Por León *

Minha vida aqui é boa, tirando o fato que eu moro um pouco longe do Music School. Na verdade os dormitórios oferecidos por ela, não são dentro do colégio, e sim fora, não me perguntem o porquê, que eu não faço à mínima ideia.

Continuo no caminho dos meus sonhos. E acredite se quiser, não é nada fácil ser músico e ainda ter todas as responsabilidades que eu estou tendo. Eu divido meu apartamento com o Lucas, um garoto muito sem noção, mas da pra sobreviver.

Violetta... Violetta...

Digamos que a minha namorada e eu temos uns problemas. Um deles é que ela está sendo reconhecida demais pelos caras daquele colégio, e isso me mata. De dez coisas que os garotos daqueles corredores falam, nove são sobre a Violetta e de como ele é “gostosa”.

Eu, León Vargas, fico irado, quando surgem comentários do tipo. E ela sempre diz que é normal, e que com certeza não é, não pra mim. Violetta faz balé, como todos sabem, mas se destaca por ser maravilhosa, além de muito talentosa. O que me deixa orgulhoso, até demais.

Eu estava em meu apartamento, ou dormitório, sozinho. Lucas havia saído com uma garota ontem, e não voltou. Estava tentando procurar meu violão, o que não é fácil de perder devido ao tamanho do instrumento.

Lembrei-me que Lucas sempre o pegava e deixava no lugar mais previsível. Por que não procurei lá antes? Em cima do guarda roupa. Por quê? Porque ele dizia que era irritante me ver tocando horas seguidas sem ao menos uma pausa.

Assim que peguei o violão, ouvi batidas desesperadas na porta. Devi ser Lucas, fugindo das mulheres que ele conquistava e depois deixava para trás. Sempre acontecia isso quando ele não passava a noite no dormitório.

Fui a passos demasiados lentos, e girei a maçaneta, ficando atrás da porta, porque normalmente ele passava como um furacão. Só que ele não passou, achei estranho e fui ver o que tinha acontecido.

Dei de cara com a imagem de Violetta, acho que ela não sabe o efeito que me causa quando está com aquele pijama, que na verdade era uma camiseta regata branca e short rosa claro, que em minha opinião era extremamente curto para ela ter atravessado o caminho do seu dormitório até o meu. Ela estava com um sorriso travesso nos lábios.

_Vi... – antes de completar a frase ela pulou em meu pescoço. – O que aconteceu? – perguntei quase caindo devido aquele ataque, chamado de abraço que ela estava me dando.

_Amor – disse se afastando e me olhando nos olhos. – Feliz... – me deu um selinho. – Aniversário! – falou colocando as mãos em meus ombros e me olhando com certa alegria.

_O que?! – perguntei apoiando minhas mãos em sua cintura e ela riu contagiante.

_Eu sabia que você iria esquecer. – disse. – Ainda bem que eu estou aqui para te lembrar. – disse ainda com um sorriso maravilhoso nos lábios. – Espero que não tenha esquecido quantos anos está fazendo também.

_Dezoito?

_Acertou! – falou como se estivesse falando com uma criança. – Acho que você tem que tirar um tempo pra ver o calendário amor. Do jeito que você anda, vai acabar esquecendo-se dos dias que você tem pra ficar com sua namorada aqui. – disse fazendo uma cara tristonha, na qual não me convenceu nem um pouco.

_E eu algum dia esqueci-me de você? – perguntei vendo ela se segurar para não sorrir.

_Não – falou me dando um beijo na bochecha. – Mas acho melhor você ficar menos atolado no colégio e dar mais atenção as datas comemorativas, e principalmente a sua namorada e amigos.

_Creio que os garotos daqueles corredores também te dão muita atenção, né? – perguntei, confesso que um pouco provocativo.

_Você está enciumado, por uma coisa que não acontece só comigo. – falou cruzando os braços, fazendo uma cara bravinha. – Você tem milhares de fãs, entre elas as piriguetes das líderes de torcidas.

Muitas pessoas se perguntam o porquê de eu ter dezoito anos e ainda está em um colégio, a verdade é que eu estou no terceiro ano, e a Violetta também, eu sou nove meses, mais velho do que ela, mas ela só fará dezoito anos, ano que vem. Eu atrasei na escola, não porque repeti, e sim porque eu nasci depois da metade de julho, e não pude ficar uma série à frente por causa da lei que existia na época.

