Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 53
Depois da tempestade


Notas iniciais do capítulo

Tô **ta com vocês. A minhas notas inicias do capítulo passado estavam bugadas O DIA INTEIRO e ninguém comentou nada comigo? Colé? E a ligação autor-leitor? Fui descobrir 11 horas da noite pq a Lara comentou que parecia desanimada quando todo mundo sabe que eu sou tuts tuts. #Chateada
Esse é o último capítulo propriamente dito e encerra a fic e daqui a pouco tem o epílogo onde geral quer me matar. É, eu sei que vocês vão querer me assassinar daqui a pouco. Esse capítulo aqui é só pra explicar tudo o que aconteceu e tralala depois que o rei bateu com as 10.
Divirtam-se.

No último capítulo de Deixe a neve cair (última vez que vocês verão esse início : ):

"Quando os aliados de Yuri encontraram os empregados, abracei Anya firmemente e nós duas desatamos a chorar como dois bebês.
Eu já estava quase totalmente bem os paramédicos chegaram e admito que pareciam bastante chocados com o que viram.
Eu não quis olhar pela sala e permaneci nos braços de Dimitri por muito tempo.
Aquela foi possivelmente uma das piores noites da minha vida."



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Após uma semana da morte do rei, nós estávamos realizando seu velório no mesmíssimo cemitério onde estavam as lápides vazias de Dimitri e Yuri.

Foi estranho e por pedido da família apenas os membros de algumas nações compareceram, não foi nada se comparado ao “enterro” de Dimitri, onde haviam câmeras e muitas pessoas importantes lotando o lugar, esta foi uma cerimônia discreta e formal para a família e nações mais próximas. Sasha não apareceu, embora tenhamos mandado convite para o lugar onde Yuri acreditava que a prima estava.

Meu marido tentava não demonstrar mas seu corpo e rosto sempre o traiam quando ele ficava calado e pensativo, agora seus olhos estavam fixos em um ponto que eu não podia enxergar em algum lugar atrás do palanque montado no cemitério.

Dimitri estava apertando minha mão com força enquanto o mesmo homem que presidira seu "funeral" agora falava sobre o rei Ivan.

— A morte trágica deste que foi um líder nato, que tomou decisões arriscadas sempre seguindo seus instintos e seu coração foi um duro impacto na nação russa, hoje unida em um único propósito que é prestar nossa última homenagem a esse nobre homem que foi Ivan Nikolaiov Serov. Seu filho, príncipe Yuri tem algumas palavras para dizer.

Vi quando Yuri subiu ao palco e fez seu discurso. Ele estava do lado de seu irmão e quando subiu e olhou para a plateia ele tinha a mesma expressão vazia de Dimitri.

Me perguntei se era a mesma expressão de choque, de estar presa em um pesadelo, que eu tinha naquela noite terrível.

— Eu fugi quando era muito jovem, admito que em parte foi porque eu achava que meu pai era um monstro — as suas palavras foram recebidas com certo choque por todos. — Mas eu estava enganado, meu pai era exatamente o mesmo homem que eu conhecia: o mesmo pai que jogava bola comigo no verão e me levava aos festivais de inverno na cidade. Eu fugi por uma acusação falsa plantada em minha mente e durante os últimos seis anos eu perdi a oportunidade de dizer-lhe o quanto eu amo e sou agradecido por ter este homem maravilhoso como pai. Amo, não amei. Porque o que eu sinto por Ivan Nikolaiov Serov vai comigo para o túmulo.

Sua expressão era a mesma de seu irmão, apenas dor e tristeza, mas nada de raiva. Eles sabiam a quem dirigir seu ódio e não desperdiçariam o tempo pensando nisso agora.

Dimitri não falou nada, ele sequer saiu do meu lado ou parecia saber onde estava enquanto meu pai e outros reis subiam ao palanque e discursavam sobre Ivan. Embora eles parecessem conhecer o bom líder, não pareciam conhecer o homem que havia me dito para ser franca com Dimitri e dizer exatamente o que eu sentia por seu filho. Esses reis tinham perdido a melhor parte do rei Ivan, que era o pai maravilhosamente carinhoso e preocupado que ele era.

Depois de dois meses da morte do rei, a vida em Moscou parecia estar entrando em uma rotina para Dimitri e eu como casal. Nós fazíamos projetos, recebíamos visitas e fazíamos coisas que se esperavam de um casal real, nós jantávamos fora e íamos à ópera e ao cinema, às vezes à Casa de Justiça. Nós não brigávamos muito e ele me ajudava em praticamente qualquer coisa.

Quando ocorreu o julgamento de Alexander, Yeva, Demyian e Kira, reencontramos Sasha.

— Oi, Sasha — eu a cumprimentei. Sasha seria testemunha de acusação. Eu não podia imaginar o quanto aquilo iria feri-la, ter que descrever cenas horríveis praticadas pela própria família contra sua própria família.

