Sing me something i need! escrita por StardustWink, Miss_Miyako


Capítulo 7
La.


Notas iniciais do capítulo

EAEEEEEEE PESSOAL! FELIZ DIA DE SÃO VALENTIM! Sim, eu esperei até hoje para postar o capítulo novo. Não, vocês não podem me bater. É que o capítulo tá tãaaao cara de vday que eu não resisti sdlfjhsfdlsjdfklsdjf ;v;

...Mas sem falar mais do capítulo, vocês o lerão em breve anyway. (uvu) Eu e a Miya ficamos muito orgulhosas dele, então eu realmente espero que vocês gostem!!

Boa leitura~



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Olhos violetas encararam o seu reflexo enquanto mãos pequenas entrelaçavam seus dedos em fios ruivos, numa tentativa de ajeitar seu penteado.

Chiyo deixou um suspiro escapar pelos seus lábios. Diferente dos inúmeros suspiros que soltou no começo daquela semana, aquele era feliz, aliviado até.

As cenas do dia anterior, junto do encontro fracassado de seu kouhai com sua amiga passaram como um flash por sua cabeça, enquanto ajeitava seus laços vermelhos com bolinhas.

Durante sua espionagem junto de Nozaki-kun e Mikorin, Chiyo percebeu – mas ainda não tinha certeza se fora sua imaginação lhe pregando peças ou não – que Kashima parecia evitar propositalmente todas as tentativas do garoto, de um maneira nem tão discreta de certa forma.

Esse era um dos motivos que a deixava mais feliz ainda pelo encontro não ter dado certo. Claro, ela sentia um pouco de pena de Wakamatsu-kun, ele parecera bem deprimido.

Por outro lado...

Ela sorriu quando um gatinho de rua recebeu de bom grado o carinho que ela fez em sua cabeça, no caminho para a escola.

Ela sabia que era melhor assim. Qualquer um que olhasse para os dois perceberia que algo estava errado, o moreno era muito inocente e distraído. Em meio a sua felicidade por ter “finalmente encontrado” a Lorelei, não percebeu quantos erros estavam presentes a sua frente.

Não percebeu que estava cego pela animação e que ela, acidentalmente, o impedia de ver a verdade. A verdade que aparecia no brilho animado dos olhos verdes que a garota de cabelos curtos tinha quando seu outro senpai estava junto dela ou até mesmo, o próprio brilho que costumava aparecer em seus olhos turquesas quando estava junto de outra garota.

... Por que raios aquilo lhe lembrava duma peça de um escritor famoso, de certa forma?

–Ah, Yuzuki! – Chiyo acenou para a garota de cabelos caramelos que trocava seus sapatos.

–Yo, Chiyo! – Ela acenou de volta, com a mão que segurava suas sapatilhas que usava dentro da escola. A ruiva sorriu e começou a tirar seus próprios sapatos e abriu seu armário.

–Tudo bem?

–É, até que eu tô sim. E você?

–Tô bem também!

–Tá tão bem assim que até resolveu rimar, foi?

–Ah! – A mais baixa pôs a mão sobre a boca. – Foi sem querer!

–Hmm... – Olhos avermelhados encararam os roxos. – Não, tudo bem, se você falar rimando hoje, não tem problema. Só toma cuidado, porque isso é meio brega e-

–Yuzuki!!

–O quê, o quê? – A outra riu e Chiyo não conseguiu evitar sorrir também.

De fato, o humor da sua amiga parecia ter voltado ao seu usual depois de toda aquela quase confusão. Talvez, isso devia ao fato que Wakamatsu e Yuzuki pareciam ter voltado a se falar como antigamente. A ruiva sorriu mais ao se lembrar disso.

De uma maneira muito estranha, tudo parecia estar se resolvendo aos poucos...

–Ei, vai ficar aí sorrindo sozinha? Vou te deixar para trás, hein.

–Ah! Espera! – Ela trocou rapidamente seus calçados e correu a amiga. – Aliás, Yuzuki!

–Hmm?

–O clube de teatro vai precisar ensaiar hoje, então... Você acha que poderia cantar?

–Ah, claro, por que não?

–Sério?!

–É, ué. Eu não disse que ia ajudar na peça? – A loira tombou a cabeça.

Os olhos violetas da ruiva cintilaram e ela sorriu ainda mais abertamente.

É, parecia que tudo estava se ajeitando mesmo...

xxx

... Só que também parecia que ia mesmo demorar um pouco mais.

Como mostrava o moreno do primeiro ano que estava sentado em sua carteira, debruçado sobre a mesma com seu queixo sobre seus braços e a testa franzida.

O que raios havia acontecido ontem?!

Wakamatsu repassava as cenas sem parar, prestando atenção nos detalhes. Tinha se preparado tanto, conseguira chamara sua tão querida “Lorelei” para um encontro e tudo parecia ter corrido muito bem...

Até a hora da confissão.

Ele estava tão perto, tão perto de dizer para a garota dos seus sonhos o que sentia, mas por alguma intervenção do destino, seu senpai aparecera de sabe-se-lá-onde e levara a garota com ele sem nenhuma hesitação.

E isso era algo que a cabeça do moreno não conseguia entender de jeito nenhum. Talvez seu nervosismo junto da frustração do encontro ter parado na parte mais importante o impediam de pensar com clareza.

Isso e o fato de que Wakamatsu estava em cócegas para falar com a garota alta de cabelos curtos, mas ele não conseguira encontrá-la de jeito nenhum até aquele momento.

Correção, não conseguira encontrá-la sozinha de jeito nenhum até aquele momento.

Durante os intervalos, toda vez que ele a avistava e se dirigia para falar com ela, Hori aparecia e arrastava a garota junto dele. O moreno decidiu segui-los no começo, para esperar por uma oportunidade de vê-la sozinha, porém ele não tivera essa sorte.

