O Motivo Real

Pov. Bella

Uma tarde de sol com aroma de lavanda impregnado o ar, esse era o cenário que completava aquele momento na campina. Estava sentada no colo do Edward, nossas mãos entrelaçadas. Enquanto eu recuperava o fôlego de mais um demorado beijo, Edward preenchia subindo e descendo pela extensão do pescoço com pequenos selinhos. Deu uma pequena risadinha quando ele sussurrou no meu ouvido me provocando cócegas.

– Case-se comigo.

– Não - respondi brincalhona.

Ele saiu de traz do meu cabelo o colocando para traz da minha orelha e olhando em meus olhos como se pudesse enxergar minha alma.

– Case-se comigo, Bella.

Desviei o meu olhar do dele e focalizei nas linhas da minha calça. Respirei fundo e o olhei de novo dando um sorriso sacana.

– Me transforme.

Edward sorriu torto.

– Case-se comigo e eu te transformo.

Devolvi o pensamento, tentado sem muito sucesso confundi-lo.

– Me transforme e eu caso com você.

Ele jogou a cabeça para traz rindo baixo.

– Por que você dificulta as coisas? Era tão simples, era só você dizer um curto sim e pronto, agradamos ambos, eu tenho o tão esperado casamento e você realiza o seu desejo de tirar a sua alma.

Ele sempre tinha uma carta da manga, algum pensamento para me fazer mudar de ideia, e em todas elas ofendendo a si mesmo.

– Matrimonio é só... Só um pedaço de papel. E você sabe muito bem que eu não tenho o mesmo pensamento que você em relação a imortalidade. Eu só quero ficar com você para sempre.

– Começando pelo matrimonio.

– O meu para sempre começa com a minha transformação em vampira.

Ele voltou com a cabeça para frente me olhando com o mesmo sorriso torto. Até que sua expressão ficou séria e confusa. Depois ele me olhava de um jeito que parecia tão frágil e inocente como uma criança.

– O que?

– Por que você não quer se casar comigo?

– Eu nunca disse isso.

Ele fechou os olhos, eu tinha que enrolar o possível pra não alcançar aquele assunto que eu tanto escondia.

– Deixe-me reformular minha pergunta de um jeito que eu obtenha minha resposta sem você ficar enrolando. Por que você não quer se casar comigo antes de ser transformada? Porque não quer se casar comigo sendo humana?

– Eu nunca disse que não quero me casar com você como humana.

Ele suspirou e abriu os olhos.

– Dá pra você parar de enrolar e responder minha pergunta.

– Sou muito nova, pronto? Satisfeito?

Edward por favor, cale a boca ou mude de assunto.

– Não, o que mais Bella?

– Como o que mais?

Por favor, Edward, mude de assunto, gritei em pensamento.

– Tem mais coisa, não é só o fato de ser muito nova.

– Eu só sou muito nova, só tenho dezoito, meu amor, só isso.

Na esperança que ele não voltasse a aquele assunto de novo eu o beijei, claro que ele correspondeu, mas me afastou mais cedo do que o de costume. Sim infelizmente ele estava curioso de mais.

– Você continua mentindo mal, Bells. Por que não me fala o motivo?

– Eu já disse.

– Não tudo.

Pela minha sanidade Edward, pare!

– Já disse sim.

– Está mentindo.

Pare, pare, pare.

– Pare de me chamar de mentirosa! – O tom da minha voz aumentou gradualmente.

– Não te chamei de mentirosa, só vejo que você comprime a verdade.

Por favor, POR FAVOR, pare Edward.

– Bella eu te amo e não tenho segredos com você. Me diga a verdade.

Pare...Pare eu te imploro.

– Me diz Bella.

Ele roçou a sua boca na minha sem me beijar.

– Me diz o porquê, meu amor.

Não me torture mais, eu não vou aguentar.

– Sou nova demais.

– E...

Ele deixou para eu continuar.

Mas que merda!Chega Edward, chega!

– E o que mais, Bella?

– Pare Edward.

Já estava à beira das lágrimas.

– É só dizer Bella.

– Porque tenho medo – sussurrei.

– Porque Bells?

Meu coração batia forte de mais e o bolo na minha garganta estava insuportável, eu me sentia como uma bomba com um pavio todo queimado prestes a explodir. Levantei do colo do Edward e caminhei até ficarem pelo menos quinze passos a distancia dele.

