Sete escrita por Ghost


Capítulo 1
Seven days has a week, its friday and I'm in love.


Notas iniciais do capítulo

Um pequeno presente de aniversário.



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Sete

Sete anos. Haviam sete anos que estavam juntos. O primeiro passo foi dado pelo moreno que, se inspirando na origem do relacionamento de seus pais, esperou pelo dia 12 de junho para confessar.

O costume japonês era de dar chocolates simples aos amigos no dia dos namorados e, aos pretendente, algo mais elaborado junto de sua confissão. Foi isso que fez há sete anos: preparou saquinhos com bombons sortidos para os amigos e foi entregando ao longo do dia. O loiro, que por ser seu melhor amigo, vivia ao seu lado; nesse dia não foi diferente. Sasuke ainda se lembra de como os olhos azuis ficaram marejados ao fim do período escolar ao constatar que não recebera um bombom sequer vindo das mãos do moreno.

- Sasuke-kun... – disse com os olhos azuis marejados – e eu? Você deu doces para todos, menos para mim! Eu não mereço ganhar nada, é isso?

Naruto, além de ser extremamente sentimental, sabia ser muito persuasivo quando desejava. Sasuke, já sabendo de antemão da reação do louro, se deliciou ao ver o quanto suas atitudes afetavam o menor. Principalmente quando estavam relacionadas à comida.

- Sossega usurutonkachi! – o moreno respondeu com um brilho de divertimento no olhar – o seu está na minha casa. Ainda não te entreguei para não passar vergonha, afinal você parece uma criança de três anos quando come – finalizou saindo em disparada, deixando um Naruto raivoso para trás.

- Você vai ver quando chegar em casa, seu teme! – gritou para o outro enquanto começava uma perseguição.

Sasuke gargalhava enquanto corria, o que reduzia o seu fôlego consideravelmente. Mesmo assim este levava vantagem, já que tanto a sua casa quanto a do louro eram duas ruas acima da escola. Chegando no jardim de sua casa, Naruto o alcançou e, como uma pequena vingança, pulou nas costas do moreno, derrubando-o na grama.

- Isso é pelo insulto, – deu um tapa na nuca do moreno – isso é pelo meu chocolate – outro tapa foi desferido contra o pobre moreno – e isso é por eu ser uma criança de três anos – um último tabefe foi dado de forma estalada.

Naruto saiu de cima do outro e foi correndo para dentro da casa do mesmo. Eles eram amigos de longa data, já que seus pais eram amigos antes mesmo deles nascerem. Por isso, um tinha total liberdade na casa do outro.

- Tia, seu sobrinho favorito chegou! – era assim que Naruto Tratava a mãe de Sasuke.

- Olá meu querido – dona Mikoto veio cumprimenta-lo, dando um abraço apertado e um beijo em sua testa – veio passar a tarde aqui?

O moreno entrou na casa logo após se recuperar da queda e dos tapas. Não sabia que Naruto estava tão pesado ultimamente. Não que isso necessariamente queira dizer que ele está gordo. Muito pelo contrário: estava tão magro quanto antes, talvez um pouco mais forte pela prática de esportes que a escola os obrigava a realizar, somente isso.

Sasuke viu sua mãe com o garoto nos braços e não impediu o sorriso que veio aos lábios, recostando-se no batente da porta da cozinha. A mulher viu a expressão do filho e somente deu uma piscadela para ele: ela era cumplice do plano do filho e sabia exatamente o que o garoto sentia pelo seu melhor amigo. Ela chamou o filho para mais perto com um gesto rápido feito pela sua mão.

- Vou preparar o almoço para vocês – ela disse docilmente, enquanto soltava o louro de seu abraço – leva o Naruto para o seu quarto enquanto isso, Sasuke.

- Agora não mãe – Sasuke respondeu enquanto corava levemente – prenda essa fera aqui na cozinha enquanto eu pego o chocolate dele, ok?

- Sim senhor – bateu continência enquanto guiava o loiro para a mesa, fazendo esse se sentar.

Suas mãos suavam. Estava a um passo de desfazer essa amizade de quinze anos, seja para o bem ou para o mal. Correu para o seu guarda roupa onde a caixa estava guardada. Pegou-a com as mãos tremulas e, decidindo de uma vez, trouxe consigo a larga fita negra que repousava ao lado da embalagem de doces. Correndo escada abaixo e quase tropeçando em suas pernas que estavam extremamente moles, ele trouxe o presente. Se recostando na parede ao lado da cozinha, fechou os olhos e tentou relaxar. Ouvindo a voz de sua ao contar casos de sua juventude no Japão, o moreno se acalmou o suficiente para continuar com o plano.