Isso porque o seu senpai a arrastara, literalmente, para todos os cantos. Se não era para ajudar com algo relacionado ao clube de teatro, era algo como limpar o pátio da escola, organizar alguns papéis para os professores, recolher lixo jogado nas salas...

Eles até chegaram a lanchar juntos! Nem sequer as fãs mais obcecadas de Kashima conseguiram sequer lhe dizer um oi.

Ah, o destino devia estar rindo da cara dele.

Mas ele não se renderia tão facilmente, ele iria conseguir falar com ela ainda hoje ao custo que fosse. Foi a decisão que tomou ao ajeitar-se na carteira, determinação ardendo em seus olhos turquesas.

xxx

O auditório da escola estava mais uma vez cheio com as vozes dos integrantes do clube de teatro, animadas por finalmente poderem ter um ensaio propriamente dito novamente. Agora que a voz da personagem principal tinha voltado à ativa, eles estavam começando a ficar menos apreensivos de usar alguém como Lorelei para a peça.

E, fora alguns pedidos meio absurdos e um jeito meio bruto de lidar com as coisas enquanto não estava cantando, Seo parecia estar de bom humor o suficiente para cooperar com todos. Talvez não fosse tão difícil trabalhar com ela, afinal.

Além disso, o alívio dos integrantes do clube se estendia até outras duas pessoas, que pareciam ter finalmente voltado ao normal depois de alguns dias de estranheza.

Uma coisa estava meio óbvia para todos que estivessem lá no dia: Não havia nada, nadinha, nem uma única coisa no mundo que poderia deixar Kashima menos alegre.

Ela estava praticamente saltitando por aí – o que podia sim atrapalhar um pouco sua atuação nos ensaios, mas aquela não era uma peça dramática, então –, e parecia menos preocupada como estivera em outros dias.

Kashima tinha, obviamente, um motivo muito bom para isso. Quer dizer, aquela tinha sido a manhã – e ontem, o fim de tarde – em que passara mais tempo com seu senpai desde que o conhecera! Ela havia coincidentemente trombado com Hori pela manhã enquanto ia para a escola, tinha lanchado com ele para ensaiar umas falas, tinha o ajudado a limpar a sala, a organizar papéis e-

...Pensando bem, aquilo não parecia ser muito algo que eles precisavam ter feito, mas a garota estava feliz demais para prestar muita atenção. Para quem não estava entendendo direito do que estava errado com ele a um ou dois dias atrás, ver as coisas voltando ao normal era o melhor que poderia acontecer.

Ou melhor, não exatamente ao normal. Para ser completamente honesta, ela podia sentir um tipo de clima peculiar entre ela e o presidente do clube de teatro desde ontem. Como as borboletas em seu estômago que sentia após o término de uma apresentação bem feita que pareciam ter se abrigado dentro de si mesma toda vez que ele se aproximava muito; ou quando Senpai tinha parado no meio de um comentário sobre como segurar hashis para encarar ela por alguns segundos antes de desviar o olhar...

Quando ele rira de um comentário que ela fizera durante o intervalo e Kashima sentira como se seu coração tivesse parado por um momento.

Era como se houvesse algo entre os dois que estava ficando difícil demais para deixar de lado. Kashima não conseguia deixar de ficar inquieta perto dele, e não tinham sido poucas as vezes em que ela o pegara a olhando só para tê-lo virando o rosto no segundo seguinte.

A volta à normalidade não tinha os trazido para o mesmo passo que estavam antes – a garota sentia como se ambos estivessem andando cada vez mais perto de um limite, e que não haveria mais volta se um deles resolvesse finalmente cruzá-lo. E, francamente, Kashima não sentia que quisesse voltar para o passo anterior; ela enfrentaria qualquer coisa nova que aquela nova situação poderia trazer para os dois.

Se for para passar mais tempo com ele, como ontem... Ela alargou um pouco seu sorriso, já não prestando atenção nas falas do seu script. Eu não me importo.

Mas, realmente, o dia anterior tinha sim sido excepcional; talvez porque, pela primeira vez de muitas, Hori havia deixado de arrastá-la pela orelha assim que saíram de perto de Wakamatsu e a puxado pelo pulso ao invés disso.

flashback.

Ela ainda não tinha certeza do que estava acontecendo. Num minuto estava tentando pensar na melhor maneira de rejeitar Wakamatsu e na outra seu senpai tinha surgido do nada e a puxado de lá sem explicação.

Senpai esse que ainda estava a levando para sei-lá-onde, não retornando seu olhar e com uma mão agora a segurando pelo braço, perigosamente perto da sua própria e deixando a pele que tocava mais quente do que o nível considerado normal. Mas ele tinha aparecido lá e a tirado de uma enrascada! Tinha chegado do nada na hora certa e-

...Espera, como ele tinha sequer aparecido lá do nada?

Kashima, que estava começando a recuperar um pouco os seus pensamentos de antes, resolveu que seria sensato começar por essa pergunta.

– P-por que você está aqui, Senpai?

Ele desacelerou um pouco até parar de andar, mão afrouxando em seu braço e caindo até a parte de cima de sua mão. Caso visse o rosto dele de frente, ela diria que Hori estava levemente nervoso.

–... Eu fiquei sabendo para onde você estava indo hoje e resolvi passar aqui. – O garoto comentou, subindo uma mão para coçar a cabeça. – Você não parecia muito à vontade com Wakamatsu antes, então.

Ah? Mas ela tinha certeza que estava fingindo direito! Kashima piscou, levemente surpresa. Um sentimento agradável tomou conta de si mesma em seguida; seu Senpai tinha se preocupado com ela?

...Mesmo assim, ainda que estivesse feliz que ele a tirara daquela enrascada, aquilo não exatamente resolvia as coisas.

– Obrigada, Hori-senpai. – Ela falou, hesitando antes de continuar. - Mas talvez eu devesse voltar lá. Se eu não deixar as coisas claras com Wakamatsu agora...

