Identidade escrita por Nael


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu sempre faço fanfics longas e cheias de reviravoltas em suas tramas. Então decidi que vou postar também algumas ideias, algumas one shot que tenho aqui para vocês.
Espero que gostem. Essa foi uma inspiração da madrugada que tive. ^_^



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"A amizade e a lealdade residem numa identidade de almas raramente encontrada."

–Epicuro

A porta se abriu e um homem alto de terno alinhado e sem cabelos entrou na sala escura. Ia acompanhado por mais dois guarda-costas tão altos, carecas e amedrontadores quanto ele. Nos seus lábios o charuto.

Ele andou até o meio do cômodo tirando o tabaco da boca e liberando a fumaça no ar.

– Ahh! – O rapaz a sua frente reagiu ao cheiro. Tinha a aparência jovem, o corpo sem camisa um tanto fraco e agora todo cheio de hematomas. Os cabelos ruivos estavam bagunçados e na altura dos ombros cobrindo seus olhos verdes. – Sabe Hatori não há tortura pior do que essa. – Ele ergueu o rosto.

O homem, chefe de uma importante máfia nos Estados Unidos o encarou com seus olhos gelados.

– Pronto para me dizer o que quero saber?

– Ahh – Ele resmungou revirando os olhos. – O Mello de novo? Cara isso já está começado a virar um fetiche. Eu me manteria longe daquele chocólatra se fosse você. – Ele riu de canto.

O homem se aproximou furioso segurando o queixo do rapaz e mantendo o charuto perto do seu rosto disse:

– Você está protegendo um maldito que não se importa com você.

– Eu sei disso, mas como eu venho dizendo há dois meses eu não sei do Mello. A ultima vez que o vi foi a três anos quando se mandou de casa.

– De casa? – Ele soltou o rapaz que tinha os punhos amarrados por correntes uma de cada lado da parede e que o mantinham erguido. Quase como se estivesse prestes a ser crucificado. – O orfanato...

– Vá em frente. – O jovem disse simplesmente. – Não sei mesmo onde o Mello está agora e não direi nada sobre o passado de nenhum dos herdeiros do L. Se quer algo de mim que seja minha vida então. Eu nunca irei abrir a boca sobre nada.

– Depois de dois meses começo a pensar mesmo nisso. – Ele fez um gesto para os guarda-costas se afastarem enquanto tirava o paletó e puxava as mangas da camisa. – De qualquer forma eu já me cansei e isso acaba aqui. – Ele puxou uma arma da cintura. – Como manda o figurino, ultimas palavras, algum pedido antes de morrer, Matt?

– Sim. Eu quero que me escute.

– Ora essa decidiu falar finalmente? – Ele riu.

– Sim. Isso mesmo... Há uma coisa que eu posso te contar. Se eu vou morrer de qualquer forma quero pelo menos dizer isso em alto e bom tom.

Deixe-me falar sobre nós. Os caras anormais. As mentes geniais...

No mundo de hoje as pessoas comuns se acham muito especiais por serem invisíveis ou muito incomodadas por não se destacarem. Eu não sei dizer se alguma delas está certa ou se há vantagens. Eu nunca pertenci a esse seleto grupo por mais que desejasse e embora elas pareçam incrivelmente mais maravilhosas eu só posso falar sobre os meus.

Um grupo a parte, que se mantém a distância, mas não se engane estamos em todos os lugares, podemos ser qualquer um, podemos nós misturar e ainda sim sermos únicos. Temos o dom de superioridade, nos gabamos ou escondemos isso com razão, afinal pagamos preços extremamente altos em toda nossa controvérsia existência.

Nós sabemos resolver os mais difíceis códigos e mistérios, mas somos ignorantes. Não sabemos nada. Não temos nada. Somos órfãos de tudo e todos. Não temos nada a amar, nada a temer, nada a odiar de fato. Tudo o que somos é o vazio e só não aceitamos perder. Por isso protegemos o que nos foi oferecido.

