Às cinco horas da tarde fui para a casa da Clary com uma mochila contendo a roupa que iria usar mais tarde e roupas para o dia seguinte, também coloquei alguns livros por cima para o caso dos meus pais revistarem minha mochila.

Olhei o endereço uma última vez antes de subir para o ônibus e pedir para o motorista parar no ponto certo. A distância de nossas casas era apenas de quinze minutos, por isso logo estava tocando a campainha e sendo convidada para entrar por uma Clary sorridente.

– Vamos comer alguma coisa, ainda temos tempo de sobra e ainda vamos esperar a Leh - Ela falou me puxando para a cozinha.

– Ela vai se arrumar conosco?

– Sim, depois que contei para ela que você viria, ela ficou animada e quis vim para nos arrumarmos todas juntas e passar a noite aqui também - O microondas apitou indicando que a pipoca ficou pronta - Vamos para a sala assistir algum filme?

– Vamos - Ela me entregou o pote de pipoca e encheu dois copos com refrigerante de laranja, meu preferido.

Ela colocou um filme de comédia que durava apenas uma hora e pouco. Já no final do filme Letícia chegou animada e nos puxou para o quarto de Clary, ela subiu na frente sem perguntar o caminho então presumi que ela já viera aqui muitas vezes.

– Quem vai tomar banho primeiro? Pode ser eu? Ainda tenho que escolher um penteado para meu cabelo - Após assentirmos ela pegou sua toalha e saiu saltitando para o banheiro.

– Não liga, ela adora uma festa, por isso está toda animada - Clary cochichou provavelmente para a amiga não ouvir.

Letícia demorou trinta minutos no banheiro, quase acabou com o resto da água do mundo. Em comparação Clary levou apenas quinze minutos no banheiro e quando chegou minha vez demorei mais ou menos o mesmo tempo. Com a situação do mundo não da para ficar fazendo hora em baixo do chuveiro. Quando voltei para o quarto às meninas já estavam vestidas, e se maquiavam cada uma em um lado do espelho. Peguei minha roupa e me vesti no banheiro porque tenho vergonha de me trocar na frente de outras pessoas mesmo sendo mulheres.

Passei uma maquiagem para a noite da mesma forma que as meninas, fiz algumas ondas nos meus cabelos, calcei o salto e finalmente fiquei pronta. Esperei mais alguns minutos até Clary se juntar a mim no sofá da sala.

– A Letícia já está quase pronta – Ela comunicou – Já passou uma mensagem para o Dan avisando que estamos prontas?

– Ainda não, vou mandar agora – Peguei meu celular e digitei uma mensagem curta.

“Já estamos prontas”

Em dois minutos ele respondeu: “Beleza, estou saindo de casa”

– Ele já está vindo.

– Ótimo, detesto esperar!

Logo Letícia chegou desfilando pela sala e querendo saber nossa opinião, só depois de assegurarmos que ela ficou linda ela se acalmou e pudemos conversar sossegadas.

– Deve ser o Dan – Clary se levantou e foi abrir a porta após ouvir o som da campainha.

Ela estava certa quando disse que seria o Daniel, ele apareceu seguindo Clary até a sala. Daniel vestia uma blusa azul marinho, calça jeans e vans. Acho que mesmo se ele estivesse vestido com roupa de palhaço estaria gostoso. Ele passou os olhos por mim e sorriu de lado, retribui seu sorriso com outro.

– Se já estão prontas então podemos ir? – Ele indagou.

– Sim, vamos – Letícia foi a primeira a sair da casa e seguiu em direção ao carro do Daniel.

Sentei-me no banco de trás do carro ao lado de Clary, o caminho todo foi preenchido com conversas animadas sobre a festa. Chegamos depois de vinte minutos e percebemos que já estava lotado, ainda eram nove e meia e eu já podia perceber algumas pessoas bêbadas. Descemos do carro e fomos para dentro da casa, recebi alguns olhares pervertidos, mas apenas ignorei pelo menos por enquanto vou ignorar.

Na porta da casa, ou melhor, mansão localizei uma garota com cabelos loiros e californiana da cor azul, achei lindo. Ela nos olhou e sorriu.

