A Chance escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 32
Capítulo 31




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Beatriz abre os olhos devagar, seu quarto está completamente escuro. Não consegue definir que horas são, pois seu relógio de cabeceira está em algum lugar no chão do quarto, bem como seu abajur, suas fotos, os cacos de seu espelho e seu coração. Ela mexe a mão enfaixada por Leninha, ainda sente dor, mas não como a que domina seu corpo. Lembra-se perfeitamente de Flávio indo embora, de ter ido para seu quarto e guardado o anel, mas não recorda de como conseguiu quebrar seu espelho e rasgado a mão nos estilhaços. 

Alguém bate a porta, Bia tem certeza que era Leninha trazendo algo para ela comer.  O vulto passa lentamente até chegar à janela, abrindo abruptamente as cortinas. Beatriz põe uma das mãos no rosto, tentando tampar a claridade. A pessoa toca em sua mão a fazendo assustar. Tira a mão do rosto e encara Hugo, irritada.

— O que está fazendo? – pergunta franzindo a testa.

—  Estou verificando o seu ferimento –  responde Hugo tirando o curativo com cuidado. Troca o curativo e então encara Beatriz , sério e avisa. — Precisamos conversar.

— Não é o melhor momento – recusa Beatriz puxando sua mão. Ela olha em direção a janela, sem ânimo.

— Você precisa levantar dessa cama. Não é da minha conta o que você tinha com o lorde, mas tem de se reerguer. Ficar trancada aqui não o fará voltar e nem parar de sofrer. Você precisa seguir em frente e eu também.

— Você se lembra do Flavio? – pergunta Beatriz, surpresa.

— Infelizmente, sim – responde Hugo dando os ombros —Pelo visto ele também se lembra de mim e continua te amando... – olha para a mão machucada de Beatriz —E sendo correspondido.

— Hugo...

— Não é da minha conta,Beatriz – Ele levanta da  cama — É a sua vida. Eu sinto muito se a atrapalhei... 

— Está tudo bem – mente Bibi.

— Não está – recusa Hugo olhando em direção a janela — Nunca esteve... E eu não quero que as coisas piorem. Andei pensando durante esses dias e decidi que não há mais razão para continuar aqui. Amanhã irei  para outro lugar.

— Ficará com a Lúcia? – pergunta Beatriz, curiosa — Vão tentar reatar o relacionamento de vocês? Se for isso, eu dou meu total apoio.

— Não... – responde Hugo encarando Beatriz — Eu vou para o apartamento do Jorge, ele foi meu amigo de faculdade e agora está casado... Bom, acho que você conhece a história. Assim que conseguir algo melhor, vou me mudar novamente. Eu não quero me relacionar por enquanto, então não vou tentar um relacionamento com a Lúcia. E irei fazer o que a Manuela me disse na última sessão: tentar viver novamente. Seguir em frente ver o lado bom de ter perdido a memória.

— Qual seria o lado bom?

— Poder recomeçar, sem dor, sofrimento, angústia e arrependimento. O lado bom é que isso é como se eu tivesse apagado uma folha com borracha e posso escrever novamente. 

— Fico feliz por você – Beatriz tentando sorrir.

— Apesar de ter algumas páginas da minha vida que farei questão de guardar... – comenta Hugo encarando Beatriz. Ele sorri e continua —  Enfim, dito isso quero fazer por você o mesmo que fez por mim: Vou te ajudar a sair dessa.

— Como fará isso? – questiona Beatriz franzindo a testa.

— Segredo... – responde Hugo — Porém, preciso que se levante.

****

Tal como disse, Hugo passou ajudar Beatriz a se reerguer. Mesmo não morando mais no duplex, sua presença constante não incomoda mais a ex-esposa. Na verdade ela aprecia e muito sua presença, pois com ele os dias passam mais rápidos e tranquilos. Todos os dias eram preenchidos com a busca da casa nova de Hugo ou por atividades que os dois faziam quando estavam juntos e aquele dia não foi diferente.

Beatriz está sentada em sua cama terminando de ler o livro de King, quando Hugo dispara:

— Nós vamos jantar hoje.

— Tudo bem – concorda Beatriz sem se importar muito com o que Hugo disse — Peça a Leninha para preparar o jantar.

— Nós vamos jantar fora!

—E por qual motivo nós iremos jantar fora? – questiona Beatriz de canto de olho.

— Vamos  comemorar a compra da minha casa nova! – revela Hugo, empolgado.

—Puxa, quer dizer então que finalmente escolheu seu novo lar. Fico feliz por você – comenta Beatriz alegre.

—  Eu sei que sim e por isso preciso que você se arrume.

— E como você irá vestido? – pergunta Beatriz, curiosa cruzando os braços. Aquele não é o Hugo que conhece, muito menos com aquele empolgação para comemorar.

— Eu comprei um smoking – revela Hugo — Com a ajuda do Antônio. Foi bem caro...

