A Chance escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 6
Capítulo 6




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Depois de ter bolado um plano com Antônio, onde ela sairia escondida dentro do porta-malas e o deixaria há algumas quadras do duplex para conseguir sair de casa sem ser vista, Beatriz consegue ir à casa de Flávio. Durante o trajeto foi pensando no que dirá quando o ver. E se o persona non grata tivesse valendo até mesmo para ele? Beatriz balança a cabeça tentando desaparecer com aquele pensamento. Já entra na propriedade, quando começa a desistir de falar com ele. Assim que estaciona é recepcionada pelo mordomo.

— Olá, novamente – diz Beatriz, nervosa. Então ela entrega a sacola a Roberto — Estou aqui somente para entregar as roupas que utilizei. Agradeça a hospitalidade a Flávio por mim – dá as costas e vai em direção ao seu carro, sem esperar a resposta do mordomo.

— Está fugindo de mim, Bee?

Beatriz para e olha para cima, sente que seu rosto está em chamas só em escutar a voz de Flávio. Vamos lá Bia, você já é uma mulher madura, tem que parar de agir igual uma adolescente toda vez que ele fala com você. Respira e vire-se diz a voz na cabeça de Bia, que a atende virando em direção a Flávio.

 Beatriz não consegue formular nenhuma frase, assim que olha para Flávio. Ele está vestindo o casaco do smoking preto por cima de sua camisa branca, que está com dois dos três botões abertos e a gravata amarela jogada no pescoço. Parece tão relaxado e despretensioso. Depois de alguns instantes, Beatriz consegue voltar ao normal, fazendo Flávio sorrir.

— Desculpe-me, eu só vim entregar as roupas que me emprestou – responde, devagar, com a cabeça baixa, evitando encará-lo — Vejo que está de saída, é melhor eu ir para casa.

— Na verdade, estava apenas experimentando o smoking para o casamento da Sônia – responde Flávio indo em direção à Beatriz, com as mãos no bolso da calça, deixando aparecer o peitoral – Você poderia me ajudar, se quiser. Preciso de uma opinião feminina e Marta está de folga. Além do mais, quem melhor do que Beatriz Gouvêa Wilkinson, ops… Abraão , para me ajudar?

— Eu Eu Então— gagueja Beatriz. Como é difícil formular uma frase com ele assim! — Eu Eu não sei Bom

— Bom, isso me deixaria em dívida com você, se isso ajudar na sua decisão – explica Flávio, com um leve sorriso. Ele para bem próximo de Beatriz , pega a mão dela e a encosta em seus lábios enquanto faz um olhar de cachorro abandonado que derrete Bia — Eu realmente ficaria grato se me ajudasse.

— Tudo bem…. Já que é tão importante para você – responde Beatriz, apressada. O que está acontecendo comigo?

 Ela não sabe como resistir a Flávio que agora segura sua mão, a levando para dentro da casa.

***

Beatriz já perdeu as contas de quantas vezes tinha feito um nó de gravata para Hugo, mas naquele momento está tão nervosa que parece a primeira vez que o faz. Estar perto de Flávio a desconcentra, ainda mais com aqueles olhos verdes brilhando em sua direção. Além do fato de estarem sozinhos no quarto. Ele está com um enorme sorriso no rosto, enquanto supervisiona a tentativa de Beatriz de ajeitar a gravata pela décima vez.

— Pronto, agora eu acertei – informa Beatriz satisfeita consigo mesma. Ela afasta um pouco para olhar como ficou a gravata —Acho que ficou ótima.

— Tem certeza? Você disse isso das outras vezes – zomba Flávio – Beatriz percebe que seus olhos estão em chamas, como se quisesse queimá-la. — Eu não me importo que faça novamente.

— Dessa vez você consegue ter uma noção de como ficará no casamento – retruca Beatriz, apressadamente, dando leves tapinhas no peito de Flávio.

 Ela senta na poltrona atrás de Flávio, cruza as pernas deixando a saia de seu vestido azul-claro cair sobre seus joelhos e fica observando todo o conjunto. Chega à conclusão de que Flávio nasceu para usar smoking em qualquer ocasião. Eu não me importaria de vê-lo usando na cama, pensa Bia mordendo levemente seu lábio inferior. De onde veio isso? Pergunta a si, assustada. Ela agradece por Flávio olhar para o espelho, apenas analisando o smoking.

— Se continuar me desejando assim, terei de levá-la para cama agora mesmo – avisa Flávio ainda olhando para o reflexo de Beatriz no espelho. Ela cora imediatamente o fazendo rir. Ele se vira — Relaxa Beatriz, só estou brincando com você. O que acha? Ficou bom?

— Ficou ótimo, tenho certeza que atrairá muitos olhares no casamento da Sô – responde Beatriz, sem graça.

— Atrairia o seu? – perguntou Flávio com voz suave.

— Se eu fosse ao casamento, sim. Mas isso não acontecerá – responde Beatriz, friamente.

— Minha tia me contou hoje cedo  – revela Flávio enquanto tira o casaco do smoking e senta na cama — Aliás, não só você. Seu marido também está na lista negra de Dona Margout – desabotoa a camisa mostrando os pelos loiros em seu peito e o seu abdômen definido.

— Você falou com a Sônia? – pergunta apreensiva, evitando olhar muito para ele.

