Fiquei pensando naquelas palavras um pouco pesadas da Francesca. Eu estava machucando minha pequena? Eu não sabia disso. Para mim a Violetta estava com as lideres de torcida por pura e boa vontade, não para ficar perto de mim. Eu não sabia que ela sentia todas essas coisas com as minhas ações. Eu agi como um babaca com a minha namorada.

Eu até falaria com ela hoje, mas ela não vai querer me ouvir, não hoje. Por mais que ela amadureça, fique mais forte e decidida, ela sempre vai ser a minha garota sensível e frágil quando se trata de amor. E eu tenho muito medo de machucá-la.

Fui para o meu dormitório, e como previsto Lucas não estava lá. Coloquei meu violão dentro do meu guarda-roupa e me joguei na cama, começando a refletir em como eu falei com ela, nas palavras que eu usei, e no jeito que a tratei.

E quando menos dei conta... Dormi.

Por Francesca *

Acordei no outro dia, e olhei para o chão, encontrando Marco dormindo em um colchão inflável, sorri ao vê-lo ali. Hoje era sábado, e ele deveria estar muito cansado, aquele colégio exige muito dele, coitadinho.

Violetta estava dormindo ainda. O que eu achei estranho, pois já passavam das dez horas, e hoje ela tinha aulas de ballet. Levantei-me calçando minhas pantufas e fui até a cama dela, sentando ao seu lado.

_Violetta – a chamei chacoalhando seu corpo.

_Que foi Fran? – ela disse com a cabeça virada para o outro lado, resmungando baixinho.

_Você não vai dançar hoje?

_Não. Estou com dor de cabeça. – reclamou puxando o cobertor para cima, cobrindo-se e virando para mim. – Não estou me sentindo bem.

_Quer alguma coisa?

_Quero ficar sozinha amiga, por favor. – ela disse com os olhos fechados.

Assenti e saí da cama dela me direcionando ao Marco. Assim que o acordei (o que foi difícil) fomos tomar café da manhã juntos. Enquanto meus pensamentos estavam direcionados para Violetta, não gostava de vê-la daquele jeito.

Por León *

Eu estava no auditório, vendo a Fernanda ensaiando, esperando pela Violetta... Já se passava das onze e nada dela chegar. Priscila estava a treinamento. Eu já estava ficando preocupado, ela nunca faltava a nenhuma aula.

Ela não atendia minhas ligações, ela poderia estar dormindo, ou apenas me ignorando, ou então está mesmo mal. Ela sabia me encher de preocupações quando eu menos precisava delas.

_Alô. Francesca – liguei para a Fran, ela saberia o que estaria acontecendo.

_Oi León, o que quer? – perguntou animadamente, aposto que deve estar com o Marco, para estar desse jeito.

_Saber se a Violetta está bem. E porque que ela não veio à aula.

_Bom, bem, bem ela não está. - disse e eu passei a mão em meu cabelo me preocupando ainda mais. – Ela está na cama, não quer comer e nem levantar de lá, disse que está com dor de cabeça e mal-estar.

_Você acha que é por minha culpa?

_Com certeza – respondeu imediatamente. – Preciso desligar, estou cozinhando. Beijos, até mais. – desligou antes mesmo de eu dizer algo.

Por Violetta *

Eu devo ter agido muito mal, é culpa minha se o León não conseguir ser um musicista bom e talentoso, apesar de já ser. Eu estava com a consciência pesada, não devia ter insistido para ele ir ao jogo, ele tinha coisa mais importante para fazer. Acho que o atrapalhei.

Levantei-me da cama já era bem tarde, tanto que nem vi a Francesca e o Marco no dormitório, devem ter saído para namorar. Aliás, é o que esses dois mais fazem quando estão juntos.

Tomei um banho rápido, vou correr em volta da universidade. Preciso me exercitar, não posso ficar parada se não eu perco o condicionamento físico.

