Capítulo 26 – Welcome to Stark Tower.

As portas do elevador se abrem, revelando a tão conhecida e luxuosa sala comum da Torre Stark. Sou a primeira a sair do elevador, onde antes eu estava com Bucky, Steve e Tony.

Confesso que estou um pouco receosa quanto ao fato de ter que conviver com Barnes, mas se for pra ajudar o Steve, eu acho que posso aceitar esse desafio.

– Então, picolé número 2, seja bem-vindo a minha humilde Torre. – Stark dá as boas-vindas adentrando a sala logo depois de mim, sendo seguido por Steve e um Bucky muito confuso, provavelmente por conta do primeiro apelido que recebera. O primeiro de muitos, posso presumir – Jarvis, a Pepper está em casa? – Tony indaga o AI, que não demora a se manifestar.

– Sim senhor, ela já está descendo. – Jarvis responde, assustando Barnes, que correu os olhos pelo lugar procurando o dono da voz robótica, e pude notar o sorriso torto nos lábios de Steve ao perceber a atitude de seu amigo – E seja bem-vindo, Sr. Barnes.

– Quem foi que disse isso? – Bucky questiona demonstrando toda a sua confusão e cautela, fazendo tanto Tony quanto Steve sorrirem dele.

– Tudo bem Bucky, esse é o Jarvis, o mordomo da Torre que por acaso é uma Inteligência Artificial. – Steve se dá o trabalho de explicar ao soldado, que apenas assentiu, mostrando que havia entendido.

– Olha só quem chegou. – a voz reconhecível de Pepper chama a nossa atenção, e logo avistei a mesma descendo os degraus da escada rapidamente, aproximando-se de nós com um sorriso simpático – Eu estava esperando vocês.

Sorrio fracamente em cumprimento para a esposa do Stark, observando a mesma se colocar ao lado do marido, sendo abraçada pela cintura, recebendo um selinho rápido nos lábios.

– Bucky, quero apresentar a mulher mais linda que eu conheço... – o moreno começa a falar, fazendo Pepper sorrir sem graça ao mesmo tempo que revira os olhos.

– Olá Bucky, meu nome é Pepper, é um prazer conhecê-lo. – a mesma se apresenta estendendo a mão para cumprimentá-lo, ato que é repetido pelo Barnes – Espero que goste de morar conosco e se sinta em casa.

O soldado apenas assente, calado, sem dar nem sequer um suspiro. Estava na cara que toda aquela transição ainda o deixava confuso, mas ao que parece, ele estava aceitando tudo numa boa, embora não demonstrasse isso abertamente.

Respiro fundo, sentindo o cansaço me dominar, e uma vontade enorme de me jogar em uma cama macia e dormir pelo resto do dia fez-me pronunciar repentinamente, tomando a atenção de todos pra mim...

– Eu vou subir e descansar um pouco, vejo vocês no jantar. – aviso, recebendo acenos positivos de todos.

Simplesmente dou as costas, começando a subir as escadas, e tive a sensação de ter um par de olhos me acompanhando fixamente, fato que confirmei ao avistar de soslaio a figura de Barnes me fitando, e isso de certa forma me intrigou bastante. Porém decidi ignorar o fato e apenas continuar o meu caminho rumo ao meu quarto, pronta para tomar uma ducha e relaxar um pouco.

[...]

Ouço batidas soarem por detrás da porta do quarto, e um pouco relutante, levanto da cama, xingando mentalmente quem quer que tivesse atrapalhado meu momento tranquilo de descanso.

Deveria fazer cerca de umas duas horas que eu acabara meu banho e me deitara na cama, porém sem conseguir dormir, nem mesmo tirei um cochilo, provavelmente o turbilhão de pensamentos em minha cabeça é o responsável por isso.

Enfim chego a porta, e a abro rapidamente, dando de cara com Rogers, que me fitava com um sorriso encantador nos lábios, seus olhos azuis totalmente focados nos meus, fazendo-me sorrir singelamente de maneira involuntária.

– O que faz aqui? – indago, indo direto ao ponto, arqueando minhas sobrancelhas, tentando tirar aquele sorriso idiota da minha cara, e com sucesso.

Steve limpa a garganta, e começa a coçar a nuca de maneira nervosa, e pude notar o suor frio em sua testa. Sorri discretamente com isso.

