Sorry to You escrita por MihChan


Capítulo 16
Já não é o bastante?


Notas iniciais do capítulo

Gente~ Olha quem ressuscitou? Eu mesma!
Eu amei a recomendação da Moon-chan, que já me fazia ficar feliz gritantemente com seus comentários! Eu adoro os seus chiliques, até porque eu também sou dessas sahuash Eu só tenho a agradecer e dar meus faniquitos por cada palavrinha que você escreveu! Não tem como não amar vocês ❤ Me abraça *U*
Explicações: A escola ainda vai me matar, isso é óbvio! Como assim dão quinze dias de recesso, passam seminários, livros para ler e resumir e assim que voltar já tem uma prova linda de biologia?! Acho que daí já dá pra tirar porque eu não tive tempo pra postar horrores nas férias - que eu não tive ç-ç
Esse capítulo foi quase missão impossível! Tenho certeza que se eu fizesse qualquer movimento impensado eu era morta pela legião de fãs que o Eri conseguiu ashuash Tem alguém torcendo por ele?
Agradeço as novas pessoinhas que estão acompanhando a fic e as que favoritaram: Ci Chan, Kirishima, AnnabethPotterDAngelo, AnnieChan, Vi Chan, Day Di Angelo e Sofhi Chan. Sejam bem-vindas ❤
Enfim, eu não vou enrolar muito. Espero que gostem do capítulo. Passei tanto tempo sem escrever que estou com medo que eu tenha perdido a minha criatividade e-e
Sejam felizes e comentem depois, tá?



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Algo tão chocante quanto quando as crianças descobrem que são seus próprios pais que colocam seus presentes debaixo da árvore de natal.

– Eu gosto de você, Aoi-san.

Arregalei levemente os olhos, dei um passo para trás e levei a mão a boca. Tive mesmo vontade de cair na gargalhada, mas me segurei ao ver que Eri se mantinha sério – ter esses acessos nervosos é irritante! Passou pela minha cabeça que ele podia estar brincando, mas logo constatei que ele absolutamente não faria isso. Aquele não era o tipo do Eri-san. O que me fez lembrar que Raku poderia fazer algo assim com certeza. Sorri de lado, inconformada comigo mesma.

Eri levou uma das mãos ao meu rosto novamente me fazendo corar ainda mais, se é que isso era possível, mas ao ver o meu estado tirou-a e tentou se acalmar um pouco, desviando o olhar para o lado.

Naquele momento, o chão parecia bem interessante para nós dois. Tinha algumas formigas fazendo uma trilha. Olha, que interessante como elas trabalham em equipe!

Eu não sabia o que dizer sobre aquilo. Eu não tinha experiência nenhuma com confissões e eu estava em uma saia justa em relação aos meus sentimentos. Eu não podia atropelar Eri com o meu egoísmo e dizer mentiras. O garoto pareceu perceber o que eu pensava e quebrou o silêncio nada querido que havia se instalado entre nós.

– Entendo... Eu não preciso da sua resposta agora. Seria frustrante ser rejeitado em um dos meus festivais prediletos. – ele sorriu.

Entendo... Ele sabia daquela possibilidade... Mas porque então se declarou? Talvez para que eu fique ciente de seus sentimentos – isso é apenas uma desculpa esfarrapada; talvez ele foi movido pelo calor do momento e essa atmosfera – Urgh!; talvez ele saiba e pense que se não der certo com certa pessoa, ele pode ser minha segunda opção – Agora eu me achei o último M&M do pacote que está sendo dividido entre irmãos.

Mas isso é ridículo!

– Inoue-san, você não...! – fechei meus punhos com força, mas antes que eu pudesse falar tudo que eu mesma concluí, Eri se inclinou, ficando com seu rosto bem perto do meu, e soprou me assustando e me fazendo ficar quieta.

– Ótima tática. – inflei as bochechas e reconheci. Ele sorriu em resposta.