— Quem te viu , quem te vê – comenta Beatriz fechando seu livro. Ela respira fundo e continua — Desculpe-me, eu não estou a fim de sair hoje. Será que podemos deixar essa comemoração para depois?

— Ficar aqui dentro, não vai parar a sua vida. Não vai fazer o tempo voltar atrás – retruca Hugo — Ele não vai voltar atrás. Então se levante e continue vivendo...

 — Eu realmente não... – começa Beatriz coçando a cabeça.

— Eu vou te ajudar – insiste Hugo com um sorriso no rosto. Ele se levanta e vai até o closet — Vou escolher um vestido para você! – Ele entra no closet e depois de alguns minutos sai com o vestido grafite de alça única transversal e detalhes em pedraria no busto. O vestido que Beatriz usou no último encontro com Flávio — Esse aqui, tenho certeza que ficaria linda nesse.

— Não! – Beatriz pulando da cama. Ela pega o vestido e coloca de volta no closet. Já tinham se passado três semanas, mas ainda sente como se fosse ontem que ele esteve naquela casa. Ela sorri para Hugo que a encara assustado — Eu vou escolher o vestido. Que horas será a comemoração, despedida, ou seja, lá o que for?

— Eu marquei às 20h em um restaurante aqui perto – avisa indo para a porta — Eu vou indo, tenho de ver algumas coisas com o Jorge... Vemo-nos à noite.

****

Beatriz admira a vista da varanda do DUO seu restaurante favorito, quando o garçom trouxe o cardápio.  Ela ajeita o seu tubinho preto, se voltando para a Hugo que a encara feliz.

— Boa noite, o que desejam saborear essa noite? – pergunta o garçom atencioso.

— Boa noite – responde Beatriz analisando o cardápio — Eu vou querer um salmone al nero croccante su insalatina di campo15. O que vai querer Hugo?

— O mesmo – responde Hugo, tímido sem olhar o cardápio. Beatriz o encara tentando não rir, o deixando confuso — O que foi? Eu disse algo de errado?

—Não... – responde Beatriz — Porém, não vai querer comer este prato.

— Por que não? – pergunta Hugo, surpreso — tenho certeza que você tem um bom gosto.

— Você é alérgico a Lula – revela Beatriz.

— Eu acho que não. – nega Hugo incrédulo.

— Sim, você é – afirma Beatriz sorrindo — Sei disso porque você teve um ataque de alergia exatamente aqui... E não foi muito legal.

— Então o que eu peço geralmente? – pergunta Hugo.

— Geralmente você espera eu terminar de comer e vai até um carrinho de lanche que fica na esquina e pede um maravilhoso x - tudo com bastante cebola... – explica Beatriz — Finalizando um jantar romântico como ninguém. 

— Pelo visto, eu era bem... Chato – comenta Hugo sem graça.

— Na maior parte do tempo... Na outra parte eu assumia a responsabilidade de fazer a nossa vida um inferno – responde devolvendo o cardápio ao garçom — Nós vamos cancelar a reserva.

— O que está fazendo? – pergunta Hugo, chocado com a atitude de Bibi.

— Estou levando você para jantar no seu lugar favorito – responde Beatriz levantando — Está na hora de eu retribuir o favor.

****

— Servindo dois x - tudo e uma coca de dois litros –  informa moça do carrinho de lanche, entregando a bandeja. Ela tenta disfarçar a curiosidade por ver o casal elegante sentado em sua mesa de ferro capenga, perguntando — Algo mais?

— Só isso, obrigada. – agradece Beatriz sorrindo e pegando um deles, sendo observada pelos olhos arregalados de Hugo  — O que foi? 

— Nada... Você realmente vai comer um desses... Sozinha?

— Sim... – dá uma bela mordida —A parte boa do nosso relacionamento foi você me ensinar a comer um bom lanche como esse.

— Eu gostaria de saber uma coisa – Hugo, pensativo — Você contou muita coisa sobre o nosso relacionamento... Mas nenhum momento feliz... Eu fiquei pensando que a gente... então... Nós fomos felizes? Tem algum momento feliz que você se lembre... 

— Nós fomos felizes – afirma Bia, convicta,limpando os lábios no guardanapo — Tivemos grandes momentos felizes, acho que se não fosse por eles, não teríamos dez anos de casados juntos.

— Então me conte algo... Qualquer coisa... Eu fico pensando nas coisas que me contou e sinto raiva... De mim.