– Que coisas? – Dessa vez, Hori se virou para encará-la; e o olhar que ele a direcionou deixou-a nervosa para responder.

Aquele não era o olhar que seu senpai tinha quando ia bater nela por algo, mas a mesma também não era normalmente afetada por eles. Só que Hori parecia tão frustrado agora... Será que algo havia acontecido?

– Falar que eu não sinto o mesmo por ele...? – Ela respondeu, quase que numa pergunta. Pelo jeito que o garoto à sua frente pareceu se acalmar com isso, a mesma julgou ser aquela a resposta que ele procurava.

Depois, no entanto, ele retornou a olhá-la irritado para depois voltar seu rosto para frente. Kashima não pôde deixar de notar que ele ainda não havia largado da mão dela.

– Por que ir num encontro quando você nem sente o mesmo...? – Ela pôde ouvi-lo murmurando e tombou a cabeça para o lado.

– Uh, eu não queria rejeitar ele na escola, então achei melhor aceitar e falar isso aqui. Teria causado uma confusão muito maior do outro jeito, Senpai. – Kashima respondeu, dando um passo à frente para poder olhar o rosto dele de lado. Hori virou seu rosto para ela, vermelho colorindo seu rosto por um momento, como se tivesse sido pego no flagra.

Isso não era uma-! Argh, esquece. – Ele começou a exclamar, mas desistiu no meio do caminho, usando sua mão livre para colocá-la na frente do rosto em irritação. -... Só deixe isso para lá, ok? Eu posso conversar com Wakamatsu depois.

– Eh? Mas Senpai, eu não posso fazer você-

– Eu não me importo, Kashima. Sério. – Ele a interrompeu outra vez, tom insistente. A garota piscou, mas assentiu mesmo assim.

Um silêncio breve fez-se entre os dois. Kashima sentiu a vontade de falar alguma coisa, mas não conseguia achar nada. Hori estava diferente do usual, o que a deixava hesitante em falar algo. E se ele voltasse a ser o que era antes se ela fizesse algo errado? Não que ela não gostasse de seu Senpai de antes, ela o adorava de todos os jeitos, mas aquela nova parte dele que a arrastava pela mão e parecia mais preocupado com ela que o normal era uma que ela não queria perder no momento.

–... Bom. Eu te arrastei do nada de seu encontro, então acho que te devo uma retribuição. – Ele levou uma de suas mãos para sua nuca, a encarando levemente sem graça. – Se você estiver com fome, posso te pagar um parfait, se você quiser.

– E-eh? – Kashima piscou, olhos subitamente brilhando. Ela tinha ouvido direito? Hori sempre recusava a sair com ela para comer parfáits normalmente, mas agora estava a convidando ele mesmo?! – T-tem certeza, Senpai?

– Sim, sim. – Ele suspirou, sorrindo levemente para ela em seguida. – Eu não estive exatamente em meu melhor humor perto de você recentemente, então isso também serve como retribuição. Desculpa.

– Não tem problema, Senpai! – A garota piscou; certamente, ela tinha ficado bem confusa por como ele estava agindo recentemente, ela até queria perguntar isso para ele... Mas, pelo visto, parece que o mesmo tinha resolvido seu dilema ele próprio. Ela sorriu. – Bom, mas vamos?

– Hm. – Ele assentiu, ainda com um sorriso no rosto. Kashima sentiu o seu aumentar ainda mais – ver seu Senpai tão à vontade perto dela a deixava orgulhosa, sem falar incrivelmente leve e com vontade de saltitar por aí. Sempre ficava feliz perto dele, claro, mas parecia estar andando nas nuvens agora!

...Talvez fosse pelo fato de que, mesmo depois de parar e voltar a andar em direção ao café, ele não tinha soltado sua mão.

Fim do flashback.

Tão perdida em seus devaneios, a mesma mal pôde perceber o objeto que vinha de encontro à sua testa até que um script enrolado batesse nela com um “Bop!” leve, a fazendo piscar e olhar para frente.

– Kashima, você sequer está me ouvindo? – Era Hori, outra vez. Ela sorriu para ele, mesmo que o mesmo parecesse irritado com ela.

– Não estou não, Hori-senpai. Desculpa! – Sua resposta honesta não pareceu tê-lo animado muito; pelo contrário, uma veia brotou em sua testa. Mas, ao contrário de sua reação usual, ele apenas suspirou pesadamente, dirigindo-a um olhar beirando ao terno em seguida.

– Bom, então escute na próxima. Você está tão distraída relendo as falas que não ouviu que eu já encerrei as atividades por hoje. – Ele comentou, o que a fez piscar.

– Eh? Mas já?

– Pensei que você ficaria feliz por ter acabado cedo. – Ele arqueou uma sobrancelha.

– Ah- Não, Senpai! É só que...

Ela comprimiu os lábios. Aquele dia ao lado dele parecia ter passado rápido demais; ela não queria ir embora agora. E se amanhã, quando voltasse, seu senpai estivesse de volta ao normal? E se o limite em que eles estavam evitando de pisar ficasse longe demais novamente? Ela não queria perder essa intimidade recentemente adquirida com ele; se fosse para manter esse Hori por perto por mais tempo, ela...

– É-é só que... Eu queria praticar algumas falas, então... – Kashima, em sua tentativa de buscar algo para mantê-lo ali, veio com a primeira coisa que surgiu em sua cabeça.

–... É mesmo? – Hori arqueou uma sobrancelha. – Bom, acho que não tem problema ficarmos mais um pouco. Quais são elas?

– Uh, são... – A garota piscou, escaneando rapidamente o papel em suas mãos. Havia uma cena bem antes do começo de uma das músicas finais da peça, uma que Seo cantara mais cedo e quase fizera metade do clube cair em prantos.

