O Tigre Negro escrita por Willabelle


Capítulo 2
Sentimento Inútil


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem a leitura! E comentem, por favor, mesmo que sejam críticas ou elogios! XO



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– Ei, ei, ei! – Alertou Artie. – Fique parado aí mesmo onde está - Com a outra mão livre, Artie fez sinal para que o garoto bonito parasse. – Humm você parece suspeito, nunca te vi na universidade e se não for aluno ou se não estiver acompanhado de algum aluno daqui, não entra.
O fato é que, sendo ou não penetra, o garoto bonito já estava dentro do baile, como ele não poderia entrar se já estava dentro?
Artie queria um pouco de diversão, não se importava com quem entrava ou deixava de entrar no baile. Ele queria ter controle sobre tudo, como sempre fazia. Rolei os olhos ao ver a atitude desprezível do gorducho de gravata borboleta.
Os atletas do futebol deram um passo à frente com olhares ameaçadores.
O garoto bonito arqueou uma das sombrancelhas, sorrindo. Como se tudo aquilo fosse uma piada. Ele abriu a boca para falar mas antes que sua voz saísse, interrompi.
– Ah! Aí está você! – Eu disse de maneira animada me dirigindo ao garoto bonito. – Estava te procurando, onde esteve?
Artie e os jogadores me olharam com uma ponta de decepção, de repente haviam perdido o novo “brinquedinho” deles. Queria rir da expressão decepcionada misturada com fúria de Artie mas continuei séria no meu personagem improvisado.
Um traço de confusão passara pelo rosto do garoto bonito, algo que eu quase não notara. Eu só tinha olhos para seus olhos, que agora deixara de ser um mistério e se exibiam ali na minha frente dourados com mesclas de bronze.
Abruptamente o garoto bonito deu um sorriso de divertimento e quase me derreti.
– Me desculpe querida, eu fui ao banheiro e então me perdi de você.
Nessa hora queria que todo esse teatrinho na verdade fosse real.
O garoto bonito me ofereceu o braço – ou ele era um bom ator ou era mesmo cavalheiro – e então passei meu braço pelo dele e nos afastamos da saída até nos perdermos da vista de Artie. Me desvenciliei de seu braço e dirigi um sorriso tímido para o garoto bonito, apontei para uma pequena e velha porta um pouco escondida no fundo de um corredor ao nosso lado, a qual apenas alguns estudantes conheciam.
– Se sair por aqui vai chegar atrás do campo de futebol, é só virar à direita e daí já vai estar no estacionamento. – Expliquei rapidamente, enquanto olhava fixamente para a porta velha.
Agora que eu poderia me livrar do meu personagem e ser eu mesma, estava tímida. Droga! Eu queria tanto olhar para seus olhos de novo e ver mais de pertinho os nuances das cores deles, o dourado com o bronze.
– Obrigado por tudo mas eu poderia lidar sozinho com os jogadores e com o gorducho. - O garoto bonito disse, tocando meu ombro de leve.
Eu me virei para encará-lo, deixando a timidez de lado por um instante.
– Você é bem mal agradecido, não é? – Coloquei as mãos na cintura. - Deveria ter te deixado lá pros jogadores te darem uma surra.
Ele se limitou a apenas rir e arquear as sombrancelhas. Não entendi o porque da risada mas ignorei seu significado.
– Qual o seu nome? – Ele perguntou ainda sorrindo.
– É Elizabeth, mas prefiro que me chame de Liz. – Respondi, carrancuda.
– É um belo nome, ele me lembra uma flor.
Foi inevitável, tive que corar.
– Se estiver interessada em saber, meu nome é Kishan e prefiro que me chame só de Kishan.
Eu já havia ouvido esse nome antes.
Kishan, Kishan...
Meu coração pulsou rápido, como toda vez em que acontecia quando eu descobria algo muito legal, nesse caso, uma coincidência MUITO legal.
De repente tudo fez sentido, sua aparência, seu sotaque...
– Ei, você é irmão de Ren! – Exclamei entusiasmada, esquecendo a carranca que estava mantendo antes. – Kelsey me contou sobre você!
O sorriso de Kishan se dissolveu imediatamente.
Como se tivesse sido transferida do rosto meu rosto, uma carranca se instalara em sua feição séria.
– O que... me desculpa – eu disse. -, não deveria ter falado nada.
Kishan sorriu amargo.
– Não venha me dizer que também tem uma queda por Ren.
– Não, eu... quer dizer, ele é bem bonito mas ele está com Kells e além do mais, nunca me senti atraída por ele. Mas porque disse isso?
– Ahan, Ren conquista qualquer garota que quiser – Kishan murmurou como um velho ranzinza, ignorando minha pergunta.
Vi que Kishan e Ren não tinham uma boa relação, Kells só me contara metade da história dos dois irmãos.
Olhei para o rosto de Kishan. Ele encarava a multidão na pista de dança focando em uma parte dela, eu não sabia o que ele estava vendo ali mas eu podia sentir a raiva que ele emanava, minha mente trabalhava rápido até que cheguei a uma conclusão. Arrisquei o palpite:
– Você perdeu alguma garota para ele, não foi? – Perguntei.
Por um milésimo a feição de Kishan foi de assombro, então ele a suavizou.
– Como é que... - Kishan começou, deixando a pergunta pairando no ar.
– Eu simplesmente sei, sou boa nisso. Apesar de nunca ter tido um namorado.
Kishan olhou tristemente para os pés. Superficialmente estava calmo, mas parecia que por dentro, na sua alma, tudo estava em conflito. Em guerra.
– É verdade – Admitiu. – Sobre... você sabe, a garota.
– Não precisa me contar nada se não quiser, aliás eu nem deveria ter começado a falar nada.
Kishan sorriu brevemente.
– Está tudo bem, Liz. – Ele disse. - Mas então... você fez todas as perguntas, agora não seria a minha vez?
– Humm acho que sim, pode mandar.
– Mandar? – Kishan perguntou, franzindo a testa em gesto de dúvida.
– É, nesse caso, “mandar” é como uma gíria para “pode fazer a pergunta” – Expliquei.
– Ahh, então vou mandar. – Disse Kishan, enfatizando a última palavra.
Eu ri.
– O que você está fazendo sozinha num baile do dia dos namorados?.
De repente, toda aquela decepção com Jake que eu havia esquecido por um momento, voltara.
Suspirei.
– É uma história meio chata, mas resumindo, o garoto que me trouxe para o baile me largou e voltou com a sua ex namorada. Nesse exato momento os dois devem estar rindo de mim.
– Não se faz isso com ninguém, principalmente com uma garota tão especial e bonita como você. – Kishan disse.
Corei instantaneamente, droga.
– Olha Kishan, não precisa me elogiar só porque está com dó de mim, tudo bem? Dó é um sentimento inútil...
– Concordo – Kishan interrompeu. –, dó é um sentimento inútil e não sinto pena de você. Se me permite abrir uma exceção, tenho dó de Jake.

No fim da noite, Kishan me chamou para uma dança lenta. E apesar de eu ter pisado em seus pés acidentalmente com meus saltos durante toda a dança, ele não reclamou. Apenas sorriu.
Eu podia ver que algo o incomodava e entrava em conflito dentro dele. Algo que ia além de perder uma garota para Ren, talvez ele ainda gostasse muito dela. Ou até a amasse.
Eu queria ajudá-lo, Kishan salvara minha noite, afinal.


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Notas finais do capítulo

Liz é sortuda, não? haha
Obrigada por acompanhar o segundo capítulo!



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