– Não tire conclusões precipitadas. – coçou a nuca, bem mais envergonhado agora – Eu não vou desistir de você. No primeiro vacilo do Ishikawa, eu roubo você dele.

– Eh?

Pisquei meus olhos rapidamente. Eri era mesmo capaz de fazer esse tipo de expressão? Apesar de ser algo ruim de minha parte, eu realmente fiquei um pouco feliz por aquilo.

– Quem é Ishikawa? – me fiz de desentendida.

– Só um idiota não perceberia. – Eri falou levemente melancólico.

Tive vontade de pedir que ele dissesse aquilo perto do único idiota que não percebe, Ishikawa Raku. Cruzei os braços e desviei meu olhar para as pessoas que passavam por nós

– Então, por favor, você pode pensar sobre isso? – perguntou sem me encarar. - Sobre um futuro "nós"? - corei.

Eu abaixei minha cabeça e senti um nó na garganta. Eu estou na mesma posição que Eri em relação ao Raku. Seria tão mais fácil se eu pudesse simplesmente retribuir os sentimentos dele... Ao invés disso, eu sou masoquista. Que diacho esse meu gostar de sofrer!

– Eu vou leva-la de você agora, tá, garoto? – uma cabeleira negra agarrou-se no meu braço deixando o garoto comigo sem reação – Ora, não seja mal. Vamos dividir a Aoi, certo? Até mais!

Só quando consegui me situar foi que percebi que Gina tinha me tirado de um clima bem tenso. Vimos Eri ir embora com Fuuma, que veio correndo de encontro a ele logo depois que nós saímos correndo.

Sentada em um dos bancos de pedra, eu suspirei pesadamente enquanto a morena comigo tinha um semblante pensativo e mantinha as mãos na cintura. Repassando tudo na minha mente, eu notei que estava encrencada.

Eu já tinha uma pessoa, por mais que essa não gostasse de mim, e eu tinha prometido a mim mesma que não desistiria. Eu teria que rejeitar aquela confissão que fora feita a mim, mas eu, com absoluta certeza, não queria machucar o garoto gentil que tinha um dom para desenho.

– Ora? O que houve? – Gina pendeu a cabeça para o lado – Está chorando?

– Hu?

As lágrimas desciam sem que eu as percebesse e eu já começava a soluçar. Dobrei meus joelhos em cima do banco, de maneira desajeitada por causa do yukata, e passei meus braços em volta das pernas apoiando a cabeça em seguida. Chorar por tudo cansa a minha beleza, mas essa ocasião pede.

Gina suspirou, inconformada.

– Aquele bastardo! Eu sempre tenho que cuidar do que é dele para que ninguém roube! – ela se queixou.

Em outro momento, eu teria ficado feliz pela garota ter dito aquilo, mas todos da família do Raku acreditam que eu sou namorada dele após aquele incidente de quando ele ficou doente e, nas minhas condições emocionais, não tem como ficar contente.

A encarei e, como se percebesse o que eu queria perguntar, ela sorriu calorosamente. Ela tinha visto tudo. Encarou minha mão e viu o presente que me dera mais cedo, um amuleto com um kanji gravado.

– Parece que já está causando mudanças... – disse – De nada. – e sorriu.

Fiz minha melhor cara de taxo. Aquela mudança não fora tão bem recebida, se ela não percebera.

Gina esperou pacientemente até que eu me acalmasse. Não parava de pensar que eu era uma idiota e em como tudo seria mais fácil se meu coração fosse mais manipulável. Eu podia aprender a gostar do Eri... certo?

– O que vocês estão fazendo aqui? – Yuu-chan apareceu junto com todos.

– Estávamos procurando por vocês esse tempo todo! – Chiyoko parecia preocupada.

– Andamos aquilo tudo a troco de nada, pirralha! – Ryuuji disse indiferente.

– Ryuu... – Alice pareceu repreendê-lo.

– Eu achei bem divertido! – Ayu e seu espírito esportivo.