***

Passei em frente à academia e como de costume vi de longe os garotos se exercitando como sempre. Ben corria loucamente na esteira, eu ri. Avistei Erick e León conversando enquanto Kate estava lá, fazendo não sei o que.

_Violetta – León me chamou e eu acelerei o passo. – Violetta! – gritou e não tinha como passar despercebida.

Olhei para trás, o vendo correr rapidamente até a minha direção. Abri minha garrafinha de água e tomei um pouco, estava meio cansada.

_Preciso falar com você.

_León estou caminhando. Não posso. – falei arrumando o meu cabelo.

_Por que não foi à aula hoje? – ignorou o fato de eu estar caminhando.

_Não me sentia muito bem – respondi desviando meu olhar do dele.

_Foi por minha causa, não foi?

_Não León, não se preocupe que não foi por sua causa. – falei um pouco grosseira, concordo. – Eu estava pensando, e eu devo ser uma péssima namorada, já que não vejo “o que é melhor para você”. – falei. – Eu estou mal por mim, àquelas palavras que você disse só me afetou.

_Eu não queria, eu... – o interrompi.

_Você sabe que eu te amo, e que tudo que eu faço é pensando em você. – falei. – Não entendo o porquê de você ter me dito aquelas coisas horríveis, se eu só queria o seu bem.

_Violetta, eu estava nervoso, falei sem pensar. – ele disse.

_Tá, não precisa me dar explicações. – eu disse olhando nos olhos dele. – Agora se me der licença, eu vou voltar a correr.

Dei-lhe as costas, e acelerei o passo da minha caminhada que agora mais se assemelhava a uma corrida. Não escutei León me chamar, e ele também não me impedir de nenhuma maneira física.

Por Fred *

Saí da academia depois de uma série de exercícios. Encontrei o meu “parceiro”, León sentado em um banco qualquer da universidade, “tentando” tocar violão. Eu digo tentando, porque ele já estava irritado por não acertar nenhuma nota, dava para perceber pela sua expressão. Acho que alguém discutiu com a namorada.

Passei reto, não lhe dando atenção. Eu tinha que ir até a biblioteca, para fazer um trabalho de artes que aquela professora medíocre pediu para eu fazer, caso contrário cairia na recuperação, e eu não poderia correr o risco, já que para estar no time de basquete, eu deveria estar excelente.

Encontrei Violetta passando em frente da enfermaria, e sua cara não estava muito boa. É... Agora eu tenho certeza que aqueles dois brigaram.

_E aí Vilu? – falei pegando em sua mão, causando certo susto na mesma, pois ela não tinha me visto, e andava com a cabeça abaixada.

_Oi Fred – ela sorriu de lado, e o sorriso daquela garota é completamente apaixonante, não é preciso muita coisa para querer a Violetta, ou para se apaixonar por ela. Violetta é linda.

_Que carinha é esta princesa? – perguntei vendo uma tristeza perceptível em seus olhos.

_Nada de mais. – respondeu. – Já acabou o treino? – perguntou.

_Sim – respondi não conseguindo desviar minha atenção daqueles perfeitos olhos castanhos que hipnotizam qualquer um. – Vou até a biblioteca fazer um trabalho. – falei e logo que pensei perguntei. – Quer vir comigo? Aí aproveito e tiro essa sua cara de que parece que morreu alguém. – ela riu.

_Acho que pode ser. – disse e começamos a caminhar em direção a biblioteca.

A verdade é que eu era completamente apaixonada pela Violetta, e por mais que ela me estressasse por me chamar de idiota inúmeras vezes, ou de não gostar quando eu provocava o namoradinho dela, ela é simplesmente minha perdição.

Eu a conheci no segundo dia de aula, ela sem querer abriu meu armário, e eu fiquei furioso, mas quando a vi, simplesmente o mundo parou, e desde então não consigo parar de pensar nela.

_Chegamos – ela disse abrindo a porta da biblioteca e assim entramos.

