Sorry to You escrita por MihChan


Capítulo 8
Eu encontro um velho amigo, uma foto desnecessária e Ishikawa é um idiota ou apenas se faz?


Notas iniciais do capítulo

~Yo pessoinhas lindas *3* Demorei, mas voltei! ~todos comemoram~ xD Muito obrigada pela compreensão de todas vocês, mas se querem saber como está o lance da prova: Está chegando o dia. Ainda estou tendo que estudar, mas arrumei um tempinho pra escrever :3
Obrigada a todas que comentaram o capítulo anterior e um obrigada especial para IWantFreedom e para a HoRiNe (tia Ho), que favoritaram ❤



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É o seguinte 19 não é 20, mas tem um porém 99 não é 100. Engraçado né? Não? Então tá bom...

Depois da ceninha que o senhor poste-de-energia-em-curto-circuito fez, eu fiquei completamente desnorteada. Aí você pensa: “E quem não ficaria sendo praticamente atacada por um troglodita?!” Eu te respondo que esse é um bom argumento, mas meu desnorteamento também é outro! A casa dos Ito-san é realmente – e exageradamente – grande e eu fiquei andando por ela para pensar um pouco e agora não faço a mínima ideia de onde estou.

Comecei a pensar em matemática e o que o Ishikawa seria nela. Nem me pergunte porquê. Eu nem sequer gosto de matemática, mas o poste ambulante é difícil de entender e se encaixa perfeitamente nisso. Talvez uma equação de segundo grau. Complicado e exaustivo de se lidar. E com certeza, eu não conseguiria achar o valor do “X” e muito menos a solução, porque o Ishikawa é um caso perdido.

Entrei em um estreito corredor e bem a frente tinha uma pequena escada que descia do teto não muito alto. Acima da escada, tinha uma abertura. Senti um arrepio. Sótãos já são em si algo não muito convidativo. Mesmo assim, a esperteza em pessoa, resolveu subir.

Você já deve ter percebido que eu não sou a pessoa mais esperta do mundo...

– Ótimo. – murmurei - Minha vida fica cada vez mais estranha. Isso é o poder do colegial?!

Poder do colegial, hu? Preciso conversar direitinho com a Chiyoko sobre essas coisas estranhas que ela fala e eu sempre acredito. Aquela ruiva...!

Não tinha nada muito interessante e nem um fantasma, força do mal, coisa do capiroto, esperando pra me matar e levar minha alma. Vi alguns papeis e canetas familiares. Me aproximei. Tinha desenhos com os traços lindos do Inoue Eri-san.

– Um desenho... Meu? - ouvi um ruído.

– O-O que faz aqui? – Inoue-san estava muito corado e olhava de mim para o desenho, nervosamente.

– Oh! – coloquei a folha no lugar e me fiz de desentendida – Eu estava andando e achei esse lugar. – sorri envergonhada e ele sorriu de uma maneira que eu não consegui decifrar. Talvez aliviado.

Inoue me explicou que também encontrou o lugar por acaso e o mesmo lhe trouxe inspiração para desenhos e ele resolveu ficar por ali e desenhar. Não me pergunte porque. Eu também achei estranho.

– Por que no sótão? – perguntei olhando em volta, inquieta.

– Artistas são incompreendidos. – deu uma piscadela e sorriu.

Só não entendi porquê um desenho meu estava junto. – Mentira, eu não entendi muitas outras coisas, mas ninguém precisa saber. Shiu! - Também não quis perguntar. Talvez fosse só a minha imaginação mesmo. O desenho era bem mais bonito que eu.

– Acho melhor descermos. – ele chamou minha atenção.

– Hai. – levantei-me, não muito animada com a ideia.

Não queria descer. Não queria ver o Ishikawa. Não queria ter que lembrar de nada. Não queria ter que explicar nada quando a Chiyoko percebesse meu nervosismo e me arrancasse uma resposta a força.

