A Protetora escrita por Swimmer


Capítulo 1
Como tudo começou




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Como tudo começou


P.O.V. Alexia

Quando eu era pequena minha mãe sempre me levava ao parquinho perto do nosso apartamento. Me lembro como se fosse ontem.

Eu estava brincando de bola com outras meninas, eu tinha 7 anos e elas mais ou menos isso também. A bola caiu longe e eu fui buscá-la. Andei 3 metros e localizei nossa bola com um homem de terno preto, apesar do calor do verão.

–Olá. Vejo que isto é seu – disse ele pegando a bola do chão vindo em minha direção.

Assenti e fui andando timidamente em direção ao homem. Estendi os braços e ele entregou a bola com um sorriso.

–Obrigada – falei me preparando para sair correndo.

–Espere – ele disse – qual é o seu nome, querida?

–Alexia. E o seu? – perguntei na inocência de uma criança.

–Alexia... – ele repetiu com um brilho nos olhos – belo nome. Um dia você será muito importante e receberá as devidas recompensas Alexia. Sou Hades.

Apertei sua mão e sorri, naquela época não entendi muito bem o que ele queria dizer.

–Tchau – falei e voltei correndo para brincar com as outras meninas que já estranhavam a demora.

Poucas horas depois minha mãe veio me buscar.

–Como foi querida? Conheceu alguém? – provavelmente ela falava de uma criança.

–Sim, um homem chamado Hades mamãe.

A cor sumiu do rosto de minha mãe. Daquele dia em diante ela nunca mais me deixou brincar no parque sem que estivesse perto.

Fui crescendo e perdendo o interesse por aquele lugar específico, mas às vezes ia até lá dar uma volta.

Quando Jeniffer nasceu eu tinha 9 anos, ela tinha os olhos mais escuros que já tinha visto. No nosso pequeno apartamento morávamos eu, minha mãe, minha tia Martina e agora a pequena Jenn. Minha mãe e minha tia trabalhavam, então eu passei todas as minhas tardes depois da escola cuidando dela.

Na tarde de sexta-feira, véspera do aniversário de 3 anos de minha prima assim que nossas mães saíram, eu a peguei o dinheiro que minha tia me dava por cuidar de Jenn que ficava em meu quarto e fui procurá-la.

O quarto era simples, minha cama, a cama de Jenn, paredes brancas, dois criados-mudos, um armário e uma escrivaninha em que ficavam meus livros e cadernos da escola.

–Jenn, que tal um sorvete pra comemorar seu aniversário? – falei chegando à sala.

Seus olhinhos se iluminaram.

–Mas Alex, mamãe disse que meu aniversário é só amanhã.

Se eu tentasse levá-la com as duas em casa era óbvio que não deixariam, dizendo que o dinheiro era meu, que deveria gastá-lo comigo e blá blá blá...

–E é, mas hum... amanhã iremos comemorar todas juntas, agora vamos só tomar sorvete ok?

–Tá – ela disse se levantando e desligando a TV.

Caminhamos até a sorveteria mais próxima, que ficava a duas ruas do apartamento. Nos sentamos numa mesa na calçada e Jenn e eu pedimos nossos sorvetes que não demoraram nada.

Tentei conversar com ela, mas a menina só pensava em desenhos e não parava de falar deles. Parei de prestar atenção na terceira ou quarta frase. Pode até ser indelicadeza, mas vi a pracinha que minha mãe me levava. A mesma em que encontrei o cara que disse se chamar Hades. Nunca mais o vi, mas sonhei com aquele dia ao menos uma vez ao mês desde então, o que me assusta.

–Ei Jenn, o que acha de ir ao parquinho?

–Obaa!

Depois que acabamos o sorvete paguei e a levei até lá. Me sentei num banco observei Jenn se juntar a um grupinho de meninas de sua idade e brincar no escorregador.

–Senhorita Alexia, é um prazer revê-la.

–Senhor Hades – falei num susto, eu tinha certeza de que ele não estava ali um segundo antes, parecia ter se materializado.

Hades usava o mesmo terno preto de 5 anos atrás.

–Vejo que ainda lembra meu nome. Será que ainda se lembra de nossa conversa? – ele disse seguindo meu olhar até Jenn – Bela garotinha. Sua irmã?

–Lembro como se fosse ontem. O senhor disse que eu lhe prestaria um favor e não, é minha prima Jennifer.

