Open Your Heart escrita por Ally Faria


Capítulo 29
Muito Austin pra pouca Ally!


Notas iniciais do capítulo

Olha quem está de volta ♥♥♥ Eu mesma, a vossa muito humilde autora favorita rsrsrsrs

Bom antes demais eu quero dizer que esse capitulo é dedicado à minha princesinha Duda ♥ à minha bonequinha Fran ♥ à minha lindona Ally Rocket ♥ à adorável Raura adorkable ♥ à minha diva Mandy (suicidal) ♥ à minha pequena Katherine ♥ à minha mais que tudo Cyntia ♥ e à doce Mrs Horan ♥ amo vocês de montão ♥

E agradeço do fundo do meu coração a todos que comentaram o ultimo capitulo ♥
Obrigada ♥ Keet ♥ R5familyforever ♥ Letícia Merlo ♥ Babi Farias ♥ Cycyr5 ♥ thaynarakarla ♥ divademi22 ♥ Blue fairy ♥ Fran ♥ Ally Rocket ♥ inocente ♥ Raura adorkable ♥ EstéphanyQueen ♥ Elisson Dawson Moon ♥ A Desconhecida ♥ AusllyForver ♥ Pamy Lee Lynch ♥ Suicidal ♥ Mrs Horan ♥ biasoca ♥ Melody Lariih Marano Lynch ♥ Maria Isabel ♥ isah lynch marano ♥ dreamer ♥ RAURA forever ♥ Fêh R5er ♥Giovanna AeA ♥ Bllu ♥
Eu li e reli cada palavra que vocês disseram nos comentários e não podia estar mais grata a vocês pelo carinho ♥ Vocês são incríveis ♥ E esse capitulo é também dedicado a todos vocês ♥

Bom gente esse capitulo NÃO tem hot e eu sei que vocês queriam mais, mas eu sou má por isso não fiz hot nesse capitulo. Mas por outro lado tem cenas BEM hilárias.

Então eu espero que vocês compartilhem do mesmo sentido de humor que eu e amem esse capitulo.
Ps: Pra quem não viu ou ainda não leu, aqui fica o link da minha nova fic de Austin e Ally:

http://fanfiction.com.br/historia/608511/Ill_Be_Always_There_For_You

Enjoy ♥ Amo vocês ♥♥♥♥



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Leiam as notas iniciais...

No capítulo anterior

♥♥♥♥♥♥

E mais uma vez naquela noite Austin sussurrou um “eu te amo” em meu ouvido. Me olhou nos olhos e beijou brandamente minha testa. Devagar e com muita delicadeza ele saiu de dentro mim, tombando seu corpo do meu lado. Minhas forças tinham sumido e meus olhos ameaçavam se fechar a qualquer momento. Então como se lê-se meus pensamentos, Austin me puxou para si, colocou minha cabeça em seu peito e me abraçou.

– Dorme pequena… dorme!

E assim me entreguei à escuridão da noite chuvosa de Miami, embalada pelos braços e voz de anjo de Austin Moon…

♥♥♥♥♥♥

A luz da manhã inundava todo o quarto, arrancando-me de um maravilhoso sono profundo. Estiquei os braços e as pernas preguiçosamente, soltando um bocejo, digamos que nada elegante. Apertei minhas mãos em torno de algo duro, macio, quente e inevitavelmente aconcheguei meu rosto ali mesmo. Era tão bom.

Longos e preguiçosos minutos se passaram e só depois de meu estomago guinchar pela fome é que eu abri meus olhos. Mais um lindo dia despontava lá fora. A chuva já não caía graciosamente do céu, porém o vento ainda soprava e rodopiava as folhas das árvores e o sol brincava de se esconder por detrás das brancas nuvens que pairavam lá no alto.

–Uau, tão lindo. – Murmurei para mim mesma, assim que meus olhos localizaram o rosto de um certo loiro.

Austin estava profundamente adormecido ao meu lado. Meu rosto estava apoiado em seu peito, enquanto que o dele estava levemente tombado sobre o travesseiro. Deslizei minha mão sobre seu peito nu e apoiei meu queixo nela. Essa era a primeira vez que eu tinha a oportunidade de examiná-lo desse jeito, sem constrangimentos ou interrupções. Seu formoso rosto parecia ainda mais lindo assim, relaxado por causa do sono. Seus lábios esculturais e levemente carnudos estavam ligeiramente abertos, e os fios loiros de seu cabelo platinado, liso e brilhante estavam todos bagunçados, em uma gloriosa confusão. Como alguém pode ser tão perfeito assim? Toda a vez que eu olho pra ele é essa a pergunta que invade a minha mente. Talvez seja por que no fundo, eu sei que por mais que eu analise seu rosto milhares de vezes, nunca irei conseguir encontrar qualquer indício de imperfeição.

Sacudi minha cabeça, soltando uma leve risada pelo nariz. Meus pensamentos sempre se focam nas virtudes desse garoto, é impressionante.

E aquela altura eu até já podia sentir meus dedos formigando pela tentação de esticar a mão e tocá-lo, mas ele estava tão adorável dormindo, como um garotinho, que não tive coragem de o fazer.

Voltei a deitar a cabeça em seu peito e relaxei, sendo embalada pelo vai e vem constante de sua respiração quente e o ritmo pausado das batidas de seu coração, que ecoavam em meus ouvidos. E fiquei assim por um tempo, aproveitando para relembrar detalhadamente cada momento da noite passada. Já ouvi várias histórias sobre a primeira vez – algumas delas bem estranhas - mas nenhuma se identifica com a minha. Foi tudo tão perfeito. E eu sei, eu sei que não faço o tipo de garota clichê e melosa – só às vezes - mas, qual é?! Essa foi a melhor noite da minha vida… foi MÁGICA. Não dá nem pra acreditar… Eu me entreguei de corpo e alma pra esse loiro abestado, desmiolado, chato, irritante, gostoso, lindo, encantador… e o “pior” é que eu não me arrependo nem um segundo. Não sei se essa também foi a primeira vez dele, mas se foi… isso só torna as coisas mais perfeitas. Porém tenho as minhas dúvidas em relação a isso. Quer dizer, a Kira não ia perder a oportunidade de se enfiar na cama de Austin. Nem pensar!

Deixei meus devaneios pra lá quando senti um dos torneados braços de Austin me envolver e apertar ainda mais… Definitivamente não havia nada de inocente ali. Por isso levantei meu olhar, apenas para constatar o óbvio.

–Dá pra parar de me agarrar? – Resmunguei, tentando parecer brava. Porém, nada do que eu fizesse me conseguiria livrar desse sorriso que se fixou em meu rosto.

