Me & You escrita por Bruna Cezario


Capítulo 1
Capítulo 1 - Não é um pouco mais que fantasia?


Notas iniciais do capítulo

Só alimentando um pouco o mundo Alice que eu e Nai vivemos...



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A última apresentação tinha se encerrado. Por toda a extensão do teatro só ouviam elogios para a peça, mas não era para menos, durante todos os dias de apresentação tinham sido ovacionados, as críticas nos jornais eram todas positivas e nenhuma delas era invenção do Louis só por que ele fez parte da penúltima apresentação, todos tinham achado realmente um verdadeiro espetáculo.

Parado na porta do camarim, Harvey observava Donna. Já tinha a visto feliz inúmeras vezes, mas nunca tinha a visto feliz daquele jeito. Do tempo que ele ficou ali parado sem ser percebido, não tinha visto o sorriso que ela trazia no rosto sumir por nenhum segundo, pelo contrário, cada vez que alguém chegava para parabenizá-la pela peça e elogiá-la, se acontecesse de acabar a luz, o sorriso da ruiva com toda certeza iluminaria o quarteirão inteiro.

Podiam dizer que ele vivia para o trabalho, que ele não ligava para nada ao seu redor que não tivesse vínculo ao trabalho, que ele só percebia coisas que eram direcionadas ao trabalho, mas com toda certeza estavam errados, pelo menos quando se tratava da Donna. Talvez ela tivesse que explicar o que ele estivesse sentindo depois, mas naquele momento Harvey estava adorando vê-la tão descontraída, alegre, feliz, sendo a Donna que ele está costumado a ver 16 horas por dia, mas diferente da Donna que ele está costumado a ver 16 horas por dia.

Finalmente Donna percebeu que tinha uma companhia extra no camarim. Ela até tentou fazer com que seu irradiante sorriso continuasse o mesmo, mas assim que seu olhar cruzou com o de Harvey, não teve como o sorriso não se transformar em um misto de timidez com a felicidade que estava sentindo por saber que ele não tinha ido embora após o final da peça.

- O que você ainda está fazendo aqui?

- Como assim o que eu ainda estou fazendo aqui? – Ele deu alguns passos para frente, para finalmente adentrar no camarim e ir de encontro a Donna que deu alguns passos em sua direção também. – Normalmente quando a peça acaba as pessoas veem ao camarim elogiar os atores.

- Você está dizendo então que veio me elogiar?

- Não... Eu estou dizendo que vim elogiar aquele gordinho baixinho ali. – Harvey apontou com a cabeça fazendo com que Donna olhasse em sua volta para ver de quem ele estava falando. – Ele estava excelente!

Donna soltou um riso e em seguida respondeu:

- Ele não estava na peça.

- Você tem certeza? Quer dizer que eu reservei o melhor restaurante da cidade para levar o gordinho baixinho para jantar depois da peça e ele nem nela estava?

- Harvey se você está afim do baixinho gordinho não precisa inventar desculpas e muito menos ficar não sei quanto tempo parado ai na porta, eu teria apresentado vocês dois. Na verdade, se você quiser, ainda posso...

- Não precisa Donna, acho que ele já está com a agenda cheia para essa noite. Talvez eu possa te levar para jantar no lugar dele.

- Desculpa, mas eu não sou segundo plano de ninguém Harvey. Se você não reservou o melhor restaurante de Nova York para me levar pra jantar ao invés do gordinho, você vai jantar sozinho.

- Que ótimo! Por que o segundo plano era o gordinho. Vamos?

Ela podia ser a Donna, mas naquele segundo ela tinha ficado um pouco confusa com que Harvey estava dizendo. Confusa não! Estava tentando entender se o que ela tinha entendido era a mesma coisa que ele queria que ela entendesse. Não bastava ele ter ido assistir sua peça, ele ainda reservou uma mesa para que eles jantassem depois da peça? Provavelmente estava rolando problemas de entendimento. Harvey Specter podia ter deixado por duas horas um caso para vê-la atuando, mas com toda certeza não pararia mais tempo nenhum, ele tinha um caso para resolver.

- Harvey você não tem um caso para resolver? – Ela tentou disfarçar a sua duvida sobre o convite para jantar. – Já desperdiçou muito tempo vindo até aqui me assistir, você não acha?

- Desde quando você controla meus horários de noite de folga também?

- Você não tem noites de folga, pelo menos não enquanto tem casos complicados para resolver.

- Acredito ter dito que essa noite era sua, não disse? Então ela precisa terminar com um jantar.

Donna ia abrir a boca para responder algo, mas foi interrompida pelo diretor.

- Rainha aquelas pessoas estão querendo conversar com você, te pagar um jantar, uma bebida, até te pedir em casamento... – O diretor olhou para Harvey. – Ô, desculpa! Você não disse que tinha um bofe, meu bem!

- O que? – Donna demorou alguns milésimos de segundos para entender o que o diretor estava dizendo. – Eu e ele? – Fingiu desdém - Por favor, Buzz... Ele é só meu fã número 1 e já estava de saída porque a vida é bem mais do que vir a todas as minhas apresentações, certo?