Só então eles pareceram perceber a minha aura melancólica e nada brilhante comparada a deles. Gina sorriu conformada de volta. Eu não tinha levantado meu olhar sequer um instante e me sentia cada vez mais ruim com toda aquela alegria e "plim plim" a minha volta.

– Aoi não está se sentindo muito bem. – a garota ao meu lado se pronunciou – Paramos aqui para ver se ela melhorava e acabamos nos perdendo de vocês, mas não funcionou. Acho melhor ela ir para casa. Sabe como é, os banheiros químicos são horríveis. - cochichou.

Tive vontade de abraçar Gina – ignorando a última parte da história. Ela tinha desmentido, ou quase, tudo que tinha acontecido e eu podia ir para casa sem nenhum problema agora. Desde o começo eu não queria vim e agora, especialmente, esse dia não podia ser pior.

Chiyoko pareceu chocada com aquilo, como se eu a tivesse traído. Tenho certeza que só não puxou meus cabelos porque reconheceu que eu não já estou com cara de sofredora o bastante.

– Então eu vou levá-la para casa! – Ryuuji pegou em minha mão e, praticamente, me puxou do banco.

– Não é necessário... – sorri amarelo e consegui dizer, não convencendo ninguém.

– Mas está tão tarde. – Alice disse e Chiyoko checou o relógio de pulso concordando depois.

– Eu a levo então. – Chiyoko se preparava para pegar em minha mão.

– Sério, não precisam se preoc-

Antes que eu pudesse terminar minha frase, que reuni toda minha coragem de uma vida para dizer, alguém tapou minha visão, pegou em meu pulso e começou a me guiar para fora do templo.

– Raku...?

– Mas que atrevimento desse merdinha! – ouvi meu irmão.

– Quem é o merdinha?! – a irmã de Raku.

– V-vamos comprar takoyaki! – Alice sugeriu, nervosa, tentando calmar os ânimos de irmãos mais velhos.

– Não diga nada idiota, seu idiota! – a própria irmã de Raku gritou quando todos já começavam a se distanciar de nós e meu irmão continuava a ralhar.

O poste-ambulante continuou a segurar minha mão e não disse uma só palavra. Senti o quão horrível eu sou por estar me sentindo um tantinho mais feliz por isso. Talvez de alguma forma, ele se preocupe comigo...? A vá! Como se isso fosse acontecer!

– Não ligue para o que a Gina tenha lhe dito. – e soltou minha mão, colocando as suas em seus bolsos – Ela tem uma certa mania de dizer o que não deve.

– Hum. – respondi atravessado.

Continuamos andando sem dizer nada. O que me fazia remoer tudo e meu astral ir dar uma volta nas trevas, até que Raku cortou o silêncio e meus devaneios.

– O que está acontecendo entre você e o Inoue?

– De novo isso... – desviei meu olhar tentando conter a impaciência.

Devia ter continuado calado, idiota!

– Me admira que alguém esteja interessado nesse projeto de colegial. Tem certeza que terminou o fundamental? – sorriu de lado.

– Você não está vendo que eu não estou em condições favoráveis? – senti uma veia saltar em minha testa.

– Pare de fazer charminho. – ele ignorou. – Já chega!

Idiota!, era o que eu gritava em minha mente. Eri é com certeza o contrário desse boboca. Ele é gentil e não diria coisas tão cruéis com alguém. Por que eu tenho que ser tão persistente? Que saco!

– Estão saindo? – ele matinha um sorriso sarcástico.

– Não lhe interessa de qualquer forma! – forcei um sorriso da mesma maneira.

– Os que não devem a ninguém não têm medo de acusações! – pareceu irritar-se.

– Eu não tenho nada a esconder, mas também não te devo satisfação nenhuma! – emburrei-me. - Ora! Quem tem que está irritada aqui sou eu! Não tenho cara de Princesa Isabel pra ter te dado essas liberdades!

