Saí do banheiro secando meu cabelo na toalha e vi o Logan arrastando uma das camas.

– Tá fazendo o que? - Perguntei. Ele me olhou.

– Juntando as camas. - Sorri de canto. Olhei pela janela. Começava a escurecer. - O por do sol daqui é perfeito.

– É sim. - A mistura do sol se pondo com o mar perfeitamente limpo era impressionante. Logan se juntou a mim e beijou minha bochecha.

– Sabia que aqui existe um museu sobre tequila? - Olhei pra ele. - To falando sério. Bom, já fechei várias viagens pra cá. Sei os passeios de cor. Sempre falo sobre esse pra quem tem cara de bêbado.

– Muito obrigada, Logan. - Falei irônica e ele deu risada.

– Não falei sobre você. Mas, sabe o que isso significa?

– Hm?

– Que nosso passeio deve ter alguma coisa a ver com tequila. E vai de vestido, tá? - Ele beijou minha testa. - Te encontro lá embaixo. Esteja gostosa! - Revirei os olhos rindo. Peguei um dos vestido que eu trouxe e coloquei uma rasteirinha. Quando encontrei o Logan na frente da pousada, ele estava falando com um cara. Parecia uma taxista. Dessa vez eles falavam inglês, pelo menos.

– Vamos ao restaurante La Isla e depois… Não sei. Alguma festa? - O cara explicou um lugar pro Logan enquanto eu o abracei por trás.

– Bonita sua esposa. - Ainda bem que não dava pro cara ver o meu rosto, porque senti meu corpo ficar quente e minhas bochechas coradas. - Com todo respeito, claro.

– Obrigado, eu acho. Mas não somos casados. - O homem só deu um sorrisinho e entrou no carro dele, logo após um cliente.

– Falar que somos namorados até vai. Agora casados? - Ri. - Eu nem to com anel!

– Pelo menos já sabe que vão te elogiar pro seu marido. - Ele me abraçou pelos ombros e fomos andando. O lugar era incrível! Uma banda tocava músicas animadas. E a comida era maravilhosa.

Depois, fomos a tal festa que o taxista tinha falado. Estava lotado. E o povo achava que era Ibiza. Mas qual a diferença dos dois lugares mesmo?

– Parece as festas daquele teu amigo que foi pra Austrália. - Falei alto pro Logan conseguir me ouvir.

– Tá louca? Aqui o som é bem mais alto e tem mais mulher.

– Mais vaca você quer dizer. - Uma mulher que devia ter uns 20 anos começou um topless em cima de uma mesa. Me senti de volta à faculdade. Qual é, galera? Não é nem onze horas! - E para de olhar! - Bati no braço dele.

– Quer que eu olhe pra onde? Tão me chamando a atenção! Fora que são bonitos. - Cruzei os braços.

– Cada um por si? Já vou avisando que não vai rolar nada no quarto.

– Que? Eu achei…

– …que você iria ficar e comer quem quisesse na festa e depois teria mais quando chegássemos na pousada? Tá me achando com cara de idiota?

– Eu não achei que isso - Ele apontou pra garota. - iria acontecer. E é óbvio que eu não faria isso! Sou tão canalha assim?

– Talvez. - Olhei no relógio. - Te espero as duas aqui na frente?

– Tem certeza?

– Sim. Mas não vai ter nada depois.

– Eu sei. Relaxa, Meg. Qualquer coisa me liga. Ou grita. E não sai daqui com ninguém, me ouviu? Nem sozinha! E também não vai pro andar de cima. Cuidado quando for no banheiro e quando for pegar bebida, pra não colocarem nada.

– Logan, fica tranquilo. Eu sei me cuidar.

– Prevenção nunca é demais. - Ele me deu um beijo na testa e foi atrás de mulher. Fiquei lá parada observando o ambiente. Me senti uma freira. Mas tinha muitos caras bonitos. Um sorriu pra mim e eu sorri de volta. Mas enquanto ele vinha até mim, Logan apareceu de novo.

– Deixa eu adivinhar… São todas fúteis, você não aguentou e veio até mim.

– Não conversei com nenhuma. Eu não ia ficar tranquilo sabendo que você tá sozinha. Onde a gente mora é uma coisa, em outro país é completamente diferente. Fiquei preocupado. - Sorri e apertei a bochecha dele. - Você precisa parar com isso, sabia?! - Ele falou irritado e eu achei graça.

– O que vamos fazer, então? - Ele levantou uma mão e vi que segurava duas garrafas de cerveja. Peguei uma. Entramos um pouco mais na casa. Começamos a dançar. Acho que o Logan já se acostumou a me ver dançando porque não me zoou nem nada do tipo.