— Não sinta. Você não foi o único culpado –Beatriz — Se é o que deseja... Vou te contar sobre quando nós passamos a morar no apartamento. Como estávamos endividados com a compra da mobília, não tínhamos como ter uma empregada, então teve a brilhante ideia de nos virar sozinhos... Digamos que eu nunca fui uma boa dona de casa então eu queimei várias camisas suas, te obriguei a comer as refeições queimadas e insossas e sempre deixei pó pela casa. Apesar disso tudo, não teve uma noite que não tivéssemos colocado o colchão na sala e assistido aqueles seus filmes antigos... Pelo menos até dois anos atrás. Você sempre tinha a capacidade de fazer piadas nos piores momentos, só para me fazer rir e ficar constrangida ao mesmo tempo... – Beatriz sorrindo — Você me trouxe aqui quando eu finalmente consegui fazer um manjar... Fiquei tão feliz que me esqueci de desligar o forno e deixei o manjar dentro...  Mas ele ficou bom, pelo menos foi o que você me disse. Tenho outras histórias, mas eu acho que essas, respondem a sua pergunta.

— Dá para ver que não era tão ruim assim... – Hugo saboreando seu lanche.

—  Não, você foi muito bom comigo.

— Obrigado – agradece Hugo segurando na mão de Beatriz — Aliás, sem a sua ajuda jamais conseguiria... passar por tudo isso e quem sabe me curar.

Beatriz olha para sua mão machucada, pensando que em algum momento ela ia se curar, talvez ficasse uma cicatriz para lembrá-la daquele dia. Porém, em algum momento tudo aquilo seria mais uma lembrança perdida. Lembra-se do Flávio em sua casa e tudo o que ele disse. Também recorda do que o Hugo disse e concorda que precisa seguir em frente.

— Vamos para casa – diz Hugo, um tanto nervoso olhando para o seu relógio.

— Está tudo bem? – pergunta Beatriz, preocupada.

— Sim – responde Hugo chamando a moça que traz a conta para os dois. Ele paga e então se levanta, ajudando Bibi — Só acho que está tarde para ficar aqui. Perigoso, sabe.

— Tudo bem – concorda Beatriz acompanhando Hugo.

****

Beatriz entra no duplex e percebe que a sala está com velas acesas em todos os cantos.  Ela olha para Hugo que a segue com sorriso nos lábios. 

— Eu tenho a leve impressão que o apartamento está sem luz... E que isso tem seu dedo no meio – comenta Bia com meio sorriso.

— Possivelmente – Hugo indo em direção a estante da sala. Ele liga um pequeno rádio e abre o compartimento de cd, colocando um cd dentro. Assim que aperta o play uma melodia conhecida por Beatriz começa tocar — Espero que goste... É meio antigo e tocou em um casamento a qual fui, mas não me lembro.

November rain16— Beatriz reconhecendo a música — A música do nosso casamento...

— Permita-me uma dança, senhora? – pergunta Hugo fazendo uma reverência.

— Sim – responde Beatriz segurando na mão de Hugo.

Ele a segura levemente pela cintura, sentindo o cheiro dos cabelos presos de Bia.  Ela encosta a cabeça no ombro de Hugo, dançando lentamente ao ritmo da música.

— Como sabe que essa é a nossa música? – questiona Beatriz, intrigada.

— Não sabia, mas a Leninha me ajudou – sussurra Hugo no ouvido de Beatriz — Devo admitir que a ideia das velas não foi minha, mas eu gostei.

— Por que essa música? 

— Porque eu acho que deve ter sido a maior felicidade do nosso casamento. Você estava grávida e estávamos nos casando. Eu achei que você fosse citar, mas talvez não tenha sido tão feliz…

 — Foi sim – admite Beatriz, encarando Hugo — Você estava radiante naquele dia. Foi a primeira vez que você sorria desde que sua mãe tinha morrido. Aquele tinha sido o melhor dia... De muito tempo.

— Eu fico feliz em saber – Hugo analisando o rosto de Beatriz com cuidado  — Eu queria poder viver todos esses momentos... Fazer parte... Pertencer.

— Mas você estava em todos eles – argumenta Beatriz — E uma hora irá lembrar.

— Só tem uma coisa que eu lembro – admite Hugo parando de dançar.

— O que é? – pergunta Beatriz, curiosa.

 — Seu beijo – confessa Hugo beijando os lábios de Beatriz. Ele segura o rosto de Beatriz — Através deles, eu consigo sentir o amor que sinto por você.

 — Sente? – pergunta Beatriz, confusa.

— Eu amo você – declara Hugo tocando nos lábios de Bia — Eu me apaixonei por você... Novamente.

—Hugo... – Beatriz sendo interrompida pelos lábios de Hugo.

Ele a puxa para perto de seu corpo, a beijando intensamente. Suas mãos tocam as costas de Bia a procura do zíper do vestido. O toque faz Beatriz voltar a si e se afastar de Hugo.

— Não podemos... – recusa Bia, ofegante — Não está certo...

— Sim, nós podemos – Hugo abraçando Beatriz. Ele abre o zíper e toca as costas nuas de sua esposa — Vamos nos permitir... Não devemos nada... A ninguém. Afinal, nós somos marido e mulher.