– Oi Dan, que bom que veio – Ela chegou perto dele e deu um beijo no canto da sua boca e o olhou mordendo o lábio inferior, já não acho ela tão bonita assim.

– Oi Ste.

– E ai meninas – ela acenou para Clary e Letícia – Novata espero que goste da festa – Ela saiu sem esperar uma resposta e foi falar com outra pessoa.

– Vamos entrar, acho que Mat e o Byel já chegaram – Letícia falou e entrou sendo seguida por nós três.

Encontramos os meninos perto de uma bancada onde tinha muitas garrafas de bebidas, eles com certeza já estavam chapados, riam por qualquer besteira e eram inconvenientes comigo e as meninas.

– Vocês são dois idiotas! – Letícia explodiu – Vamos dançar.

Ela nos puxou para a sala de estar onde todos dançavam ao som de David Guetta. Tenho vergonha de dançar na frente dos outros, gosto de ir a festas para conversar com os amigos, ficar bêbada e talvez der uns beijos e um gatinho. Mas definitivamente dançar não é o meu forte. As meninas me obrigaram a dançar, já havia bebido alguns copos de bebidas alcoólicas então não resisti muito.

Comecei a me soltar e dançar no ritmo da musica. Sinto mãos envolvendo minha cintura e olho para trás para ver quem é e me deparo com Daniel, ele sorri.

– Você até que dança bem – Ele sussurrou no meu ouvido, senti meu corpo se arrepiar, ele tinha que sussurrar e respirar no meu pescoço? É meu ponto fraco. Ri sem graça e resolvi provocar um pouco.

Começou a tocar Beyoncé e ao som dela eu comecei a me mexer o mais sexy que consegui, e digamos que meu nível sexy não é tão alto assim então tive que me esforçar. Fui até o chão e quando subi novamente ele me virou e vi os olhos dele brilharem em malícia. Sem consegui mais se segurar ele me puxou ainda mais para si e sua mão livre passou por entre meus cabelos e aproximou o rosto do meu. Ele se aproximava lentamente e aquilo estava me matando, coloquei minhas mãos em seus cabelos e encurtei a distancia e nossos lábios se tocaram.

Senti algo diferente naquele beijo, não era igual aos outros que eu havia dado. Era mais intenso e algo que não consegui definir. Ele tinha gosto de menta e álcool, sua mão em minha cintura me apertou ainda mais e o ritmo do beijo também aumentou me fazendo querer ir além de um simples beijo com ele. Comecei a sentir falta de ar e me odiei por precisar de oxigênio, Daniel percebendo que eu me afastava desgrudou nossas bocas e passou a dele para me pescoço dando leves beijos, ele começou a mordiscar meu pescoço e eu puxei levemente seus cabelos. Como nem tudo são flores ouvi um berro que nos fez desgrudarmos um do outro.

– Vão para um quarto, pelo amor de Deus ninguém é obrigado a assistir pornografia! – Clary foi a autora do berro atraindo alguns olhares para nós. Corei ao pensar se realmente estávamos indo, longe de mais para um lugar público

– Não exagera – Daniel revirou os olhos.

– Exagero sim... – Ela continuou a reclamar, porém só conseguia pensar no beijo que troquei com Daniel.

– Para de ser louca – Ele virou as costas para a garota que fez cara de indignada – Vamos continuar isso em outro lugar.

Ele me pegou pela mão e me guiou por entre a multidão para o quintal dos fundos. Uma grande piscina pegava a maior parte do quintal, havia também uma linda árvore de flores amarelas. Daniel foi em direção a uma das cadeiras de sol posicionadas em frente à piscina e se entou em uma delas, ainda segurando minha mão esquerda ele me puxou para me sentar em seu colo.

– Onde estávamos mesmo? – Ele perguntou dando um sorriso malicioso.

– Não lembro muito bem, vamos relembrar juntos? – Dei o mesmo sorriso malicioso dele.

