Sacrificed Blood - O Baile da Morte escrita por Thay


Capítulo 8
Capítulo 7




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Quatro dias se passaram enquanto eu tomava coragem para entregar o colár azul à Alison. Por que tanto medo? Simples, quando ela começasse a ter os sonhos viria perguntar a mim e eu não estaria preparada pra responder. Me sinto mal só de saber que ela está envolvida em toda essa bagunça agora, se eu pudesse voltar atrás, jamais a teria permitido tocar naquele diamante. Eu tentei ao máximo fingir que estava tudo bem para que ela continuasse sua vida o mais normal possível, mas ela me conhecia bem demais pra perceber que era tudo uma farsa.
Não me importava que aquela pedra era a última lembrança que Elena tinha de sua mãe, pois a vida da minha melhor amiga era mais importante e se as coisas que estavam acontecendo comigo, como as visões com Elizabeth toda vez me olho no espelho, estavam acontecendo com ela também, eu tinha que evitar antes que fosse tarde demais.
Pensei no fato de que, nem eu e nem Alison gostávamos de jóias, rejeitávamos isso, na verdade. Mas quando eu vi aquele colár, inexplicavelmente eu fiquei fascinada, acho que era porque, no fundo, eu já estava familiarizada e sentia que parte de mim havia retornado. Isso facilitava o trabalho, porque se Ali gostar, eu não terei que fazer com que ela use o tempo inteiro, por instinto ela irá fazer isso. O problema era que, minha avó e Mike usaram meu aniversário como desculpa para me dar meu colár. O que eu diria para Alison? Simplesmente aparecer com o diamante azul do qual ela reconhecera não iria fazer sentido nenhum.

Respirei fundo.
A escola decidiu que todos os alunos poderiam ajudar a vender os ingressos para o próximo baile que seria do segundo ano na semana que vem. Claro, como estou no último ano, não iria participar, mas queria ajudar, ao contrário de Ashley e Derick que viram aquilo como um desperdício de tempo. Eu não teria que vender ingressos, isso era função dos alunos do segundo ano, mas podia vender biscoitos, como uma escoteira ou algo do gênero, coisa que nunca fui. Chamei Alison pra ajudar e Elena quis vir junto. Não impedi.
– E aí, tá pronta? - ela falou quando abriu a porta do seu apartamento para me receber.
– Eu que pergunto, você disse que anda cansada esses dias. - respondi e ela levantou a sobrancelha, concordando. Ela dissera que quase não conseguia mais dormir e que seu corpo agora sentia as consequências dessa insônia. Me sentia mal, porque, ela não iria me dizer, mas com certeza isso era por causa das visões.
– Você acha mesmo que eu vou deixar aquela tal de Elena sair sozinha com você?

Tive que rir.
– Isso tudo só por ciúmes, Ali? Seus olhos estão fundos e quase roxos.
– Eu to bem, só preciso sair um pouco pra tomar um ar.
– Ah, tem uma coisa que eu queria que ficasse com você.
– O quê? - eu tirei o colár do bolso e ela arregalou os olhos - Ammy, o que...
– Seu aniversário... - tentei improvisar.
– Daqui a três meses. - ela me interrompeu.
– Adiantado?

Ela me encarou séria. Bufei.
– Tem como eu simplesmente te dar esse colár sem você desconfiar de mim?
– Não. Primeiro, porque por mais que seus pais sejam ricos, você, sozinha, é uma ferrada que não pode comprar algo desse nível. Segundo, mesmo que pudesse, por que compraria? Quer dizer, tantas coisas mais interessantes...
– Porque você é minha melhor amiga e eu amo você... ? - tentei e ela riu.
– Não cola.

Desisti. Não era mais hora para guardar segredos, e eu já tinha agido estranho com ela há tempo demais, porém, contar tudo de uma vez não era boa ideia. A olhei nos olhos e, sem medo, ela devolveu.
– Sei que tem tido visões com uma mulher muito parecida com você e que talvez ela já até tenha conversado com você. - a expressão de Alison se tornou assustada.
– Como?
– Porque já aconteceu comigo. Esse colár, que eu disse ter ganhado da minha avó, na verdade, eu achei, e tenho certeza que te pertence.
– Mas...
– Vai por mim. - a interrompi - Tenho um igualzinho, que veio de minhas ancestrais. Ele vai te fazer voltar ao normal e, que Deus queira que eu esteja errada, mas se você estiver correndo perigo, o que é muito provável, isso vai te proteger.
– Ammy, você sabe que o que tá me dizendo não faz o menor sentido, né?