–Que agarrar o quê? Não tá vendo que eu tou dormindo? – Austin falou todo relaxado, fuçando entre meus cabelos para tentar esconder o sorrisinho malicioso que se tinha formado em seus lábios. Tem como ele ser mais bobo?

Devagar, e por fim, ele abriu seus olhos banhados por uma mistura entre o verde e o castanho, quase dourado. Seus dedos começaram a percorrer meus cabelos, me provocando calafrios, mas não passou disso. Permanecemos ali, calados por instantes, apenas olhando um pro outro. Até que ele mesmo decidiu quebrar o silêncio, dizendo a mesma frase que pairava em meus pensamentos.

– É incrível como tudo isso parece um sonho. – Ele falou, baixando a voz para um tom sedutor. Os dedos dele agora provocavam minha barriga, deslizando com uma lentidão deliberada e tortuosa. – Você parece um sonho.

Suspirei, deleitada com suas palavras e aconcheguei-me um pouco mais dentro de seus braços. Não resisti à tentação de morder seu peito sarado, com a maior vontade. E dessa vez quem suspirou foi ele.

–Já falei que adoro quando você faz isso. – Ele disse, apertando os lábios para suprimir mais um suspiro. Absorvi suas palavras e logo uns pensamentos bem perversos surgiram em minha mente. Nada de mal gente, eu juro. Tá bom, talvez um pouco.

Com um sorriso bem safado no rosto, pulei em cima dele, prendendo-o em baixo de mim e voltei a morder seu peito, mas desta vez com mais força. Ele gemeu – não sei se de dor ou satisfação – e sussurrou ofegante:

–Audaciosa.

E dito isso, ele agarrou minha cintura e inverteu as posições, presando-me contra o colchão, não se esquecendo de segurar meus braços para que eu não conseguisse escapar. Nisso ele foi mais esperto que eu.

–Sua danadinha… você adora me provocar, não é? – Perguntou ele todo sedutor. Fiz que sim com a cabeça e ele sorriu maliciosamente. Aproximou-se roçando nossos lábios tão suavemente que fazia cócegas. Mas quando eu me preparei para atacar sua boca, ele se afastou ficando a milímetros de mim. – Eu também sei provocar.

Libertei minhas mãos e enlacei meus dedos atrás do pescoço dele, puxando-o para mais perto. Mas ao invés de me beijar, ele fechou os dentes ao redor de meu lábio inferior, mordendo ferozmente.

–Louco… – Sussurrei, sentindo a respiração travar em minha garganta.

–Louco por você. – E finalmente, seus lábios suaves pressionaram os meus, absorvendo minha sanidade, sugando todo o ar em meus pulmões… me enlouquecendo por completo.

Contudo, e antes que eu tivesse um treco pela falta de ar, recuei, separando nossos lábios, mas mantendo meus dedos em seu cabelo e minha testa colada na sua.

–Já falei que ontem foi a melhor noite da minha vida? – Perguntei, fazendo cara de santa. Sim, porque de santa eu só tenho a cara mesmo. E digamos que naquela frase havia um quê de segundas intenções.

–Parece que partilhamos a mesma opinião, senhorita Dawson. – Admitiu ele, enquanto mordiscava e beijava repetidamente minha bochecha.

Estranhei o apelido novo, por isso franzi o cenho, unindo as sobrancelhas e me afastei para olha-lo melhor.

–Senhorita Dawson?- Questionei fazendo careta e ele riu. Quer dizer “senhorita” é pra gente velha, meu deus, tipo a minha avó ou avó da minha avó, né?!

–Isso mesmo… a minha senhorita Dawson, a minha pequena, a minha marrentinha… só minha, toda minha. – Ele falou de um jeito excitantemente possessivo, enquanto seus dedos tratavam de trabalhar, explorando todo o meu corpo. – E sabe, eu tava pensando…

–Você pensa? – Interrompi, recebendo um olhar mortífero como resposta. Eu tenho o dom de arruinar momentos amorosos, não tenho?

–Como eu estava dizendo… Eu estava pensando em tudo o que vem acontecendo nos últimos tempos. E agora eu percebi o porquê de eu nunca ter aceite ir mais além com a Kira, no tempo em que eramos namorados. – Ele começou todo enigmático, pronunciando as palavras com um certo charme, fazendo a minha curiosidade corroer todas as camadas da minha pele. Mas aí o clima azedou quando ele pronunciou o nome daquele ser asqueroso.

Fiz cara de emburrada e ele riu, beijando meu nariz como se isso amenizasse a mancada que ele deu. Idiota!

–Oh, amor calma. Você ouviu o que eu disse?– Perguntou ele com um sorriso doce nos lábios. Um sorriso lindo que me deu uma vontade louca de soca-lo por ser tão ignorante… e por ter me chamado de amor. E eu juro que estava a um passo ainda maior de gritar: Claro que eu ouvi seu imbecil… acha que eu sou surda?

–Ouvi sim, até demais pro meu gosto. Pois acredite que ouvir o nome desse ser de quatro patas, altamente venenoso e assanhado logo de manhã me dá uma coceira que você nem imagina. E pára de me chamar de amor, que coisa mais clichê. – Disparei de cara amarrada. E ele riu apoiando a cabeça no meu ombro para abafar o riso.

–Tudo bem. Tá legal, você ouviu. Mas eu vou repetir pra você assim mesmo. – Ele disse por fim, ignorando meu “pequeno” ataque de infantilidade. Que foi? Eu também sei admitir quando estou sendo imatura… isso é um facto. - Eu disse que, já entendi o porquê de eu nunca ter aceite ir mais além com a Kira, no tempo em que eramos namorados.

–E por que não? – Balbuciei, antevendo o que aquelas palavras queriam dizer. – Aposto que não foi por falta de tentativas da parte dela.

–Óbvio que não.

–Isso não me surpreende nem um pouco. – Falei, fazendo cara de nojo.

Austin deu de ombros, sem fazer muito caso das minhas palavras e continuou:

–Ela tentou forçar a barra várias vezes e houve momentos em que quase aconteceu, mas eu sempre recuava na hora “H”. – O garoto admitiu parecendo um pouco incomodado com o rumo da conversa, que ele mesmo traçou. Mas com certeza ele não estava pior que eu.

Quer dizer, ele estava revelando pra mim os momentos de intimidade que passava com a vagaba da ex. namorada, tem como eu ficar mais fora de sintonia?