Sem esperar outro convite ele segurou meu pescoço e novamente grudou nossos lábios. Dessa vez ele começou em um ritmo bem mais rápido e sua mão que estava em minha cintura desceu para minha coxa apertando levemente me deixando ainda mais excitada. Puxei seus cabelos e ele retribuiu me apertando mais, desgrudou nossos lábios e novamente atacou meu pescoço.

– Estou ficando com calor, você não? – Ele sussurrou no meu ouvido e mordiscou o mesmo.

Assenti balançando levemente a cabeça, fiquei com medo de a minha voz falhar se tentasse responder com palavras. Ele passou um braço por debaixo das minhas pernas e depositou o outro em minhas costas, ele se levantou e me ergueu junto.

– Acho que podemos continuar isso em outro lugar – Ele sorriu abertamente e começou a andar em direção a piscina. Percebi o que ele iria fazer então super sensatamente comecei a berrar.

– Relaxa que se você não souber nadar eu te salvo – Nesse momento ele pulou na piscina me jogando junto.

Soltamo-nos na queda e quando voltei para a superfície ele já estava lá rindo igual um idiota, fiquei com mais raiva ainda e comecei a jogar água nele que retribuiu e começamos uma guerrinha de água. Ouvi uma voz gritando algo como “Festa na piscina”, não me importei e nem raciocinei no que isso significa. Daniel parou de jogar água e passou pelos meus jatos me puxando para si e colando nossos lábios pela terceira vez na noite, mas quem está contando? Minha raiva evaporou e momentos depois ouvi alguém pulando na piscina seguido por vários ‘alguens’. Daniel percebeu antes de mim que as pessoas pulavam na piscina, ele me puxou para baixo da água e me empurrou para a borda onde por hora ficamos seguros.

– Vamos sair aqui esta ficando cheio de mais – Ele saiu da piscina e me ajudou a sair também – Ainda bem que sua blusa é preta.

– Idiota – dei um leve tampa em seu braço – Vamos procurar as meninas, não posso ficar aqui toda encharcada.

– Ok.

Apesar de muita gente ter continuado a festa na piscina, muita gente resolveu ficar seco e quente ao invés de molhado e talvez participar de uma orgia. Letícia ainda dançava e Clary para minha surpresa beijava o Gabryel com direito a mãos bobas. Daniel riu e sussurrou em meu ouvido.

– Isso sempre acontece, estamos só esperando eles oficializarem – Fomos primeiro na Letícia para não atrapalhar os outros dois.

– O que aconteceu com vocês? – Ela nos viu e arregalou os olhos de surpresas.

– Festa na piscina – Daniel falou olhando para mim maliciosamente. Desviei seu olhar um pouco constrangida.

– Vamos embora? Não quero ficar aqui toda molhada e também já estou cansada.

– Por mim tudo bem, mas eu acho que o casalzinho ali não vai gostar da idéia de parar o que estão fazendo – Olhamos na direção deles, porém logo desviei o olhar,eles estavam mais animados do que nunca.

– Eu vou lá chamar eles – Daniel foi até lá e os separou, pude perceber que Clary ficou um pouco irritada.

– Onde esta o Matheus? – Olhei em volta e não o achei.

– Provavelmente com alguma vadia no andar dos quartos – Ela disse dando de ombros e acho que ele sempre faz isso em festas. Ela me olhou e deu um sorrisinho – E você e o Dan hein? Sumiram por muito tempo.

– Ele já disse, ficamos na piscina.

– Acredito, você ainda esta molhadinha – Percebi o duplo sentido da frase e senti meu rosto queimar, ela gargalhou até os outros voltarem e a única coisa que pensei foi cavar um buraco e enfiar minha cabeça.

Após alguns minutos tomamos distancia da casa barulhenta e percebi que adoro o silêncio. Uma hora da manhã já não existia transito e chegamos rapidamente na casa da Clary, as meninas saíram do carro e eu fiquei para trás para me despedir do Daniel.

– Boa noite – Disse e quando ia sai do carro ele me deu o último beijo da noite dessa vez devagar e calmo, terminou com um sorriso.

– Boa noite – Sorri e sai do carro e caminhei em direção a casa.

Talvez essa mudança não seja tão ruim quanto às outras.