- Mãe, posso roubar esse loiro um pouquinho? — Sasuke perguntou.

- Ele é todo seu, bebê - Mikoto respondeu com um tom de voz extremamente doce, sorrindo ao ver a careta que seu filho fez ao ouvir o apelido.

- Vamos para a sala dobe, antes que minha mãe queira me dar mamadeira.

Mikoto mostrou a língua para o filho antes do mesmo se virar, indo para a sala com um loiro confuso e um tanto tapado (tinha que admitir isso) andando na frente. Já estando na sala, o moreno fez Naruto se sentar no sofá.

- E cadê o meu doce teme?

- Por que tanta sede de ir ao pote dobe? Preciso que você feche os olhos antes, afinal não consegui fazer uma embalagem decente para guardar o seu chocolate – o que era uma senhora mentira, já que a embalagem usada tinha custado três vezes o normal por ter sido arranjada na véspera – feche os olhos, vou ter que fazer algo para compensar a embalagem.

Naruto assim o fez.

- Isso mesmo, dobe, continue assim – Sasuke disse enquanto deixava a embalagem ao seu lado enquanto se ajoelhava. Pegou a fita negra e amarrou sobre os olhos do louro, o impedindo de enxergar mesmo se quisesse.

- O que é isso teme? Tá querendo brincar de cabra cega nessa idade? Que vergonha! – Naruto respondeu rindo, finalizando com uma gargalhada típica dele. Sasuke simplesmente rolou os olhos, pensando se valeria a pena fazer o que iria fazer com um tapado como ele.

- Mãe? – o moreno gritou para a cozinha, vendo ela aparecer na porta da sala logo em seguida. Ao ver o que seu filho fez com o amigo, não pode segurar o sorriso que subiu aos lábios. Sorriso esse que fez seu filho corar até as orelhas

-O que precisa – ela perguntou com o sorriso ainda no rosto – seu safado! – completou sem emitir som algum, deixando o filho ler os seus lábios.

- Pega o meu par de hashis dentro do armário? – ele pediu olhando para mãe, quase gritando pelo olhar para ela ir logo.

- Hai hai! – ela girou nos calcanhares fazendo seu cabelo rodopiar junto com seu vestido, voltando em poucos segundos com uma caixa comprida em mãos.

- Aqui, faça bom proveito – ela entregou nas mãos do moreno que continuava ajoelhado em frente ao dobe – qualquer coisa estarei lá fora, ouviram meninos? – nem ouviu a resposta dos garotos antes de fechar a porta da cozinha, que dava acesso ao quintal.

- Vamos lá, com qual eu começo? – murmurou para si mesmo enquanto pinçava o ar com o par de hashis já em mãos – esse aqui – pegou um que era coberto com chocolate. Simples mas delicioso – abra a boca.

Naruto obedeceu rapidamente abrindo a boca para permitir a passagem do bombom. Depois de come-lo, comentou:

- Esse era de coco, não?

- Sim. Gostou?

- Com certeza.

O moreno voltou-se para caixa, escolhendo outro. Pegou um coberto de chocolate amargo com um ziguezague em chocolate branco.

- Abra a boca.

Naruto assim o fez.

- Esse eu não conheço, do que é? Perguntou enquanto mastigava o doce.

- Passas ao rum. Chique né?

Naruto não respondeu, pois ainda estava saboreando o bombom.

- Mais um – e colocou na boca outro, dessa vez em formato de flor.

Naruto mordeu, sentindo o recheio escorrer por toda a sua boca, fazendo-o salivar.

- Maracujá! – exclamou – eu amo maracujá!

- Eu já sei disso dobe.

Revirando os olhos, pegou um último. Esse seria o mais diferente da caixa, mas tinha certeza que o loiro iria gostar. Colocou o doce sobre a língua do outro sem dizer nenhuma palavra, enquanto se concentrava no que iria fazer. Dar um beijo nunca foi tão complicado.

- Arde, mas é muito bom. Isso é pimenta?

-Sim... Chocolate com pimenta.

-Isso é a sua cara teme!

Curvou os lábios em um sorriso. Sasuke aproveitou a oportunidade e juntou os lábios em um leve roçar. Sentia suas bochechas esquentarem. Tomando um pouco de coragem subiu o corpo, colocando uma mão do lado do corpo do louro enquanto a outra puxava a venda. Naruto aumentou o sorriso quando sentiu Sasuke tirar a venda. Sentia a insegurança que emanava do moreno. Revirando os olhos azuis, puxou os quadris do moreno. Este caiu no colo de Naruto com as pernas prendendo o menor.

