Quando cheguei a casa estava totalmente cansado. Não que eu tivesse me mexido muito ou feito muito exercício físico, apenas me sentia cansado. Pousei delicadamente a mala ( lê-se: Atirei brutalmente a mala em direção ao chão) e ouvi um barulho estranho. Como quando um telefone cai diretamente de tela no chão. Nesse momento meu cansaço teve de esperar.

Após voltar a dar apressadamente os poucos passos que faltavam até chegar à mochila não foi preciso muito para que tudo estivesse no chão, totalmente espalhado. Os meus batimentos continuavam apressados enquanto eu procurava que nem um louco por um telefone. Aí eu vi Dragon se aproximar das minhas coisas espalhadas e abocanhar um.. osso de brinquedo...? Bati e apalpei o bolso da frente das minhas calças e senti um alto. O telefone ainda estava lá.

Aí tudo fez sentido. Possivelmente Dragon teria colocado o osso lá dentro e me fazer sentir desesperado. Minha vontade inicial era de soltar uns "pequeninos" palavrões ao ar, mas após pensar durante alguns segundos percebi que desde à algum tempo nada fazia sentido nenhum, por isso apenas fui soltando maldosas sentenças mentais enquanto voltava a colocar tudo na minha mochila.

Após almoçar, enviei uma mensagem a Lysandre avisando que iria passar as férias lá na casa dele e do irmão. Ainda trocamos mais algumas sms para combinarmos detalhes. Ficou decidido que quem ia dirigir era Leight.

Peguei numa mala e fui colocando as diversas coisas de que iria precisar. A maior parta das pessoas que eu conheço não gosta de fazer e preparar as malas para viajar, mas eu realmente gosto. Não sei bem o porquê, mas talvez seja porque eu vou imaginando tudo o que pode ou não pode acontecer na viagem. Talvez seja uma atitude de criança, mas é o que eu sinto que faz sentido.

Acho que durante o resto da tarde me tinha tornado num verdadeiro "Lysandre", por assim dizer. Quando fui passear o senhor que me ia dando um ataque de coração no parque, acho que atropelei muitas pessoas de tão nas nuvens que estava. Sinceramente, nem me lembro ao certo, não estava prestando muita atenção nisso.

[...]

_Você só pode estar brincando!_ Josefa disse quase gritando, num estado que eu nunca tinha visto._ Royals, me ajuda aqui!!!_ Ela pediu desesperada, enquanto todos ( e especialmente eu ) permanecíamos calados.

_E-Eu? Você está vendo o Castiel dormindo com Nathaniel no mesmo quarto? Ou melhor, na mesma cama? Você já pensou nisso?

_Ia fazer lhes bem, eu acho._Ela respondeu sorrindo, mas o desfazendo por completo logo de seguida.

_Se você quiser, eu estou disponível._ Nathaniel disse olhando para Jo, piscando lhe o olho. Acho que não fui o único que a viu estremecer após ele ter dito aquilo.

_P-Pensando bem, tudo bem assim. A-Acho melhor i-irmos desfazer as malas....

Após ela ter dito isto, subimos as extensas escadas até chegarmos a uma porta. Eu ia abri la, mas acho que voltei a ficar preso em meus pensamentos. Pensamentos sobre tudo... Sobre as três longas horas de viagem... Sobre a "boniteza" da casa... Eu realmente sempre quis ter uma casa assim, grande, moderna, perto da praia e especialmente com uma grande piscina. Não que a casa fosse moderna quando ainda pertencia aos avós de Lysandre, apenas... pronto, acho que você compreendeu.

_Você vai abrir a porta ou precisa de ajuda?!?!_ Josefa disse irónica, enquanto me empurrava com o corpo e se colocava no exato lugar onde eu estava.

_*Suspiro*, eu sei abrir portas mas agradeço a preocupação..._ Eu disse enquanto a empurra levemente com o ombro, para me puder "defender do ataque inimigo".

Com isto ela retribuiu o empurrão e ficámos ali nos empurrando como duas crianças. Eu já tinha dito que Jo consegue ser muito casmurra quando não está nem aí para você? Acho que a nossa guerrinha durou dois ou três minutos e talvez até tivesse durado mais, se não aparece se a Rosa para me assustar.