— Oi — ela abraçou com força a seu primo e em seguida a mim. — Como você está? — perguntou-me. Sasha parecia ainda se sentir culpada pelo meu quase colapso mental durante aquela noite. Ela era a única de sua família que não tinha sido indiciada e ainda assim era a única que parecia ter algum tipo de remorso em especial depois que sua mãe se matou na cadeia se enforcando com as próprias roupas.

— Menos pior — funguei enquanto Dimitri apertava minha mão de forma carinhosa. — Perder o rei Ivan foi a perda de uma pessoa muito querida, ainda mais daquela forma… — Estremeci e Dimitri me abraçou com força contra seu peito. — Mas nós vamos seguir em frente.

Sasha assentiu e nos abraçou outra vez.

— Vejo vocês lá dentro — sussurrou enquanto os flashes incessantes nos cegavam.

Eu ouvia os gritos dos repórteres do lado de fora enquanto viam o casal real russo confraternizando com a única familiar dos réus. Tanto eu quanto Dimitri seguimos mais lentamente enquanto a deixávamos para trás, nossos dedos entrelaçados e eu apertava muito sua mão, tendo quase certeza que estava machucando-o, mas como Dimitri não reclamava eu continuei assim, me agarrando a ele como se disso dependesse minha vida.

De certo modo dependia. Ele era meu porto seguro em meio à todo esse caos.

— Eu não quero — sussurrei quando paramos diante das portas de mogno polido onde aconteceria o julgamento, mesmo que todos praticamente já soubessem qual seria as sentença.

Meus olhos encheram de lágrimas por alguma razão desconhecida.

— Layla — ele disse segurando meus ombros e me olhando seriamente. — Eu também não quero entrar. Nada me daria mais satisfação do que proteger você desse show de horrores lá dentro, mas nós temos que ser fortes, meu amor. Agora respire fundo e acalme-se. Estou aqui, sempre vou estar ao seu lado, eu prometo. Você acredita em mim?

Respirei profundamente e assenti. Dimitri estaria comigo.

Quando entramos, algumas das pessoas do conselho do rei, assim como alguns enviados dos países aliados da Rússia, se levantaram. A única família real que compareceu ao julgamento foi a de Illéa. Meus pais, Robert e Grace, agora oficialmente sua noiva.

Sentamos ao lado deles, nas cadeiras mais altas da sala. Os três réus já estavam ali, com os braços preços às cadeiras e ladeados por enormes homens em roupas pretas.

Kira estava encarando-nos — tudo bem, encarando Dimitri — e isso era assustador. Ela parecia desvairada.

As portas foram fechadas com um som ressonante e muitas pessoas pularam em seus assentos, incluindo eu mesma.

Me encolhi mais junto ao meu marido.

Dimitri abraçou meus ombros e Demyian rosnou um som que chegou até onde estávamos. A última vez em que eu havia o visto, Dimitri e eu tínhamos ido até a prisão informá-lo de que, como meu primeiro marido estava vivo e eu e Demyian não havíamos consumado nosso casamento, ele não tinha validade.

Demyian havia tentado enforcar Dimitri e naquela ocasião ele tinha a mesma expressão assustadora que tinha agora. Louco, letal. Não parecia em nada o adolescente bonito e despreocupado que eu havia conhecido e me assustava o quão facilmente fui enganada pela fachada.

— Estamos hoje aqui reunidos para julgar um ato tão cruel que nunca se teve notícias antes em nosso país — o juiz, um homem que parecia estar por volta dos seus sessenta anos, porém completamente cheio de vigor, disse alta e claramente. — Irmão se voltou contra irmão, primos que destruiriam a vida de seu próprio sangue apenas para conseguir o que queria…! Estamos aqui hoje, para julgar Alexander Nikolaiov Serov, Demyian Alexanderov Serov e Kira Alexanderovna Serovna por conspirarem contra a coroa, cárcere privado e assassinato no caso do senhor Alexander.

Eu nunca fui a favor da pena de morte, sempre lutei por sua abolição tanto em Illéa quanto na Rússia e pela primeira vez eu fiquei furiosa comigo mesma por isso. Eu havia praticamente obrigado Dimitri a convencer o rei Ivan a manter apenas a prisão perpétua. Eu estava furiosa comigo mesma porque os responsáveis pelo que aconteceu ao rei estavam vivos graças àquela lei estúpida. Kira, Alexander e Demyian ainda estavam vivos.

Meu coração bateu forte quando o juiz anunciou que chamaria Sasha para dar o seu testemunho.

A menina entrou com a expressão altiva e sequer demonstrou que reconheceu a presença de seu pai e irmãos.

— Senhorita Alexanderovna.

— Serovna — ela disse gravemente. — Não quero estar associada à estas pessoas.

O magistrado assentiu.