– Legalzinho aqui. – Concordei. – Ouvi dizer que vai ter um luau aqui perto pra comemorar o ano novo. Se você quiser, podemos vim.

– Sim! Sempre quis ir em um. – Continuamos dançando, bebendo, aproveitando a festa. Chegou uma hora que o Logan estava com uma cara péssima de tanto cansaço. Mas ele quis ir andando pela praia até a pousada. E lá fomos nós.

– Vai ser o melhor ano novo de todos. – Ele disse.

– Vai sim. Esse lugar é maravilhoso!

– Não falei do lugar. Falei de você.

– Ah… – Sorri um pouco nervosa. – Sua companhia também é ótima, Logan. – Ele me deu um selinho e continuamos o caminho.

(…)

Eu arrumava meu cabelo enquanto o Logan se vestia. Ainda não tinha rolado nada entre a gente, mas eu não era estúpida e sabia que ia acontecer. Eram quase sete horas. O luau começava as oito. Mas até chegarmos lá… Sem contar o transito. Já que é ano novo, todo mundo vai querer ir para a praia.

– Tá pronta, Meg?

– Só falta eu colocar o sapato. E pega meu perfume, por favor? – Falei enquanto caçava os brincos dentro da bolsa. Certo… Não faltava só o sapato. Mas ele me encheria o saco se eu falasse. Logan espirrou perfume no meu pescoço, depois pegou um braço meu de cada vez e passou perfume neles também.

– Quem sabe assim você não vai mais rápido?

– Calma, chuchu. Lá só começa daqui a uma hora.

– É um pouco longe daqui.

– Não precisamos ser os primeiros a chegar. – Coloquei os brincos e calcei um chinelo. Eu não faria a brega de ir pra praia de salto ou sapatilha.

Quando chegamos lá, não tinha muitas pessoas. Fui pegar uma bebida e algo pra comermos. Quando voltei, vi que Logan conversava com um casal.

– Lá vem ela. – Sorri pra parecer educada.

– Olá. – Falei e eles me cumprimentaram. Logan falou que os dois moravam na Inglaterra. Algum lugar perto de Londres. – São amigos?

– Noivos, na verdade. Estão juntos há quanto tempo? – A mulher, Charlotte, falou.

– Hm… Somos amigos. – Respondi. Ficamos conversando por mais um tempo. Eles logo saíram e continuamos sozinhos de novo. Ele me chamou pra dançar e fomos pro meio do negócio. Aquela hora o luau já estava cheio. E cada vez mais chegava gente.

Conversamos com mais algumas pessoas, bebemos um poucos mais, dançamos mais… Quando faltava um minuto pra meia noite, ficamos de frente pra praia, onde soltariam fogos.

– …5, 4, 3, 2, 1! Feliz ano novo! – Falei o abraçando. – Você foi a melhor coisa que me aconteceu esse ano. – Disse enquanto ainda nos abraçávamos.

– Você também. Adoro você, Meg. – Ele me deu um beijo na testa, depois na minha bochecha e, finalmente, chegou na minha boca. Mas não me beijou. – Mesmo. Acho que não deu muito certo.

– O que não deu certo?

– Esse negócio de amizade colorida. – Fiquei completamente sem graça. Então ele me leva pra Cancún pra falar que não quer mais nenhum contato físico comigo? – Daria certo com qualquer outra, menos com você.

– As outras são acostumadas com isso. Eu sei.

– Não é isso. Você não é normal, Meg. – Ele falou rindo. Franzi a testa.

– Obrigada. – Resmunguei irônica.

– E é isso que me faz gostar de você, sabia? – Sorri de canto. – Por isso que não deu certo. Eu gosto de você.

– Oi?! – Eu achei que ia me afogar com o vinho que eu tinha tomado pouco antes. Tudo bem que ele estava bem mais atencioso, mas ainda assim é meio louco pensar que ele sinta qualquer coisa por mim.

– Tá. Eu não devia ter contado. Isso nem deveria acontecer! Olha só, fica com quem você quiser aqui. Eu vou te dar um espaço.

– Mas eu não to pedindo nada! – Tentei segurar o braço dele, mas ele continuava indo embora. E eu parecendo uma louca atrás. – Pelo amor de Deus! Você tá parecendo um menininho de colegial! Logan! – Ele fingiu que nem me ouviu. Sentei no primeiro banco que eu vi. O que eu continuaria fazendo ali sozinha? Eu poderia muito bem não ligar e ir me divertir, mas seria impossível. Eu me importava com ele. Lógico que sim. Me levantei pra voltar pra pousada, torcendo pra que nos encontrássemos lá assim que eu chegasse.