Ele levanta Beatriz em seus braços e a carrega para o quarto. Coloca delicadamente Bia na cama e termina de tirar o vestido. Tira seu smoking apressadamente, enquanto ela o encara, confusa. “O que estou fazendo? Isso está certo?”  

Hugo deita sobre Beatriz, beijando seus lábios, descendo por seu pescoço, os seios, barriga e quadris. 

— Você é tão linda – murmura Hugo, admirando a beleza de Bia que esconde os seios com os braços — Não tem do que se envergonhar.

Ele a penetra lentamente , a fazendo suspirar, mas não de prazer. Assim que seus corpos se tocaram, a única coisa que Beatriz consegue sentir tem o nome de arrependimento. O ritmo é lento, eles se olham,mas sem juras de amor , ou desejo.  Fecha os olhos tentando se conectar ao Hugo, mas não há amor, não há paixão, não há tesão... não há nada mais que os liguem. Encara o rosto de seu marido que se mantém concentrado, ela também queria que desse certo.

Aos poucos seu corpo fica tenso, então Hugo entra em clímax e cai ao lado de Beatriz, respirando fundo nos cabelos dela que fica olhando para o teto,se sentindo enojada. Meses atrás teria feito de tudo para estar ali com Hugo, agora que finalmente conseguiu, a realidade surge: Ela não o ama.

— Você... gostou? – pergunta Hugo com receio. Ela balança a cabeça afirmando enquanto se esforça para sorrir. —Se quiser, podemos fazer mais uma vez...

— Claro... – sussurra Beatriz se cobrindo com o lençol.

Mas não houve próxima, pois antes que Beatriz percebesse Hugo já dormia tranquilamente ao seu lado. Ela encara o teto mais uma vez, deixando as lágrimas rolarem silenciosas. “O que foi que eu fiz?’

****

Beatriz desperta com os raios de sol tocando seu rosto. Ela olha para o lado e encontra Hugo ainda dormindo. “Droga, não foi um sonho?  O que eu faço? O que eu faço agora? Já sei, só tem um jeito”.

Ela levanta da cama, tentando não fazer barulho. Pega sua camisola e vai até a sala, abre a porta da estante, procurando algo dentro dos arquivos.

— Bom dia, Dona Beatriz – cumprimenta Leninha, assustando Beatriz — A senhora precisa de ajuda?

— Não – nega Beatriz sorrindo nervosa — Não... Quer dizer... Sim... Sabe onde estão aqueles papéis de divórcio que Hugo vivia me mandando?

— Estão na segunda pasta a esquerda – responde Leninha apontando para dentro da estante — Desculpe-me perguntar... Mas a senhora e seu Hugo irão voltar? Os planos dele funcionaram? Olha eu sempre gostei de ver a senhora com ele, mas a senhora estava mais feliz sem ele...

— Obrigada pela preocupação, Leninha – interrompe Beatriz tirando a pasta correta. Ela abre e sorri — Achei. 

— Se a senhora precisar de alguma coisa, estarei na cozinha – avisa Leninha sorrindo.

— Obrigada ,Leninha – agradece Bia. Ela se levanta e abraça a secretária — Obrigada por tentar ajudar o Hugo... Por lembrar-se da música do meu casamento... Pelas velas... Por tudo.

— De nada... Mas que música do seu casamento? – pergunta Leninha, confusa.

— A que eu dancei com o Hugo... Lembra? Ele me disse que você o ajudou a encontrar. – responde Beatriz encarando a empregada.

— Impossível, Dona Beatriz – nega Leninha — Seu Hugo está doido.

— Como assim? – pergunta Beatriz, preocupada.

— Dona Beatriz, eu não fui ao casamento da senhora não. Lembra que eu tive de ficar com a minha sobrinha que ia dar a luz? Foi bem no dia do casamento da senhora...

— Sim... É verdade – recorda Beatriz, consternada — Eu tinha me esquecido... Obrigada mesmo assim.

— De nada – responde Leninha saindo.

Se Leninha não estava, quem poderia ter contado ao Hugo sobre a música? A menos que...? Não, ele não fez isso!

Beatriz caminha a passos largos para o quarto com os olhos furiosos, sabe que Flávio estava certo sobre Hugo.

****

Beatriz entra no quarto, irada, não acredita ainda que Hugo foi capaz de fazer aquilo com ela. Ela tira os lençóis, irritada, o fazendo acordar. Ela o encara chorando e pergunta:

— Desde quando? 

— Desde quando o quê? – pergunta Hugo sem entender se ajeitando na cama.

— Desde quando você se lembra? – questiona Beatriz, brava — Me responde Hugo? Desde quando você se lembra de tudo!

— Do que está falando? –Hugo, nervoso levantando da cama — O que foi?

— Do que eu estou falando? – questiona Beatriz, indignada apontando a mão com o papel do divórcio — Você disse que a Leninha tinha lhe dito a música do nosso casamento... Mas a Leninha não foi ao nosso casamento! Como pôde?