– Ér... Eu estava pensando... A gente podia fazer alguma coisa, se você quiser, porque eu quero, mas não sei se você vai querer... Mas você pode escolher o que a gente pode fazer, isso se você aceitar, porque se não aceitar tudo bem, eu só... – segurei-me para não rir da cara de Steve ao vê-lo atrapalhar-se todo, tropeçando nas próprias palavras, algo que achei realmente muito fofo.

Apenas arqueio as sobrancelhas, cruzando os braços sobre meus seios por debaixo da regata de cor preta com um leve decote em “v”.

– Por acaso você está me chamando para sair, Rogers? – o interrompo, fazendo o mesmo suspirar aliviado por eu ter entendido o que ele estava tentando fazer, logo depois rindo de si mesmo.

– Sim, eu estou te chamando pra sair comigo. – sinto meu coração acelerar seus batimentos com esta confirmação, e novamente aquele sorriso bobo se fez presente em meu rosto – Você aceita?

Mordo os lábios de uma forma um tanto sedutora, e notei o olhar de Steve sobre eles. Sorri maliciosamente com isso e me aproximei do mesmo, colocando minhas mãos em seu pescoço e colando um pouco nossos corpos, deixando nossos rostos a centímetros de distância.

Com meus lábios roçando nos seus, eu sorri de forma sacana, e pronunciei...

– Vou estar pronta em trinta minutos. – com isso, afasto-me dele e entro no quarto novamente, fechando aporta logo em seguida, deixando um Steve com cara de bobo parado no corredor, fato que me fez rir internamente.

Suspiro, andando até o guarda roupas e começando logo a procurar uma roupa ideal para o meu primeiro encontro com Steve Rogers.

[...]

– Está nervosa? – Pepper indaga curiosa, enquanto eu finalizava minha maquiagem, algo bem leve e não muito chamativo, a não ser pelo batom vermelho em meus lábios.

– Não. – minto descaradamente, mantendo-me neutra diante da situação, recebendo um olhar desconfiado da esposa de Stark, que permanecia sentada em minha cama, enquanto eu me olhava no espelho da penteadeira ao lado – Eu não tenho motivos pra ficar nervosa.

Na verdade, eu tinha sim um motivo bem óbvio para ficar nervosa, qual estava fazendo meu estômago dar voltas. Este será o meu primeiro encontro com o Steve, e de alguma forma eu quero que seja perfeito.

– Okay, se você diz... – a resposta de Pepper me fez suspirar aliviada, pois eu já estava esperando que ela prosseguisse com aquele diálogo – Eu só quero te desejar boa sorte. – a mesma acrescenta, e enfim fico pronta.

Sorrio, grata pelo apoio dela.

– Obrigada Pepper. – agradeço, logo em seguida girando meu corpo, a fim de mostrar o vestido preto não muito curto, com apenas uma alça em meu ombro esquerdo, tendo a saia colada em minhas coxas, estendida até três centímetros acima de meus joelhos – Como estou? – pergunto, ansiosa.

Pepper analisa meu vestido com atenção, logo depois reparando na maquiagem e nas madeixas ruivas e curtas que emolduravam o meu rosto branco. A mesma sorri.

– Está perfeita! – ela exclama, um tanto animada, fazendo-me rir enquanto balanço a cabeça – Acho melhor você ir, Steve está te esperando lá embaixo.

Assinto, começando a andar para fora do quarto, sendo seguida por Pepper, que parecia estar mais ansiosa do que eu para ver a reação de Steve quando me visse. Assim que cheguei as escadas, e desci alguns degraus, já pude avistar o loiro sentado sobre o sofá, com a cabeça baixa, fitando os próprios pés.

Meu coração parou ao perceber como ele estava lindo vestindo aquelas roupas sociais de cor preta, ainda mais com a gravata borboleta que o deixou fofo demais. Respirei fundo, continuando a descer, e quando as escadas estavam quase chegando ao fim, Steve notou minha presença.

Seus olhos me fitaram com encanto, brilhando bem mais que a luz da lâmpada presa ao teto, ele parecia hipnotizado, assim como eu. O observando aproximar-se de mim, enfim coloquei meus pés sobre o piso da sala comum, ficando de frente para Rogers, longos cinco segundos de silêncio entre nós.

– Uau! Você está linda. – o mesmo exclama, fazendo-me corar levemente e sorrir com o elogio.