__Hey! O que estão fazendo???

Para dizer a verdade, eu me assusto com muita facilidade. Eu não sei porquê, mas acho que já é de família. Após Rosa ter gritado eu me assustei, dando um ou dois passos para trás, o suficiente para a Josefa quase cair de cara. O "quase" apenas está na frase porque eu ainda consegui segurar no seu braço antes que ela caísse com tudo no chão.

_Você está bem?

_*Tudo isto por causa de uma porcaria de porta...*_Ouvi ela sussurrar. _ Não, eu me sinto péssima por sua causa.

_C-Como assim?

Ela abriu a porta, desapareceu na escuridão do quarto enquanto se ouvia um barulho das molas do colchão e voltou a aparecer. Aí olhou para mim e me falou com um olhar triste.

_Você sabe bem o que fez.

Após isso, apenas vi Rosalya indo correr para perto dela. Eu mereço mesmo. Fiz o mesmo caminho que Jo tinha feito e também pousei minha mala por cima do colchão mas antes de algo, me sentei na cama e deixei minha cabeça cair. Para minha sorte, acabei acertando na mala da outra rapariga. Novamente, obrigada por tudo, pessoa ou deus que está gerindo minha vida.

Acabei por me levantar e desci as escadas rapidamente, pois tive o pressentimento que me estavam esperando.... e realmente estavam. Lá estava o grupinho todo sentado nos sofás da sala me esperando.

_Porque toda a gente está olhando para mim? Eu matei alguém???

_Não... literalmente._ Rosalya disse._ Mas se você não se sentar depressa, quem vai matar alguém aqui sou eu.

Por vezes, o olhar cínico da Rosa mete medo... muito medo por assim dizer. Agora vou só dar uma pequena informação nada importante: é óbvio que eu me sentei... Com ela não se brinca.

_Bom, já que estamos todos presentes e vivos_ Ela dirigiu um olhar ameaçador para mim, mas logo depois olhou para o Nathaniel com uma cara pensativa. Não sei se o facto de ele estar sorrindo como um boboca tem haver com isso... mas... _ pelo menos por enquanto, temos de trabalhar certo? Há várias coisas: Duas pessoas têm de ir arrumar os quartos (fazer as camas e etc.), outras duas pessoas têm de ir comprar comida e, só mesmo para varias, mais outras duas pessoas têm de fazer o almoço.

_Eu quero ir buscar comida, é preferível._ Lysandre disse.

_Eu não quero cozinhar...!

_Hey! Somos todos crescidos não?_ Josefa disse. Engraçado..., as mulheres é que estão pondo ordem nisto. Não que isto tenha alguma graça, mas isso não é assim tão importante._ Acho que já deu para ver que não vai dar nada certo assim, é melhor sorteámos. Alguém tem um papel e uma caneta?

E assim se fez. Alguém arranjou o que ela pediu e escreveram se as várias tarefas. Depois de misturar mos os papeis cada um tirou um. Eu fiquei com o cargo de ir buscar comida juntamente com a Rosa. O Nathaniel e o Lysandre iriam tratar dos quartos, e a Josefa e o Leight iam cozinhar.

Depois de algumas reclamações eu e a Rosa fomos andando para um mercado que havia ali perto. Enquanto caminhava mos, fomos conversando.

_Você já falou com ela?

_Não, pelo que parece não vai ser fácil.

_ Se fosse você também seria difícil certo?

_Você tem razão...

Quando chegamos lá ao mercado eu pensei que íamos comprar pouca coisa, mas não. Parecia que íamos alimentar o mundo todo. Sem falar do facto da Rosalya não ter muita força e aqui o burro de carga ter de acartar com as sacolas todas...

Quando chegámos já estava tudo pronto. Os quartos estavam arranjados e O Leight e a Josefa tinham feito o almoço com os ingredientes que já tinham trazido de casa. Almoçamos e falamos muito, enquanto bebíamos uma laranjada feita com as laranjas lá do pomar.

Eu ajudei a levantar a mesa. Nós combinamos que decidíamos quem lavava a loiça por ordem de idade, logo quem ia lavar hoje era o Leight.

Subímos para o quarto e eu encontrei lá a Josefa. Por isso aproveitei para falar com ela.

_Olha, eu tenho de falar com você..

_Desculpa, mas eu não tenho nada para falar com você.

_Josefa... tu não costumavas ser assim..

_Pois, quanto a isso... Eu tinha um lado doce... mas eu comi.