Mesmo assim, passamos no nossos dormitório e pegamos as nossas coisas. Descemos e fomos de encontro aos outros. Logo iríamos embora e agora não faríamos exatamente nada. Estavam praticamente todos os alunos reunidos no pátio da casa, com suas mochilas e pertences em mãos, apenas esperando para poder irmos.

Vi Chiyoko e me dirigi à ela. Alice-chan não estava junto, nem o Ishikawa e muito menos o Jun. Eu achei estranho, mas não comentei nada. Inoue se dirigiu a alguns colegas de sala, e sorria bastante enquanto conversava com eles. Fiquei-o observando por um longo tempo, até que a Chiyo-chan me cutucou com o cotovelo.

– Você não pode se interessar por ele. – ela disse e eu arregalei os olhos, surpresa - Seu amor predestinado já foi encontrado! – seus olhos brilharam – Mesmo que você tenha cortado o fio... – murmurou, deprimida e eu senti uma gota em minha cabeça.

– Mas o que...? – tombei a cabeça para o lado.

– Tehehe! – ela fez um “V” com os dedos na altura dos olhos e mostrou a língua.

Ela ia dizer mais alguma coisa, mas o Fukuda-sensei a chamou e no mesmo instante ela bateu continência e correu para o encontro dele, que sorriu sem graça. Dei graças a força maior – Vulgo: Fukuda-sensei -. Provavelmente ela ia me perguntar várias coisas que estavam martelando na cabeça de ruivos dela.

Vi uma garota loira e bonita se aproximar do desenhista-san. Ela disse alguma coisa timidamente pra ele, e os dois saíram do tumulto de gente. Eu poderia dizer que fiquei no mesmo lugar paradinha, mas não foi isso que aconteceu. E nem adianta dizer que a curiosidade matou o gato. Eu sou um unicórnio, e não um gato!

Eu nunca tinha visto aquela garota e ela era muito linda. Talvez uma modelo? O que será que ela queria com o Inoue-san? Eu os segui até a lateral da casa e fiquei escondida atrás de uma coluna larga.

Eles caminharam um pouco mais e a garota parou de frente para uma árvore. Vi a mesma suspirar e virar para o garoto com expressão totalmente decidida.

– Eu gosto de você, Eri-sama! – ela fechou os olhos com força depois de falar tudo de uma vez.

O silencio foi predominante. O garoto que já me dera um desenho, não pareceu surpreso mas sim pareceu triste.

– Desculpe, Akane-chan. – ele disse sorrindo e isso fez lágrimas que a garota loira segurava, finalmente serem libertas – Eu fico muito feliz em saber disso, mas eu já tenho alguém... que gosto. – mexeu na franja.

Ele tem namorada?!

– Você está namorando?! – a garota alterou o tom de voz. Parecia levemente indignada e com o orgulho ferido.

– Não exatamente. – confessou.

– O que...? Como? – ela pareca tentar absorver e aceitar a ideia - Baka! – gritou, o empurrou e saiu correndo.

Me encolhi um pouco na coluna, quando a Akane-san passou correndo. Ela pareceu não me perceber, suspirei. Voltei meu olhar para o garoto que acabara de rejeitar uma menina linda, incrédula. Será que a garota que ele gosta é mais bonita que essa? Merecia que ele rejeitasse uma menina que se confessou para ele? Difícil de acreditar.

Inoue-san olhou para o céu, colocou as mãos nos bolsos e caminhou de volta para o pátio. Fui, rapidamente, para o outro lado da coluna quando ele quase me notou. Suspirei aliviada novamente.

Voltei após alguns minutos para que não ficasse tão suspeito. Chiyoko já chamava as pessoas por ordem de chamada para o ônibus e, por pouco, cheguei a tempo do meu nome.

Pensei que pelo menos na volta me veria livre do Ishikawa, mas adivinha só? Tínhamos que voltar com a mesma pessoa que vinhemos.