Ele ficou sem palavras, já que eu realmente não lhe devia explicações e muito menos tinha cara de princesa, convenhamos. Que interesse no Eri! Não consegui me segurar e despejei tudo que estava sentindo, mesmo que ele não entendesse necas de pitibiriba.

Parei de andar e olhei profundamente em seus olhos, franzi o cenho e gritei:

– Você é o mais idiota! – ele arregalou os olhos – Não percebe algo que está debaixo do seu narigão feioso ou somente está se divertindo o bastante para não dispensar de uma vez?

Raku franziu o cenho. Parecia de verdade não entender o que eu queria com aquilo. Levou a mão ao nariz, chocado.

– Narigão feioso? – sussurrou.

– Na verdade eu sou a mais idiota! – comecei a repreender a mim mesma, dando as costas para o garoto – Podia muito bem ter sentido tudo isso por alguma outra pessoa, mas a minha vida já não é engraçada o bastante! Que humor-negro é esse, destino?! Não é possível que ainda seja por causa daquele fio idiota! – comecei a tagarelar feito retardada.

Raku olhou para os lados e continuou observando minha seninha de novela mexicana das tardes de emissoras de TV.

A essa altura minhas lágrimas já caiam como cachoeiras outra vez. Virei-me e o olhei extremamente brava. O garoto levou uma das mãos à boca e tossiu, escondendo a boca com as costas da mão, meio nervoso. Colocou as mãos nos bolsos novamente.

–... Então seria melhor se eu deixasse que você seguisse sozinha agora, certo? – ficou sério.

– Constatou isso com toda essa sua inteligência? – praticamente cuspi as palavras.

– Entendido.

E ele começou a seguir na direção contrária. Encostei a cabeça no muro alto de um prédio e deixei que minhas lágrimas rolassem. Não fazia sentido eu segurá-las e minha garganta doía.

...

– Ohayo! – fui recebida por um sorriso caloroso de Ayu ao entrar na sala.

– Pois é. – sorri, ruborizada, de volta.

– Parece que alguém não está tendo um bom dia. – Ayu, nada discreta, disse a certa ruiva que tinha se aproximado ao perceber minha chegada.

– Ei, ei! – ela sorriu e começou a beliscar minhas bochechas. – Sorria!

– Não dá com você fazendo algo terrível como isso, Chiyo-chan! – reclamei, chorosa.

Ela começou a contar como tinha terminado as férias e Yuu-chan jogou na fogueira que tinha visto a ruiva muitas vezes. Quanta ousadia. Depois do festival, nós apenas trocamos e-mails rápidos. Eu tinha passado muito do meu tempo tentando tomar uma decisão. Também não tinha mais visto Eri-san e não tinha coragem de lhe mandar um e-mail.

Parei de ouvir o que Chiyoko falava. Sentia um nervoso crescendo dentro de mim, se eu conseguisse fazer o que planejava seria...! Meu rosto entrou em combustão instantânea. Me olharam com os olhos arregalados.

– O que houve tão de repente...? – Ayu perguntou.

– O que houve durante essas férias? – Chiyoko perguntou franzindo o cenho e sorrindo, má – Você não me contou sobre o festival depois que nos separamos. Eu não engoli aquela história! – e colocou as mãos na cintura.

Isso era verdade. Mas ela também tinha que me contar certos babados. Eu não tivera coragem de contar a ninguém. Sussurrei um “sim” para minha amiga, eu não conseguiria mesmo fugir dela como passei o resto dos meus dias de folga fugindo de Ryuuji.

– Eu consegui! – Alice murmurou aparecendo na porta.

Todos ficaram quietos, afinal ela era a representante de classe, poderia ter algo importante para dizer. Mas ela permaneceu quieta e muito vermelha. Todos começaram a soltar vários “o que?” e “hã?”.

– Eu consegui! – ela disse novamente.

– Conseguiu o que? – Tsukasa Yukito gritou, nada interessado de verdade.