Por um tempo, ele permaneceu em silêncio, concentrado na tarefa de encaracolar uma mecha de meu cabelo entre os dedos. Mas eu sei que no fundo, ele estava apenas recapitulando todas as frases que se preparava para dizer a seguir.

– Eu acho que no fundo eu sempre soube que ela não era a garota certa pra mim. – Sua voz cortou o silêncio e me atingiu em cheio na alma. E por meias palavras, foi aquilo que meu subconsciente implorou por ouvir sair da sua boa. – Mas agora eu encontrei a garota certa. E essa garota é você.

–E como você sabe que eu sou a garota certa? – Indaguei mais derretida que chocolate em dia de verão.

–Porque quando eu estou com você, o mundo parece ser reduzido a apenas nós dois. – Ele revelou, roçando o nariz em meu pescoço. Senti que um sorriso tímido se insinuou em meus lábios e Austin se concentrou na tarefa de o contornar com o polegar. Fechei meus olhos instintivamente, apreciando seu toque singelo.

E ainda de olhos fechados murmurei:

–Ontem, eu percebi que juntos somos mais que somente o Austin e a Ally. – Parei por uns segundos e me foquei no som da respiração de Austin. – Juntos nós somos como um só. E isso é mais do que eu alguma vez desejei. – Despejei, sem medo, sem receio, sem nada além de amor.

E depois dessa declaração, que saiu tão naturalmente de ambas as partes, Austin me tomou em seus braços e me beijou com fervor.

Até que o ar se foi e meus olhos se abriram de novo. Mas aí a realidade me bateu de frente, a magia sumiu e um grito desenfreado escapou da minha boca.

–Ahhhhhhhhhhhh

Tá bom gente, eu sei que isso pode soar estranho, mas só agora eu me dei conta de que Austin e eu ainda estamos completamente pelados. E de que o “amiguinho” de Austin está literalmente exposto a mim. E podem acreditar que, nesse momento os tomates estão com inveja da minha cor facial.

–Que foi? – Austin pulou da cama, alarmado, olhando para todos os lados que nem uma barata tonta. Acho que ele tava achando que tínhamos sido flagrados por alguém.

Só que na tentativa de perceber o que tava acontecendo, Austin acabou piorando a situação. Pois ele ficou especado BEM na minha frente, sem qualquer peça de roupa cobrindo o corpo. Imaginem a minha cara, só faltava uma placa na minha testa dizendo “Pessoa constrangida aqui”. Isso na melhor das hipóteses.

–Você tá… – Nem consegui terminar a frase. Eu estava em estado de choque, as palavras travaram na minha boca, então eu limitei-me a apontar para o causador da minha situação traumática. E QUE causador, minha nossa! Como é que aquilo cabe dentro da calça?

Os ombros de Austin relaxaram automaticamente, assim que ele entendeu ao que eu me referia.

–Sério Ally? Vai ficar com vergonha agora? Você já me viu assim. – Ele falou todo descontraído, como se dissesse “Olha vou ali comprar pão”. Como é que ele não ficou nem um pouco constrangido ou envergonhado? Oh, homem seguro de si… Minha nossa!

–Quem disse? – Perguntei meio que em modo automático, enquanto instintivamente puxava os cobertores para tapar meu corpo. Senti minha pele ruborizar de um jeito absurdo, quando percebi que estava a uns 5 minutos vidrada NELE. Se é que me entendem. Não era no Austin, era NELE.

–A menos que ontem você estivesse bêbeda ou tenha amnesia, a gente…

–Não precisa usar o termo técnico. – Cortei-o de imediato, na tentativa falhada de fazer aquele situação ficar menos constrangedora.

–Tudo bem, mas eu ainda não entendi qual é o problema. – Falou ele, incentivando que eu me explicasse.

–É que eu não olhei.- Murmurei, enterrando o rosto no meio dos cobertores.

–Você…

Ele tentou falar, mas mais uma vez eu o interrompi.

– É, é, é, é isso aí. Eu não olhei… não tive coragem. E agora você tá aí na minha frente todo altivo e se achando o rei do pedaço com seu amiguinho aí bambuando de um lado pro outro. Mas se você não percebeu, eu estou a um passo de explodir de tanta vergonha que eu estou sentindo. Então pára de me olhar assim. – Disparei falando tudo de uma vez, atropelando uma frase com a outra, arfando que nem uma louca. Se eu pudesse me espancar a mim mesma, eu juro que o fazia. Que raio deu em mim pra falar aquilo? “…com seu amiguinho aí bambuando de um lado pro outro.” Meu deus, meu rosto está entrando em combustão… eu vou ter um treco aqui.

–Você não olhou? – Austin perguntou como se não acreditasse no que acabara de ouvir. Como eu o compreendo!

–Claro que não. Você esperava o quê? Que eu ficasse encarando o seu amiguinho aí, que nem uma morta de fome? Valha-me nossa senhora dos picles, né Austin?!

20 minutos se passaram e nesse espaço de tempo o que aconteceu foi simplesmente o seguinte: Austin caiu na cama escangalhando-se a rir, enquanto eu o encarava com cara de tacho. É, foi só isso aconteceu. 45 minutos de apenas isso.

–Já acabou com o showzinho? – Perguntei de cara fechada, esperando que ele se recompusesse.

Mais 5 minutos…

–Ai, minha barriga tá doendo. Acho que nunca me ri tanto na vida. – Falou ele, rebolando no colchão para ficar de frente pra mim.

Levantei da cama, enrolando-me num dos cobertores e andei até ao banheiro pisando duro.

–Ah qual é Ally? Volta aqui. – Pediu Austin ainda rindo da minha cara. Desaforado.

–Não. E nem tente se aproximar de mim loiro aguado. - Respondi sem me deter ou diminuir o passo, embora estivesse louca para pular nele. Mas naquelas condições a situação ia ficar feia pra mim.

Com um puxão firme, a manta que me cobria foi arrancada de mim, me deixando totalmente exposta. E a situação acabou de ficar feia pra mim!

Houve um silêncio carregado, enquanto Austin contemplava a visão de meu corpo nu diante de seus olhos. Seu olhar avassalador cravado em mim me despiu além das roupas, como se penetrasse no meu corpo em busca de mais espaço para denominar como seu, já que me coração estava praticamente rotulado como “propriedade Austin Moon”.

Me virei para reclamar com ele, mas para minha surpresa ele estava perto o suficiente para me beijar. E foi exactamente o que ele fez, ele me beijou. Sem que eu esperasse, um calor abrasador me subiu pelo corpo. E novamente aquela ânsia de contacto me invadiu. O fogo com que iniciamos o beijo foi diminuindo, até que ele ficou tão imperceptível quanto seus lábios nos meus.