Eu só quero me encolher na minha poltrona no ônibus, me tornar invisível e morrer lentamente.

Sentei na mesma poltrona que vim, o mais longe possível da pessoa que sentaria do meu lado, fazendo de tudo para me encolher e morrer, mas não deu muito certo. Depois de alguns outros nomes, o poste-ambulante entrou e exalava uma aura moe extremamente esquisita.

Não o encarei e nem nada do tipo. Continuei com a cara em um mapa que eu não fazia a mínima ideia de onde tinha aparecido. Percebi-o me encarar e franzir o cenho, contrariado.

– O que é? Nunca me viu? – perguntei, friamente.

– Por que está com um mapa múndi? – perguntou, me ignorando com sucesso.

– Estou vendo os lugares que planejo ir algum dia. Não me atrapalhe! – ralhei.

Ele deu de ombros e se aquietou e percebi que ele tinha uma foto em mãos. Ele olhava pra foto e ficava muito corado. Uma veia saltou em minha testa. Hentai desgraçado! Provavelmente o Jun usou a máquina fotográfica que trouxe.

Vi Alice-chan entrar seguida de Jun logo depois. Ela acenou pra mim, sorrindo, e se dirigiu para o seu lugar. Jun piscou ao passar por Ishikawa. Depois a Chiyoko entrou e fez uma cara esquisita para mim e para o Ishikawa. Diria que ela simulou o fio do destino sendo amarrado novamente onde eu, supostamente, o cortei. Bufei e ela sorriu triunfante.

Pegamos a estrada. Ishikawa tentou puxar assunto comigo algumas vezes. Ele parecia ter esquecido o que aconteceu no banho, o que aconteceu no dormitório e que ele não deveria estar respirando nesse exato momento!

– Está brava pelo teste de coragem? – perguntou.

– Me poupe. – respondi, fingindo estar entendiada para esconder meu nervosismo.

– Está brava pelo pudim? – peguntou.

– Pode ser. – falei. O belo pudim...

– Ei, me diga! Senão vamos ficar sem nos falarmos pra sempre. – falou, parecendo irritado.

Isso! Fiquemos sem nos falar pra sempre! É exatamente isso que eu quero!

Ele bufou quando não respondi. Talvez pensou: “Quem cala, consente.” Eu não estava afim de tocar naquele assunto. Como assim ele tinha esquecido o que fez?! O que falou?! E, principalmente, o que insinuou?!

Ainda mais tendo me pedido para “arrumar” a Alice pra ele. Eu realmente não entendo. Ele gosta da Alice. Ele quer que eu o ajude com isso. Nós fizemos um trato. Será que eu deveria ter lido as letras miúdas do contrato?

Chegamos a escola, não sem eu ter discutido com o idiota do Raku. Ôh menininho irritante! Descemos e nos liberaram depois de entramos na escola e eles terem falados algumas baboseiras de professores, como: “Essa será a primeira de muitas” ou “Se esforcem mais no teste da coragem da próxima vez” e “Não faltem amanhã na aulas”.

Eu estou cansada.

Ignorei Ishikawa e percebi alguém me encarando. Guardei a pulseira na bolsa. Se alguém estava me encarando muito, queria me roubar. Pobre ladrão... Nem percebe quando uma coisa não vale nadica de nada.

Inoue-san se despediu de mim com um beijo na bochecha. Eu fiquei muito corada e sem reação, ele também estava corado, mas eu estava a ponto de explodir. Alice interrompeu-nos, me puxando para longe. Ele acenou e sumiu no meio dos outros alunos. O que foi isso?

Alice e Chiyoko me carregaram para longe para apenas se despedirem, meio emburradas, e me deixarem mais confusa que antes. Ishikawa se aproximou e me tirou do transe.

