– E então, o que houve? - mamãe questionou aflita enquanto vovó falava no telefone.

Duas vezes por dia vovó ligava para saber notícias do meu avô e do meu pai, e isso se repetia há um mês.

Mamãe não queria ligar por que estava respeitando o tempo que papai pediu, mas sei que para ela era difícil. Ainda estava com a relação estremecida com ela, mas optei em cumprir a promessa que havia feito ao meu pai, ou seja, esqueci o que mamãe havia feito e estava tentando nos manter unidos.

–Safira está dizendo que Richard não está nada bem, os médicos não sabem o que ele tem. Só sabem que o está matando rápido. - vovó disse e mamãe parou de respirar.

–Oh meu Deus. - ela sussurrou chorando e se sentou no sofá.

–Vou contar a ela Safira, boa noite. - vovó disse antes de desligar.

–E então vovó? - questionei nervoso.

–Safira está preocupada com Edward. Ele passa os dias ao lado do pai segurando sua mão sem dormir ou comer direto, e a noite ele fica trancado em seu antigo laboratório tentando achar uma cura para Richard.

–Desse jeito Edward ficará doente. - mamãe disse angustiada. - Isso tudo é culpa minha, se eu não tivesse entrado na vida dele, hoje Edward seria um pesquisador extremamente famoso e talvez, tivesse até encontrado a cura para a doença que está matando o pai dele agora.

–Querida, não diga isso. Edward, ama você. E o fato dele deixar de lado a carreira dele não é culpa sua. Foi ele quem decidiu que queria estar do seu lado para tudo filha. - Vovó disse suave enquanto enxugava as lágrimas da minha mãe.

–Edward não me ama mais mãe, tudo que ele senti por mim agora é raiva- ela sussurrou arrependida.

–Mamãe, o papai precisa de nós. Temos que esquecer as coisas ruins e ficar ao lado dele.- Lyssa disse suave e mamãe sorriu em meio as lágrimas.

–Isso é o tipo de coisa que seu pai falaria amor. Vem cá, preciso de um abraço seu querida. - ela pediu e Lyssa foi abraça-la. -Nós vamos até seu pai meu amor, ele está precisando do nosso carinho e atenção.

–Vamos trazê-lo de volta? - ela questionou feliz.

–Só se ele quiser Lys, não podemos obrigar seu pai a vir conosco. Simone, ligue para o primeiro ministro e para o general, preciso de uma reunião urgente. - mamãe pediu e ela concordou antes de sair. -Crianças, enquanto resolvo algumas coisas antes de viajarmos vocês podem ir arrumando as malas.

–Claro mãe. Vamos Lys. - Arabella disse pegando a mão da nossa irmã.

–Posso levar a Lira? Ela iria gostar da viagem e aposto que o papai está sentindo falta dela. - Lyssa comentou enquanto saia da sala com meus irmãos.

–A senhora não precisa da minha ajuda? - questionei suave.

–Não querido, ajude seus irmãos enquanto resolvo tudo.

–Claro mamãe. - disse antes de sair da sala.

Mamãe passou o dia todo trancada com seus “homens de confiança” enquanto nós arrumávamos nossas malas.

Cami não gostou muito de saber que não nos veríamos por algum tempo, foi difícil fazê-la entender que eu tinha que está em Sophia agora com minha família. Nós dois estávamos começando um relacionamento em segredo. Afinal eu estava “prometido legalmente” a outra que nunca tinha visto na vida o que não agradou Cami.

Mas assim que contei a ela que meu pai e eu estávamos tentado “burlar” essa lei idiota que me obrigava a casar com uma princesa, ela pareceu ficar mais calma e prometeu esperar.

Era só uma questão de tempo.

–Me desculpem a demora crianças, mas tinha que deixar tudo em ordem antes de partirmos. - mamãe disse aparecendo na sala usando calça jeans, botas e os cabelos soltos.

Nós quatro nos entreolhamos confusos, afinal raramente olhávamos mamãe vestida daquela forma, ela parecia muito mais jovem do que quando usava seus vestidos habituas e seu cabelo em coque.

–Puxa mãe, você está linda. - disse pasmo e ela ficou sem jeito.

–Coloca puxa. A senhora fica melhor assim, não que senhora não fique bem com suas roupas habituais, não é isso. - Eric tentou se explicar sem jeito o que nos fez rir.

–Obrigada pelo elogio querido.

–Majestade, o jato real já está pronto. - Simone disse entrando na sala de estar em que estávamos.

–Obrigada Simone. Vamos queridos, e não se esqueçam dos casacos. - mamãe avisou antes de sairmos.

O clima de Sophia era diferente do de Arrundall, enquanto em Sophia era frio o ano todo tendo apenas um mês de verão, em Arrundall havia sol o ano todo.

Não demorou muito para já estarmos dentro do jato a caminho de Sophia.

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Henrik, assessor pessoal do meu pai, veio nos receber no aeroporto junto com a limusine real de Sophia e alguns guardas. Mesmo mamão não querendo vir como rainha, ela ainda era uma e nós éramos filhos do príncipe de Sophia, ou seja, também éramos príncipes do país e tínhamos que ser recebidos de acordo com nossa posição.

Henrik nos explicou que nem nosso pai ou nossos tios e principalmente nossa avó queriam sair de perto do meu avô, pois ele havia piorado muito e cada segundo ao seu lado era precioso. Mas nosso pai nos encontraria assim que chegássemos ao palácio de Sophia.

–Não sei se vou conseguir. - mamãe sussurrou nervosa assim que o carro parou em frente ao palácio.

–O papai precisa da gente mamãe. - Lyssa sussurrou sonolenta no colo da minha mãe.

Pedimos a ela que dormisse durante o voo, afinal era uma viagem de 4 horas, mas ela disse que só dormiria depois que abraçasse o papai, um desejo compartilhado por todos.

–Lys, tem razão mãe, agora mais do que nunca temos que ser uma família. - Arabella disse suave e concordamos antes de sairmos do carro.

–Como uma família. - sussurrei e segurei a mão da minha mãe, após ela colocar Lyssa no chão.

Mamãe sorriu emocionada com meu gesto. Por que sei que para ela eu ainda guardava magoa sobre o que ela fez, mas eu não podia.

Ela era minha mãe e apesar de tudo eu a amava.

–Como uma família. - sussurramos e demos as mãos antes de entramos no palácio de Sophia.