Nós não choramos a noite, não lamentamos a morte dos conhecidos e não nos arrependemos dos nossos atos. Nós saímos à caça, nós corremos, lutamos, gritamos até nossas últimas forças. Nós rimos na cara da morte, amaldiçoamos nossos medos e abraçamos nossos fantasmas do passado.

E por mais que você tente nos atingir não conseguirá, nós nos odiamos e nos amamos de uma maneira psicótica, não permitimos que outros interfiram em nosso mundo particular, nossas brigas ou tentem tirar alguém do jogo antes da hora. Nós somos ligados por laços e corrente que nos protegem e nos sufocam.

Nós somos fracos perante os olhos de qualquer um, mas temos uma força, um poder, uma infantilidade e teimosia interna capaz de chacoalhar o mundo e a vida de todo.

Nós somos existências deprimentes, sem sentido que não procuram uma razão ou caminho. Tudo que queremos é nos livrar do tédio, manter nossos vícios e talvez morrer em nome de algo ou alguém, não importa o que ou quem, se é certo ou errado. Apenas não queremos acabar de forma ociosa como já vivemos.

Nós somos crianças amaldiçoadas, humanos corrompidos e errado, presas esguias, amigos traiçoeiros, monstros únicos. Fantasmas persistentes.

Pois mesmo que não estejamos mais entre os vivos vocês não podem nos fazer desaparecer. Nós continuamos aqui, nossas mentes, nossas ideias, nossas memórias sempre serão carregadas por alguém entre nós. Não importando se de maneira gentil ou desagradável.

Nós somos deuses entre os homens. Nós somos os heróis e os vilões. Nós somos infinitos e imortais. Somos os herdeiros de seus futuros o moldando como convém a nossos caprichos. Nós somos os sucessores do L. As crianças da Wammy's House.

O mafioso o olhou furioso com decepção e desprezo.

– Você não é tudo isso, você é patético. – Ele voltou a erguer a arma.

– Talvez, mas você é um idiota completo. – Matt mordeu os lábios secos sorrindo, com um olhar tão brilhante que fez o homem ficar catatônico.

– Do que está falando, moleque?

– Enrolação. – Ele sorriu. – Não prestou mesmo atenção em nada do que eu disse? Não gostamos de interferências. – Ele piscou um olho no momento em que os disparos se fizeram ouvir. Três tiros simultâneos e precisos acertando os homens lá dentro.

Do andar de cima cinco homens de roupas escuras, com barbas e cabelos diferentes apareceram e encararam o rapaz preso. Um moreno se aproximou ficando de frente para ele. Colocou um papel em seu bolso.

– Ele os mandou?

– Nessa conta encontrará todo o dinheiro e documentos que precisa para voltar a sua vida. – Ele falou e se virou de costas. – Não podemos soltá-lo ou será suspeito. – Eles começaram a caminhar ruma à saída. A porta de metal foi aberta e Matt pode ver mais corpos caídos do lado de fora. Antes de ir embora o mesmo homem se virou e olhou para ele mais uma vez. – Ah! Ele também mandou dizer que está em débito com a sua lealdade.

– Então diga que ele pode me pagar com cigarros. – O ruivo sorriu de canto, sabia que devia haver alguma câmera nas roupas dos homens e não pode resistir. Mello, seu maluco, seu chocólatra, seu psicopata... Meu nada doce irmão bastardo.

Não demorou até as sirenes tocarem e a polícia invadir o lugar. Contudo a única coisa que encontraram foi um rapaz ruivo, ferido e acorrentado à parede. Mas na sala de comando da SPK Near, apesar de se fingir indiferente aquele assunto e frustrado por perder uma pista dos comparsas de Mello, sorria de canto. Não por alegria ou alivio, assim como Mello em seu esconderijo ele sorria simplesmente por saber que o jogo ainda continuava.


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Notas finais do capítulo

Embora na descrição do mangá e até mesmo anime o Matt tenha cabelos castanhos eu decidi deixá-lo ruivo já que isso se propagou de uma maneira que passou a ser sua principal característica. Espero que tenham gostado.
Sou apaixonada por ele. *--*
Logo, logo mais one shot pra vocês.



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