- Donna...

- Não venha com Donna, agradeço sua presença, mas tem outras pessoas querendo falar comigo e me levar para jantar. – Harvey mandou um olhar como se perguntasse se era isso mesmo que ela queria e se ele podia realmente ir embora. – Vai!

Sem dizer mais nada o homem só virou as costas e foi embora.

Pra qualquer um que olhasse aquela situação poderia achar a coisa mais confusa do mundo, mas para Donna não era. Obvio que ela queria terminar sua noite jantando com Harvey, assim como ela também queria ouvir o que ele tinha achado da peça. Para ser sincera, claro que ela queria terminar sua noite ouvindo o que Harvey tinha achado dela interpretando, mas querer e poder para Donna quando se trata de Harvey Specter são duas coisas galáxias de diferença, mesmo que esteja na cara que não.

Não sabia quanto tempo ficou lá dentro recebendo os cumprimentos de todos e recebendo convites para sair para comer ou beber alguma coisa, era a última noite da peça, tinha que ser comemorado, mas no final das contas Donna só queria ir para casa.

- Pensei que você ia sair para jantar com todas aquelas pessoas que não são seus fãs número 1.

Claro que Donna não acreditou no que estava vendo em sua frente, Harvey parado do lado de fora de seu carro, abrindo aquele sorriso que ela sabia muito bem que era de diversão por vê-la deixando o teatro sem companhia nenhuma, como se tivesse sido pega no flagra.

- O que você ainda está fazendo aqui?

Perguntou levando uma das mãos a cintura como se tivesse até o repreendendo por ter ficado aquele tempo todo do lado de fora a esperando, mas na verdade ela estava adorando.

- Eu disse que reservei uma mesa no melhor restaurante de Nova York para jantarmos depois da peça, não disse?

- Você também disse que ia levar o gordinho baixinho. – Harvey a encarou como se dissesse pra ela parar de se fazer de desentendida. – Harvey não precisa.

- Várias vezes você disse que eu não precisava te comprar uma bolsa nova e mesmo assim você deve ter uma coleção no seu guarda-roupa. – Abriu a porta do carro. – Vamos... Eu sei que você ta com fome.

- Eu nunca disse que não estava com fome, eu disse que você...

Não deu tempo nem de concluir o que ia falar porque Harvey a cortou.

- Donna, entra logo!

O restaurante mil vezes citado, na verdade era uma churrascaria, mas não qualquer churrascaria, e sim a melhor churrascaria de Nova York, Harvey nunca tinha levado ninguém ali a não ser o seu pai e para ser sincero fazia muito tempo que ele não ia ali também, mesmo sendo o lugar com a melhor carne que ele já comeu na vida, invalidando o restaurante que Louis e Mike falaram que era o da melhor carne, ele não gostava da ideia de ir lá sozinho e muito menos de levar qualquer pessoa, então levar Donna para comemorar o sucesso de sua peça era o “evento” perfeito que ele precisava para voltar lá.

- Incrível!

Foi o que Harvey disse ao terminar de mastigar o pedaço final de sua carne.

- Concordo plenamente! – Disse Donna cortando um pedaço de sua carne. – Desde quando você conhece esse lugar, Harvey? Nem eu que sou a Donna sabia que eles tinham uma carne tão boa.

- Donna eu estou falando de você. Você foi incrível!

Tanto o garfo quanto a faca foram soltos no prato sem nem ao menos ela poder levar o último pedaço de carne a boca. Tinha passado o jantar inteiro tentando arrancar de Harvey o que ele realmente tinha achado de sua apresentação e até o momento não tinha ouvido nada a não ser ele tirando com sua cara.

- Claro que eu fui incrível! – Ela conseguiu dizer tentando passar que não tinha ficado nenhum pouco desconsertada com o elogio. – Você não pensou realmente que minha atuação se limitava a aqueles julgamentos de mentira né?

- Donna eu estou falando sério, você tem talento! Me fez pensar o motivo de você ser minha assistente e não atriz. Você poderia ser a Kate Beckett, sabia?

- Eu tenho cara de detetive fodona que nem a Beckett, não tenho? - Donna tentou fazer as caras e bocas de má da Beckett arrancando um riso de Harvey. – Mas foi bom você ter tocado nesse assunto assistente/atriz porque tenho algo pra te dizer. – Harvey ficou a olhando esperando que ela continuasse. – A peça fez tanto sucesso que vai rodar o país inteiro.

- Rodar o país inteiro? – Harvey perguntou surpreso. – Donna isso é ótimo!

- Eu também achei! Finalmente o meu sonho de ser atriz vai se tornar realidade. Amanhã sem falta começo a procurar uma assistente nova para você.

- O que? – Perguntou sem entender. – Pra que eu preciso de uma assistente nova? As apresentações não serão só nos finais de semana? Posso te dar folga Donna, não precisa se demitir.

- Me desculpa Harvey, mas vão ter apresentações no meio da semana como essas, tem ensaios...