— Eu sinto muito Bia... Eu não queria que fosse assim... – suplica Hugo ajoelhado — Eu... Eu não queria te perder...

— Desde quando? – pergunta Beatriz chorando, decepcionada.

— Desde que me contou sobre a minha mãe – revela tentando segurar na mão de Beatriz que recusa — Foi ali no píer que eu me lembrei de tudo... Foi ali que eu vi que você ainda estava aí... Quando disse que sempre estaria comigo... Eu soube que a mulher que eu amo esta aí dentro de você.

— Não está... – nega Beatriz se afastando com desprezo — Ela não existe mais, Hugo – vai até a janela balançando a cabeça — Aquele casal... Não existe mais. Eu tentei... Eu juro que tentei, mas...

— Não diga isso – pede Hugo indo em direção a Beatriz — Esses dias só me provaram que ainda nos amamos, que estamos juntos e que nós pertencemos um ao outro. A nossa história não acabou, então não diga que vai desistir, ou que não me quer mais. Ainda temos muito para viver...

— Esses dias só me fizeram perceber o contrário, Hugo! –confessa Beatriz olhando triste para ele — Que você estava certo em por um ponto final... Não conquistamos nada do que tínhamos desejado... Queríamos ser felizes, mas há anos que não sorrimos um para o outro... Há anos que não ficamos sozinhos... Há anos que não dizemos um eu te amo sincero... Não temos a nossa família... 

— Mas ainda temos tempo... Ainda podemos ser felizes... Podemos ter a nossa família... Eu prometo compensar por toda a dor que te fiz passar... Eu errei indo embora de casa... Eu devia ter tentado mais... Agora eu quero lutar por nós dois – afirma Hugo. Ele se aproxima tocando o rosto dela e o trazendo para perto do seu — Por favor... Perdoe-me... Deixe-me tentar mais uma vez. EU prometo que você não vai se arrepender... Eu vou te reconquistar... Todos os dias... Vou te fazer feliz em todos eles... Fique comigo.

— Você não tem ideia do quanto eu desejei escutar cada uma dessas palavras... – admite Beatriz afastando seu rosto — Mas... Não seremos felizes... Você não será feliz comigo... Eu não posso te oferecer o que mais deseja...

— O quê? – pergunta Hugo, confuso.

— Eu não posso ter filhos, Hugo – revela Beatriz chorando, enquanto encara Hugo em estado de choque.

****

Dez anos antes...

— Achou mesmo que eu não ia descobrir que não estava grávida? – questiona Miranda, indignada — Você nunca será tão esperta quanto eu.

— Como conseguiu? – Beatriz sentada olhando para o papel com o resultado negativo para gravidez.

—Simples, lembra quando a Antonieta pediu o sangue dos dois para verificar se teríamos algum problema genético futuro? Foi aí que ela me contou que você não estava grávida.

— O que pretende? – pergunta Bia — Cancelar o casamento?

— Não... – Miranda pegando o teste de volta — Eu pretendo melhorar a nossa relação. Eu tenho quase certeza que seu marido não sabe disso... Acho melhor contar para ele e deixar o Hugo decidir.

— Não faça isso – pede Bia — Ele ficará decepcionado.

— Quer começar seu casamento com uma mentira? – questiona Miranda — E quando pretende contar a ele? Qual é o seu plano?

— Eu ia tentar engravidar... E fingir que era o mesmo... – conta Bia. 

— Acha mesmo que daria tempo... Que funcionaria? – questiona Miranda — Bia... Como você não pensa nas coisas que faz? Olha no que você se meteu!

— Desculpe-me , mamãe – pede Beatriz — Me ajuda!

— Promete fazer o que eu mandar sem me contestar? – pergunta Miranda.

— Sim – responde Beatriz prontamente.

— Então temos de nos preparar para o próximo passo. –comenta Miranda, pensativa.

— Qual seria esse próximo passo? – pergunta Beatriz.

— Dar um jeito de você perder esse bebê antes que ele perceba que a sua barriga não está crescendo. Já até sei como.

— Obrigada por não contar – agradece Beatriz abraçando a mãe — Por me ajudar agora... Estou em divida com a senhora.

— Tudo bem, querida – responde Miranda afastando sua filha. Ela segura o rosto de Beatriz entre as mãos — Para tudo na vida há um preço uma hora você me retribuirá esse favor.

****

Seis anos antes...

Beatriz olha ansiosa para Antonieta que está com seu exame de fertilidade nas mãos. Decidiu fazer o exame após muita insistência de Hugo. Concorda com ele que, quatro anos tentando engravidar sem sucesso, é suspeito. Antonieta olha para ela com seriedade e diz:

— Você tem uma disfunção ovariana, segundo os exames.

— O que isso quer dizer? – pergunta Beatriz, nervosa.

— Isso significa que pode menstruar normalmente, mas não conseguirá engravidar, pois não produz óvulos. Você tem falência ovariana precoce – explica Antonieta — Infelizmente , não poderá engravidar.

