos, é isso.
           Natsumin havia aceitado quando Brita a convidou para passar o intervalo com ela e as meninas. Ela sentia-se no fundo arrependida. Não gostava de ficar sabendo da vida dos outros daquela maneira. Além disso, não se sentia muito confortável ouvindo os outros fazendo comentários sobre a intimidade de alguns.  Muito menos de Kim; Ela gostava bastante de Kim, embora não tivesse muita intimidade com ela. Mas, o pouco que conhecia sobre ela já era suficiente. Ela imediatamente lembrou-se das palavras de Peggy para Kim no dia da abertura dos clubes e do jogo de basquete.
           — Só acho que talvez você fosse gostar de saber que a estadia dele por aqui é limitada. Dajan foi chamado para jogar em outro colégio. Com bolsa integral.
           Peggy havia dito exatamente isso a Kim. E a garota havia ficado sem palavras, apesar de ter retrucado. Natsumin lembrava-se perfeitamente desse dia. Foi, inclusive, o dia em que Viktor machucou Castiel durante o jogo e Dajan arrasou com as cestas de três pontos, ajudado pelos ótimos passes de Castiel.   
           Nesse dia, Kim estava muito feliz. E gritava pelo nome de Dajan. 
            — É sobre Kim, Natsumin. — Peggy contorceu o nariz, como se já estivesse cansada de comentar sobre a mesma história várias vezes. — Dajan já tomou sua decisão.   
            — Como assim? — Natsumin indagou, embora já soubesse o que ela iria dizer.
           — Ele vai embora, Natsumin. — Peggy pronunciou, sem hesitar. Aquela era uma informação valiosa e com o sumiço de Kim, ela poderia publicar sua matéria rapidamente. “E então o ídolo escolhe a carreira ao amor”. Ótimo título. Ela já podia imaginar o corpo de repórteres do jornal da escola admirando-a, invejando-a. Apenas ela sabia de toda a história, visto que Kim era sua amiga. É óbvio que Kim a mataria depois, mas ela arrumaria um jeito de se desculpar. Precisava daquela matéria. Iria lhe render ótimos elogios. — Vai para a melhor escola de basquete do país. É em outro estado.
            — Onde está Kim? — Natsumin indagou, revirando os olhos azuis pelo pátio. — Não a vejo desde hoje de manhã.
            — Na última vez que a vi, ela estava na sala da diretora, conversando sobre suas notas. — Melody, que havia ficado o tempo todo calada, confessou. — Não estão muito boas.   
            — A essa altura? — Peggy indagou. — Ela já deve estar sabendo da notícia. E não deve estar nada contente.
            Natsumin arqueou as sobrancelhas, desacreditada, em seguida, levantou-se. Precisava ajudar Kim.


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Notas finais do capítulo

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