–... A cena em que Armando diz que não quer que Julia vá embora no navio do dia seguinte. – Ela murmurou, encarando o papel. Ah, aquilo era estranhamente irônico, ela também não queria que ele fosse embora.

– Hm... Sem problemas, eu acho. Quer começar de onde? – Hori não percebeu o olhar compenetrado que ela dera ao papel, ao invés disso desenrolando seu script e virando algumas páginas.

– Uh. Pode ser no início da página cinquenta e sete. Logo depois que ele a encontra em frente ao porto?

– Ok. – Ele murmurou, lendo brevemente a frase e dando uns passos para se distanciar dela.

Depois, ele se virou, e Hori não era mais o mesmo.

– Oh, Armando? O que faz aqui a esta hora? – Ele direcionou um olhar a ela, e Kashima sentiu a vontade de sorrir. Ele era realmente um ótimo ator.

Ah, mas ela tinha de se concentrar!

– Julia. Vim aqui depois de muito pensar, e... – Ela hesitou, sua voz refletindo angústia. – Como pensado, não consegui. Não posso aceitar que você se vá amanhã.

–... Nós já falamos sobre isso. – Hori respondeu, - Você não parecia estar contra isso antes, Armando. Por que agora?

– Porque... – Kashima engoliu em seco. – Porque antes eu não tinha percebido. O motivo pelo qual perco o fôlego quando sorris, pelo que não consigo te tirar de minha cabeça em minhas noites em claro...

Ela deu alguns passos na direção dele, palavras saindo de sua boca enquanto a mágoa do personagem adentrava suas veias. Hori não se moveu; permaneceu segurando seu script, olhos fixos nos dela, esperando.

–... Não sei se estava apenas enganando a mim mesmo ou não queria admitir. – Ela segurou o papel com mais força, dando mais um passo, - Mas agora eu não posso mais. Julia, por favor!

– E por que só agora? – A heroína finalmente teve sua chance de responder, e Hori capturou com precisão a emoção na voz dela. – Tivemos tantos dias desde aquele em que te contei minha decisão, Armando, e tu resolves me contar essas coisas quando não há mais volta?

– Julia, me escute. – Kashima deu mais um passo; eles estavam cada vez mais próximos. – Se eu não te contasse agora, não poderia contar nunca mais. Perdoe-me por perceber isso tão tarde, pelo meu orgulho ou própria estupidez ter me impedido de ver isso mais cedo...

– Ver o quê? – Dessa vez, foi ele que deu um passo à frente. Estavam a poucos centímetros de distância.

Kashima não lera o roteiro por muito tempo, mas sabia que Julia tinha pelo menos mais uma fala antes de Armando voltar a falar. Mas Hori não havia movido um músculo; permanecia a encarando de frente, próximo demais, com um olhar de expectativa tão grande que ela tinha de responder alguma coisa naquele instante.

Mas qual era a resposta certa? O que Armando diria para Julia agora?

O que ela diria?

–... Que eu te amo. – Ela murmurou.

Hori soltou a respiração que estava segurando, e, por um momento, Kashima se viu perdida em seus olhos. Ele estava com um olhar que a mesma diria que um pintor daria para sua musa; e ela por um segundo percebeu que aquela não era a primeira vez que o via assim. Era sempre quando o encontrava a olhando, num ensaio. Por algum momento, durante uma apresentação.

Mas Kashima não estava atuando quando falou aquilo – ela tinha percebido o tom de verdade em sua voz assim que dissera aquelas palavras.

Talvez, ela pensou, momentos antes de Hori a puxar para frente pela nuca, talvez ele não estivesse a olhando assim porque ela estava atuando. Talvez fosse somente porque era ela.

A exclamação de surpresa morreu em sua boca assim que seus lábios colidiram, e ela fechou os olhos para as milhares de estrelas que tomaram conta de seu campo de visão. Seu senpai estava a beijando, passando uma das mãos por sua bochecha numa delicadeza que ela nunca tivera visto antes, e Kashima subitamente foi atingida pela ficha colossal que se equilibrava precariamente no topo de sua cabeça desde o momento que o vira pela primeira vez.

O motivo de ela adorar sua presença, de querer ser tão especial para ele, de querê-lo como uma parte tão constante em sua vida não importando qual papel ele poderia assumir- Ela o amava, não era? Teria sido tão ingênua a ponto de não perceber isso antes? Ou estaria ela em negação assim como Armando, evitando assumir isso em seu subconsciente até o momento em que aquilo não poderia mais ser evitado?

Ela havia finalmente ultrapassado o limite entre eles. Kashima devia ter mesmo feito isso há tempos atrás.

Trazê-lo mais para perto foi quase impossível de se evitar, assim como esticar sua coluna involuntariamente quando ele desceu uma das mãos para deslizar por suas costas. O beijo durou o máximo possível e mesmo assim acabou cedo demais, pois os dois não ousaram se afastar muito quando se separaram para recuperar o fôlego.

– Só para constar... – Hori murmurou, uma mão pousando na nuca dela, ainda ofegante. – Isso não foi parte da encenação.

Ela teria sorrido para ele e respondido que aquilo já estava meio óbvio, Senpai, mas Hori não gastou mais tempo algum antes de puxá-la e a beijar outra vez. Bom, não é como eles não pudessem conversar mais sobre aquilo depois.

Tão distraídos um com o outro, o casal que jazia ainda no palco mal percebeu a terceira pessoa presente no local. A porta abriu e fechou com um estrondo, mas não foi ouvida por eles.

xxx

Havia um piso, paredes e um teto a sua frente. Um completo corredor, pontilhado de alunos aqui e ali, alguns pareciam olhar em sua direção, provavelmente por ter ouvido o estrondo que o mesmo causara ao bater a porta.

Wakamatsu conseguia ver tudo aquilo, mas ao mesmo tempo não.