– Vem pequena. Vamos tomar banho.

Me limitei a obedecer, sendo guiada por ele até ao banheiro. Olhei-me no enorme espelho, analisando o meu reflexo. Pareço diferente… me sinto diferente.

–Como você se sente? – Austin quis saber, enquanto encaixava o rosto na curvatura de meu pescoço e envolvia os braços em minha cintura, mantendo seu corpo atrás do meu.

–Melhor impossível, mas para ser sincera, estou um pouco dolorida e cansada. Me sinto como se nunca tivesse feito exercício na vida. – Admiti um pouco fora de órbita. Só conseguia focar na imagem de nós dois abraçados. Até me esqueci que estava com raiva dele por ter rido de mim.

–Desculpa se te machuquei. - Ele falou, sincero.

–Não me machucou. – Respondi na hora, para que não lhe restassem duvidas de que ele não poderia ter feito as coisas de outro modo. – Você foi perfeito.

Devagar, ele sorriu e cochichou em meu ouvido:

–Fico feliz por saber que eu fui o primeiro e o único a quem você se entregou. – Ele murmurou, deixando um beijo atrás da minha orelha.

Com um movimento rápido e delicado, Austin me virou de frente pra ele, se inclinou e tomou meus lábios nos seus. Ele pôs a mão no fundo das minhas costas, apertando-me contra seu peito. Lentamente e com calma me induziu a caminhar para dentro da box.

E com a água da ducha caindo sobre nossos corpos, eu me entreguei de novo ao amor...

[…]

–Urgh, eu vou quebrar esse troço na cabeça de alguém. – Reclamei, agitando meu celular nas mãos.

–Que foi? – Austin perguntou, rindo. Ele me olhou de esguelha, percebendo meu olhar ameaçador e colocou as mãos na cabeça, como se tivesse medo de que eu cumprisse minha ameaça.

–O Brady está entupindo meu celular de mensagens. Ele me mandou um torpedo reclamando até do cheiro do peixe. Esse garoto não pode ser normal! – Grunhi, bufando de raiva. E assim que recebi outra mensagem, joguei meu celular no chão.

–Se ele quebrar, depois não reclama. – Alertou Austin, apoiando a cabeça na palma da mão para me observar melhor.

O loiro e eu ainda estávamos encafuados no meu quarto. Já passava do meio dia e a gente não fez nada durante toda a manhã, além de … fazer algo que não dá para se fazer sozinho… dormir, conversar e acabar com a minha reserva secreta de Doritos. Que agora já não é tão secreta assim.

–O que você acha da gente ir dar uma volta. – Propôs Austin todo animado, saltitando na cama que nem uma garotinha.

–Sério? Onde? – Perguntei, tentando não deixar transparecer o meu entusiasmo. Pra maluco já basta ele.

–Uhm, não sei. Talvez pudéssemos passar a tarde toda abraçadinhos, aos beijinhos no parque de Miami. O que você acha? – Sugeriu ele, esboçando um sorriso extremamente safado.

–Eu acho que tenho uma ideia melhor. – Ele me encarou descaradamente, com uma sobrancelha arqueada, desafiando-me a fazer uma proposta melhor. – O que você acha se primeiro andássemos um pouco de skate no parque e depois namorássemos bastante.

Os olhos de Austin se iluminaram e num pulo ele ficou por cima de mim, enchendo meu rosto de beijos.

–Ahhh, eu te amo, eu te amo, eu te amo. Você é a melhor namorada do mundo. – Ele ainda nem tinha terminado de falar e já estava andando pelo quarto, puxando as cortinas e abrindo as janelas, como se fosse o dono do pedaço. – Agora sai desse cama e se veste, porque não temos o dia todo. Você tem 5 minutos. – Ordenou ele todo mandão.

E o pior é que eu obedeci. Acatando as ordens desse loiro metido a gostosão, corri até ao armário, agarrei a primeira roupa que vi – um short preto e um top curto - e me vesti à velocidade da luz. Passei um blush nas bochechas para dar alguma cor à minha cara pálida, passei também um batom vermelho, um pouco de sombra, apliquei um delineador e finalizei com um pouco de rímel nos cílios. Prendi meus cabelos em um coque alto e concluí meu look com uma sapatilha All Star branca.

–Prontinha. – Falei esbaforida. Acho que nunca me arrumei tão rápido na vida. Austin me olhou de cima a baixo, de olhos semicerrados, como se me estivesse estudando e logo começou a reclamar.

–Ally, você não acha que esse short tá curto de mais? E esse top aí, não é muito descascado não? – Apontou ele com um olhar acusatório.

–Se vai bancar uma de namorado ciumento, eu fico em casa. – Ameacei, cruzando os braços. E mais uma vez ele semicerrou os olhos pra mim, mas se deu por vencido assim que viu que eu não estava pra brincadeiras.

Então antes que ele reclamasse com mais alguma coisa, praticamente o escorracei porta fora e ele ficou resmungando umas frases sem qualquer nexo ou sentido.

Peguei meu skate e emprestei o skate de Brady a Austin. Por mim tinhamos ido pro parque assim mesmo, mas Austin ficou melgando minha paciência, dizendo que era melhor irmos de táxi, porque o caminho era demasiado longo e blá blá blá. Mas eu sabia que esse drama todo era por causa da minha roupa.

Assim que o táxi parou na frente do parque, eu praticamente pulei do carro. Sempre adorei a natureza… tão bela, tão natural. Me senti completamente arrebatada pela beleza daquele lugar.

– Esse lugar é lindo! – Suspirei e inspirei o refrescante cheiro das árvores e flores que cobriam toda a extensão de terra diante de meus olhos.

–Sabia que você ia gostar. – Austin disse, enquanto pegava a minha mão e me puxava consigo.

Procurei não dar atenção aquele pequeno encontro de nossas mãos. Quer dizer, eu não sou de ferro, sou mulher, sou humana, tenho hormônios. E aquele contacto repentino mexeu com minhas forças. Se a gente não estivesse em público, eu era bem capaz de pular em cima dele. Ainda pra mais com ele vestindo aquela calça jeans preta de meu irmão, as mesmas botas marrons e uma camisa de malha confinando seus músculos peitorais. Pra não falar do cabelo caramelado dele que fica quase dourado quando está sob os raios de sol.

– Chegamos!

A voz de Austin me tirou de um transe um tanto perigoso. Olhei em volta, tentando entender ao que ele referia. E só então notei que tínhamos caminhado pela grama, até um longo e liso caminho de pedra, que passava um pouco despercebido no meio de tanto arvoredo. Mas era perfeito para o que a gente tinha em mente.

