Era Uma Vez escrita por natthy


Capítulo 2
1 - O Início de Tudo




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Só para deixar claro: Nessa parte, SÓ o James é vampíro, ok?


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Capítulo 1. O INÍCIO DE TUDO

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Londres, 10 de Agosto de 1883.

 

Edward olhou mais uma vez para trás.

Nada.

Já era a terceira vez que ele repetia esse gesto, e, como em todas as outras vezes, não encontrou nada além de árvores.

Edward fora – a contra gosto de sua mãe – à um baile realizado na casa do primo de um de seus amigos, e agora seu corpo estava sendo tomado por uma estranha sensação de estar sendo perseguido.

Amaldiçoando-se internamente por não ter dado ouvidos a sua mãe, Edward chegou à conclusão de que, mais uma vez, Elizabethestava certa – a festa nem fora tão boa assim.

As festas realizadas pela família Shrewsbury eram sempre as mais comentadas – mesmo que os comentários, na grande maioria das vezes, não fossem os melhores – pela corte. Porém, por algum motivo, esse baile havia sido realmente um sucesso. Diferente deste, todos os que foram realizados anteriormente foram motivos de chacotas e gozações. As festas eram hilárias!

Os bailes dos Shrewsbury eram os únicos que Edward fazia questão de estar sempre presente.

E, apesar das reprimendas de suas mães, Edward, Josh, e Julius eram os que mais se divertiam com isso.

Diferente dos outros rapazes que iam para os bailes com o intuito de dançar, beber e flertar, os três amigos iam para simplesmente rir.

Até alguns meses atrás, James também fazia parte desse grupo de amigos – apesar de diferente dos outros meninos, ele também incluir o flerte em seus objetivos.

Porém, de uma hora para a outra, James sumiu. Simplesmente desapareceu!

Assim, sem mais nem menos, sem deixar sequer um bilhete de despedida à sua família.

Bom, mas sendo sincero, James nem fez tanta falta assim...

James sempre fora o mais galanteador do grupo. Dono de um sorriso que era capaz de fazer qualquer donzela cair a seus pés, completando com um par de olhos azuis expressivos até demais – para o azar de qualquer outro cavalheiro que estivesse ao seu lado.

James sabia usar todas as suas “qualidades” de maneira única.

Apesar de ser jovem e ter somente 19 anos, era bem experiente e já fora, várias vezes, amante de mulheres que, até então, eram muito bem casadas.

Tendo total conhecimento de seu poder sobre as mulheres, James não perdia a oportunidade de inflar seu ego ainda mais, quando estava na presença dos amigos. E isso não era nada agradável.

Até porque, todos sabiam – até o próprio James – que a verdadeira preferência entre as mulheres era Edward – mesmo que este fosse modesto demais para admitir.

Com Edward ao seu lado, o “poder” de James não era tão forte. Quando os garotos saiam juntos, ambos recebiam olhares, o que nunca agradou em nada a James. Ele era egocêntrico demais para admitir estar em segundo lugar, ou até mesmo receber o título de “tão bom quanto”.

James gostava que ele fosse o centro das atenções – não aceitava divisão.

Cavalgando ainda mais rápido, Edward sacudiu a cabeça na tentativa de afastar qualquer pensamento, concentrando-se na metade do caminho que ainda teria de percorrer.

“Se arrependimento matasse...” Pensava consigo mesmo.

Estava arrependido, primeiramente, por ter desobedecido a sua mãe, indo ao fiasco que a festa fora – ao menos pra ele.

Teria sido de muito mais utilidade poupar seu tempo, lendo um livro ou qualquer coisa do tipo, ao invés de se deslocar de sua casa até lá.

Sem falar no sorriso triunfante que sabia que receberia de sua mãe, seguido por um saltitante “Eu não te avisei?!”.

O sexto sentido de sua mãe era uma coisa realmente estranha. Apesar de não gostar de admitir isso, a verdade era que ela nunca errava. “Lhe darei mais atenção, na próxima vez”, prometeu a si mesmo.