Uma pequena parte de seu cérebro registrava tudo graças as suas pupilas que continuavam abertas apesar da ardência irritante que começava a aparecer em seus olhos. Sua mente – por outro lado – não parecia reter nenhuma das imagens mais do que alguns minutos.

Na verdade, até andar parecia estranho naquele momento. Tudo parecia estranho, ele sentia como se algo muito pesado o empurrasse em direção ao chão, enquanto aquela mesma ardência ainda picava seus ouvidos.

Mas nada disso se comparava a dor crescente que se espalhava aos poucos pelo seu peito.

Ah, então é isso que chamam de coração partido.

Chegava a ser engraçado e incrivelmente irônico comparar esta sensação com a que sentia ontem, ambas se relacionavam a mesma coisa, mas eram tão perturbadoramente diferentes.

Tão preso em seus pensamentos, nem sequer sentiu direito quando bateu em algo menor que ele quando este cruzou sua frente. Só obteve alguma reação quando uma voz o chamou.

–Waka?

Essa que estranhamente fora a única coisa que conseguiu chamar sua atenção de forma mais concreta, em meio ao seu estado.

–Ah, Seo-senpai. – Seu cérebro registrou quando a imagem da garota se tornou clara em seus olhos. Sinceramente, de todas as pessoas possíveis, tinha que ser ela?

Ele não tinha tempo para isso.

–Waka, você tá-

–Licença. – O moreno murmurou e desviou dela, seguindo seu caminho para o corredor. Olhos avermelhados vibrantes o acompanharam até o momento que ele desapareceu atrás da parede. Seo geralmente não se importaria, ela sabia que o garoto estava deprimido. Era muito fácil saber o que ele sentia já que Wakamatsu era alguém que não segurava suas emoções, elas simplesmente fluíam para fora dele, era como se fosse um livro aberto.

Ainda assim, suas orelhas captaram algo que ela estranhou demais, preso na voz dele.

Quando a garota deu conta de si, já estava fazendo o mesmo caminho que ele.

xxx

Ela o encontrou no terraço, encostado a grade e abraçado aos seus joelhos. A loira tombou a cabeça para o lado e se aproximou do mesmo.

–Ei, Waka.

Sentiu tremer ao ouvir aquela voz de novo e agarrou o tecido do seu suéter com mais força. É claro, ele devia ter imaginado, as coisas já estavam ruins, mas sempre podiam piorar, certo? A garota de seus sonhos havia lhe dado, indiretamente, um pé na bunda, e depois a garota de seus pesadelos viera para jogar sal na sua ferida.

O Destino estava mesmo rindo da sua cara.

–Seo-senpai, agora não. Eu quero ficar sozinho.

E lá estava de novo, a mesma coisa de antes presa no seu tom de voz.

–Que aconteceu?

Como sempre, sua senpai não era a melhor das pessoas para ler uma atmosfera. Se bem que ele havia sido direto o suficiente quando dissera que queria ficar sozinho.

–Ah, espera. – Ela falou. – Já sei, tá assim por causa do treino de basquete, né?

Ele parou, seus olhos se arregalando, mas com a cabeça ainda encostada aos joelhos.

–Olha, Waka, não fica assim, não.

A garota havia errado tão feio na sua dedução, mas... Ela ia mesmo consolá-lo...?

–Digo, claro, sua técnica é horrível e tá faltando treino. Sua postura também é um horror, sinceramente, eu nem sei por que você ainda joga.

Sentiu uma veia pulsar em sua testa. Por que sua mente insistia em fazê-lo esperar por algo diferente? Ainda mais dela?!

–Na verdade, o único lado bom é porque você é alto e também-

E ele definitivamente não queria ouvir isso logo dela!

NÃO É POR CAUSA DO BASQUETE! – Berrou tão alto que sentiu suas cordas vocais arderem. Seo deu um passo para trás e o encarou, olhos levemente arregalados com o susto.

Claro, ele já havia gritado com ela, várias vezes até. Mas nenhuma, até agora, fora como essa. A voz dele estava pesada, forte e a loira só ficou mais confusa ainda quando viu os olhos turquesas faiscando enquanto encaravam os seus.

Entretanto, logo depois, as faíscas sumiram e os olhos se tornaram foscos.

–Desculpa. – Ele murmurou e abraçou seus joelhos com mais força. – Não queria gritar.

Não importava o quanto a garota o irritasse, ela não tinha culpa de nada do que estava acontecendo.

Ela o encarou com a cabeça tombada, aquilo só a deixara ainda mais curiosa para saber o que raios havia acontecido com seu kouhai. O grito nem sequer havia lhe irritado, como seria o normal de acontecer, o comportamento do garoto parecia tão estranho aos olhos da mesma que a única emoção que se fazia presente dentro de si era confusão.

Bem, essa e outra.

Ela estava, ousa-se dizer para alguém como ela, preocupada.

A loira sentou do lado dele e suspirou.

–Vamos, desembucha. E não vem com essa de que eu não quero falar, porque eu sei que você quer. – Ela falou e deu um tapa de leve no ombro do mesmo. Wakamatsu tentou retrucar, mas apenas comprimiu os lábios quando percebeu que ela estava certa.

Alguns minutos de silêncio se passaram, antes que o moreno resolvesse falar de novo.

–Eu amo...

–Hm? – Ela o olhou.

–Eu amo a Lorelei. – Completou. Os olhos da loira se arregalaram levemente ao ouvir aquela frase. Ela sabia que o seu kouhai era um grande fã de Lorelei – ou dela, no caso – mas era tanto até aquele ponto? Em meio a sua surpresa, nem percebeu suas bochechas ficando levemente quentes. – Mas eu nunca vou conseguir alcançá-la.

Mas hein?

–Eu nunca alcancei e nem nunca vou alcançar, por mais que eu tente.

Ela piscou.

Alcançar...? Mas eu tô do teu lado. Ela pensou, o encarando confusa.