— Existe tratamento? – pergunta Beatriz ignorando as últimas palavras de Antonieta.

— Sinto muito, Beatriz – responde Antonieta balançando a cabeça negativamente — Você pode tentar uma barriga de aluguel e adoção, mas de forma natural... Sinto muito.

— Não... Não... – nega Beatriz sem acreditar no que tinha ouvido. Ela olha para Antonieta chorando — Não... Você leu errado... Antonieta... Isso não é verdade...

— Beatriz, infelizmente é verdade. Vai demorar um tempo, mais eu sei que cairá em si – conforta Antonieta tocando na mão de Beatriz — Se quiser eu conto para o Hugo.

— Não! – grita Beatriz. Ela olha para o rosto assustado de Antonieta — Eu contarei para ele.

****

Beatriz chega em casa e Hugo está assistindo jogo na televisão. Ela vai até ele e lhe dá um beijo na testa indo para o quarto. Senta na cama e tira os sapatos de salto, enquanto pensa na forma como iria contar para o Hugo. Sabe que se contar que não pode ter filhos, sua outra mentira iria se revelada, piorando a situação. “Como contarei a ele? Será que ele vai me odiar para o resto da vida? Preciso contar... Preciso contar...”

— Bia... – chama Hugo segurando no ombro de sua esposa — Está tudo bem?

— Sim... – responde com um sorriso tímido — Tudo bem.

— Como foi lá? – pergunta Hugo, curioso — Já saíram os resultados?

— Os resultados deram... Inconclusivos, acabei fazendo outro – mente Beatriz sem olhar para o Hugo — Não se preocupe, logo saberemos se a culpa é minha.

— Tudo bem, não precisa ficar brava – Hugo passando o braço pelos ombros de Beatriz — Tenho certeza que vai dar tudo certo e poderemos começar a tentar novamente.

— Mas e se por um acaso... – começa Beatriz, nervosa.

— Se por um acaso o exame der que não pode ter filhos? – pergunta Hugo — Isso não vai acontecer.

— Mas se acontecer?

— Não vai acontecer, Bia.

— E se acontecer? Como será? – pergunta Beatriz.

— Não vai acontecer nada. Você é perfeita e sei que não tem nada de errado com você – afirma Hugo —  Não tem como ter algo de errado com você. Então vamos parar de pensar negativo. Vou para a sala terminar de assistir o jogo. Amo você.

— Eu não sou tão perfeita assim... Não posso ter filhos – sussurra Bia , mas Hugo já tinha saído do quarto.

****

Cinco anos antes...

— Você viu que atitude linda o Rodrigo lá da empresa teve de adotar uma criança? – pergunta Beatriz deitando na cama ao lado de Hugo.

 — Uma atitude boa – comenta Hugo mexendo no notebook.

— Eles parecem tão felizes com aquela criança. E eu acho que ela até parece com eles, se ninguém perguntar dá para dizer que é de sangue.

— Aonde você está querendo chegar com isso? – pergunta Hugo sem tirar os olhos do notebook.

— Não sei... Talvez nós devêssemos fazer isso também – sugere Bia.

— Fazer o quê? –pergunta Hugo.

— Adotar uma criança.

— Para quê? Nós podemos ter uma nossa.

— Bom, nós estamos tentando há tanto tempo que...

— Beatriz, escute – interrompe Hugo encarando a esposa — Eles só fizeram isso porque a esposa dele não pode ter filhos. Esse não é o nosso caso: você é saudável, eu sou saudável e podemos ter os nossos próprios filhos. Não tem porque ficar pegando filho sabe lá de quem.

— Achei que desejasse ter um filho... – alega Beatriz.

— Eu quero – afirma Hugo — Mas eu quero ter o meu filho, sangue do meu sangue. Eu quero um filho seu e não de uma pessoa desconhecida, nem sabemos de onde saiu essa criança.

— Credo, Hugo! – exclama Beatriz, horrorizada — Eu nunca imaginei que você pensasse dessa forma.

— Mas é a realidade, Bia. Quem tiver coragem de adotar, beleza. Mas eu quero uma coisa minha e não jogada pelos outros.

— Que coisa horrível de se dizer – reclama Beatriz.

— Essa é a minha opinião – retruca Hugo. Ele segura Beatriz, deita em cima dela e diz — Já que você demonstrou interesse de querer um filho, vamos providenciá-lo agora, assim você para com essa babaquice de adoção.

****

Hoje…

 — Quer dizer que você mentiu todo esse tempo? Mesmo depois da sessão continuou mantendo essa mentira? Mesmo depois de prometer para mim que nunca mais iria mentir? – pergunta Hugo sentando na cama — E sua mãe também sabia disso?

