Dormir com o passado escrita por Simi


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! :)
Bem, aqui está o último capítulo!
Boa leitura! ^^



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Chegou o dia do casamento. Aida sabia que a mãe dele faria de tudo para que nas festividades daquele dia ela fizesse má figura. Mas, felizmente, o casamento ocorreu como qualquer um. Entrar na igreja, ouvir a pregação do padre, dizer o sim, dirigir-se para o copo de água, cumprimentar convidados, comer, dançar, conviver, beber e cumprimentar mais convidados.

Aida chegou ao final do dia sem quaisquer forças nas suas pernas. Dirigiu-se para o quarto que seria seu para o resto da sua vida. Olhou ao redor.

Bem, pelo menos não está cheio de poeira…, pensou.

Naquela noite e no dia seguinte, a casa estaria por conta de ambos. Não que a ideia lhe agradasse, mas pelo menos não teria a gralha da mãe dele sempre a encher-lhe os ouvidos. Perdida em pensamentos, Aida sentou-se pesadamente na cama. Atirou os saltos altos para um canto qualquer do quarto e suspirou, enquanto olhava a janela. Não ouviu a porta ser aberta e só deu conta de que tinha companhia quando ele se sentou ao seu lado. Aida tentou levantar-se, mas ele fê-la sentar-se novamente. Ela simplesmente odiava quando lhe faziam aquilo, principalmente ele. Passava a vida a fazê-lo quando namoravam.

— Antes que comeces a criticar-me – iniciou ele. – deixa-me dizer-te algumas coisas. Naquela noite eu não estava em mim… Tinha bebido demais, tinha ingerido demais o que não devia e esqueci-me completamente do que era importante no momento. Estava fora de mim.

Aida só ouvia, estática. Ela já sabia de tudo aquilo, aliás, ela tinha presenciado.

— Que lata a tua! Eu já sei de tudo isso! – Aida levantou-se. – Eu não quero saber de pormenores!

Estava irada. Queria destruir o mundo à sua volta e a ele também. Mas não conseguia. Nem que se transformasse, nem que usasse todas as suas forças animais, não lhe conseguiria fazer qualquer mal.

— Espera! – elevou o seu tom de voz. – Eu ainda não acabei! O meu pai proibiu-me de ver-te, ou seja, eu nem tive a oportunidade de te pedir que me perdoasses!

Se Aida não se tivesse segurado num móvel, teria caído de joelhos no chão. Não conseguia acreditar… Todo o sofrimento que tinha sentido tinha sido por um simples capricho de um homem presunçoso.

— E porque é que durante estes seis meses não me disseste nada? Tu tens noção do que eu tenho sofrido? Do que eu sofri ao receber a pancada dos teus capangas e saber que foste tu que mandaste? Tudo por uma birra sem sentido?! – Aida tremia, já tinha o choro descontrolado.

Viu-o esconder o rosto com as mãos.

Apesar de tudo, parece que ele ainda não tem coragem para agir…, pensou.

— Perdoa-me... – ouviu-o murmurar. – Perdoa-me por, ser tão covarde…

Antes que pudesse evitar, já estava sentada ao seu lado. Continuava a chorar, as lágrimas continuavam a rolar pelo seu rosto.

— E agora esperas o quê? – ele precisava ouvir tudo aquilo. – Que eu deixe que te deites sobre mim e que faças amor comigo até ao nascer do sol? Nós não estamos numa comédia romântica!!

Ficou surpreendida por ele não ter dito nada, mas ficou ainda mais surpresa com o que ele fez e com o que viu. No momento seguinte, estava deitada, com ele sobre si. Com as mãos trémulas, Aida afastou os cabelos negros que escondiam os olhos dele. Tinha os olhos marejados de lágrimas, algo que nunca havia visto durante toda a sua convivência com ele.

— Sebastião... – murmurou o seu nome pausadamente. Não tinha pronunciado o seu nome nem uma única vez naqueles seis meses e isso fê-lo levantar o olhar. – Estás surpreendido por eu ainda saber o teu nome? – brincou um pouco com a situação.

— Nunca pensei que o meu nome ainda pudesse soar assim nos teus lábios... – abafou um sorriso.

Aida não gostava de cenas românticas cheias de Amo-te e Vamos ser felizes para todo o sempre. Aliás, dispensava-as. Ao manter as suas mãos no seu rosto, isso incentivou Sebastião a beija-la.

No divino impudor da mocidade,

Nesse êxtase pagão que vence a sorte,

Num frémito vibrante de ansiedade,

Dou-te o meu corpo prometido à morte!

A sombra entre a mentira e a verdade...

A nuvem que arrastou o vento norte...

–-- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:

Meus beijos de volúpia e de maldade!

Trago dálias vermelhas no regaço...

São os dedos do sol quando te abraço,

Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos

Vão-te envolvendo em círculos dantescos

Felinamente, em voluptuosas danças...**

Aida acordou de manhã com dores por todo o corpo. Apesar da ferocidade de uma pantera, a força de um dragão era muito superior. Ficou feliz, em parte, por saber que as almas de ambos se tinham unificado após uma longa espera de mil anos. Olhou para o seu lado. Não estava vazio. Não sentiu aquele aperto no peito. Ao olhar a face de Sebastião, esqueceu-se de tudo por momentos. Importava-se lá ela dos confrontos que se seguiriam! Ela só queria dormir com o seu passado ao seu lado…


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Notas finais do capítulo

Notas:
**Poema da autoria de Florbela Espanca
Então, o que acharam? Finalmente, acabou. Eu amei escrever esta pequena história *-*
Inspirei-me no poema que, como vocês devem ter percebido, descreve a cena em que Aida e Sebastião fazem amor :)
Por vezes, sinto que não tenho jeitinho nenhum para escolher nomes para as minhas personagens... -.-
Bem, mas isso não interessa agora! Espero que tenham gostado! Se tiverem curiosidade, podem ir ao meu perfil, pois tenho alguns oneshots e uma fic que ainda está em andamento ;)
Até à próxima! ^^



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