A Protetora escrita por Swimmer


Capítulo 9
Gritos na estrada?


Notas iniciais do capítulo

Hey, capítulo novo pra vocês e não demorou um mês! É um avanço, aproveitem. ^^



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Gritos na estrada?


P.O.V. Alex

Depois de quatro horas seguidas, ver a rua passando se torna extremamente cansativo.

Connor cantarolava uma melodia altamente alegre e irritante enquanto dirigia em direção a região montanhosa. Nico ao lado dele mexendo no anel de caveira incontrolavelmente. Jenn sentada de lado apoiada em mim batendo a sola do tênis na porta do carro e quanto a mim... bem, estava apenas sentada encarando o banco de Connor.

–Vocês são muito desanimados. Zeus me livre! - disse Connor. Olhou o rádio e o ligou.

Uma música agitada começou a tocar imediatamente. Suspirei irritada.

–Stoll, faça o favor de não ser tão irritante e desligar essa droga? - resmungou Jenn.

Nico desligou o rádio e encostou a cabeça no banco.

–Filhos de Hades são tão divertidos... - resmungou ele.

–Se quiser eu troco de lugar com você, então você pode dormir e deixá-los em paz - falei sem animação.

–Nem pensar, Alex. Sou hiperativo, se ficar sentado aí vou morrer de tédio.

Revirei os olhos e deitei a cabeça.

Mais duas horas se passaram até eu finalmente conseguir convencer Connor a parar e me deixar dirigir.

–Devíamos parar em algum lugar. Para dormir - falei.

Olhei pelo espelho interno e vi Jenn e Nico dormindo no banco traseiro.

–Acho que eles não vão responder tão cedo - disse Connor sentado do meu lado.

Ele havia dito que só me deixaria dirigir se pudesse ficar na frente. Infantil? Talvez.

–Ok, então chega desse jogo - falei sem tirar os olhos da estrada. - Por que está aqui?

–Coincidência? Destino?

–Connor... fala antes que esfregue sua cabecinha nesse vidro até sangrar.

–Calma, flor do dia. Que tal me dizer antes porque não me contou naquele... dia?

Suspirei.

–O stalker aqui é você. Começa logo caramba.

–Vamos manter a calma ok? Bom, quando a Jenn chegou ao acampamento com o di Angelo naquela noite eles pensaram que estavam sozinhos, mas não estavam. Eu e meu irmão, Travis, estávamos procurando campistas acordados para pregar peças...

–Não estão grandinhos demais pra isso? - interrompi.

–Qual é? Somos filhos de Hermes! Continuando. Vimos os dois e os seguimos até a arena. Travis e eu estávamos doidos para ver Nico com medo mas... Quando eu vi a garota e o jeito que ela agia... - ele passou a mão no cabelo. - Eu já havia visto alguém assim sem dúvida nenhuma, já percebeu como vocês se parecem? Não fisicamente, mas na personalidade.

Eu nunca havia pensado nisso mas talvez fosse verdade. Jenn havia passado praticamente toda sua vida comigo. Como não respondi Connor continuou.

–Eu pedi pra que Travis esperasse. Eu pensei que talvez estivesse louco mas quando eles saíram da arena e Jenn colocou o colar no pescoço, - ele apontou minha prima atrás de nós mas não olhei - o seu colar, não tive mais dúvida. Travis não entendeu nada mas eu o arrastei até o chalé de Hermes e peguei o computador. Tecnicamente não deveríamos ter um por que eles atraem monstros e tudo mais mas Quíron não precisa saber...

–Por favor, Connor, sei disso tudo.

–Hum, desculpe. Fomos até nosso... hum... quartel e demos uma de Winchesters... em meia hora descobri que a filha de Hades era sua prima - falou.

–Isso não é contra a lei? - olhei rapidamente pra ele.

–Leis não se aplicam a mim - ele sorriu.

–Você está mais insuportável do que antes - murmurei.

–E você mais mal humorada. Pode me responder agora? Por que não me contou.

Suspirei e apertei os dedos no volante.

–Foi você quem terminou comigo! Se eu tivesse dito, ia fazer alguma diferença?

–Mas é claro. Podíamos... ter dado um jeito! Podíamos ter continuado juntos, eu voltaria depois do verão!

–Não, não podíamos. Eu matei monstros nos últimos nove anos da minha vida. Como eu teria certeza que não morreria no verão? - parei o carro no acostamento, saí e bati a porta.