— Minha mãe sabia de tudo – responde Beatriz — Por isso ela recebeu a representatividade... Por isso eu permitia que ela tivesse controle. Ela ficou do meu lado quando eu precisei. Mas agora eu vejo que ela não estava do meu lado, só tinha encontrado uma nova forma de me controlar.

— Esse tempo todo, você não pensou em me contar? – pergunta Hugo, transtornado.

— Várias vezes, mas depois de um tempo se tornou irrelevante – confessa Beatriz — Eu não mereço seu perdão e não quero. Eu só te contei para que saiba que não vamos dar certo... Nunca.

— Você errou e eu errei... – comenta Hugo balançando os ombros — Acho que realmente nosso casamento estava fadado ao fracasso...

— Sim...

— O jeito é recomeçar – conclui Hugo, sério indo em direção de Beatriz. Ele se ajoelha na frente de Bia e pergunta – Beatriz, quer começar de novo comigo?

****

 — Não – recusa Beatriz, transtornada, se afastando de Hugo — Você escutou o que eu te falei? EU NÃO POSSO TE DAR FILHOS!!!! NUNCA!!!!!! SEU SONHO NUNCA VAI SER REALIZAR COMIGO!

— Eu escutei Bia... – responde Hugo se levantando — Mas o meu amor por você... O que eu sinto por você... É tão grande... Que eu não me importo... Eu não me importo mais...

— Você não está dizendo isso de verdade, Hugo... Está dizendo apenas para me fazer ficar com você... – acusa Bia, desapontada — Mas no fundo... Esse sonho está aí... Ele sempre vai estar... E ele não vai ser realizar se ficar comigo.

— A gente adota – propõe Hugo segurando as mãos de Bia — Se eu não conseguir esquecer esse sonho... Eu aceito adotar um filho... A gente pode contratar uma barriga de aluguel... Iremos fazer do seu jeito... Como você quiser... Eu vou deixar a nossa felicidade em suas mãos.

— Você não está me escutando, Hugo! – grita Beatriz soltando das mãos de Hugo — Se fosse só isso... Mas eu já aceitei isso... Eu já aceitei que não terei filhos... E mesmo que eu pudesse ter hoje... Eu não teria. Esse tempo longe de você me fez perceber que os nossos problemas não estavam relacionados ao fato de não termos filhos... Ou da minha mãe se intrometer. É muito mais!!!

— Então me diz o que é! – pede Hugo, desesperado — Diz, que encontraremos um jeito de resolver... Só me diz...

— Nós mudamos, Hugo. Nós nos acomodamos em uma vida terrível, cheio de mentiras, intrigas, raivas, brigas e ódio. Nosso relacionamento era doentio... Não tinha como ficarmos juntos da forma como estávamos. Eu admito que foi minha culpa também, pois eu não queria mostrar que tinha feito uma escolha errada e que não estava dando certo. Não queria enxergar que fracassei... Mas pelo menos sei que não foi por falta de tentar... Como eu tentei! Ontem eu decidi tentar mais uma vez... Mas não dá mais...

— Então vamos jogar 14 anos das nossas vidas, fora? – questiona Hugo, irritado — Simples, assim?

— Simples assim... Se fossem trinta anos... Quarenta anos... Não importa. Se eu chegasse ao ponto de consciência que tenho hoje, eu iria jogar essa vida que tivemos para o alto e recomeçar – confessa Beatriz erguendo os braços — Meu pai me disse antes de morrer uma coisa que eu só fui entender hoje. Ele me disse: Nunca é tarde para recomeçar... Antes tarde do que nunca. Eu não entendi na época, achei que fosse delírio. Mas hoje eu vi, precisamos recomeçar... Separados.

— Não precisamos. Vamos esquecer o que houve no passado, resetar – sugere Hugo, otimista — Tenho certeza de que se recomeçarmos, hoje, será totalmente diferente. Você mesma disse ontem que foi feliz comigo... Pode ser novamente. Eu posso te fazer feliz todos os dias, agora que eu sei de tudo... E que você também... Estamos livres para termos o nosso final feliz.

—Você está certo – admite Beatriz tocando seu rosto — Nós podemos resetar... Com certeza você me fez feliz em muitos momentos... E agora sabemos de tudo...

— Então, meu amor – Hugo beijando a mão de Bia — Vamos recomeçar... Eu errei indo embora... Achei que em algum momento você iria atrás de mim... De novo. Eu queria que fosse... Como antes. Mas as sessões me fizeram enxergar que o nosso amor é maior que qualquer briga que tivemos até hoje.

— Sim... – concorda Beatriz — Você só esqueceu de uma coisa... Eu não te amo mais. Não com a mesma intensidade... Aquele amor que um dia eu senti por você... Não está mais aqui e isso para mim conta muito.

— Não diga isso – pede Hugo tocando desesperado em Beatriz — Isso não pode ter acontecido da noite para o dia... Você ainda me ama... Eu sei...