Sasuke abriu a boca minimamente com o susto que tomara. Naruto aproveitou a deixa e começou a invadir os lábios do moreno, tentando faze-lo responder aos seus movimentos. Depois de alguns segundos atônito Sasuke finalmente respondeu, dando início a um beijo seguro e sem remorso. O intuito era descobrir um ao outro, por isso fora um beijo tão equilibrado, sem o domínio de nenhuma das partes. Ficaram naquele ósculo até o ar se tornar ausente.

Se separaram com leves selinhos entre lábios sorridentes, encostando as testas ao final, somente curtindo a letargia que o momento proporcionara.

Sete anos após esse fatídico dia o casal se encontrava no sofá da sala do apartamento que compraram recentemente. Naruto estava com sua usual regata branca e um bermuda marrom-claro, enquanto Sasuke usava camiseta e bermuda azul-marinho, afinal esse feriado era quente.

O moreno descansava a cabeça nas pernas do namorado, encolhido no sofá como um gato gigante. Já o loiro estava sentado com um sorriso bobo enquanto assistia a um filme qualquer na TV e acariciava docemente a cabeça que encontrava em seu colo. De repente, se lembrando de uma música que poderia representar exatamente esses sete anos de união, começou a murmurar

“I don’t care if Monday’s blue, Tuesday’s gray and Wednesday too. Thursday I don’t care about you, it’s friday, I’m in love...”

Sasuke sorri docemente ao ouvir a voz de seu amado enquanto recebe afagos nos cabelos. Junta-se a primeira voz, cantando em coro.

“Monday you can fall apart, Tuesday, Wednesday break my heart. Thursday doesn't even start. it's Friday I'm in love”

Ainda no sofá, Sasuke pega o controle e desligas a TV. Os dois continuam.

“Saturday wait and Sunday always comes too late, but Friday never hesitate”

Sasuke se levanta e sobe sobre o loiro, com uma perna de cada lado do corpo do menor. Enquanto continuavam cantando, juntou suas mãos, entrelaçando dedos brancos em outros mais amorenados. Deitou a cabeça no ombro do menor, prosseguindo com a música.

“I don't care if Monday's black. Tuesday, Wednesday heart attack. Thursday never looking back, it's Friday I'm in love”

“Monday you can hold your head, Tuesday, Wednesday stay in bed. Oh Thursday watch the walls instead, it's Friday I'm in love”

Dando leves selos no namorado, o moreno puxou o outro para cima, levando-o para o centro da sala.

“Saturday wait and Sunday always comes too late, but Friday never hesitate”

Enlaçando o menor pela cintura, Sasuke deitou a cabeça no ombro dele e começou a bailar no centro da sala com Naruto. Ainda na perfeita sincronia que os anos de convivência lhe proporcionaram, continuaram a soltarem as palavras docemente.

“Dressed up to the eyes, It's a wonderful surprise. To see your shoes and your spirits rise. Throwing out your frown, and just smiling at the sound and as sleek as a shriek. Spinning round and round. Always take a big bite, it's such a gorgeous sight, to see you eat in the middle of the night. You can never get enough, enough of this stuff. It's Friday I'm in love”

Sasuke levantara a cabeça para se perder nos olhos azuis de Naruto. Sem desviar o olhar durante um único segundo, continuou a bailar e a cantar até o final da música.

“I don't care if Monday's blue, Tuesday's gray and Wednesday too. Thursday I don't care about you, it's Friday I'm in love”

“Mondays you can fall apart, Tuesday Wednesday break my heart. Thusrday doesn't even start. It's Friday I'm in love”

Ao terminarem de cantar, eles se abraçaram mais forte, apoiando a cabeça no ombro do outro e sentido o ar agradável que pairava no ar depois desse singelo momento dos dois.

É muito interessante como essa música pode retratar os sete anos de união dos dois. Eles já passaram por segundas em que caíram aos pedaços, terças que quebraram seus corações, quartas que passaram em suas camas, quintas em que se diziam não dar a mínima para o outro, sábados que foram muito esperados, domingos que chegaram tarde. Mas absolutamente nenhum desses outros seis dias importavam, afinal era sexta-feira e eles não hesitariam, era sexta-feira e eles estavam apaixonados.


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Notas finais do capítulo

Perdoem-me pelos eventuais erros, não tenho um beta. Se chegou até aqui, espero que a história tenha lhe aflorado algum sentimento. Se puder, conte-me que sentimente meu texto lhe trouxe. Comentários são sempre bons para o autor saber o que as histórias causam nos leitores.
Até a próxima!