Me sentia a ponto de explodir e começar a gritar.

Connor veio até mim e me encarou.

–Sou difícil de matar sabia? Sobrevivi a guerra contra Cronos, Gaia e mato monstros desde sempre. Por que acha que eu morreria no verão, na segurança do acampamento?

Uma lágrima escorria pelo meu rosto.

–Já pensou em porquê nunca conheceu meu pai e nem ouviu falar dele? Por que minha mãe e tia Martina moram juntas? - gritei e comecei a andar. – Quando eu tinha cinco anos ele me levou pra um parque aquático num fim de semana. Apenas eu e ele, foi o melhor fim de semana da minha vida - dei um meio sorriso com a lembrança.

Eu podia sentir Connor seguindo cada um de meus passos.

– Mas então tudo escorreu por água abaixo – continuei. - Estávamos na estrada voltando pra casa cantando quando um carro surgiu do nada numa curva e bateu conosco. Meu pai morreu na hora mas eu estava presa a cadeirinha no banco de trás. Os médicos disseram a minha mãe que essa era a única razão de eu ter sobrevivido. Mas foi por pouco - me virei pra trás e Connor me encarava. Comecei a mexer na parte de trás do pescoço e me aproximei dele. - Isso - apontei meu pescoço - foi o que aconteceu.

Puxei o cabelo estrategicamente preso e mostrei a ele a cicatriz branca em meu pescoço. A cicatriz que apenas duas pessoas além dos médicos haviam visto, minha mãe e minha tia. Nem mesmo Jenn conhecia essa história, era particular demais até mesmo pra ela.

–Alex, eu... - Connor começou.

–E desde este dia temo o momento em que perderei alguém de novo. Foi por isso que prometi a mim mesma proteger Jenn com a minha própria vida. Não posso perder mais ninguém, Connor.

Parei de gritar e me deixei cair no asfalto. As lágrimas caiam em correntes.

Para minha surpresa Connor se sentou ao meu lado e me abraçou. Eu esperava que depois de todos os gritos ele fosse sair correndo.

–Eu sinto muito - ele sussurrou no meu ouvido. -Mas você não perder ninguém. Eu prometo.

Lembrar o acidente era tão doloroso quanto levar um tiro. Deitei a cabeça no ombro de Connor e chorei por uma meia hora, ele acariciando meu cabelo e dizendo que eu não podia me culpar. Connor se aproximou mais e beijou minha testa pouco antes de levantar e voltar pro carro sem dizer nada.

–Não, não. Eu dirijo. Vamos procurar um lugar para dormir - Connor disse em baixo tom se atirando entre mim e a porta.

–Obrigada - sussurrei.

Fui até a outra porta e entrei.


P.O.V. Jenn


–Hey, ladies, que tal dormir numa cama de verdade?

Abri os olhos devagar. Eu estava dentro de um carro. Olhei ao redor, Nico estava do meu lado com cara de quem não dormiu e Connor sorria sarcasticamente da frente. Eu tinha certeza que era Alex quem estava dirigindo mas decidi não comentar.

Ignorei o sorriso irritante de Connor e saí do carro. Esse garoto tinha a capacidade de me irritar completamente com sua felicidade.

Esperei encostada no porta-malas.

Connor logo chegou com Alex e o clima estava estranho. Como se algo tivesse acontecido na curta hora em que dormi.

O filho de Hermes abriu o porta-malas apenas tocando nele. Isso é irritante.

Peguei minha mochila e olhei o lugar em que havíamos parado. Um hotel de beira de estrada até bem bonitinho.

Entramos na recepção e Alex e Connor foram na frente fazer nosso cadastro. Puxei Nico pra um canto.

–O que eles tem? - sussurrei.

–Não sei. Também notei algo estranho. Alex está com os olhos vermelhos.

–Isso deve ser pelo sono. Não entendo...

–Ei, vocês - Connor chamou - vão ficar cochichando ou vão dormir?

Respirei fundo e segui até as escadas. Nossos quartos ficavam no terceiro andar, escadas demais pra quem parece um zumbi de tanto sono.

–É o seguinte - disse Alex - passamos a noite aqui. Quando acordarem levem as coisas pro carro antes, depois, se não tivermos nenhum imprevisto, entrem pro café. Temos tempo e conseguimos dois quartos. Boa sorte pra vocês e boa noite - ela terminou e me puxou em direção ao quarto.