Tive que voltar pra casa com o poste ambulante na minha cola e ainda por cima, aguentando piadinhas. Ele disse que tinha que manter sua palavra de me comprar doces todo dia sem exceção. Eu não queria que ele fosse comigo, mas eu queria doces, então que seja.

Ele não tocou mais no assunto do agarramento peculiar. Talvez ele estivesse bêbado, ou com overdose de doces, ou até poderia ter algum tipo de droga alucinante naquele pudim e ele ter pensado que eu fosse a Alice... ou uma cama. Se eu estivesse cansada e visse uma cama dando sopa, eu com certeza me jogaria nela.

Paramos na doceria em frente a minha casa. Meus olhos brilharam e a Ayano-san sorriu pra mim. A Ayano-san é a dona do lugar. Uma mulher muito gentil. Acho que tem aproximadamente a idade dos meus pais.

Eu corri de encontro ao balcão e praticamente babei em cima de bolinhos lindos, que dava até pena de comer. Mentira, não dava pena não. Eram lindos, mas fazer o que. É o destino dos doces irem para minha linda barriguinha.

– Yo, Aoi-chan. - a mulher me cumprimentou e sorriu para o Ishikawa. sorri de volta.

– Você quer um pedaço desse bolo? – Ishikawa me despertou de meus devaneios.

– Hunf. – virei a cara.

Ele interpretou como um sim e comprou um lindo pedaço do bolo, que eu engoli rapidamente. Se chegasse em casa com aquilo, minha mãe arrancaria meus olhos para fazer de luminária.

Não me despedi, não agradeci e não me arrependi. Ishikawa murmurou alguma coisa como um “de nada, Aoi” e foi embora, emburrado.

– Cheguei! – gritei, largando a bolsa.

– Como foi lá? – minha mãe perguntou.

– Hum... Legal. – respondi.

Minha mãe me encarou de forma estranha, enquanto segurava um copo e um pano. Acho que ela estava secando a louça.

– Legal tipo “uwo” ou “uau” ou “OMG”? – ela fez caretas estranhas enquanto falava.

– Acho que está mais para “porque eu não consigo criar memórias normais em uma excursão?” – suspirei.

Ela riu e eu subi correndo para o meu quarto. Bati de cara com uma parede. Não, pera... Essa parede não estava aqui na sexta-feira!

– Vai ficar apalpando minha barriga ou vai sair logo da frente, sua doida? – ouvi a voz do meu adorável irmão.

– É ótimo de ver de novo também, onii-chan. – ironizei.

– Já disse pra não me chamar assim! – ele se virou extremamente corado.

– Onii-chan, seu lolicon-pedófilo! – zombei o irritando.

– Ora! Não me chame assim, sua desequilibrada! – ele desceu as escadas, irritado.

Ri e segui para meu quarto arrastando a mala.

Meu irmão devia estar preocupado com os jogos. Eu nem me importei em perguntar como tinha sido o jogo de sábado. Também não posso me denunciar e ele não pode notar que me importo com ele. Por quê? Porque irmãs mais novas servem para irritar, causar dor de cabeça, dar problemas e tudo mais, para os irmãos mais velhos. Ou eu é que sirvo.

Outro dia - Escola – Intervalo:

– Temos que fazer isso! – Alice disse, quase que implorando.

– Não temos, não. – protestei.

– Por mim tudo bem. – Chiyoko disse, sorridente.

– Você é minoria, Aoi-chan. Vamos fazer! – Alice disse e sorriu, indo em direção a sala do clube de artes.

Estávamos discutindo se faríamos ou não um tipo de torcida organizada para o meu irmão e seu time. Alice era a mais empolgada. Por que será, né? Ela quer fazer uma grande faixa com uma frase de encorajamento para o meu irmão, digo, para o time. Ishikawa ficou emburrado e disse que eu não estou o ajudando, que só ele está cumprindo o trato e que isso era injusto. Injusto pra ele, ótimo pra mim.

