Akay entrou correndo na casa, logo atrás estava seu irmão. Ele parecia estar furioso com Akay – Um bom motivo para ela estar fugindo – Shiro olhou para os dois vultos que passaram pela sala. “Ó Deus! Que eles não quebrem nenhum vaso!” Ela pensou. Akay entrou dentro do quarto e trancou a porta. Ela acendeu as velas e abriu o armário. Gorny caiu da estante mais alta e soltou um grito. Akay pulou em cima dele e fechou seu bico – literalmente – Gorny olhou para ela assustado.

– Akay! Eu sei que você está escondendo algo! Abre isso agora!

– Vai embora Kuro! – Gritou ainda no chão.

– Eu vou entrar!

– Kuro! Vai embora!

– Estou com o machado do papai! Vou derrubar essa porta!

Gorny olhou para Akay. Ela pegou um pequeno pacote do cinto e jogou um fino pó azul no chão. “Por favor, funcione!” Ela pensou. Ela começou a desenhar um círculo mágico com o pó azul. Quando ela finalmente terminou, uma luz azul encheu o seu quarto. Gorny mergulhou dentro do círculo como se ele fosse um lago. A porta caiu. Kuro entrou dentro do quarto e olhou para o círculo mágico. Akay pulou dentro do círculo mágico fechando-o. Kuro deu um grito de frustração. Shiro entrou dentro do quarto e começou a rir quando viu o círculo mágico no meio do quarto.

– Ela te pegou de novo! – Ela gargalhava. – Esta é a milésima vez que ela ganha!

– Eu ainda vou descobrir... – Um papel velho e amassado caiu da prateleira mais alta do armário. Kuro pegou o papel e analisou o desenho. No papel estava claramente um desenho de um dragão ao lado de Akay. Kuro procurou pela assinatura do artista, nada até que ele viu um leve rabisco do lado do pé de Akay.

– O que é isso?

– Eu preciso ir para a casa dos Dragon!

– O que aconteceu?

– Agora! Depois eu te explico mãe. Mas uma coisa é certeza, Akay é uma domadora de dragões.

Akay apareceu na frente de uma casa na árvore enorme. Lá em cima no teto estava Gorny. Akay escalou a árvore, se equipou de seu arco e entrou dentro da casa. Lá, tudo era feito de pedra, madeira e alguns materiais especiais que apareciam na frente da casa de vez em quando. Ela sentou na frente de um piano e começou a tocar sua melodia preferida. Gorny entrou na casa e sentou ao lado do piano. Quando ela terminou de tocar Gorny apoiou a cabeça no colo dela. Ela começou a acariciar sua cabeça e a tocar outra música, Gorny se levantou e foi para o telhado novamente.

Kuro foi até a casa dos Dragon e tocou a campainha. Danie foi quem atendeu a porta. Kuro pegou o braço dela e a puxou para dentro da casa. A porta bateu e um silêncio tomou a casa. Todos estavam olhando para Kuro, que segurava o desenho com raiva na mão. Uma garotinha olhou para a folha e começou a rir.

– Ele descobriu! Ele descobriu! – Ela ria – Ele descobriu!

– O que é isso?! – Kuro levantou o desenho para Danie ver. Ela olhou para o desenho e depois para o chão. – É verdade isso?

– Acho que eu não tenho como dizer não... Ela confiou seu único segredo à nossa família.

– Por que?

– Seu pai odeia muito os Domadores de dragões e isso fez sua irmã ficar com medo. Ela não tem culpa se seu pai é um maníaco.

– Onde ela está? Me diga, agora!

– Vou te levar até lá.

Danie jogou um pó azul no chão e fez um círculo mágico. A garotinha empurrou Kuro para dentro do círculo e depois ela jogou Danie.

Kuro foi parar em frente á uma casa na árvore enorme. No telhado havia um dragão salmão que dormia. Danie entrou na casa. Kuro foi chegando perto da casa devagar. Um leve som de piano foi invadindo seus ouvidos levando-o á uma terra diferente, uma ilha onde apenas dragões moravam, então o piano parou. Ele olhou para a casa novamente e lá estava Akay. Ela olhou para ele com raiva e entrou dentro da casa novamente.

– Akay! – Ele correu atrás da irmã.

– O que você quer, Kuro? Já descobriu meu segredo. Vá correndo contar ao papai que eu tenho um dragão e uma casa escondida na floresta, não é isso o que você sempre faz?

– Akay... Eu não quero contar ao papai. Eu acho isso demais!

Akay olhou para o irmão confusa. Os olhos de Kuro brilhavam diante daquela enorme casa e aquele dragão adormecido.

– Eu sempre quis ver um dragão... – Ele olhou novamente para o dragão e depois para a irmã. – Eu sabia que você tinha algo de diferente... Somos gêmeos lembra? Podemos confiar um no outro.

– Kuro... – Akay saltou da janela da casa até seu irmão. – Você é muito besta. Realmente acha que eu vou acreditar em você?

– O que?

– Nós passamos a vida inteira juntos. Você sempre me dedurou. Você sempre dizia: “Nós podemos ser irmãos, mas eu não sou obrigado a ser legal com você”.

– Tem razão. O papai já está a caminho. Vejo-te depois, irmãzinha.

Kuro foi embora. Akay se deitou no sofá da casa e suspirou. Danie não sabia o que fazer, e apesar de saber que deveria ficar para proteger Akay, ela foi embora. Akay montou em Gorny e voltou para sua casa. Quando ela chegou na cidade todos começaram a gritar e comentar sobre a única Ichiro Domadora de dragões. O pai de Akay não permitiu que ela ficasse na casa mais nenhum dia, ela só poderia voltar depois que ele morresse. Akay arrumou suas coisas.

– Querido, não precisa ser desse jeito. Apenas mate o dragão e finja que nada aconteceu!

– Matar o dragão?

– Não! – Akay entrou no caminho entre seu pai e o dragão. – Você não tem autoridade sobre mim ou sobre o meu dragão. Eu não sou mais Akay Ichiro. Agora eu sou apenas Akay! Nunca fiz parte dessa família. E nunca quis!

– Akay o que está dizendo?

– Sr. Ichiro, Sra. Ichiro. Adeus. Desculpem atrapalhar o dia de vocês, nunca mais voltarei.

– Akay o que esta dizendo?

– Isso mesmo! – Gritou Kuro do telhado da casa. – Nunca mais volte! Fará um grande favor para todos nós.

– Com certeza, eu NUNCA mais voltarei. Até mais ver, Kuro Ichiro. – Akay montou no dragão e virou as costas para a casa. – Hei, sabe o que eu percebi? A mais nova está saindo de casa mais cedo.

– O quê?!

Akay saiu voando com o dragão. Por mais que ela desejasse, ela não virou para olhar para trás. Akay Ichiro estava morta. Uma nova Akay havia nascido.