– Eu sou a nova presidente do conselho estudantil... – ela mesma parecia não acreditar.

Por um momento me esqueci de tudo e fiquei realmente muito feliz por Alice-chan. Todos bateram palmas para ela e a mesma fez reverências bem exageradas. Chiyoko correu e a abraçou, a deixando ainda mais envergonhada e me esquecendo em um cantinho qualquer.

– Eu sabia que você ia conseguir! – a ruiva sorriu.

– Eto... – ela sorriu de volta.

Depois disso, fomos para a um tipo de cerimônia de abertura, como no começo do ano. Alice seria anunciada como nova presidente do conselho e mais alguma coisa que eu não consegui gravar. Ficamos em fila por sala, um atrás do outro, como já era de costume.

Senti alguém me cutucar no braço enquanto tentava me transformar em girafa e achar certo garoto, estava quase escalando a garota a minha frente, que me lançava olhares que me diziam "vou arrancar esses seus cabelos e usar de espanador." Virei-me nem tão discretamente para dar de cara com alguém com um sorriso forçado e olhar maldoso. Congelei.

– Que jeito foi aquele de me tratar? – Raku perguntou enquanto tentava manter o nível de voz e a aura maligna – E depois nem me mandou um presente de desculpas. Que petulância!

Com o sol batendo bem acima de nós, uma sombra sinistra se formou abaixo do cabelo dele e deixou seu olhar diabólico. Não tive coragem pra retrucar. Ainda tenho aluma dignidade afinal, se eu falasse agora soaria mais como um filhote de hiena guinchando.

Virei-me e voltei para a posição inicial novamente, coração acelerado, e ele continuou a reclamar. Também não tinha o visto depois do incidente que acontecera. Fiquei levemente raivosa. Eu? Pedir desculpa? Se quer tanta moleza, senta em um pudim, bocó! Não, mentira. Seria um desperdício.

Agora eu já não posso voltar atrás na minha escolha. Eu tenho que pensar que será o melhor para mim. Eu não posso investir no duvidoso e a maneira como sou tratada é óbvio que eu sou estupidamente idiota! Ignorei-o até que o diretor começasse a falar.

– Bem, na verdade estamos aqui para... – ele olhou para Alice ao seu lado. Ela sussurrou algo nervosamente. – Ah, sim! É claro! Que cabeça a minha! – e começou a rir histericamente ao microfone.

Aquilo distraiu a todos nós e nos deixou levemente atordoados, mas esse era o nosso diretor: Koike Akira. Ele tem realmente uma aura brilhante, como o significado do seu nome. Um homem avoado e esquecido. Alto e magro, com cabelos grisalhos divido de lado desajeitados e rebeldes. Koike-san parece que não evoluiu na idade mental mas, quando se tratava de assuntos sérios, ele se transformava completamente. Como na vez que quase engoliu a mim e a Ayu por conta de notas baixas.

– Qual é o problema desse velhote? – Yukito, ao meu lado, se irritou com a animação.

– Vovô, tem como andar com isso? – alguém gritou.

Ele parou de rir e pigarreou.

– Esses jovens, querendo passar na frente do tempo... – suspirou – Bom, os testes para avaliá-los será na semana que vem. Boa sorte. Agora, essa é Yamamoto Alice-san. Ela será sua nova presidente, no conselho, claro.

E empurrou Alice para o microfone, no palco. Ela corou ao extremo, podíamos ver suas pernas vacilarem, enquanto o diretor estava interessado em um dos panfletos que ela havia distribuído antes e tentava fazer a pose da mesma na foto. Aquilo era um tanto cômico de se ver.

Todos ficaram em choque. Não sabíamos que teria teste avaliativo, mas não tive muito tempo pra pensar nisso. Em meio ao burburinho que se formava, vi Eri de cabeça baixa sem prestar muita atenção no que acontecia ao seu redor. Desviei meu olhar rapidamente quando ele levantou o olhar.