E, o segundo motivo por estar arrependido era, indiscutivelmente, sua enorme capacidade de só pensar besteiras. “Como me ocorreu a brilhante idéia de cavalgar à noite sozinho, e numa floresta?” Bufou irritado. “Ótima hora para se resolver pegar um atalho. Muito bem, Edward. Esplêndido!” Pensou irritado.

Distraído com seus próprios pensamentos, Edward só recordara do medo que estava sentido minutos antes, quando escutou um barulho muito próximo a ele.

Virando-se assustado para trás, não encontrou nada muito diferente do que havia visto antes. Árvores. Somente árvores.

Porém, ao mesmo tempo em que se virava de volta para frente, seu cavalo relinchou e ele se deparou com James à sua frente.

Ao invés de se sentir mais seguro, pela na suposta segurança de estar com um conhecido, Edward sentia-se ainda mais amedrontado.

Suas mãos tremiam e ele mal tinha forças para pronunciar um de seus pensamentos. Edward sequer conseguia fazer com que o cavalo voltasse a andar.

— Ja-ja... James? — Finalmente conseguiu botar pra fora.

— Saudações, companheiro!

Edward estava petrificado. “O que aconteceu com ele?”, Perguntava a si mesmo.

Percebendo que Edward estava assustado demais para conseguir botar pra fora qualquer um de seus pensamentos, James sorriu. Pelo visto, seria mais fácil do que ele imaginara.

— S-seus...? — Edward balbuciou.

— Meus olhos? – James supôs. — É, eu sei. — Disse simplesmente.

Edward sacudiu raivosamente a cabeça de um lado ao outro. Não era possível! Isso não podia ser real! Provavelmente, esse era só mais um de seus sonhos. Afinal de contas, uma pessoa não podia ter olhos cor de sangue, certo?

James continuava a encarar Edward com uma expressão divertida no rosto. O sabor da vingança e da vitória era simplesmente delicioso.

Sentindo a adrenalina pulsar em seu corpo, Edward ajeitou sua postura em cima do cavalo e, num súbito surto de coragem, avançou com o cavalo pra longe dali.

Fazendo com que o cavalo cavalgasse o mais rápido que podia, Edward já começava a se sentir mais tranqüilo quando, de repente, James apareceu de novo na sua frente.

— Se eu fosse você, não faria isso de novo. — James murmurou com os dentes trincados.

Mais uma vez parado na frente daquele ser assustador, esquecendo-se de que não tinha muita fé em Deus, Edward começou a rezar internamente. Alguma coisa lhe dizia que isso não era bom. Nada bom.

— Desça! — James ordenou.

— C-como?

— Desça! — Gritou.

Obedecendo prontamente, Edward saiu de cima do cavalo. Não fazia a menor idéia de onde James estava querendo chegar, mas tudo o que queria, era que ele terminasse logo.

Pousando seus pés no chão, Edward assistiu um sorriso crescer pouco a pouco no rosto de James. Agora, de onde estava, Edward podia ver ainda melhor a aparência de seu antigo amigo, por causa da lua que parecia estar situada exatamente em cima dele.

Além dos olhos vermelhos, James não estava mais corado como costumava ser; na verdade, sua pele estava cor de papel. E, enquanto o sorriso crescia, com um tremor percorrendo sua espinha, Edward percebeu que os dentes de James pareciam brilhar pra ele. E só então ele se deu conta de que James não estava sorrindo, mas, sim, expondo seus dentes como um tigre preste a atacar.

Edward queria inventar uma desculpa qualquer – queria dizer que sua mãe o estaria esperando ou que simplesmente dissesse “Foi bom ver você. Vê se aparece, mas agora eu preciso ir embora”. Só que sua garganta parecia estar fechada.

Percebendo mais uma vez sua hesitação, James resolveu brincar com Edward. Ele se aproximou ainda mais, deixando somente um palmo de distancia entre seus rostos. Edward tremia.

De alguma forma, o cavalo que Edward estava montado instantes atrás, pareceu perceber que o que James estava preste a fazer não era dar um abraço amigo como fazia antes, em um gesto de comprimento. Como se estivesse entendendo o que estava para acontecer, numa falha tentativa de “salvar” seu dono, o cavalo abaixou o focinho e esfregou uma de suas patas no chão. Na verdade, ele mais parecia um touro do que um cavalo.