– Você também não está nada mal. – respondo, o fazendo rir com meu divertimento ao pronunciar.

Observo o mesmo estender seu braço pra mim, e não hesito ao segurá-lo.

– Está pronta para o nosso encontro? – ele questiona, fazendo-me respirar fundo antes de responder.

– Estou.

O sorriso permaneceu em seus lábios, e logo o mesmo se dirigiu a Pepper, que permanecia parada no penúltimo degrau da escada, apenas assistindo a cena.

– Não nos espere para o jantar. – Steve avisa, fazendo a esposa de Tony assentir veementemente, e logo depois acrescenta – E por favor, faça companhia ao Bucky caso ele desça. – o loiro pede, lembrando de seu amigo, que deveria estar se acomodando no quarto que fora dado a ele.

Pepper sorri.

– Não se preocupe Steve, ele está em boas mãos. – a mesma garante, e isso pareceu funcionar, pois senti sua preocupação diminuir – Agora vão, e divirtam-se!

Sorrimos com o tom autoritário e ao mesmo tempo brincalhão de Pepper, nos dirigindo ao elevador, entrando no mesmo prontos para descer até a garagem, onde pegaríamos um dos carros do Tony para ir a algum lugar que Steve pretende me levar, e eu não faço a menor ideia de pra onde vamos.

[...]

[Pepper Potts]

Começo a cortar os tomates, no intuito de fazer uma salada, afinal a hora do jantar será em trinta minutos. Felizmente todos os outros pratos já estavam prontos, pois eu estou preparando o jantar desde que Natasha e Steve saíram, ou seja, há quase duas horas.

Repentinamente ouço um pigarreio atrás de mim, e não hesito ao virar, encontrando Bucky parado a porta da cozinha, observando-me atentamente.

Apenas sorrio, tentando ser simpática.

– Oi Bucky. – cumprimento, recebendo em troca apenas um aceno de cabeça. Realmente é estranho a forma como ele consegue esconder suas emoções, mantendo-se frio o tempo todo – Ér, o jantar ainda não está pronto. – acrescento, tentando não ser muito indelicada. O moreno permanece sério, e eu até cheguei a questionar se estava respirando – Que tal me ajudar a terminar isso? – indago indicando a salada que preparava, o vendo enrugar o cenho.

– Eu não acho que seja uma boa ideia. – confesso que espantei-me ao ouvir o som grave de sua voz, afinal é a primeira vez que o ouço falar algo, mas disfarço isso com um sorriso singelo.

– Tudo bem, você pode arrumar a mesa então. – sugiro, e embora estivesse relutante, ele enfim concordou, aproximando-se um pouco, observando-me apontar para a prateleira onde os pratos eram guardados.

Continuo o que estava fazendo enquanto Bucky tenta arrumar a mesa, embora ele não fizesse a menor de ideia de como começar. Sorrio internamente com isso. Quem o visse agora, atrapalhando-se ao colocar os pratos e talheres nos lugares errados, nem sonharia que ele já foi considerado um assassino perigoso.

Distraída com estes pensamentos, acabei por derrubar a lata com massa de tomate sobre o balcão, e assim que caiu, senti seu conteúdo espirrar pra fora, sujando minha camisa branca bem na área da minha barriga. Não evito gritar ao ver que sujara uma de minhas roupas favoritas, e isso chamou a atenção de Bucky, que rapidamente se aproximou de mim.

– O que está acontecendo aqui? – uma voz masculina bastante conhecida soou repentinamente no ambiente, e de imediato dirigi meus olhos a porta da cozinha, encontrando, pra minha surpresa, Clint e Bárbara parados um ao lado do outro, me fitando com espanto.

Demorei poucos segundos pra perceber que não era a mim que eles fitavam com espanto, e sim o Bucky, que segurava firmemente nas mãos uma faca de tamanho médio, usada para cortar carnes.

Percebo o olhar dos dois mudar rapidamente para a mancha vermelha em minha camisa, revezando entre ela e a faca nas mãos de Bucky. Arregalo os olhos, imaginando os milhares pensamentos e hipóteses que deveriam estar passando pela cabeça do casal... E com isso só pude fechar os olhos, e rezar pra nenhuma tragédia acontecer ali.

Bucky tinha razão, pedir para ele me ajudar não foi uma boa ideia.