E com o skate nos pés, ficamos andando lado a lado, unidos pelo cordão de magia que nos interligava e as nossas mãos unidas diante de nossos olhos.

Porém a paz durou pouco, pois logo o lado machista de Austin deu as caras. E babaca como sempre, o loiro teve a brilhante ideia de questionar meus dotes como skatista. Claro que, boa namorada que eu sou, me limitei a humilha-lo, provando que eu sou melhor no skate do que ele alguma vez será.

–Tá bom… Cansei de andar de skate. – Ele falou com cara de emburrado e eu o olhei com aquele típica cara de “Perdeu Playboy”.

–Uhm, sei.

–Tou com fome. Vou pegar dois sorvetes pra gente. – Ele avisou, sorrindo novamente.

–É, boa ideia. Mas você paga, certo? – Perguntei, docemente. Pura fachada, óbvio. – É que parece que você tá precisando demonstrar alguns dos seus atributos masculinos, porque no skate você não se safa.

Austin cravou seus olhos nos meus, não parecendo nem um pouco surpreso com a minha indireta. Seu olhar doce ganhou um brilho intenso. E se à coisa que eu conheço é esse brilho… ele vai aprontar alguma.

Ao primeiro sinal de movimentação por parte do loiro, sai correndo feito um foguete, largando meu skate de qualquer jeito no chão.

–Vem cá sua danadinha… eu vou te mostrar alguns dos meus atributos masculinos. – Austin gritou, ignorando o facto de estarmos em um local publico e de ter um monte gente olhando para nós. Até o velho que estava alimentando pássaros na calçada nos olhou horrorizado. Depois são os jovens que têm mentes depravadas, né?!

Decidi fazer como o loiro e aproveitar aquele momento, por isso continuei correndo e rindo que nem uma retardada, deixando a adrenalina percorrer o sangue em minhas veias. Já podia escutar os passos de Austin cada vez mais próximos e como eu esperava ele me alcançou. Também com aquelas pernas de gazela.

Com um forte puxão, meu corpo foi de encontro ao dele. Seus dois braços rodearam minha cintura e em menos de um segundo eu já estava sendo rodopiada vezes e vezes sem conta. Austin enterrou o nariz em meu pescoço e inspirou meu cheiro com vontade.

–Talvez mais tarde eu te mostre alguns dos meus atributos masculinos. – Aproveitando-se da proximidade, Austin cravou os dentes em meu pescoço e sugou minha pele com voracidade, usando a língua e os lábios para o fazer… resultado, ganhei um belo de um chupão na lateral do meu pescoço. E como se não bastasse, ele ainda me deu um valente tapa na bunda, seguido por um selinho demorado. O olhei perplexa e chocada com sua atitude. Mas como se nada tivesse acontecido, ele me devolveu o olhar exibindo o seu mais inocente sorriso e me deu costas, saindo todo feliz da vida.

Demorou, demorou um pouco para que eu voltasse a raciocinar, mas assim que o fiz me cresceu um desejo incontrolável de vingança. E eu vou me vingar… oh, se vou!

Porém, até foi bom eu ter ficado para trás. Pois com o Austin andando na minha frente, eu tive a oportunidade de curtir a vista de toda a sua retaguarda. Tá bom, chega de usar palavras caras. Eu tava apreciando a bumbum do loiro. Pronto, falei!

Austin comprou dois sorvetes de morango e me entregou um deles. Caminhamos até um desses banquinhos de jardim e nos sentamos. Eu me limitei a sentar normalmente, com pernas cruzadas, enquanto que Austin se sentou do mesmo jeito despojado de sempre. Oh, cara folgado.

–Ally olha ali. – Gritou Austin, apontando pra sei lá onde, com uma animação fora do normal.

–Ali onde cara pálida? – Resmunguei, sem dar muita atenção ao que ele tava falando.

–Fica quieta imitação de vampiro. – Rezingou ele com um sorriso debochado.

–Não sou eu que mordo as pessoas no pescoço. – Proferi sorrindo cinicamente, enquanto apontava para a marca vermelha em meu pescoço.

–Ah, mas você tem que admitir que eu fiz um ótimo trabalho aí. – Austin falou todo orgulhoso dele mesmo, tocando a pequena manchinha com a ponta dos dedos.

–Eu vou ignorar o que você disse, porque não estou a fim de ir pra cadeia por assassinato.

–Ih, que agressividade. Mas enfim, como eu estava dizendo. Olha ali. – Austin apontou para um pequeno grupo de bailarinos de rua, que dançavam um pouco mais adiante. E cara, eles mandavam bem. – Vamos lá?

–É que isso nem se pergunta.

Austin deu um meio-sorriso, agarrou minha mão e me arrastou até aos caras. Eram 8 garotos mais ou menos da nossa idade e 3 um pouco mais novos, eles disputavam entre si alguns passos de dança fenomenais. Fiquei boquiaberta quando um deles praticamente deslocou o ombro e deu a volta toda ao braço. Eu nem sei explicar… só sei que eu dava tudo pra saber fazer metade daqueles passos. Outro cara deu um salto mortal e caiu de pernas abertas no chão. Um friozinho percorreu minha coluna vertebral e eu juro que senti a dor do garoto. Quer dizer, ele praticamente esmagou o “material” contra o chão.

–Ui, aquilo deve ter doído. – Murmurei no ouvido de Austin e ele concordou de imediato com os olhos arregalados.

Um dos garotos nos viu e veio de imediato na nossa direção. Fiquei um pouco confusa, pois tinha mais gente observando eles, então por que ele viria falar somente connosco.

–Austin? – O tal garoto perguntou, já quase enfiando o dedo na cara do loiro. Ele era quase tão alto quanto o Austin, era bem moreno, tinha cabelos pretos e olhos da mesma cor. E até que ele era bonitinho e pelas roupas que ele tava usando dava para perceber que ele tinha um bom físico.

–Trent? – Austin perguntou, fazendo o mesmo que o outro garoto.

E pausa! O que é que eu perdi mesmo?

–Meu deus, eu nem acredito. Há quanto tempo cara! – O morenão gostosão falou, puxando Austin para um abraço.

–Verdade, desde que você saiu do colégio. – Observou Austin, devolvendo o abraço com uns tapinhas amigáveis nas costas do garoto. – Por onde você tem andando?

–Ah, você sabe. Por aqui, por ali. Mas mudando de assunto. – O olhar que antes estava única e exclusivamente focado em Austin, agora estava vidrado em mim. – Quem é essa gatinha? – Austin bufou enraivecido e estreitou o olhar todo ciumento.