– Bem... Espero que cuidem de mim! – Alice se pronunciou gritando fazendo todos levarem as mãos aos ouvidos. – Desculpem! – gritou novamente e fez uma reverência exagerada como sempre fazia quando estava nervosa.

– Seja bem-vinda, Yamamoto-kaichou! – todos riram, mas era impossível ter raiva de uma garota como aquela.

...

– Você não precisa mesmo levar ao pé da letra o que o Fukuda-sensei disse. – falei pela milionésima vez – Você sabe disso, não é, Tsukasa-san? – encarei-o fulminante.

– Eu acho interessante o modo como você age... – ele anotava algo em um bloquinho, enquanto me seguia para todo lado no intervalo.

Daquele jeito, eu não conseguiria fazer o que eu planejara. Já era constrangedor, eu não falaria nada na frente dele. Aquilo começava a me irritar e eu estava mentalmente esganando alguém que está se divertindo muito com isso: Fukuda-sensei.

– Você não vai fugir de mim agora! – Chiyoko agarrou minha mão. – Vamos, vamos!

– Eh? Pra onde?

– Ora, você vai me esclarecer tudo que anda pensando com esses seus poucos neurônios, Aoi! – ela sorriu meigamente o que significa que eu estou em uma enrascada.

Comecei a pensar em como arrumar um pretexto para fugir daquilo. Tsukasa ainda permanecia sentado sobre a mesa da sala e anotava sem parar. Falei a primeira coisa que veio na minha mente.

– É que agora não dá! – quase berrei.

– E... posso saber por quê? – ela cruzou os braços e me olhou acusatoriamente.

– Tsukasa-san vai me ajudar a estudar para os testes! – ela franziu o cenho sem entender nada.

– Desde quando estão assim tão próximos? – ela parecia desconfiar.

– Sabe como é. Preciso de alguém para me ajudar. Quem melhor que o cara mais CDF da sala? – comecei a rir, nervosa.

O garoto da questão tinha parado de escrever e me olhava como se eu fosse uma de suas experiências e aquilo parecia animá-lo muito. Segurei em seu pulso e puxei-o para que se levantasse e me ajudasse a mentir.

– É isso aí, Aoi, minha... Hãn... camarada! – ele sorriu notavelmente forçado.

Você não sabe mentir, seu grande bobão!

Me segurei para não bater na minha própria testa ou dar um chute na canela do nada convincente ao meu lado. Sorri para Chiyoko. Ela se aproximou do meu rosto cerrando os cílios. Senti o suor descendo.

– E o Raku-kun? – ela cruzou os braços novamente.

– O que tem ele? – revirei os olhos.

– Pensa que não percebi que certa pessoa passou a manhã toda ignorando ele quando tentava se aproximar? – ela levantou uma das sobrancelhas e sorriu – Vocês brigaram quando ele te acompanhou até em casa depois do festival?

– Claro que não! – fiz bico.

– Cara, vocês são tão problemáticos! – ela levou a mão a testa.

– Ishikawa-san é seu namorado? – Tsukasa se curvou e me encarou. Senti meu rosto esquentar.

– N-não! Que bobagem a sua! – agarrei no ante braço dele – Vamos antes que termine o intervalo!

Chiyoko ia falar algo como para ir estudar conosco, já que ninguém sabia dos testes, mas meu irmão apareceu com uma toalha em volta do pescoço, várias das suas fãs ao seu redor e pose de galã de filme infanto-juvenil. Parece que tinham ganhado mais um jogo. Ele sorria e agradecia, junto aos seus colegas de time.

Alice estaria aquela hora em uma reunião do conselho. Pensei que ela não ia gostar nada de ver aquilo, mas somente coraria e não diria nada. Tive vontade de correr e bater no idiota do Ryuuji mas, no momento, a legião de garotas foi uma ótima desculpa para fugirmos da Chiyoko.

– Essa sua forma de fugir de um assunto que não quer falar foi impressionante! – Tsukasa sorriu, animado.