— Não, ela está uma pilha com a finalização dos preparativos, vestido, sabe? – explica Flávio que levanta e se ajoelha na frente de Beatriz segurando o queixo dela — Talvez ela nem saiba do que minha tia fez. Não se preocupe, ela não vai deixar de ser sua amiga por isso. Eu garanto.

— Eu sei, mas queria tanto estar no casamento e acabei destruindo qualquer chance – comenta Beatriz, tristonha, olhando para seus dedos entrelaçados.

— Ei, não pense nisso – pede Flávio acariciando o rosto de Beatriz —Terá outras ocasiões e momentos com ela.

— Obrigada – responde Beatriz limpando o canto dos olhos. Ela abre um sorriso tímido e continua — Tem tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo em que nem sei mais o que eu faço.

— Como foi hoje? – pergunta Flávio, preocupado, acariciando o joelho de Beatriz.

— Bem… Estou na capa de todas as revistas de fofoca do Rio de Janeiro. Minha mãe e minha assessora pedem que eu entre com o divórcio, sem deixar espaço para defesa de Hugo, usando as informações difamatórias da imprensa. Assim ele perde o cargo dele e possivelmente sai sem um tostão do nosso casamento.

— Veja pelo lado positivo. Pelo menos você ganhou seus quinze minutos de fama – brinca Flávio arrancando um sorriso muxoxo de Bia.

— Você é terrível, Flávio – diz Beatriz.

— Sabe, eu acho que você precisa se afastar de tudo isso. Analisar a situação de fora  – diz Flávio levantando. Segura a mão direita de Beatriz e dispara —Viaja comigo. Vamos para Cambridge e depois Cairo.

 — Não sei, eu não conheço o Cairo. E você está indo para o aniversário da sua mãe. Até onde eu sei, sou uma persona non grata no seio da família Peixoto – diz Beatriz repetindo o que Margout disse ao telefone.

— Minha mãe ama todos que Margout odeia – explica Flávio. Ele morde os lábios e puxa Beatriz da cadeira, a envolvendo pela cintura — E eu sou um ótimo guia turístico, posso te levar para conhecer as maravilhas do Cairo.

— Você estará a negócios no Cairo,como será meu guia turístico? – questiona Beatriz segurando nos braços fortes de Flávio.

— Eu não trabalho o dia inteiro. Sem contar que preciso encontrar um artefato para um cliente que mora em Dubai, acho que você poderá me ajudar – responde Flávio enquanto toca no cabelo de Beatriz — Duas cabeças pensam melhor que uma.

— Quanto tempo ficará fora? – Pergunta Beatriz, curiosa. Realmente está considerando viajar com Flávio.

— Três meses – responde Flávio fazendo careta.

— Mas é muito tempo fora. Tenho que resolver isso o quanto antes – responde Beatriz se afastando dos braços de Flávio.

— Duas semanas. Fique duas semanas comigo no Cairo, aí você volta. Que tal? – pede Flávio com as mãos no bolso.

— Espero que seja um ótimo guia turístico – brinca Beatriz – Eu vou pensar, mas...

 Antes que ela pudesse terminar a frase Flávio a joga na cama, caindo por cima dela. Ele está feliz igual a uma criança que recebeu seu presente de Natal antecipado.

— Eu prometo que irá se divertir – garante Flávio acariciando os cabelos de Beatriz.

            Ele encosta mais seu corpo em Beatriz, fazendo com que seu perfume inunde o nariz de Bia que respira ofegante. Sua mão toca o rosto de Beatriz que não consegue se afastar, enfeitiçada. Flávio olha ardentemente para ela. O que está acontecendo comigo? Pensa Beatriz observando os lábios de Flávio se aproximar dos seus. Impulsivamente, ela vira a cabeça para o lado deixando os lábios de ele tocar seu cabelo. Afasta o corpo para o lado fazendo com que Flávio saia de cima dela.

— Vou pensar – a voz de Bia sai rouca. Ela toca nos cabelos dele — Eu vou pensar a respeito, se você me prometer que não tentará se aproveitar da situação durante a viagem. Promete?

 — Acho que somos bem grandinhos para saber lidar com o que venha acontecer na viagem – olha para ela que está impassível. Bufa — Tudo bem, não farei nada que você não queira, palavra de escoteiro – cruza os dedos — Você vai?

— Eu realmente preciso pensar a respeito – responde sentando na cama. Arruma o vestido e olha para ele — Eu preciso de um tempo para pensar.

— Estamos na segunda feira. Você tem até sábado de manhã para me responder, garota. Se não, terei de buscar outra sereia no mar – brinca ele deitado na cama. Ele pega seu cartão pessoal com o número de celular e o entrega para Beatriz.

Ele ficou tão bonito assim, largado na cama, suspira Beatriz enquanto pega a bolsa e guarda o número. Entrega seu cartão pessoal para ele e levanta.

 — Como quiser, senhor – diz Beatriz abrindo a porta. Vira para ele que já estava abrindo o cinto da calça — Até sábado, se cuida.

Assim que entra no carro, sente uma pontada de arrependimento. Deveria ter ficado um pouco mais, pensa ligando sua BMW 535 d vermelha, se repreendendo logo em seguida. Aquilo só podia ser o “feitiço Flávio” fazendo efeito.


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