–E eu sou um completo idiota! – Wakamatsu exclamou, frustrado, esticando suas pernas e olhando para baixo. – Eu ainda a amo, mas nunca vou conseguir competir com alguém como o Senpai!

Senpai? Seo pensou. Que senpai?!

–E... E eu nem posso ficar irritado por eles me enganarem por que... Porque eles nem sequer chegaram a me enganar... Eu... Eu... – Ele fungou, finalmente se rendendo a ardência em seus olhos e os sentindo ficarem molhados. – Eu gosto do senpai... S- Se eles se amam, s- se ela tá feliz com ele... Como é que eu não ia querer a felicidade dos dois?!

Wakamatsu agarrou o tecido da sua calça com força outra vez e fungou de novo, sentindo gotas grandes e quentes caindo em suas mãos. Por alguma estranha razão, ele também não parecia se importar que Seo o viesse chorando.

Enquanto isso, a garota apenas piscou.

–Pera aí – Ela o cutucou e segurou a manga de sua blusa, fazendo com que ele a olhasse. – Como assim a Lorelei e o Senpai?

–Eh? – Ele a encarou, visão borrada por causa das lágrimas.

– Waka... Quem você acha que é a Lorelei? – A loira perguntou.

O moreno bufou. Porque raios ela estava fazendo uma pergunta idiota daquelas?

– Seo-senpai, não adianta tentar falar isso! – Ele cruzou os braços e olhou para frente. – Eu vi de frente quando a Kashima-senpai tava cantando, a voz era idêntica e ela já tava guardando segredo então–

Porém, no meio de sua sentença, o garoto foi interrompido.

Por uma risada.

Uma risada muito alta. Vinda da Seo.

A loira pôs as mãos no estomago, pequenas lágrimas saindo pelos cantos de seus olhos enquanto seus pés balançavam sem parar ao ritmo da sua risada. Wakamatsu piscou e sentiu algo queimar no final de sua garganta, o choro sendo substituído por uma emoção mais explosiva.

Antes que ele pudesse gritar com ela de novo, a garota foi mais rápida.

– Você achou que era a Kashima?! Meu Deus, Waka, você pode ser um pouco menos idiota? – Ela soltou mais algumas gargalhadas antes que conseguisse falar de novo. – A Kashima não canta absolutamente nada!

O garoto comprimiu os lábios e bateu as mãos em punho no chão, como uma criança quando provam seu ponto de vista errado.

– Eu vi senpai, não mente pra mim! Como não poderia ser ela?! – Retrucou.

– Porque eu dei aula de canto pra ela. – Seo falou, apontando para si mesma com o dedão e um sorriso no rosto. – E a garota nunca vai conseguir cantar nem a música da estrelinha!

Naquele momento, Wakamatsu levantou em um pulo, encarando a garota de cima, confusão estampada em seu rosto e olhos.

ESPERA-!! – Gritou. – VOCÊ DEU AULA PARA ELA?! M- MAS VOCÊ NÃO SABE CANTAR NADA-! E COMO VOCÊ EXPLICARIA QUE ELA TAVA CANTANDO LÁ?!

Ainda em negação, pôs os braços esticados aos seus lados, ombros rígidos. Seo apenas o encarou e encostou-se a grade do terraço.

– Era a voz da Lorelei, mas só a voz. A Kashima só tava atuando enquanto eu cantava.

O moreno parou e olhou para seus pés, músculos relaxando ao ouvir a explicação da loira.

–Ah... Então... Então é iss-!

Porém, só para no minuto seguinte se enrijecerem de novo quando seu cérebro finalmente processou uma parte específica do que ela falara. Uma parte absurdamente importante e específica.

–Seo-senpai... Espera... – Ele a encarou, os olhos vermelhos já esperavam pelos seus turquesas.

– Como assim... Você cantava...?

Um sorriso se formou nos lábios rosados da mesma e ela se levantou, parada a frente do mesmo com uma mão na cintura, seus olhos vermelhos vibrantes como sempre.

–Quer que eu te mostre?

–Eh...? – Ele piscou e ela se deixou sorrir mais.

Logo depois, a garota fechou os olhos, abriu sua boca e ele ouviu.

A voz que o acompanhava todas as noites, que era seu travesseiro e seu cobertor, iluminava seus sonhos e o entregava sempre ao um sono calmo e profundo, em meio ao tom doce e angelical.

Em seus sonhos, sempre se perguntara por que sua querida Lorelei possuía cabelos loiros, um tom de loiro que lhe dera a impressão de ser familiar, mas ele nunca pensara demais a respeito disso.

Também sonhara com sua pele clara e impecável, colorida bem levemente por um tom fraco de vermelho nas maçãs de seu rosto, seus dedos longos e finos, seus cílios compridos e lindos.

Todos tão parecidos com os da garota que se encontrava a sua frente que apesar de não possuir a luz dos sonhos os iluminando, não aparentavam perder nem um pouco da beleza que ele imaginara.

Será que havia algo naquele tom de voz que seu subconsciente registrara e marcara como algo tão óbvio, mas ele fora estúpido de mais para notar?

Lorelei sempre fora inalcançável a seu ver. Poucos minutos antes de acordar, sonhara várias vezes em que esticava sua mão, mas sua imagem sumia antes que ele a tocasse. Naquele momento, no entanto, ele percebeu que ela nunca estivera além de seu alcance.

Ela estava na sua frente, todo esse tempo?

Wakamatsu arregalou seus olhos turquesas...

E caiu no chão com tudo, dormindo profundamente.

O baque fez com que Seo parasse e abrisse seus olhos, surpresa. Olhou para baixo e encontrou o moreno deitado, olhos fechados e respiração profunda.

Ela piscou algumas vezes e tombou a cabeça para o lado.

–... Interessante. – Murmurou, um sorriso pequeno e travesso tomando conta de seus lábios mais uma vez.