Fizemos uma enorme faixa com a frase: “Nitori é o melhor! Go Team!” Tenho que esclarecer que Nitori é o nome da escola e, consequentemente, o do time. Alice quis deixar bem colorido e chamativo para que eles pudessem ver e se incentivassem a jogar melhor quando estivessem perdendo. Eu acrescentei a última parte e a Alice disse que eu tinha que torcer pelo meu próprio irmão. Quem foi que inventou essa lei?

A escola estava bastante animada com toda essa história com o time de basquete. Pelo o que eu entendi, eles tinham conseguido vencer o time da outra escola por bem pouquinho, no sábado.

As meninas foram na frente, saltitando animadamente, enquanto pensavam em recrutar mais garotas para uma coreografia de líderes. Claro que eu NÃO vou estar inclusa nisso.

Logo elas sumiram de vista. Eu tinha muita coisa em mente. Novamente senti que estava sendo observada. Olhei desconfiada para todos, mas aparentemente, ninguém me observava. Eu sou do tipo que não é notada... Quando o meu irmão não está por perto.

Vi meu irmão dentro de sua sala, tinha uma garota com cabelos longos, ondulados e castanhos escuros. O cabelo dela era parecido com o meu, só que dez vezes mais bonito. Não tenho culpa se eu sou muito ocupada e não tenho tempo para cuidar do meu cabelo...

Voltando ao meu irmão, tinha uma multidão ao redor dos dois e várias garotas davam gritinhos estranhos e histéricos. Eu me aproximei, claro, a tempo de ouvir a menina a frente do meu irmão, gritar decidida: “Eu gosto de você!” Silêncio total.

– Não mesmo! – gritei, empurrando todo mundo até chegar ao centro do círculo.

A garota me fuzilou com o olhar, enquanto todos me olhavam espantados, até o meu querido irmão, que suspirou aliviado por alguma razão. Se é que eu te tirei de uma fria, depois negociamos meu pagamento, caro irmãozinho.

– Você também gosta dele? – a garota perguntou.

– Mas é claro que não. – respondi.

– Então cai fora, pirralha! – disse.

– Ótima maneira de conquistar alguém que seria sua cunhada! – dei língua e cruzei os braços.

Ela arregalou os olhos e fitou o Ryuuji. Ele acenou com a cabeça, afirmando e ela se mostrou envergonhada, mas logo voltou a pose de durona.

– Ãhn, me desculpe. – pediu, indiferente – Mas isso não é assunto seu!

– Claro que é! – protestei.

– E por quê? – ela perguntou.

Porque a Alice gosta do Ryuuji! Mas eu não podia dizer isso, então pensei um pouco. Qual seria um bom argumento?

– Porque ele é meu irmão, ora!

Alguns alunos riram. Meu irmão estava completamente vermelho. Peguei em sua mão e o puxei para fora da sala. Disse a ele que não o queria com nenhuma garota. Que ele ficaria para titio senão descobrisse logo quem era a garota maravilhosa que eu descrevi, que o amava com todas as forças. Ele não entendeu. Disse que tinha muitas garotas aos seus pés e que seria difícil achar a que eu me referia. Dei-lhe um tapa na nuca e o deixei resmungando, furioso.

– Estávamos te procurando! – Chiyo-chan apareceu do nada, ofegante e agarrou minha mão.

– Onde estamos indo? – perguntei, tropeçando e quase dando de cara com meu querido amigo, chão.

– Vamos escolher as fotos que queremos da excursão! – Alice sorriu empolgada.

Meus olhos se iluminaram de empolgação. Fotos! Minhas primeiras fotos no colegial! Minhas primeiras memórias com alguém além da Chiyo-chan! Isso é muito legal!

Soltei minha mão da mão da ruiva e acelerei a todo vapor, ouvido-as rirem atrás de mim pela minha empolgação. Parei em no corredor dos primeiros anos. Nas paredes, nos enormes murais, tinham várias fotos com seus respectivos números embaixo.