–Ally. – Respondi seca.

–Muito prazer Ally. – Cortejou ele, beijando delicadamente minha mão direita. Austin observou o gesto indignado e não hesitou em soltar um praguejo nada discreto. – Olhar pra você me faz questionar como é possível que uma princesa como você possa ser tão perfeita.

–Sério? Que fofo. – Nesse momento os olhos de Austin quase saltaram fora de órbita e o rosto dele ficou tão vermelho que eu fiquei até com medo de que ele explodisse. Por isso tratei de continuar logo minha frase. – Olhar pra você também me faz questionar muitas coisas. Inclusive me faz questionar o porquê de você achar que essa cantada horrível vai levar você a algum lado. Meu filho, eu não sou pro seu bico não.

Ao ouvir minhas palavras, os lábios de Austin abandonaram o formato de beicinho para originar um pequeno, mas presunçoso, sorriso.

–Nossa, que menina grossa. Gostei. – Comentou o tal de Trent com um sorriso sacana.

–Pois, mas a menina grossa já tem namorado. – Falou Austin, assumindo sua posição do meu lado.

–Cara de sorte você loirinho. – Senti meu rosto esquentar na hora, mas preferi ignorar esse facto. - Mas mudando de assunto, de novo. Você topa em vir dançar com a gente, loirinho?

– Não sei… – Austin falou, hesitante. Ele olhava para mim, mas seu olhar enxergava mais além. Talvez ele estivesse olhando para os garotos que dançavam atrás de mim ou estava simplesmente pensando… Não sei, só sei que quero ver do que o meu loiro é capaz.

– Vai lá Austin e mostra a esse convencido… – Parei por uns instantes e voltei meu olhar para o moreno. – Sem ofensa morenão. – Voltei meu olhar de novo para Austin e continuei meu discurso. – E mostra a ele do que você é capaz. Faça isso por mim! Eu sei que você é incrível.

Uma chama repleta de coragem se acendeu no olhar do Austin, os músculos de seus braços se contraíram e seu rosto adotou uma expressão confiante e séria.

–Tudo bem. Vamos lá.

Trent assentiu, olhando pra mim de soslaio e levou Austin até ao grupo de dança. A música parou e todos eles trocaram breves palavras e acenos entre si.

E então a música começou a ribombar de novo. Vários garotos se atiraram para a pista de dança improvisada, fazendo seus melhores passos de dança, até que chegou a vez de Austin. Podia ver o medo de falhar exalando de todos os seus poros, mas depois de meu pequeno discurso seu ego ficou no auge. E lá estava ele, a poucos passos de distância de mim, com toda a sua sensualidade indiscutível, arrasando todos os caras com seus incríveis passos de dança.

Dizer que eu estava de boca aberta é pouco, ela estava escancarada mesmo.

Depois de Austin foi Trent e ele dançava bem, mas Austin era melhor em todos os requisitos. No seu último passo de dança, o moreno piscou o olho pra mim e me jogou um beijo no ar.

–Oh, menino estranho. – Comentei, sem querer em voz alta.

–Diz a garota que tá falando sozinha. – Retorquiu uma senhora que tava do meu lado. Olhei pra ela indignada, mas nem me dei ao trabalho de responder.

Depois de uns minutos, Austin voltou a dançar e finalizou seu último passo de dança apontando pra mim com um sorriso galanteador.

–Ahhh, ele apontou pra mim. ELE APONTOU PRA MIM. O loiro gostoso ali… é meu namorado. – Falei toda animada, enquanto socava o braço da mula mal-humorada que estava do meu lado. Ou seja, a mulher que me chamou indiretamente de estranha. E eu tou começando a achar que ela não gosta nem um pouco de mim. Não me interpretem mal não tou sendo implicante, mas ela, tipo, me olhou com cara de búfalo sendo atropelado por um camião que está sendo conduzido por uma vaca, que está de agarramento com uma morsa, que por sua vez está sendo picada por uma abelha, que está sendo pisoteada por um unicórnio cor de rosa e… Acho que já deu para entender, né? Cara de poucos amigos. – Que foi? Agora não pode dizer que eu sou estranha. Não estou falando sozinha, estou falando com a senhora.

–Isso depende do ponto de vista. – Resmungou ela, sorrindo cinicamente. Me distraí um segundinho, observando o sorriso animado de Austin, e a mulher aproveitou-se desse momento para sussurrar no meu ouvido. – Não gosto de você garota.

Será que alguém pode me explicar qual é o problema dessa mulher? Eu hein!

–Olha aqui sua perua com cara jacaré, eu já tou por um fio de cabelo com você… - Comecei toda armada, arregaçando as mangas inexistentes de minha roupa, mas quando eu estava me preparando para pular em cima dela, dois braços gigantes me envolveram e me puxaram para trás. Aff, maldito sentido de oportunidade.

–Oh meu amor, o que você tá fazendo? – Austin perguntou, usando as mãos ficar cara a cara comigo.

Olhei para trás de relance, mesmo a tempo de ver a mulher fugir com o rabinho entre as pernas.

–Covarde, na hora da porrada você foge. – Gritei e recebi um dedo do meio como resposta. Abri a boca chocada com a atitude da mulher. E a essa hora eu já tava soltando fogo pelas ventas!

–Ally o que tá acontecendo? – Austin perguntou, confuso.

–Aquela mulher não gosta de mim. – Contestei toda indignada. Quer dizer, que a Vakira e a jumenta loira me odeiem tudo bem - eu entendo – mas essa mulher?! Ah, mas a inveja deve ser contagiosa mesmo.

–Porque você diz isso? – Perguntou Austin, descrente.

–Porque ela disse: “Não gosto de você garota”. – Esclareci, tentando imitar a voz esganiçada da mulher.

–É ela quem perde. – Ele disse e beijou meu nariz.

–Já está ficando tarde. É melhor a gente ir embora. – Falei, enquanto mordiscava a bochecha do loiro.

–Tá bom. Mas antes eu preciso fazer uma coisa. – Austin baixou o rosto à minha altura e então seus lábios se abriram e fecharam ao redor dos meus. Respirei fundo entre um beijo e outro para tentar prolongar aquele momento. Dos muitos beijos que nós já trocamos, esse foi de longe um dos mais perfeitos de todos. Me inclinei um pouco mais na direção dele, abraçando suas costas. E ele ergueu a mão que estava livre até a minha bochecha e capturou meus lábios outra vez, pelo que me pareceu uma eternidade, até que por fim recuou. Mas mesmo quando recuou, seu nariz continuou tocando o meu, tão próximo que eu podia sentir sua respiração descompassada no mesmo ritmo que a minha.