— E não foi assim... – afirma Beatriz — Foram noites e dias... Meses... Anos... Assim como nosso relacionamento, o nosso amor estava fadado ao fracasso. Quando você foi embora de casa, eu fiquei fora de mim. Essas paredes ouviram meu pranto... Minhas súplicas e mesmo sabendo que você estava seguindo em frente...

— Eu não estava seguindo em frente...

— Estava sim... E não te condeno hoje por isso. Mesmo vendo você seguindo em frente... Eu não conseguia, pois eu não queria me desfazer do que construí ao seu lado, do sentimento que eu tive por você... Muitos me condenaram por ainda amar você... Escutei tanta coisa e vi tanta coisa que jamais imaginei que iria ver um dia. Eu fui do céu ao inferno esse tempo todo,eu fui ao fundo do poço... Nunca consegui admitir, mas o que você me disse no jantar foi a gota d'água, achei que não merecia viver, se não tivesse contigo... E decidi que era melhor não viver. Mas quando eu estava no inferno, uma pessoa me resgatou. A pessoa mais improvável do mundo, mas ela me socorreu...

— Flávio – adivinha Hugo, seco — Seu grande amor do passado...

— Sim... Ele mesmo. Antes que pense que ele se aproveitou... Nada aconteceu. Pelo menos, no início. Flávio me mostrou alguém que eu achei que tivesse morrido há muito tempo, mas que ainda estava aqui – confessa Beatriz apontando para o peito — Esperando que eu criasse coragem de libertá-la. Ainda não o fiz completamente, pois eu preciso por um fim... Em quem me tornei. Ele acreditou quando ninguém mais acreditava. Ele me ajudou a enxergar o que nós fizemos um com o outro...  E... Parece patético... Mas eu percebi que nunca deixei de amar o Flávio... Que ele é o meu amor do passado... Do presente e quem eu quero que esteja no meu futuro.

— Você está fora de si, Beatriz... – afirma Hugo apontando para a porta — Até um ano atrás, era a mim que desejava ter ao seu lado para sempre... Era mentira, então?

— Não era mentira. Eu realmente desejei isso. Se não tivesse ido embora, se tivéssemos sido verdadeiros um com o outro, se eu tivesse contado tudo antes... Talvez tivéssemos uma chance de sermos felizes e morrermos velhinhos juntos e felizes. Mas nós temos muitos "se", Hugo. Temos pouca ação para reverter à situação e isto está claro para mim. Isso precisa acabar e não há nada que possa fazer – se afasta e vai até a penteadeira, pegando uma caneta. Ela coloca o papel sobre a penteadeira e assina depois solta a caneta— E essa é a prova que você precisa. Vou seguir seu conselho de ontem: irei seguir em frente, mesmo que você não queira fazer o mesmo.

 — O que você fez? – questiona Hugo indo até a penteadeira. Suas mãos tremem enquanto lê o papel do divórcio.

— Dando o que você queria... Sua felicidade – responde Beatriz indo para a porta do quarto — Se quiser, pode ficar no duplex... Ele deixou de ser meu lar há muito tempo.

— Para onde você vai? – pergunta Hugo, chocado.

— Atrás da minha felicidade – Beatriz passando a mão pelo anel de Jadeíta.

****

— Eu não acredito que você está de camisola – comenta Sônia descendo de seu carro rindo — Está maluca?

— Não... Eu só não consigo ficar mais um minuto naquele lugar. Eu preciso da sua ajuda – pede Beatriz — Leve-me até a casa do Flávio.

— Okay... Mas vai querer ir assim? – pergunta Sônia apontando a chave para a camisola de Beatriz.

— Não me importo – responde Beatriz entrando no carro — Ele já me viu com menos que isso. Vamos logo.

— Tá legal – concorda Sônia entrando no carro — Você me convenceu.

****

Roberto espera tranquilamente as duas na entrada, parece não se importar com o fato de Beatriz estar de camisola. 

— Oi, Roberto – cumprimenta Sônia sorrindo nervosa — O Flávio está aí?

— Não, Senhora Andrade . Lorde Wilkinson foi embora há quase três semanas e pediu para que fechássemos a casa. 

—Por quanto tempo? –pergunta Sônia, surpresa.

— A senhora não soube? – questiona Roberto tão surpreso quanto Sônia — Lorde Wilkinson  retornou a Londres definitivamente.

— Obrigada – agradecem as duas ao mesmo tempo enquanto caminha em direção ao carro.

— O que faremos agora? – pergunta Sônia ligando o carro — O que pretende?

— O que acha, Sônia? Eu irei à Londres – responde Bia, convicta — Eu não desistirei dele, não mais.

— Tudo bem – Sônia concorda dirigindo o carro. Ela olha a amiga de rabo de olho — Só que primeiro você precisa de roupas adequadas, ou não chegará nem ao portão de embarque.

 

 


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Notas finais do capítulo

15 Salmão empanado em tinta de lula com salada verde.

16  Música da banda Guns N' Roses



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