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O barulho de um beep quebrou o silêncio antes preenchido por rabiscos de lapiseira e batidas de pincel no tinteiro. Os dois integrantes do quarto, antes ocupados com as folhas à suas frentes, não se moveram, paralisando suas mãos no ar.

Um pingo pequeno de tinta caiu do pincel de Sakura direto no olho de Mamiko.

– Nozaki-kun... – Ela murmurou, olhos no papel. – Por que será que eu acabei de sentir que essa mensagem vai trazer uma reviravolta absurda nela?

Realmente, ele não fazia ideia; normalmente um escritor como ele teria mais conhecimento sobre o uso adequado de plot twists. Nozaki poderia até se orgulhar que teria deixado seus leitores segurando-se de desfiladeiros com alguns capítulos de seu mangá. Talvez fosse pela mensagem ser inesperada, para aumentar a surpresa?

...Bom, era provavelmente porque ele normalmente deixava seu celular no silencioso.

– Só um minuto, Sakura. – Ele pegou o celular com a rapidez de uma lebre, abrindo-o e clicando na mensagem nova. Escaneou os olhos rapidamente pelo texto e fechou-o, colocando o celular na escrivaninha novamente.

De seu lugar na mesinha do aposento, Sakura olhou com expectativa.

–... Era o meu irmão. Ele quer que eu faça omurice para ele amanhã quando ele vier. – O garoto disse enfim, pegando novamente sua lapiseira.

– Ah. – A ruiva piscou, sentindo-se levemente decepcionada. Tinha certeza que o pressentimento de minutos atrás queria dizer alguma coisa.

De repente, seu telefone começou a tocar.

– Hm? Mikorin? – Ela pegou o aparelho e o abriu, colocando-o no ouvido em seguida. – Alô-?

De uma vez só, a sensação total de que algo estava prestes a mudar os rumos da história desabou sobre o quarto quase num estrondo, ao mesmo tempo em Sakura levantou e gritou.

COMO ASSIM O HORI-SENPAI E A KASHIMA-KUN ESTÃO NAMORANDO?

Nozaki virou imediatamente para trás, olhos arregalados e lapiseira ainda nas mãos. Sakura direcionou-o brevemente um olhar nervoso antes de tentar entender o que o ruivo falava do outro lado da linha.

– S-segurando as mãos? Do lado de fora... C-comer parfáits? – Ela piscou, trazendo o celular mais para perto de si. – M-mas o Hori-senpai não gosta muito de doces- ELE QUE QUIS IR?!

Nozaki não fazia ideia do que estava acontecendo, mas tratou de anotar em sua mente que tinha de conversar com Hori sobre assuntos urgentes. Inspiração para o mangá. O mais rápido possível.

– Ah, t-tudo bem... Eu entendo, Mikorin, deve ter sido uma surpresa e tanto... Ah, sim. Aham. – Sakura assentiu para o nada, encarando a mesinha e parecendo se acalmar aos poucos. – Claro, depois nos falamos. Até.

Ela desligou e encarou o aparelho por alguns segundos. Depois, virou seu olhar atônito para Nozaki.

– Nozaki-kun...

– Hm. – Ele assentiu, tirando seu bloquinho para anotar algumas coisas. – Eu vou conversar com o Senpai. Estava pensando em explorar os sentimentos da Mamiko pelo Suzuki e talvez precise de-

Não é esse o problema! – A garota o interrompeu, mãos fechando em seu celular. - Estou feliz pelos dois – já era hora, sério –mas se o Wakamatsu descobrir isso ele vai ficar péssimo! Eu não quero me sentir culpada porque ele está lamentando pela pessoa errada!

– Tem razão.– Nozaki suspirou, colocando a lapiseira na escrivaninha. Ele levantou da cadeira, se aproximando até sentar de frente para a Sakura na mesa, não percebendo o olhar que ela o deu ou o súbito tom de vermelho em suas bochechas. – Não parece justo fazê-lo passar por um sofrimento desnecessário... Então...

A ruiva sorriu esperançosamente para ele.

– Temos que arrumar uma substituta falsa para a Kashima imediatamente! – O garoto colocou uma das mãos na mesa, prestes a levantar, mas a garota o impediu com as suas próprias mãos.

Nozaki-kun! – Ela protestou, fechando as mãos na mesinha com o rosto desapontado. – Eu entendo que você não queira que o Wakamatsu descubra pelo bem dele, mas isso não está indo longe demais?

– M-mas... Sakura... Se o Wakamatsu souber que é a Seo, ele vai... – Nozaki retornou o olhar dela, não conseguindo reprimir o rosto atônito ao pensar nas consequências.

A ruiva o fitou por alguns segundos e suspirou levemente. Ela levou uma mecha de cabelo para trás de sua orelha e direcionou seus olhos roxos a ele.

– Nozaki-kun... Por mais que eu ache a situação do Wakamatsu e da Yuzuki complicada... – Ela hesitou um pouco antes de continuar. – Eu acho que, uma hora ou outra, nós teríamos que deixar ele saber.

Não é como se ele pudesse discordar dela; ele também teria que revelar o segredo dos personagens secundários do mangá alguma hora. Mas aquilo não podia demorar mais?

– E também... Eu sei que você acha a Yuzuki insensível- Todos sempre acham, por um motivo que eu não entendo... – Sakura direcionou seus olhos ao chão, e ele poupou de direcionar um olhar exasperado para ela pois ela parecia séria demais. – Mas...

Ela suspirou, parecendo refletir sobre alguma coisa. Nozaki se perdeu um pouco observando o pequeno fiapo de cabelo ruivo que fazia uma curvinha em seu rosto, mas aí ela olhou para ele novamente e ele pareceu perceber o que estava fazendo.

– A Yuzuki se importa com ele. Pode ser do jeito dela, claro, mas você não viu como ela estava nos dias em que o Wakamatsu-kun estava ignorando ela. – Sakura comentou, voz parecendo um pouco terna. – Eu acho que ela merece saber do que está acontecendo, e que merece contar para ele também.