–Agora já podemos ir. – Ele cochichou rindo.

–Idiota. – Ele riu de novo e me deu um beijo rápido na bochecha. Pegamos nossos skates e fomos pra minha casa. Entramos em silêncio e nos esparramamos no sofá da sala, abraçados.

–De onde você conhece aquele cara, o Trent? – Perguntei curiosa.

–Ele era aluno lá do Marino, mas desistiu da escola para curtir a vida.

–Ahh. - Murmurei, voltando a ficar em silêncio depois. Um silêncio que não durou muito tempo. –Austin, você avisou alguma coisa para os seus pais? Quer dizer, você dormiu aqui e passou o dia inteiro comigo, eles devem estar preocupados. – Falei mais despreocupada do que devia.

–Ah, desencana Ally. Eu inventei uma desculpa para meus pais, ontem, quando saí de casa. – Austin falou todo descansado, enquanto fazia – ou tentava fazer – tranças em meu cabelo. Me afastei bruscamente e o encarei com o cenho franzido.

–Como assim?

–Ah, pois é eu não te contei. – Ele disse soltando uma risadinha pelo nariz. – Ontem de manhã eu recebi uma mensagem de Brady dizendo para eu vir aqui em casa.

–Eu sei, fui eu que mandei a mensagem fazendo-me passar por ele. – Esclareci, orgulhosa por ter conseguido engana-lo. Não que isso seja muito difícil.

–Eu sempre soube que era você. – Austin revelou, me deixando com a maior cara de tacho possível.

–Mentira. – Cantarolei, num sopro.

–Verdade. Na mensagem o suposto Brady me chamou de oxigenado. E só você me chama de oxigenado. – Falou Austin, rindo do meu pequeno lapso.

–Meu erro. – Sussurrei, emburrada.

–Ownt, você fica a coisinha mais linda do mundo quando está com essa carinha de emburrada. – Austin tomou meu rosto em suas mãos e roçou sua bochecha na minha. Já quase podia sentir o gosto de seus deliciosos lábios quentes. Mas um barulho do lado de fora da casa desviou nossa atenção e Austin praticamente pulou do sofá junto comigo.

–É o meu pai… Ai meu santo picles, eles chegaram. – Falei, ofegante do susto.

– E agora? – O loiro perguntou, mas pálido que papel. Coitado, ele tava quase tendo um treco.

Olhei para os lados, em busca de alguma solução e foi então que a resposta mais óbvia surgiu.

– Vai pelas traseiras. – Falei, segundos depois de começar a empurrar o garoto para a porta das traseiras.

–Pelo menos dessa vez eu vou sair pela porta. – Falou ele, aliviado. E automaticamente eu me lembrei do dia em que ele caiu da varando do meu quarto. Que sufoco.

–Até amanhã loirinho. – Falei, agarrando ele pela camisola para puxa-lo para mais perto.

–Até amanhã minha marrentinha. – E então, ele me beijou loucamente, para depois ir embora correndo.

Voltei para a sala, soltando lentamente o ar que tinha encravado na minha boca. E quando lá cheguei, me deparei com dois pares de olhos sobre mim, tentando descobrir de onde eu tinha saído. Fixei o olhar em meu pai, que avançou a passos largos até mim e agarrou meu rosto, balançando-o de um lado para o outro.

–Onde você tava? Ainda está com febre? E frio você tem? Porque você não está deitada? – Meu pai perguntou com o rosto praticamente colado no meu.

–Eu estava na cozinha. Não, não tenho febre. Também não tenho frio. E não estou deitada, porque fiquei com fome e a Dona Bia teve que ir embora mais cedo, por isso eu vim pegar minha comida. – Respondi, tentando desenvencilhar-me dos braços dele.

–Macaquinha. – Chamou Brady, saltitando pela sala.

–O que você quer? – Perguntei, estranhando o comportamento dele.

–Eu tenho uma prenda pra você. – Respondeu ele, sorrindo de um jeito sinistro.

–Uma prenda? – Indaguei desconfiada.

–Uma bela prenda que eu pesquei especialmente pra você.

Não fui rápida o suficiente para perceber a manobra que ele fez, só sei que resultou comigo estendida no meio do chão, com um peixe fedorento bem no meio da cara.

–Você não fez isso! – Grunhi furiosa.

–Oh fiz sim. E tem mais de onde esse veio. – Disse ele, enquanto balançava outro peixe na mão. – Eu passei dois dias metido num barco, cheio de peixe mal cheiroso, enquanto você estava aqui em casa no bem bom… Mas adivinhe só! Você vai me pagar.

–Eu tava doente seu louco. – Falei, fazendo a minha melhor cara de inocente.

–Tava doente uma ova. – Grunhiu ele, entre os dentes.

–Pai… – Gemi, temendo pela minha vida. Dramática? Talvez, mas aquele olhar assassino de meu irmão me deixou aterrorizada.

–Brady Dawson, eu não quero briga em casa. – Falou meu pai, autoritário.

–Mas lá fora pode? – Brady perguntou, esperançoso.

Meu pai alternou o olhar entre Brady e eu, parecendo ponderar uma resposta.

–Pai, você não pode deixar que ele faça isso comigo. – Reclamei, indignada com a situação.

–Não posso? E desde quando você diz o que eu posso ou não fazer? – Perguntou ele, semicerrando os olhos. – Brady, longe da vista… longe da repreensão.

Meu pai fez cara de deboche e saiu gargalhando em direção ao escritório. Enquanto eu era perseguida por Brady, que corria atrás de mim armado com dois peixes.

[…] Segunda-feira

Troquei minhas roupas suadas, por causa do calor, e vesti algo mais confortável quase que à velocidade da luz, calcei minhas botas e respirei fundo antes de correr rumo à porta.

Ahh parada aí Allycia Dawson. – Ordenou Trish, cruzando os braços.

Ahh não, não, não. Vão embora, vão embora, vão embora!

– Será que dá para nos explicar o que aconteceu com você esse final de semana? – Rydel perguntou pela 124ª vez desde que cheguei ao colégio de manhã.

–É amiga, você deu o maior bolo na gente. Nós até mandamos mensagens pelo Whatsapp, mas você não respondeu. Aconteceu alguma coisa? – Perguntou agora Debby.

–Não, não e não. Não aconteceu nada. Eu só me senti um pouquinho indisposta. E agora eu tenho que ir. – Falei rapidamente, tentando me livrar dessas três.