– Cale a boca! – briguei – Por que ainda está me seguindo? – perguntei sem parar de correr.

– Porque andar com alguém como você é realmente divertido! – ele parecia muito excitado. – É uma ótima forma de treinar para a profissão que quero exercer um dia: psicologia! - Arregalei meus olhos e parei para encará-lo. – O que foi? – ele perguntou parando também.

Algumas das admiradoras nada secretas de Yukito já começavam a estranhar ele estar tão grudado em mim e me olhavam de esguelha com caras de zumbi sedentos por cérebros.

– O que é aquilo? – apontei para um lugar qualquer.

– Você não vai conseguir se livrar de mim tão fácil assim. – ele se gabou arrumando o óculos no rosto.

Chutei sua canela. Enquanto ele sentia dor comecei a correr e dar risada. Ouvi-o dizer algo sobre eu jogar sujo, mas depois se fez de coitado para algumas garotas. Mostrei a língua, travessa, eu nem chutei tão forte assim. Quando já estava longe o suficiente e pensava em parar, esbarrei feio em alguém. Caí sentada.

– Desculpe! – eu e a pessoa falamos em uníssono.

Olhei para cima e vi que se tratava de Eri. Corei no mesmo momento, ele já se encontrava corado. Me estendeu a mão vacilante. Segurei-a para que ele me ajudasse a levantar.

– Quanto tempo, né... – ele disse e sorriu.

O olhei intensamente. Estava esperando encontrá-lo a muito tempo, mas agora... eu não sei se vou conseguir dizer. Ele continuou a me olhar, mas depois desviou sem graça.

– Acho que... – olhou para o chão por um instante – Esqueça aquilo que aconteceu no dia do festival de verão. – sorriu. – Eu acho que realmente agi por impulso. He-he. – sorriu forçado – Bom... Te vejo por aí. – ele disse e começava a andar.

Ei, espera!

Eu não conseguia falar nada, apenas não saía e aquilo era no mínimo frustrante. Passar o resto das férias planejando cada milésimo de segundo e no final ficar com cara de peixe morto acenando e sorrindo como aquelas princesas – trocando lâmpada-, que era exatamente o que eu estava fazendo.

Quando ele já estava longe o bastante para eu ter que correr, eu despertei do transe de gente que tem poucos neurônios e me desesperei. Como pessoa sensata que sou, saí correndo atrás dele parecendo que estava calçando aqueles troços que nadadores usam. Minha sorte era não ter muita gente naquele corredor e os poucos que tinham não me davam bola. Magoei de certa forma.

– Inoue-san! – gritei quando não consegui mais correr.

Ele parou e virou-se para mim com um semblante levemente assustado. Agachei-me colocando as mãos nos joelhos, tentando controlar a respiração e os batimentos do meu coração.

– Aconteceu alguma coisa? – ele aproximou-se e me segurou pelos ombros. Corou ao perceber que eu estava bem vermelha.

– Eto... Então... Se você estiver livre... Poderíamos fazer alguma coisa no sábado? – sorri o mais gentil que consegui.

Ele pareceu extremamente surpreso e corou mais ainda ao ouvir isso. As poucas pessoas nos corredores, que tinham parado para prestar atenção no alvoroço e depois espalhar a fofoca para todos da escola, começaram a gritar coisas para encorajar Eri a aceitar – parem de ser tão genéricos. Depois de se restabelecer, ele sorriu em resposta.

Eu, sinceramente, não sei se estou certa do que estou fazendo... Eu coloquei involuntariamente no meu coração que preciso esquecer alguém que não me vê como uma garota.

Embora meu coração grite que eu sou uma idiota...


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Notas finais do capítulo

(Bem que me disseram que depois que eu entrasse naquela escola, eu não teria mais vida...)
O que acharam? Espero que tenham gostado *3* E agora? O que vai acontecer? Façam suas apostas!
Comentem e me deixem feliz, tô necessitada sahaush Beijos