– Sakura... – Nozaki murmurou, a encarando.

– Ela pode ter seus pontos ruins, mas eu acho que a Yuzuki consegue levar isso a sério! – A garota fechou as mãos em punhos. – Eu só quero que esses mal entendidos acabem logo de uma vez...

O garoto continuou com seus olhos sobre ela. Ver Sakura soando frustrada e triste assim tinha o deixado com um gosto amargo na boca, assim como uma sensação pesada no estômago. Será que era o que ele tinha comido...?

De algum modo, ele sentia que não era essa a resposta.

Bom, era melhor se concentrar no problema maior por agora.

–... Tudo bem. Talvez seja melhor deixar ele saber. – O garoto disse por fim, e o peso em seu estômago deu lugar a um sentimento familiar ao bater de asinhas de borboleta com o brilho que surgiu de repente nos olhos dela.

– S-sério, Nozaki-kun?

– Sim. Mas temos que ir aos poucos. – O garoto suspirou. – Se Wakamatsu souber da verdade de uma vez, talvez seja demais para ele.

Dessa vez, o beep que assinalava a chegada de uma nova era realmente veio na hora certa.

– Ah, é a Yuzu-

Sakura parou no meio de sua frase, rosto paralisado na expressão de leve surpresa que tinha antes. Nozaki a encarou, piscando.

Ela, por fim, abaixou o telefone para a mesa, não se dando ao trabalho de fechá-lo.

–... A Yuzuki está com o Wakamatsu-kun na enfermaria. Ele desmaiou depois que ela contou para ele que é a Lorelei e começou a cantar. – A garota o informou, não tirando os olhos da mesa.

– Ah.

– Ela desenhou no rosto dele dormindo. Me mandou uma foto até.

Silêncio.

– B-bom... Pelo menos acho que agora não temos mais com o que nos preocupar, não é...? – A garota comentou, rindo levemente.

Sem dizer mais nenhuma palavra, Nozaki desabou na mesa. Era o fim; aquilo ia destroçar a relação dos seus personagens secundários, Wakamatsu iria ter uma crise de existência e era provavelmente tudo culpa dele.

Realmente, ele merecia o tal prêmio de pior amigo do ano.

– N-nozaki-kun! Não fica assim! – A voz de Sakura o chamou de volta a terra, e ele tirou os olhos da mesa para olhar desamparado para ela.

Ela tinha um olhar preocupado no rosto, este inclinado para frente em sua direção. O leve tom de vermelho ainda estava em suas bochechas, e daquela distância ele pôde notar que havia mais de um tom de roxo nos olhos dela. Hm.

– Vai dar tudo certo, ok? Essa não é a primeira vez que você enfrenta problemas com o mangá, não é? Você vai ver, daqui a pouco tudo vai voltar ao normal- Uh, quer dizer, o Hori-senpai saindo com a Kashima-kun e o Wakamatsu-kun sabendo da Yuzuki ser a Lorelei não é exatamente normal, mas-! – Sakura começou a se enrolar nas palavras, balançando as mãos para os lados.

Ele continuou a encarando, uma expressão indecifrável no rosto. A garota retornou seu olhar, suspirou, e abriu um sorriso. Estendendo uma de suas mãos e aproveitando a oportunidade única, ela acariciou de leve sua cabeça.

– Confie em mim, Nozaki-kun. Vamos conseguir consertar isso.

Não foi uma transição extrema acompanhada de alvoroços e pulos de surpresa. A luz só alcançou os olhos dela e iluminou seu rosto e, de repente, ele soube.

Pétalas de cerejeira voando com a brisa, o som de um riso. O céu multicolorido do festival fazendo um caleidoscópio de cores em seu rosto. O sorriso dela, a centímetros de distância, sereno.

Nozaki olhou para baixo, para as páginas de seu mangá esquecidas na mesinha, não vendo quando Sakura retirou sua mão e começou a falar novamente sobre Seo. Uma das páginas se sobrepunha às outras, uma das poucas que ele fizera pela visão de Suzuki.

Ele encarava Mamiko, ao fundo, enquanto ela sorria. Pequenos brilhos adornavam o rosto dela e Mikorin havia desenhado crisântemos ao seu entorno. Ele ainda se lembrava do ruivo falando para ele depois, voz orgulhosa como sempre de seu trabalho bem feito.

Está vendo, Nozaki? São crisântemos vermelhos! Do jeito que Suzuki estava olhando para ela, eu achei que seria perfeito! Eles querem dizer...

Nozaki manteve seus braços apoiando sua cabeça, olhos fixos no papel. Se Sakura ouviu o que ele disse em seguida, provavelmente pensou que estivesse se referindo a Yuzuki ou ao seu próprio mangá.

Mal sabia ela que aquilo estava longe de ser verdade.

– Então é amor, afinal.


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Notas finais do capítulo

*LEVANTANDO BANDEIRAS, SERPENTINA E COM UM MEGAFONE* HORIKASHI É CANOOOOOOOOOON!!!!!!!!!! ....Na fic, sim, mas deixa eu ficar feliz que finalmente escrevi isso poxa lksfjdlkdfjlkgj (;v;) Além disso, acho válido chamarmos um coro de aleluia aqui pro Nozaki e pro Wakamatsu. DEPOIS DE ANOS E MAIS ANOS, FINALMENTE NÉ!!!

/leva tiros/ Enfim, eu espero que vocês tenham gostado do capítulo! Eu fui meio má de parar numa parte como essa, i know, mas eu e Mii ainda estamos de férias, então provavelmente terminaremos o próximo capítulo até semana que vem....? bom, não sei, só o destino nos dirá. =w=

Feliz dia de São Valentim, gente. Eu sei que não comemoramos e tal, mas aproveitem o dia aí, seus lindos



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