— Deferido. Senhorita Serovna, poderia descrever a noite da sexta feira, 31 de março?

Sasha concordou com a cabeça.

— Eu estava em meu quarto no palácio lendo um livro quando Demyian apareceu com o rosto medonho, sangrando, e disse que precisaria de mim e de Kira no andar inferior do palácio.

— Ele, Alexander, Kira e Yeva estavam reunidos no hall e apressadamente me disseram que Layla… rainha Layla… o tinha agredido e que ela parecia desequilibrada e que poderia tornar a ferir um de nós — ela encarou a família enojada. — Disseram que pediram aos empregados do palácio que se escondessem para o caso de ela voltar ainda "perigosa" e que poderia colocar a vida de todos em risco caso se sentisse ameaçada.

Senti Dimitri enrijecendo a meu lado e vi que ele fechou as mãos em punhos.

— Demyian foi tomar banho e pouco mais de quinze minutos depois Layla chegou. Ela estava vestindo roupas que certamente não eram suas e parecia estar extremamente furiosa enquanto entrava. Me preparei para uma luta quando a então princesa passou sem sequer olhar para ninguém para subir a escadaria até seu quarto. Alguma coisa certamente estava muito errada.

Sasha respirou fundo e olhou diretamente para mim por alguns segundos.

— Demyian pegou o cotovelo de Layla e ela lhe deu um tapa no rosto e gritou para que ele se afastasse. O grito deve ter alertado o rei de que algo estava errado e ele desceu correndo, ao perguntar o quê houve um tiro foi disparado e meu tio caiu. Eu corri para ele, mas não havia muito que eu pudesse fazer. Eu o vi agonizar até a morte em meus braços, seus pijamas estavam ensopados de sangue.

Sasha visivelmente estremeceu e eu também. Escondi o rosto no peito de Dimitri, que afagou meus cabelos.

A menina continuou seu relato como se contasse um filme de terror.

— Alexander apontou a arma para Layla, mas Demyian interveio e disse que ele tinha prometido não feri-la. Kira disse que Alexander tinha prometido Dimitri à ela e mesmo assim ela continuava sem ele. Eu a ataquei por ser uma completa vagabunda sem escrúpulos — Sasha deu de ombros. — E tampouco me arrependo de ter feito. Layla disse para que Demyian se afastasse. Demyian disse que a amava e ela perguntou então por que razão ele havia a quase estuprado.

Isso causou grande comoção. Eu não tinha dito nada daquilo para ninguém e eu esperava que Sasha não mencionasse. Dimitri me afastou e escrutinou meu rosto, ele estava ainda mais pálido que o normal e por alguns segundos ele parecia prestes a desmaiar.

— Eu vou matar aquele filho da puta — meu marido disse fervendo de ódio.

— Está tudo bem, Dimitri — murmurei para sua expressão de choque, assim como para a de minha família. Eu não queria me lembrar daquilo, de Demyian me derrubando no chão e tentando alcançar o que tinha por baixo do vestido. Eu ficava apenas feliz de ter conseguido fugir e isso era tudo, não precisava ter os olhares penalizados que agora estava recebendo. — Já passou.

Sasha esperou que o burburinho cessasse antes de continuar e eu apertei a mão de Dimitri para tranquilizá-lo.

— Demyian alegou que apenas queria consumar seu casamento e logo em seguida Dimitri, Yuri e seus amigos chegaram — ela expirou. — Yuri e Alexander dispararam tiros, um acertou Demyian e o outro foi para a parede, não sei qual tiro foi para qual direção. Os homens amarraram e amordaçaram a família enquanto buscavam pelos empregados e então os paramédico chegaram — ela deu de ombros.

Uma longa expiração se elevou de diversas direções, como se as pessoas tivessem prendido a respiração.

— Foi isso — finalizou.

Dimitri abraçou meus ombros enquanto esperávamso com os nervos vibrando.

A réplica da defesa e a decisão da corte pareceram passar em um borrão e logo a sentença foi dada: perpétua para todos.

Soltei o ar que nem sabia que estava segurando.

— É isso — Dimitri sussurrou em meu ouvido. — Acabou.

Respirei aliviada. Acabou e eu estava com minha família e todos ficaríamos bem.

Ignorando os bons costumes eu agarrei Dimitri pela lapela do paletó e o beijei como se o mundo fosse acabar. E ele poderia ter acabado que eu não teria notado enquanto estava cercada pelas pessoas que eu amava e beijando o homem que eu amava.

Não havia mais incerteza e medo, apenas a certeza absoluta que o que quer se acontecesse eu teria Dimitri ao meu lado.


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Notas finais do capítulo

Até daqui a 5 minutos.
SE VOCÊ NÃO QUISER ME ODIAR, NÃO LEIA O EPÍLOGO. TERMINE SUA LEITURA AQUI.