- Eu sei que isso é seu sonho desde pequena... – Harvey a interrompeu, não estava gostando nenhum pouco da ideia. - Mas isso é mesmo sério, Donna? – Ela só fez um positivo com a cabeça. – Okay.

- Okay?

- Você quer que eu diga mais o que? Parece que você já tomou sua decisão.

Obviamente que o restante do jantar, assim como a volta para casa foi acompanhada do bom e velho amigo silêncio. Para não dizer que foi um total silêncio, algumas palavras foram trocadas, mas nada que fizesse com que os dois pudessem voltar ao assunto de Donna estar se demitindo para ter uma carreira de atriz.

Podiam achar que Harvey estava bravo por saber que Donna ia deixá-lo, mas não era raiva e sim chateação. Ele tinha guardado o melhor restaurante da cidade para comemorar uma conquista da ruiva e no final acabou descobrindo que aquilo era quase uma despedida. Tinha ficado um tempo sem Donna na época que ela havia sido demitida e foram os piores dias de sua vida, não queria passar por isso novamente, ainda mais porque dessa vez parecia ser para sempre.

Ao chegar na frente do apartamento de Donna, ele pensou em nem descer do carro, ela que saísse sozinha e fosse lá fazer seus planos de atriz, mas esse não era ele, então mesmo sem dizer nada, Harvey desceu primeiro do carro e abriu a porta para que sua quase ex-assistente saísse do veículo.

Descendo do carro, Donna olhou para o homem parado ali na sua frente, esperando que ele falasse alguma coisa, mas não recebeu nem um “boa noite”, entendeu que a notícia de sua demissão ainda não tinha sido processada. Desejou um “boa noite”, mesmo sem obter resposta, só Harvey a olhando com aquela cara de quem tinha sido abandonado, ela resolveu ir em direção a porta do seu prédio, conversaria com ele pela manhã, isso se no meio do caminho ele não tivesse pegado em sua mão a impedindo de continuar andando, fazendo com que ela o encarasse.

- Eu não menti quando disse que era o seu fã, você realmente tem talento, todos que te assistirem durante essa turnê serão as pessoas mais sortudas do mundo, assim como eu fui, mas mesmo que isso vá soar a coisa mais egoísta do mundo eu preciso te pedir... Por favor Donna, não vá. – Ele fez uma pausa esperando que ela falasse algo, mas ela só ficou o encarando, vendo o quão sincero ele estava sendo em suas palavras, mas parecia que não era o suficiente, então ele foi obrigado a completar. - Eu preciso de você!

- Harvey esse é o meu sonho.

Donna disse em um fio de voz, tentando não manter muito contato visual com Harvey, caso contrário, de duas a uma, ou ela iria desistir de tudo e continuar trabalhando para ele ou não responderia por seus atos por estar tão perto do homem que é o sonho de qualquer mulher. Ignorando o que deveria ser ignorado: O seu sonho.

- Eu sei...

Harvey respondeu cabisbaixo. Queria completar com inúmeras coisas que estavam passando pela sua cabeça, assim como gestos que estavam passando pela sua cabeça, mas não podia. Soltou a mão de Donna e murmurou um “boa noite”. A acompanhou com os olhos enquanto ela andava até a entrada de seu prédio, quando ela estava prestes a entrar ele perguntou:

- Quando é seu último dia?

- A não ser que você esteja pensando em me demitir novamente... – Ela fez uma pausa, ainda de costas e logo em seguida continuou. - Nunca!

Se caracteres fossem usados na vida real para descrever alguém no momento, com toda certeza um ponto de interrogação estaria estampado na cara de Harvey. Ele não tinha entendido uma vírgula do que Donna tinha acabado de dizer, até que ela se virou com aquele sorriso debochado dela e ele entendeu que tinha caído em mais uma das trollagens de Donna Paulsen.

- Isso foi porque eu demorei pra dizer o que eu achei da sua apresentação?

- Espero que isso tenha servido como lição e que nunca mais se repita, pois eu não posso viajar o país com minhas peças, mas com toda certeza farei mais.

- Você quer saber? Você podia mesmo ter uma carreira como atriz, ir viajar por ai com suas peças.

- Harvey você não viveria um mês sem mim.

- Por isso que eu iria junto.

Donna balançou a cabeça soltando um riso.

- Não seja ridículo! Você nunca que ia servir para ser o marido de atriz.

- Você não sabe... E pelo jeito nunca vai saber. – Disse abrindo um pequeno sorriso debochado. – Boa noite, Donna!

A rainha do mundo respondeu ao “boa noite” com um sorriso e adentrou ao prédio. Talvez não fosse saber mesmo como seria Harvey de marido da atriz, mas isso não queria dizer que algum dia ela não ia saber como seria Harvey marido de Donna Paulsen, a assistente jurídica que nas horas vagas gosta de brincar de ser atriz.


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Notas finais do capítulo

E claro que tudo continua do jeito que ta porque temos que continuar sendo otárias.

Prometo não fazer mais isso Nai, talvez ♥



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