Apertei os dentes, grunhindo.
– Droga, eu sei! Só que eu não tenho escolha. Um dia você vai me entender, só... Confia em mim, na sua melhor amiga e usa esse colár, onde quer que você vá e não o tire do pescoço. - pus o objeto em suas mãos com calma.

– Mesmo minha melhor amiga bancando a maior estranha?

– Mesmo assim. - disse, rindo nervosamente - Sabe que independente das circunstâncias eu só quero o seu bem.

Ela não disse mais nada, só obedeceu, escondendo-o dentro do casaco. Fomos buscar Elena em uma praça, ela tinha uma bolsa volumosa, provavelmente com os ingressos e sorriu quando me viu, Alison e eu nos aproximamos e eu a abracei.
– Elena, essa é a Alison. - apresentei e as duas se abraçaram.
– É um prazer. - Elena disse - Por onde vamos começar?
– Bem, os bairros mais simples primeiro, são menos movimentados e se conseguirmos algo, corremos menos risco de sermos assaltadas se formos para os outros depois.
– Hum, muito bem lembrado. - Alison falou.

A tarde se arrastou desse jeito, apesar de aparentemente quase ninguém conhecer a SHS, todo mundo queria estar no concurso por causa da boca livre. Que absurdo! Parece até que esse povo passa fome. Mas se fosse pra ajudar a escola, tanto faziam quais eram os motivos, o importante é que comprassem os ingressos. E compraram. Arrecadamos uma boa quantia para um primeiro dia de vendas. Voltávamos para o nosso ponto de encontro inicial quando Ian nos viu de seu carro ao longe e parou ao nosso lado.
– Logan? - Alison confundiu - Ammy, você disse que ele havia viajado pra fora da cidade. Onde se meteu, garoto?

Revirei os olhos e encarei o idiota na ferrari vermelha parado ao nosso lado, repreendendo-o. Ele sorria, satisfeito.
– E ele foi. - eu respondi - Esse é o seu gêmeo. - ela riu sem humor e Elena se aproximou.
– Ammy, eu vou pra casa, tá? Minha avó deve estar preocupada. - assenti e ela saiu, com sua bolsa na mão. Parecia tão envergonhada que fiquei me perguntando o porquê, mas provavelmente devia ser por causa de Ian, ela não deveria estar acostumada a ficar perto de garotos.
– Não acredito que Logan tem um irmão. - a voz da minha melhor amiga sobressaiu meus pensamentos - Isso é...
– Inacreditável? - Ian completou, o canto da boca se esticando em um sorriso. Esquisito como ele conseguiu exercer o gesto perfeitamente, sem nem se esforçar, me causando um embrulho no estômago pela nostalgia - Sou mais bonito. - ele deu de ombros.

Ali riu.
– Pode levar a gente pra casa? - eu a encarei, levantando uma sobrancelha. Em resposta, ela puxou meu braço e sussurrou no meu ouvido - Se qualquer coisa acontecer, esses coláres vão nos proteger, certo? Vai ficar tudo bem e ele parece ser gente boa.

Bufei. Como explicar agora que essas porcarias não iriam nos proteger se caso ele atirasse na gente ou colocasse fogo na nossa casa? E era eu sozinha contra esses dois, não tinha a menor chance.
– Podem entrar. - ele disse. Ali pulou por cima da porta e sentou no banco do carona, já eu preferi o modo tradicional para sentar atrás. Ian deu a partida.
– Desculpe te confundir, é que minha ótima amiga aí esqueceu de me falar que o ex dela tinha um irmão gêmeo.
– A culpa é minha por não querer falar sobre a família do meu ex? Quer dizer, isso é totalmente saudável quando a relação acaba, não é? - ironizei e ela revirou os olhos.
– Eles são irmãos, Ammy. E nós somos duas garotas. - ela sorriu maliciosamente para Ian que devolveu o gesto. Fiz uma cara de nojo.
– Eu mereço...


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