Tinham muitas fotos e em praticamente todas, a Chiyoko – ou o seu cabelo – divavam. Ela é mesmo bem popular.Vi algumas pessoas anotando os números das fotos que queriam. Vim tão depressa que não peguei nada pra anotar.

Resolvi sair correndo de volta para a sala. Eu ainda insisto em correr. Eu não consigo me conformar que eu não posso correr! Na verdade, eu estou pensando seriamente em ver se tenho algum problema de equilíbrio.

Quando finalmente vi a porta da minha sala, alguém da sala antes da minha, resolveu aparecer magicamente na porta bem no momento que eu estava passando. E...

Bam!

Trombei com a pessoa e acabei caindo por cima dela. Podia ser uma garota? Claro que podia. Mas era? Não, não era. Porque alguma coisa não gosta muito da minha pessoa. Meu Deus! Acho que eu estou com algum tipo de uruca!

– Gomen nasai! – levantei rapidamente e fiz uma reverência.

– Fujitaka? – o garoto perguntou se levantando, atordoado.

– Fujita. – esclareci.

Ele era mais alto que eu, mas não era a média de altura dos outro garotos. Tinha cabelos loiros bagunçados e coçava os olhos, como se estivesse dormindo um pouco antes de me encontrar. Ele sorriu animadamente.

– É bom te ver de novo. – disse a mim e me abraçou apertado. Me assustei com o ato.

– Eu... te conheço? – perguntei inocentemente, mas o garoto cambaleou pra trás como se minhas palavras o tivesse ferido.

– Eu sou Yuuto. Ogawa Yuuto. – ele sorriu envergonhado.

Tive vontade de rir. Mas não porque tinha lembrado do garoto e sim porque seu nome, “Ogawa”, significa “rio pequeno” e o garoto é mais baixo que a média da altura dos garotos. Ele pareceu perceber e fez uma cara de emburrado, coçando a nuca.

– Não ria do meu nome.

– Gomen, gomen. – pedi, me recuperando. – Mas ainda não sei quem você é e eu preciso ir agora, matta ne! – falei e comecei a correr.

– Você devia lembrar de velhos amigos, Teru teru bozu! – ele disse e isso me fez parar instantaneamente.

– Eh...? – virei-me e o vi sorrir satisfeito – Yuu-chan? – perguntei.

– Exatamente!

Não podia ser verdade! Yuu-chan era um dos poucos amigos que eu tinha na outra escola, no ginasial. Yuuto era meu vizinho e sempre íamos juntos para escola. Ele também me protegia quando outros garotos mexiam comigo. Tenho certeza que você quer saber o porquê do “Teru teru Bozu”, e é justamente pelo fato de eu ser uma chorona sem causa. Outros garotos costumavam mexer comigo e o Ryuuji não estudava na mesma escola que eu. O Yuu-chan sempre me protegia, mas eu acabava chorando no final.

Um dia ele fez um teru teru bozu na aula de artes. Lembro-me que todos perguntaram o porquê e ele disse que aquele não era para não atrair chuvas, e sim para que eu chorasse menos. Acho que acabou dando certo mesmo.

Mas porque ele estava ali?

– Bom, Nos vemos depois Teru-tan! – ele me disse – E não me chama mais de Yuu-chan! Isso é constrangedor. – sorriu e começou a andar na direção oposta.

Eu queria fazer muitas perguntas a ele. Mas eu precisava pegar uma caneta e um papel. Corri e peguei meu caderno de anotações e uma caneta. Voltei para o corredor na mesma velocidade. Não encontrei mais o Yuu-chan, mas anotei o número das fotos que eu queria.

Percebi um aglomeração de gente em volta de um dos murais, um que eu ainda não tinha visto.

– Eri! Venha rápido ver isso aqui! – um garoto chamou e percebi Inoue-san surgir entre todas as outras pessoas.