Percebendo que seria atacado, James empurrou com a lateral de seu braço direito o cavalo para longe dali.

Encarando-o boquiaberto, Edward emitiu um grito abafado. Ele simplesmente não podia acreditar no que acabara de ver. Deus, aquele cavalo pesava muito mais do que os dois juntos! E o soco que James dera nem fora tão forte assim.

Percebendo o perigo que isso representava a si mesmo, Edward sentiu seu coração acelerar de forma quase dolorosa. E, ao perceber que o sangue de Edward pulsava ainda mais rápido, instintivamente, James se curvou em sua direção, aspirando fortemente em sua pele.

— Sabe que eu nunca havia percebido antes o quão bem você cheira? — James murmurou distraidamente, contra sua pele.

— O que você está fazend-

— Quieto! — Ordenou, cortando-o.

O medo junto com a raiva por ter sido repreendido novamente, fez com que Edward chegasse a ouvir suas pulsações em seu ouvido. Seus pais poderiam aumentar o tom de voz com ele, James não!

Mas quando sua boca se abriu para dar uma resposta, a imagem de seu cavalo voando através das árvores preencheu sua mente, fazendo com que ele travasse.

“Se eu ainda tenho alguma chance de sair dessa,” pensou. “não vai ser mandado-o ir a merda que eu vou conseguir.”

E mais uma vez Edward amaldiçoava-se por não ter dado ouvidos a sua mãe.

Bufando, ele ergueu a cabeça e se deparou com um par de olhos vermelhos analisando-o. James não sabia por onde começar. Ele não queria matar Edward, queria apenas que ele se transformasse. Seu criador não lhe dissera muita coisa quanto a isso; antes de partir e deixá-lo sozinho, suas únicas instruções foram que James não caçasse à vista de outras pessoas e que também não aparecesse ao sol. Só isso e mais nada! Tirando-o de seus devaneios, James viu que, tomado pelo nervosismo, Edward começava a morder seu lábio inferior.

— Se eu fosse você, eu não faria isso.

— O q-quê? — Edward balbuciou, surpreso.

— Não derramaria nenhuma gota de sangue antes da hora. Nós não queremos perder a diversão preliminar, não é mesmo? — James deu-lhe uma piscadela, sorrindo conspiratoriamente.

Tudo o que Edward fez foi engolir em seco, tendo um péssimo pressentimento quanto à diversão.

James rodeou Edward, ainda procurando pelo melhor ponto por onde passar seu veneno. O pescoço até seria um bom lugar, contudo, Edward estava sentindo raiva demais, deixando a parte de seu rosto e pescoço corados de sangue. Sendo assim, não era bom arriscar. Ele não poderia perder o controle! O jeito, então, seria arrumar um outro lugar – um lugar com menos sangue para tentá-lo.

Tendo o braço como o ponto escolhido, James resolveu terminar logo com aquilo tudo.

— Dê adeus à sua família e conte até três. Conte em voz alta, para que eu saiba que você já está preparado.

— P-preparado? O que você vai fazer? — Edward perguntou, desesperado.

— Estou acabando com a sua vida perfeita. — James disse em um tom que tornava aquilo a coisa mais normal do mundo.

Edward não conseguia responder. A única coisa que pensava era em como seus pais se sentiriam ao se darem conta de que seu filho estava morto. E logo por James, seu antigo melhor amigo!

Vendo que Edward não diria nada, James resolveu começar a falar.

— Sabe, Edward, você foi uma criança muito má. — Disse, como se estivesse repreendendo-o. — Lembra-te daquela vez em que você afundou meu carrinho na lama? É, mas eu não esqueci. — Continuou após uma pequena pausa, como se Edward tivesse dado-lhe alguma resposta. — E, sabe o que é o pior de tudo? Quando você cresceu, ao invés de melhorar, você não mudou em nada. Passar a perna nos amigos, Edward?! — Agora, o falso tom de repreensão fora totalmente embora, dando lugar à magoa e muita, muita, raiva. — Por mais que eu quisesse e me interessasse, eu nunca mexi com suas garotas; nunca desrespeitei sua família e nunca sequer lhe ergui a mão para esbofetear seu rosto, por mais que eu já tenha tido vontade de fazê-lo, e olha que não foram poucas vezes. Diabos, eu te considerava um amigo! — Gritou. Edward não estava ajudando em nada. Seu coração parecia bombear sangue cada vez mais depressa, dificultando qualquer tipo de autocontrole. — Bom, para finalizar, só o que lhe digo é: me decepcionei muito com você.