As lágrimas já corriam ao rumo de chegar cada vez mais rápido até o meu queixo sendo empurrada por outras lágrimas teimosas tentando passar na frente. Depois do fim do meu rosto eram elas que escolhiam se caminhavam pelo meu pescoço ou caiam em meus braços cruzados.

Até agora Edward não havia se mexido, mas eu podia sentir seus olhos queimando nas minhas costas. Ouvi um movimento na grama e passos lentos até mim, tocando meu ombro e deslizando pelo meu braço até me abraçar. Sua cabeça pousou na curvatura do meu pescoço.

– Bella, eu te amo muito mesmo e nunca quero ter um sequer segredo com você. Eu quero e vou te proteger de tudo e todos. Basta falar do que você teme.

Mais lágrimas desceram na corrida.

– Dói, Edward.

– O que dói?

Virei minha cabeça na direção do horizonte, nessa hora o sol já se punha. Já era tarde, mas eu não podia adiar esse assunto mais ainda.

– Eu não quero que aconteça de novo.

Ele me apertou mais forte, era bom e eu me sentia segura. Meus soluços foram se acalmando de vagar. Edward me virou para que eu pudesse abraçar as suas costas exatamente como ele fez com as minhas.

– Na verdade Edward, desde o começo você sabia o motivo. Só está me torturando pra ter certeza.

– Bella meu amor acredite em mim, eu não sei, não faço ideia do motivo.

Um singelo selinho foi depositado nos meus lábios acompanhando mãos fortes secando minhas lágrimas. Pude ver quando ele abriu os olhos, era verdade, ele não tinha a menor idéia.

– Então faça assim: pare de pensar no motivo e no sim. Pense o que de imperfeito e talvez errado tenha na minha vida. Pense em uma coisa que existia antes de eu nascer e ainda acontece. Ai sim vai encontrar o motivo.

Sua expressão ficou confusa novamente.

– Mas, Bella o que você quer dizer com... Ho.

Ele me olhou com pena, o que eu não gostei.

– É por isso? Por causa deles?

– Deles quem, Edward?

– Seus pais. Renne e Charlie.

Voltei a olhar para baixo, piscando rápido tentando evitar as lágrimas novamente.

– Eles se casaram com minha mãe com dezoito e meu pai com dezenove. Eu nasci um ano depois e foi o motivo de todas as brigas, o que resultou na separação. Eu não quero que isso se repita. Não conosco.

Ele segurou meu rosto entre as suas mãos fechando os olhos. Fechei os meus também, ficamos em silencio até que minhas lagrimas secassem.

– Bella, eu quero que você me escute, eu vou deixar uma coisa bem clara. Você pode deixar de me amar, pode até tentar fugir de mim. Mas eu nunca vou deixar você se afastar do meu lado. Já passamos por essa experiência antes, você se lembra?

– Eu prefiro não lembrar.

– E isso diz como essa estúpida ideia minha, foi desastrosa, eu nunca vou deixar você fugir como o seu pai fez. Eu amo você Isabella.

As lágrimas novamente voltaram, mas de emoção. Eu estava estupidamente emocionada com o que ele disse. Edward sempre tinha algumas palavras na ponta da língua para me deixar igual manteiga derretida. Mas hoje, eu tinha algo talvez muito melhor.

– Edward.

– Sim, meu amor.

Abri meus olhos e olhei no dele.

– Sim.

– Sim o que, Bells?

– A resposta da sua pergunta.

– Que pergunta?

Tive muita vontade de rir, mas não queria quebrar o clima.

– Se eu aceitava me casar com você.

Falei como se fosse a coisa mais obvia do mundo, mas ele ficou paralisado. Mas quando se mexeu só colocou a mão no bolso e de lá tirou uma caixinha preta de veludo. Com uma aliança dentro.

– Então, você poderia, antes que me mate do coração com mais surpresas, de me fazer a hora de colocar essa aliança no seu dedo? – ele disse sorrindo.

– De onde eu nunca mais vou tirar.

A joia deslizou facilmente pelo meu dedo e depois a mesma recebeu um beijo de meu Edward...

De quem eu nunca vou sair do lado.

Meu eterno amor...

Fim