Matilde estava lendo um livro de biologia, e assim que nos viu virou os olhos suspirando. Eu e Violetta fomos ao terceiro corredor, no local de artes, para ver se achávamos o livro que eu necessitava.

_Não alcanço. – ela disse na ponta dos pés, esticando o braço, mas mesmo assim, faltava muito para ela conseguir pegar.

_Você é muito baixinha. – brinquei rindo. – Tem que crescer mais Vilu. – falei pegando o livro sem precisar levantar nenhum milímetro de meus pés.

_Você que é gigante. – ela disse. – Jogadores de basquete são imensos, então nem venha falar do meu tamanho que eu sou normal.

_Claro – falei rindo.

Sentamos à mesa e eu abri aquele largo livro que falavam de coisas que eu odiava como a música envolvida na inspiração da maioria das artes. Eu gostava de música, mas não gostava de estudar sobre ela, fala sério, ela não vai me dar nada em troca.

_Você está entendendo alguma coisa? – Vilu perguntou risonha e eu neguei juntamente a um suspiro. – O que não entende?

_Tudo. – falei e ela riu.

_Não é tão difícil, é só... Música. – falou meiga fazendo o meu coração bater mais forte.

Nunca ficamos um tempo assim... Tão próximos. Eu gostava, gostava muito na verdade. Ela era demais, demais em todos os sentidos, aquele perfume tão doce me deixava perdido no tempo, e já perdi as contas de quantas vezes isso acontece.

_Olha, vou te ajudar, não quero que você se prejudique no time. – ela disse puxando sua cadeira para mais perto de mim.

Começou a me explicar vagarosamente e às vezes eu me perdia quando aquela pele macia de sua mão encostava a minha. Ela não percebia, mas tinha grande poder sobre mim.

Por Violetta *

Olhei em meu relógio, e estava no fim da tarde, assustei-me. Até que tinha sido bom ficar esse tempo com Fred, ele não é tão idiota como eu pensava, ele se esforça, a vida dele é o basquete, e eu acho isso muito bonito.

_Fred – falei me levantando. – Já está tarde, preciso ir.

_Eu te acompanho. – ele disse prontamente. Eu sorri.

_Vou adorar. – falei e ele retribuiu meu sorriso, guardando o livro de volta na prateleira.

Saímos da biblioteca e fomos andando vagarosamente até o meu dormitório. Fred era engraçado, e ficava fazendo brincadeiras bestas sobre mim, mas no momento estava me fazendo rir loucamente.

Ele me elogiou algumas vezes, me deixando sem graça, nunca tivemos a chance de conversar assim, sem nenhuma interrupção, sem Kate, ou até mesmo sem León, e isso estava sendo ótimo... Quase perfeito.

_Obrigada pela tarde – falei lhe dando um beijo na bochecha.

_Obrigada você por ter me ajudado. – ele disse segurando a minha mão. – Gostei muito.

_Eu também gostei muito. – tentei dar o meu melhor sorriso, já que estava muito agradecida por ele ter tentado me alegrar.

_Tenha uma boa noite. – disse beijando minha bochecha. – Aproveite esse sono para crescer, baixinha. Você sabe que dormir desenvolve bastante. – ele disse e depois riu.

_E você gigante, tente passar pela porta do dormitório sem dobrar os joelhos. – falei e automaticamente gargalhamos.

Fred sumiu de minhas vistas e eu me virei para entrar no prédio do meu dormitório. Mas assim que me virei para trás, dei de cara com uma pessoa muito inesperada. León. Ele estava sério, com os braços cruzados.

_O que você está fazendo aqui? – perguntei fechando a cara, o dia estava ótimo antes de ele aparecer.

_Vim conversar com você, mas acho que você estava bem acompanhada durante essa tarde. – ele disse se aproximando de mim.

_Sim, estava. – concordei com suas palavras e vi suas expressões de irritação se manifestar...

...