(LEIAM AS NOTAS INICIAS)

Pov Caleb

Beatrice acabou de apagar.

Quando a encontrei, toda machucada, pensei que iria perde-la, perder a minha única família, minha irmã, minha tão amada irmã, que foi capaz de me perdoar quando ninguém mais perdoo-me do que fiz com ela, e também, das coisas que eu não fiz.

Eu não a ajudei na sede da Erudição. Não impedi que a torturassem e que a transformassem em um ratinho de laboratório, fazendo várias experiências com ela. Não os impedi quando tentaram matá-la.

Então lembrei-me da sua força. Tanto emocional, quanto física (é sério, ela bate muito forte), ela não vai nos deixar, ela já enfrentou muita coisa, e superou, não vai ser logo agora que ela vai desistir.

Agora estou aqui. Correndo com ela em meus braços, para o hospital do Departamento.

Acabei de passar pelas portas que dão para o hospital, mas não vejo ninguém. As poucas pessoas que vejo estão andando igual a dementes. Então me lembro:

“O soro da memória”

Logo vejo uma pessoa correndo em minha direção;

–O que aconteceu- pergunta Cara com um curativo na cabeça olhando para Beatrice em meus braços- Me fala logo Caleb!?- novamente me questiona, com os olhos marejados.

Não sabia que elas eram assim.... Tão ligadas:

–Não há tempo para responder- digo-lhe- Vai na frente para mim, e ache um carro- não sei onde arrumei força para manter a voz firme

Já no carro, Cara me para:

–Poe ela no banco de trás que eu vou tentar estancar o sangue, e você dirige

Ela já estava entrando no banco de trás quando agarro seu pulso e digo:

–E melhor você dirigir, se não é capaz de eu bater o carro

Ela somente acena com a cabeça e entra no banco do motorista, enquanto eu sento no banco de trás, colocando a cabeça de minha irmã em meu colo.

Chegando na sede da Erudição, salto do carro mau esperando Cara pará-lo. Entro correndo no hospital e as pessoas me olham com expressões tanto de espanto quanto de medo:

–Me ajudem por favor!!- digo mas a maioria dos médicos e enfermeiras me olham com cara de raiva- Andem logo, pois, se não fossem por ela- aponto para minha irmã com a cabeça- vocês estariam andando por ai igual a idiotas e sem as suas memorias- grito explodindo de raiva.

Logo pegam Beatrice do meu colo, mas quando vou entrar no que acho ser a sala de cirurgias para acompanha-los, sou barrado e impedido de os acompanhar com minha irmã.

Eu vou deslizando pela parede chorando copiosamente. Cara senta-se do meu lado encostando a cabeça no meu ombro e chorando, porém, não tanto quanto eu.

–Vou voltar para o Departamento...- quando vou pedir para ela ficar comigo, ela me interrompe- Preciso estar lá para quando os outros chegarem, principalmente Tobias e Christina, serem avisados do que aconteceu. Mas volto assim que puder! - completa me dando um beijo na bochecha e deixando-me sozinho. Sinto um formigamento onde seus lábios tocaram, mas sei que agora tenho outras prioridades.

Fico sozinho. Sozinho com a minha angustia. Minha dor. E principalmente culpa. Culpa de não ter impedido que Beatrice, minha única família, se arrisca-se no meu lugar. E agora por minha culpa, ela pode morrer.

Choro mais ainda (o que achei que fosse impossível) com esse pensamento.

Agora, novamente, eu posso perde-la.

Perder a pessoa que eu mais amo na minha vida.