Abriram espaço para que ele visse o mural e ele corou ao extremo, enquanto alguns garotos davam tapinhas amigáveis em suas costas e umas garotas comentavam que alguém era muito sortuda. Você já deve saber que, com toda certeza do mundo, eu me aproximei.

– Yo, Inoue-san! – sorri ao vê-lo.

Ele me encarou, arregalando os olhos e pareceu corar mais ainda, se é que isso era possível na situação que ele se encontrava. Umas garotas murmuraram: “Não é essa a garota?” Percebi muitos olhares sobre mim. Okay, eu não deveria ter me aproximado.

Olhei para o quadro e vi uma foto com duas pessoas de mãos dadas, cerrei mais os olhos, tentando decifrar quem eram as pessoas. Era o Inoue-san e... eu?! Reconheci o lugar. A foto foi tirada quando voltamos do teste de coragem, bem na hora que ainda estávamos com as mãos dadas. Ai, que ótimo!

Bati a mão na testa, totalmente derrotada. Eu desisto! Me desculpe destino! Me desculpe por ter cortado o seu estúpido fio vermelho! Mas não precisa isso tudo. Tenho certeza que se fizermos um nozinho com as duas pontas... Pera, o que eu estou dizendo? A Chiyoko consegue mesmo me influenciar! Falar na Chiyoko, onde aquela ruiva doida se meteu com a Alice?

Saí correndo de onde todos me perguntavam se eu e o garoto-desenhista-que-tem-a-alma-saindo-pela-boca-nesse-exato-momento estávamos namorando, nos davam os parabéns e até falavam os números da foto em voz alta para que nós pudéssemos anotar.

Parei nas máquinas de refrigerante, depois de correr bastante. Coloquei uma moeda e peguei um refrigerante de uva para acalmar. Eu sei que devia ser de maracujá, mas uva é bom. Ouvi passos e me escondi entre as duas máquinas eletrônicas. O espaço era apertado, mas dava o bastante para que eu conseguisse me sentar ali. Eu estou acostumada a me esconder em lugares apertados. Anos de prática, para quando algum garoto quisesse me incomodar.

– Aoi? – vi um gigante erguer uma sobrancelha ao me ver ali. Parece que o esconderijo não deu muito certo... Suspirei.

– Me deixa em paz, despacho de encruzilhada. – falei friamente.

Ouvi-o colocar uma moeda na máquina e se sentar recostado a mesma. Deu um longo gole em uma lata de chá gelado. O cheiro era muito reconhecível.

– O que eu te fiz? – perguntou, parecendo refletir um pouco.

– Além de me atacar? Insinuar que tinha realmente visto algo no banho? Quase me roubar um beijo? Depois fingir que nada aconteceu? Não me deu o pudim. – falei, tranquilamente.

Ele ficou em silêncio. Quando pensei em sair e ver se ele ainda estava ali ou se tinha me deixado falando sozinha, ele deu sinal de vida. Do pior jeito possível.

– Pfff! – o ouvi segurar o riso.

Saí do meio da máquinas, furiosa.

– Você é idiota? – perguntei o que eu já sabia.

– Você acha mesmo que eu vi algo? – perguntou.

– Então... Você não conseguiu ver nada?

– Claro que não! – deu de ombros, levemente corado – Tinha... muito vapor. – murmurou.

– ... Baka! – dei-o um soco na cabeça.

– Hã?! – ele colocou a mão aonde eu havia batido, totalmente indignado – Você queria ou não queria que eu tivesse visto algo?!

– Calado! – comecei a andar, pisando duro.

– Você é doida! – protestou.

– Apenas não fale mais comigo, seu bocó!


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Comentem *W*
Eu pensei em um nome para a escola de última hora e usei o primeiro que me veio a cabeça. Talvez vocês se lembrem de algum personagem de anime quando lerem u3u
Bom, é isso. Postarei o próximo o mais rápido possível, okay? Okay.
~Ja ne.