Era estranho como depois de um tiro eu não sentia dor alguma, a única coisa que eu sentia era um peso em cima de mim e uma respiração saindo aos arquejos.

Abri os olhos confusa e soltei um grito desesperado ao ver que Edward havia levado o tiro por mim.

Desesperada o empurrei para o lado e me ajoelhei perto dele, eu não parava de tremer e chorar, havia sangue demais.

–Edward...- sussurrei desesperada enquanto olhava a ferida em seu peito.

–Tudo bem meu amor. Tudo bem. - ele sussurrou sem ar enquanto olhava em meus olhos. - Vai ficar tudo bem.

–Meus Deus, você está perdendo muito sangue. - sussurrei tremula e ele segurou minha mão com força.

–Preciso que você se acalme, vai ficar tudo bem meu amor. - ele sussurrou tentando me acalmar.

–Tem muito sangue.

–Eu sei. Mas tudo bem. - ele sussurrou guiando minhas mãos tremulas até o ferimento.

– Preciso que você pressione o ferimento para que ele estanque.

–Não posso fazer isso. - sussurrei tremula.

–Pode sim, eu sei que você é capaz amor. - E agora preciso que você fique comigo. Promete? - ele sussurrou fraco.

–Prometo. - disse colocando minhas mãos em seu ferimento, assim que comecei a pressioná-lo ele gemeu de dor. - Me desculpe.

–Tudo bem...- Edward disse sonolento e pediu que eu continuasse a pressionar o ferimento assim que parei por causa do seu gemido.

–Edward. - Albert gritou e se ajoelhou ao meu lado. - Há meu Deus. Chamem um médico.

–Albert, preciso que me prometa algo. - Edward sussurrou sem forças enquanto olhava para o amigo.

–Tudo que você quiser meu irmão.

–Prometa que irá cuidar de Madeleine por mim?! Que irá protegê-la e ampará-la assim como você fez comigo todos esses anos.

–Que isso Edward, você não vai morrer. - Albert disse chorando enquanto eu tremia sem parar por causa dos soluços do choro que tomavam conta do meu corpo.

–Se eu for para a mesa de cirurgia posso não voltar Albert...- ele sussurrou com a voz arrastada, era como se ele lutasse para ficar acordado. - Apenas...Prometa.

–Eu prometo. - ele sussurrou e Edward agradeceu antes de virar para me ver.

–Não me deixe pelo amor de Deus. - pedi desesperada enquanto ele colocava sua mão em cima da minha.

–Estou tentando amor, mas não sei se sou forte o suficiente. - ele sussurrou com pesar. - Eu te amo, Madeleine.

–Eu também te amo Edward. – sussurrei e me inclinei para beijá-lo, mas assim que me afastei dele seus olhos estavam fechados.

–Não. - gritei enlouquecida de dor enquanto sacudia o corpo inerte do meu marido.

–Madeleine, Edward ainda está vivo ele só desmaiou. - Albert disse tentando me acalmar, o que foi em vão.

Para que Edward fosse socorrido tiveram que me sedar, pois eu não o soltava por nada. Segundo o médico eu estava histérica.

Não demorou muito para que o sedativo fizesse efeito e eu desmaiasse nos braços de Albert.

.................................................................

Eu estava inquieta essa noite, parecia que eu estava tendo um pesadelo. Nervosa virei para o lado onde Edward dormia e o senti vazio, rapidamente me sentei na cama ainda zonza e liguei a luz do abajur, constatando assim que não havia sido um sonho.

Edward havia levado um por mim para me proteger, e talvez agora ele estivesse...

Só de pensar nessa hipótese comecei a chorar de dor.

–Filha. - mamãe sussurrou entrando em um quarto e correu para me abraçar assim que percebeu que estava chorando.

–Mãe...Eu o perdi. - solucei em seu pescoço enquanto abraçava-a com força.

–Claro que não meu bem. Edward está vivo, a bala passu alguns centímetros longe do coração. Ele está fraco, mas está vivo. - ela sussurrou me afastando para vê-la. – Foi uma cirurgia difícil e ele precisou de uma transfusão, mas não tinham o tipo sanguíneo dele armazenado. Mais por sorte Raphael e ele têm o mesmo sangue e ele doou para o irmão.

–Posso vê-lo?!- pedi angustiada.

– Claro, ajudo você a trocar de roupa. - ela disse amorosa enquanto me ajudava a levantar.

Assim que estava devidamente arrumada mamãe me levou até a área hospitalar do castelo onde encontrei os pais de Edward, seus irmãos e sua cunhada. Abracei a cada um deles antes de entrar o médico ao meu lado, só para garantir que eu não surtasse de novo.

Mari não estava lá por que estava com Albert que ficou tão transtornado quanto eu e teve que ser sedado.

–O príncipe ainda está sob o efeito da anestesia alteza por isso ele não irá responde-la. - Dr. James disse e concordei. - Vou deixa-lo a sós, qualquer coisa estarei na enfermaria princesa.

–Obrigada Dr. James. - agradeci antes que ele saísse do quarto.

Me aproximei devagar da cama com medo de que talvez todos estivessem mentindo para mim, de que Edward estivesse morto.

Mas assim que segurei suas mãos senti seu calor e vi o movimento de seu peito subir e descer, tive a plena certeza de que ele estava vivo.

E essa certeza me levou as lágrimas.