Pude ver Nico e Connor se entreolharem e não pude deixar de rir.

–Quer tomar banho primeiro? - ela perguntou.

Eu a encarei e joguei a mochila num canto.

–O que você tem? - perguntei.

–Anh? Nada - ela disse e fingiu uma crise de tosse.

–Alex, pode falar. Não acredito em uma palavra do que está dizendo.

Ela me olhou e começou a andar pelo quarto.

–Alexia!

–Ok, não sei porque vou dizer isso mas tudo bem. Eu namorei Connor e não foi só no verão.

Minha boca se abriu sozinha.

–O que? - gritei.

–Não grite, Jenn. É isso mesmo - ela sentou na poltrona. - Terminamos no verão passado mas eu não quero falar sobre isso. Vai querer tomar banho primeiro ou não?

–Pode ir - falei.

Liguei a TV e brinquei com o controle até encontrar um canal interessante.

Fiquei pensando em como eu não havia pensado nisso antes. Fazia sentido, alguém não poderia trabalhar tanto. Alex havia ficado mais tempo do que o normal trabalhando nesse tempo.

Estava com tanto sono que se dependesse de mim teria dormido no chão. Ao dormir no carro senti muita falta do chalé de Hades.

Desliguei a TV e comecei a andar pelo quarto, o clima não me interessava. Fui até a sacada e observei o céu estrelado até Alex sair do banheiro. Tomei o banho mais demorado dos últimos tempos e vesti uma calça confortável preta e uma camiseta verde água clara.

Dormi feito uma pedra.

Tive dois sonhos estranhos, no primeiro eu corria atrás de uma pizza gigante que andava e acordei com fome.

O segundo foi diferente.

Eu andava por uma caverna que cheirava a mofo tentando encontrar a saída mas nunca achava e depois de um tempo comecei a correr, correr e correr até ficar sem ar. Então acordei realmente sem ar.

Depois dormi realmente feito uma pedra, já que pedras não tem sonhos – ao menos espero que não tenham.

De acordo com o relógio do quarto quando acordei eram 6h56 da manhã. Acho que nunca acordei tão cedo sem um despertador ou alguém gritando.

Tomei um banho rápido e tirei uma jaqueta da mochila antes de fechá-la.

Os garotos e Alex ficaram prontos em meia hora e colocamos as coisas no carro, como Alex tinha dito.

Voltamos pra dentro do hotel e fomos comer.

–Isso aqui está calmo demais pro meu gosto - disse Nico.

–Pra mim está ótimo assim - respondeu Connor comendo seu pudim.

–Pra onde vamos exatamente? - perguntei.

Me sentia culpada sabendo que era por minha causa que todos eles estavam aqui.

–Se continuarmos tem uma região montanhosa mais à frente. Cabras gostam de montanhas – respondeu Alex brincando com a comida.

Não quis ser pessimista perguntando o que faríamos caso não encontrássemos nada então me contentei em engolir os ovos.

Como se atendendo ao pedido de Nico um ciclope nos esperava do lado de fora.

Saquei a espada e me coloquei em posição de batalha. Alex tirou o arco dos ombros e mirou. Como ela fez isso? Não faço ideia.

Connor foi o primeiro a atacar, talvez porque o ciclope vinha na direção em que Alex e eu estávamos e tenho certeza que não tenho nada a ver com isso.

O ciclope desviou de seu golpe e se aproximou mais. Investi contra ele e acertei-o na barriga. Isso só pareceu enfurece-lo, ele se virou em minha direção e mirou e enorme punho na minha cabeça.

Então é fim, pensei. Mas quando o punho gigante estava a centímetros de esmagar meu crânio o ciclope recuou. Ele levou a mão ao olho e tirou de lá uma flecha prateada com listras negras que só podia pertencer a Alex.

O ciclope urrou de dor e Connor e Nico avançaram ao mesmo tempo. O monstro sumiu numa cachoeira de areia dourada.

–Foi rápido – disse Connor embainhando a espada.

–Lento demais, considerando que somos quatro e estamos armados – Nico disse se aproximando.

–Vamos logo. Antes que os amigos dele apareçam querendo vingança – Alex avançou até o carro e assumiu o volante.

Vendo a estrada do bando de trás só conseguia pensar em uma coisa: Tenho que aprender a salvar minha própria vida sem depender dos outros.


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Notas finais do capítulo

Quem comentar ganha batata-frita, porque todo mundo gosta de batata-frita o/



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