Não me pergunte porque estava dizendo isso a um estranho, mas saiu automaticamente.

Seu interesse aumentou ao ouvir o nome de Jenn.

–Jennifer? Filha de Martina? – disse ele. Era minha impressão ou tentava disfarçar um interesse enorme?

–Sim, sim, o senhor a conhece? – falei me virando pra ele.

–De fato. Martina era... bem, não importa. – ele se interrompeu - Estou aqui para tratar de outro assunto. Como você mesma disse, Alexia, há cinco anos eu lhe disse que você me prestaria um grande favor. A hora chegou, preciso de sua ajuda.

–Desculpe? Eu nem conheço o senhor, com licença. – falei me levantando.

–Por favor – disse Hades com uma mão em meu ombro – não tomarei muito de seu tempo, prometo.

Vi que ele não me deixaria em paz então bufei e me sentei novamente.

–O que vou lhe dizer agora pode não fazer nenhum sentido, mas preciso que preste atenção, tudo bem?

Continuei parada.

–Hum... na escola já aprendeu sobre mitologia grega? – perguntou. Fiz que não com a cabeça e ele continuou – É importante que saiba, Alexia, que os deuses gregos existem e eu sou um deles. Hades, deus do mundo inferior e dos mortos. Preciso que cuide de Jennifer...

–Eu já faço isso, senhor. – interrompi.

–... de um modo diferente. Jennifer precisará de certa proteção extra sendo minha filha.

–Sua... sua filha? O senhor é louco. – falei na intenção de me levantar em seguida, mas por algum motivo não consegui.

–Sei que é difícil acreditar. Cinco anos atrás recebi uma profecia do Oráculo de Delfos que dizia eu teria uma filha e que dependeria de uma mortal capaz de ver através da Névoa para protegê-la. No entanto se essa mortal soubesse dessa capacidade não sobreviveria até os 12 anos de idade e assim, minha filha também não. Com a ajuda de Hécate, deusa da magia, encontrei essa mortal e escondi dela o mundo ao seu redor. Você Alexia, você era a garota da profecia, preciso que proteja Jennifer.

–O senhor é definitivamente louco – falei, mas desta vez não tentei sair.

–Alexia, não posso mais manter essa proteção sobre seus olhos, quanto mais Jeniffer crescer mais frequente serão os ataques de monstros. Quando completar 12 anos você poderá revelar a verdade a ela se quiser, a mãe dela não faz ideia de quem sou eu, mas a sua sim. Ela tem o mesmo dom que você. Pode ser difícil de acreditar, eu sei. Por favor não diga a ela sobre nossa conversa.

–Claro, ela me trancaria em casa pra sempre visto o que fez da última vez que nos encontramos, senhor – falei distante, tentando absorver aquilo tudo.

–É claro que esses monstros não desaparecerão do nada. Aqui, pegue. – ele estendeu um colar com um pingente de caveira em metal negro – quando precisar basta tirá-lo do pescoço, use-o sempre. E... – ele verificou os bolsos do paletó – isso, é para um caso de extrema necessidade apenas. Não o use se não tiver certeza de que não sobreviveria sem isso – ele tinha três espécies diferentes de sementes arredondadas na mão.

–O que elas fazem? – perguntei.

–Convocam os mortos – ele disse como se não tivesse importância – mas tenha cuidado, deve dar a ordem a eles o mais rápido possível, não fique assustada demais a ponto de deixá-los por conta própria.

–Quem é esse, Alex? – disse Jenn com sua voz doce se agarrando à minha perna com uma das mãos e segurando minha mão livre com a outra.

–Ninguém – disse me levantando ainda atônita – adeus senhor Hades.

Ele me lançou um olhar interrogativo e eu assenti levemente olhando Jenn em seguida.

–Foi um prazer senhorita – disse ele apertando minha mão e depositando as sementes na outra.

–Vamos Jenn, está tarde.

Guardei as sementes e o colar no bolso da calça e peguei a mão de Jenn para irmos pra casa. Quando me virei novamente Hades não estava mais lá.


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Notas finais do capítulo

Bom, esse é o primeiro capítulo e se vou continuar depende do resultado. Gostaria muito que vocês comentassem o que acharam. Aceito qualquer tipo de crítica construtiva. Ficou bom? Ficou horrível?
É só, obrigada por lerem.



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