–Allycia Dawson, você não vai arredar o pé daqui, até nos dar uma explicação. – Falou Trish, adquirindo uma expressão assustadora.

Levei uns dez segundos para me recuperar do pânico e o receio de ser assassinada por uma das minhas melhores amigas, caso eu fugisse. E foi então que uma ideia BEM tosca me surgiu.

–Gente o que é aquilo? – Perguntei, apontando para algum ponto atrás das três garotas furiosas, que me fuzilavam inteirinha nesse instante. Bobas, elas acreditaram na minha encenação forjada e olharam para trás. – Ahhh idiotas. – Provavelmente eu não devia ter falado isso, mas agora é tarde.

Enquanto as três se entreolhavam, tentando entender o que raio eu pretendia com tudo aquilo, eu liguei meu turbo imaginário e saí correndo que nem uma louca pelos corredores do colégio. Acho que já mais ninguém se surpreende por me ver correndo e gritando nesse colégio. Já tá virando hábito.

Podia ouvir os guinchinhos esfalfados de Rydel e Debby e as ameaças de morte de Trish ao longe. Elas estavam bem distantes, mas se eu parasse de correr agora elas rapidamente me apanhariam.

Passei voando pela Kira e pela Cassidy, e para NÃO variar, as duas me fulminaram com o olhar. Recuei uns 2 passos para trás e berrei bem na cara delas.

–Cara feia pra mim é fome.

Quase me escangalhei a rir por causa da cara que elas fizeram, mas me controlei. E usando uma força quase sobre-humana, voltei a correr, atropelando e saltando por cima de todos os obstáculos que apareciam pelo caminho. E então finalmente e depois de me perder umas duas vezes e de me esconder de minhas melhores amigas outras quatro vezes, cheguei ao meu destino final. E lá estava ele, escondido entre o arvoredo, com seus cabelos loiros ao vento, seu rosto sereno, seus lábios convidativos, seu corpo escultural e toda a sua exuberância fatal. Às vezes eu penso que ele é muito Austin para pouca Ally.

Me aproximei devagar, calculando meus passos para não fazer barulho. Queria apanha-lo de surpresa. Só que não teve jeito. Ele se apercebeu da minha presença, mesmo antes de eu ficar de frente a ele.

–Oi. – Cumprimentei sorrindo.

–Oi marrentinha. – Ele cumprimentou de volta, agarrando minhas mãos e entrelaçando nossos dedos. – Ah eu tava quase ficando maluco. O dia inteiro sem sentir seu rosto delicado em minhas mãos, seus cabelos suaves entrelaçados nos meus dedos e seus lábios quentes nos meus é pior que tortura. Como é que eu aguentei viver tanto tempo sem você? – Ele questionou, mais para si mesmo do que pra mim.

–Ah e eu que o diga. Se o Riker não tivesse pedido um tempo para colocar a cabeça em ordem e assimilar todas essas novas informações, eu juro que jogava tudo pro alto e gritava para os quatro ventos que te amo. – Admiti, admirando os inebriantes olhos de Austin.

–Me beija! – Austin pediu, do nada. E devo admitir que não foi uma ordem muito difícil de acatar. Joguei meus braços em seu pescoço, puxando-o para um beijo daqueles de tirar o fôlego, até de quem vê.

Corri meus dedos por suas costas e enterrei minhas mãos nos bolsos traseiros de sua calça jeans. E aparentemente esse ideia agradou ao loiro, pois ele repetiu todo esse mesmo processo.

–Você é a pessoa mais importante da minha vida, Ally – Austin garantiu, traçando círculos imaginários na minha bochecha, com a pontinha do nariz.

E quando tudo parecia não puder dar errado, o inimaginável aconteceu.

–Ih atrapalhamos alguma coisa?- Perguntou Rydel, cruzando os braços e fazendo aquele típica cara de “desembucha sua safada”.

–Não é nada do que vocês estão pensando! – Falei instintivamente, enquanto tentava me recuperar do susto.

–A gente não ta pensando nada, estamos vendo mesmo! – Falou Trish, debochando.

–Eu vou deixar vocês conversando. – O loiro disse, bancando uma desentendido, como se o assunto não tivesse nada a ver com ele.

–Agora que o barco tá afundando você vai pular fora, né? Típico.- Reclamei, irada. Mas em vez de se retrair perante o meu iminente ataque de fúria, Austin riu e me roubou um selinho. – Austin. – Repreendi, apontando com a cabeça para as três garotas ao nosso lado.

–Que foi? Elas já viram. – Ele falou todo despreocupado. E não perdeu a oportunidade de me roubar outro beijo, antes de escapar dos olhares furtivos de Trish, Rydel e Debby.

Fiquei observando ele caminhar para longe e não pude deixar de sentir um friozinho na barriga quando ele se voltou e piscou o olho, antes de sumir de vez.

–Então… vai ficar aí babando o meu irmão ou vai começar a se explicar. – Rydel reclamou. E eu pude perceber pelo seu olhar que ela estava dividida entre ficar feliz ou com raiva de mim.

–Sabe Austin tem razão. Não tem nada pra explicar, vocês viram mesmo. – Respondi, fugindo à verdadeira resposta, para não ter que me justificar.

–Ally. – Repreendeu Trish. Respirei fundo a fim de me acalmar e encontrar a resposta certa. Mas não havia muito a se dizer, não é verdade?

–Tá bom. Austin e eu estamos namorando. – Revelei por fim. E pra falar a verdade, foi como se um peso saísse de cima de meus ombros.

–Jura? – Perguntou Debby, ironicamente.

–Juro juradinho. – Respondi sorrindo, fazendo as três revirarem os olhos.

Eu odeio ter que admitir isso, mas eu preciso desesperadamente conversar com alguém sobre o que tá acontecendo. Por que senão daqui a pouco eu vou explodir arco-íris por todos os orifícios de meu corpo. E bom, já que elas descobriram que eu e Austin estamos juntos, porque não revelar um pouquinho mais…

Se há coisa que eu aprendi é que os amigos devem estar presentes em todos os momentos – sendo eles bons ou maus – e eu sei que essas minhas três amigas loucas, sempre vão estar aqui pra mim.

Então parece que essa vai ser uma longa tarde.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam?
Já sabem COMENTEM.... FAVORITEM.... RECOMENDEM ♥ Me ajudem a ser um pouquinho mais feliz ♥
Amo vocês ♥

Aqui fica o link da minha fic Auslly nova:
http://fanfiction.com.br/historia/608511/Ill_Be_Always_There_For_You

Beijinhos e até ao próximo capítulo ♥