— Mas o que eu fiz? — Edward indagou, sem entender onde James estava querendo chegar com todo aquele discurso. Para querer matá-lo, é claro que James teria algum motivo. O seu problema era conseguir, através daquelas palavras, entender o tal do motivo.

— Victoria. Essa é minha única palavra pra você.

— Mas o que...? — E então, meio segundo depois, Edward entendeu. Apesar de estar sempre acompanhado por uma mulher diferente, Victoria era quem James realmente amava. — Eu não fiz o que você está pensando! — Se defendeu. — James, Victoria não é a “doce” noiva com quem você pensa que irá se casar. — Terminou, fazendo uma careta perante a lembrança de tudo o que Victoria dissera e tentara fazer para levá-lo para a cama.

É claro que ele não fora. Assim como James estava dizendo ser, ele também prezava muito a amizade para se deixar envolver com a noiva de um amigo seu – quanto mais a noiva por quem seu amigo era irrevogavelmente apaixonado. E sem falar que Edward era virgem. Ele não iria para a cama assim, com qualquer uma.

Ainda mais quando essa “qualquer uma” era a filha da dona do bordel mais badalado da cidade. É claro que isso não quer dizer nada, afinal de contas, não é porque a mãe é uma coisa que a filha também tem de ser. Mas, levando em consideração todos os boatos, e até o que ele mesmo presenciara, bem, Victoria não era digna de ter sua virtude defendida a esse ponto.

E sem contar que, sabe lá deus quando ela tivera sua primeira relação sexual.

James teria de fazer uma enorme matança na cidade para acabar com todos os homens com quem ela estivera na cama.

— Não quero ouvir mais nada! — James rosnou. — Se você não ajudar, eu não vou ter como me controlar.

Vendo que Edward o obedecera, James resolveu iniciar logo a transformação. James puxou o braço esquerdo de Edward e o levou até seu rosto. Roçando seu nariz naquela área, James murmurou:

— Eu sempre estive sozinho, Edward. Você sabe... eu nunca tive ninguém. E, conviver com você todos os dias, esfregando na minha cara o quão boa era a sua família, fez com que eu me sentisse cada vez pior. Bem, mas isso foi no início. Depois que conheci Victoria, vi que com ela eu poderia formar uma família tão harmônica e bonita quanto a sua. Mas então, você apareceu em nossas vidas para acabar novamente com a pouca felicidade que ainda me restava. Eu estive péssimo! Vagando, sem rumo por aí, enquanto me lamentava... Até que uma coisa boa me aconteceu. — James disse, sorrindo de forma que Edward pudesse ver seus dentes. — E agora, finalmente, eu tenho as armas necessárias para acabar com você.
“Agora você irá, finalmente, sentir-se como me sinto. Você será um monstro, Edward. A criatura mais terrível; mais medonha. Você estará sempre sozinho. E... diferente dos contos de fadas, não existirá o beijo do amor verdadeiro para lhe tirar dessa. — Respirando fundo em seu braço, James corrigiu-se. — Na verdade, nada lhe tirará dessa.”

Pedindo aos céus que se controlasse, James perfurou com seus dentes o braço de seu ex-melhor amigo, lutando com todas as forças que tinha para mantê-lo vivo.

 


 

OOOOI, GENTE ! *-*
E aí, o que acharam?

Obrigada a todas as meninas que comentaram no prefácio.
Não vou poder responder agora, mas eu li e amei todas as reviews *-*

E, ah, Dany Cullen, fico muitíssima lisonjeada por saber que você gostou tanto assim. De verdade, nem sei o que dizer. E é claro que você pode.

Bom, é isso. Por favor, não deixem de comentar. Beijos.


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