Darling Escobar. escrita por Divergente de Zeus


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Simbora!



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– Logicamente não, Escobar querido... Logicamente não. Falei olhando-o nos olhos.

– Pois bem, Bentinho. Portanto, não vejo motivos pelos quais nosso seminário fez-lhe esquecer tua amada Capitu, ele murmurou para mim, áspero, quase que cuspindo de seus lábios o nome de minha Capitu.

– Já lhe falei que não a esqueci, Ezequiel. Não me parece que há motivos de sua rispidez para comigo. Vi-lhe apertar os dedos curtos e finos uns nos outros, juraria por mamãe que tinha cara de quem queria assassinar brutalmente alguém.

Escobar estava agindo de maneira estranha e ríspida quando tocávamos no nome de Capitu, porém sempre me apedrejava por palavras, dizendo-me que era eu quem havia a esquecido. Senhor Deus, peço-te que me ajudes a entender à Ezequiel, menino confuso este que, uma hora me abres a alma até o fundo do quintal e em outro minuto fecha a boca e quase lhe apertas a própria garganta para impedir alguma palavra que não queira que salte sobre mim. Porém, Deus, prometo-lhe que não farei-lhe mais promessas de rezar-lhe alguns milhares de padre-nossos, somente ajuda-me a entendê-lo. Eu pensei enquanto olhava para os cabelos loiros e levemente encaracolados do antigo seminarista ao meu lado.

– Chamaste-me de Ezequiel, Sr.Bento? Já lhe disse não sei quantas vezes que não me agradas nada que se dirija a mim dessa forma, ele disse, me fazendo perceber que acalmara a fera. Engolira o sapo, ou talvez o dragão que estava em sua garganta.

– Pois bem, me perdoe então. Eu disse, desviando meu olhar de Escobar.

– Receio que devemos ir, não acha? Olhe para o horizonte, o sol ali está! Deveras Capitu pode estar preocupada com seu marido, Bentinho querido. Ele falou, de forma sarcástica.

Apenas lhe assenti com a cabeça enquanto me levantava. "Deveras Capitu pode estar preocupada com seu marido" ele disse, essa preocupação desenfreada por Capitu estava me deixando um pouco encabulado. Senti ciumes novamente, admito á você que me lê neste momento. Digo-lhe que me lê, pois derramo aqui minh'alma verdadeira, sem mácula agora, acho. Acho, pois me parece que meu ciumes pegara Capitu ou a Escobar, ou aos dois. Senti a cabeça quente enquanto estava sentado naquela charrete, enquanto Escobar conduzia os cavalos até minha casa, me parecia dor de cabeça, me parecia dor de coração, me parecia dor de culpa. Acaso não saberia eu que dor sentia? Pois é, asseguro-lhes que não.

– Enfim, seminarista Bento, entrego-lhe em segurança para sua amada. Ele disse, fazendo saltar uma risada abafada de seus lábios.

– Se não lhe for muito incomodo, peço-te que fale-me menos de Capitu. Eu disse, ríspido ao outro.

– Não te preocupes, Bento. Apesar de não me agradar muito minha mulher, Capitu não me agradas nem de longe, nem de perto. Ele falou, se despedindo de mim com um aperto de mão após eu descer da charrete. Ele se foi rua a dentro, me deixando na frente da porta de casa.

Mal sabia eu e mal sabia ele, que minha preocupação não era dele para com Capitu, mas de Capitu para com ele. Não me senti muito satisfeito naqueles semestres que passei no seminário, quando ouvia o coração bater em meu peito, tão forte, que quase nitidamente podia ouvi-lo. Porém, queria lhe ouvir agora, coração. Mas não dizes uma palavra, uma sequer letra... Parece-me que gosta de confusão, coração.

– O que faz aí fora, Bentinho? Ouvi a doce voz de Capitu, que agora já não era tão doce.

– Estava à me despedir de Escobar, Capitu. Eu falei enquanto entrava em casa. Capitu dizia algo sobre uma peça que gostaria de ver, ou um jantar que gostaria de fazer para mim, Escobar e sua mulher.

– Acho que deveríamos visitá-la, querido. Quero muito ver a filha do amor dos dois.

– Pois bem, faça o que lhe parecer melhor, Capitu. Porém lhe dou a ideia de um jantar, pois me parece que Sancha não está tão disposta a ir á teatros.Eu disse, pensativo. Que Capitu não cogite em ir sozinha, acompanho-a.

– Que seja, Bentinho. Ligo para Sancha amanhã, então. Marcando para amanhã deveras dará tempo para organizarmos, o que te parece? Capitu falou.

– Já lhe pedi para fazer o que te parecer melhor, querida. Eu falei, um pouco bruto. Que o perdão seja dado a mim, estava nervoso, pensativo, cansado, ansioso.

Sai da sala, deixando Capitu sozinha. Subi ao quarto e encarei meu reflexo no espelho. Já não me via, já não me conhecia, já não me entendia e muito menos me previa. Capitu não pode ficar perto de Ezequiel neste jantar, simplesmente não poderá ficar. Eu falei, ríspido me encarando aos olhos. Á que sentimento é esse que quase me entrego, meu Deus? Não sinto ciumes de Capitu, ou talvez não seja inteiramente de Escobar. Não me compreendo... Falei quando percebera uma lágrima em meu olho direito. Solitária até demais, vazia, forte o bastante para deixar um carreiro de água salgada em meu rosto, mas fraca para deixar cor vermelha em meus olhos. E assim compreendi finalmente o tal do sentimento. Era forte? Ah, sê era! Forte para marcar, porém fraco para acontecer.

Levei as mãos ao rosto enquanto ia deitar-me. Apenas fechei os olhos e virei para o lado direito da cama quando de repente sinto o corpo de Capitu sendo repousado ao meu lado, logo sinto uma de suas mãos envolver meu corpo, acariciando meu peito com o polegar. Me parece não ser muito normal sentir asco pela própria mulher. Mas que pergunta imprudente para a ocasião em que eu cuidava para não pensar em Escobar. Muita imprudência desprezar a mulher que me fez ser tão eu. Virei-me, abraçando-me a Capitu que me olhava fixamente.

– Feches os olhos. Pedi, observando os olhos de cigana oblíqua e dissimulada de minha esposa.

– Como mandares, padre Bentinho. Capitu falou risonha enquanto fechava os olhos. Dormira.


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Notas finais do capítulo

Ficou bom, gente? Mereço reviews? *-*



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