E bom, aquela era uma escola de artes, ou seja, te preparava para um futuro brilhante na maior universidade artística que existe nos Estados Unidos, e é por isso que eu estou tão atolado no colégio, preciso passar, e ter as notas intactas, eu quero um futuro na música, e também foi isso que prometi ao meu pai.

_Amor, você também trabalha com elas – falei rindo.

Violetta estava se qualificando nas atividades de balé, mas também trabalhava com as líderes de torcida, por pura e boa vontade, ninguém a obrigou a fazer nada. Violetta era uma espécie de técnica, além de também dançar com as garotas, quando tinha jogo de basquete no colégio.

E eu, além de tentar algo na música, também estava nas atividades extracurriculares. Era parte do colégio, eu tinha que me inscrever em algo, e nada melhor que basquete, já que não sou muito a favor de vôlei, futebol americano e handball. E é por isso que eu estou totalmente atolado.

Eu não era o líder, era apenas um jogador, que sempre estava em quadra, nunca fui para o banco de reserva, mas tinha alguém que era melhor do que eu, não muito, mas tinha o Fred, ele era um pouco mais alto do que eu. E isso era o que lhe fazia ser o líder.

_Vai jogar semana que vem? – Violetta perguntou desviando totalmente o assunto e se apoiando na escrivaninha.

_Tem jogo semana que vem?! – perguntei surpreso.

Violetta virou os olhos e foi até o calendário que estava sob a cabeceira de minha cama. Passando algumas folhas, já que o mesmo se encontrava em janeiro. Ela se sentou em minha cama e me chamou para que eu fosse. Sentei-me ao lado dela.

_Está vendo? – perguntou apontando para o dia que estava circulado em rosa. – Foi até eu quem marcou, para você não se esquecer.

_Eu sei que foi você, eu nunca marcaria minhas coisas com caneta rosa. – falei e ela riu lindamente. – E pior... – falei suspirando. – Neste mesmo dia tenho uma apresentação, o professor Jason quer me testar. – falei.

_Não. – disse segurando a minha mão. – O jogo é muito importante León, se você não for, vai perder a oportunidade de virar capitão do time. – ela disse dengosa.

_Violetta... Entenda, a música é mais importante do que qualquer jogo de basquete. – falei firme e ela suspirou.

_O jogo é de tarde. – disse. – Sua apresentação é...?

_No fim da tarde. – falei. – Não irá dar tempo de ir, se eu jogar.

_Faz um esforçinho amor. – Violetta manhosa acaba comigo. – Tipo, faz por mim, eu vou estar lá, toda produzida, e você não vai nem me ver com aquele uniforme que me deixa tão linda. – disse massageando meus cabelos, o que me fez fechar os olhos.

_Te ver naquele uniforme me faz perder a concentração. – disse quase que num murmúrio, mas ela entendeu, pois riu de mim.

_Se você não for eu terei que entrar com o Fred. – falou com certo desgosto e eu arregalei os olhos que estavam fechados. – Não será muito agradável.

_Como assim?!

_É... Você sabe... Ele é o capitão e eu sou a líder... Então...

_Então nada. – a cortei e a mesma sorriu. – Você não vai desfilar ao lado daquele babaca. – falei irritado. Eu sei que não tinha motivos de eu estar agindo assim, mas a Violetta provoca. E ela usa isso contra mim. E eu sei muito bem que o Fred adora aproveitar quando eu não estou perto da minha namorada.

_Então...?

_Tá bom, tá bom. – falei suspirando. – Você me convenceu. Eu vou jogar semana que vem. – Ela sorriu por ter vencido e abraçou-me apertadamente vindo parar em meu colo.

_Eu te amo sabia? – disse dando-me um beijo de esquimó.

_Eu sei. Também te amo. – falei pondo minhas mãos em sua cintura.

_Queria te pedir uma coisinha de nada. – falou fazendo aquela cara meiga que tiraria qualquer um do estado normal. Violetta usando seus poderes de convencimento sobre mim... Era o fim!

_O que...? – perguntei prevendo algo.

_Vai ter uma apresentação minha, hoje, lá no auditório, e eu queria saber se... Você quer ir me assistir. – disse vermelha e eu pude jurar que ela estava envergonhada. – Se não quiser eu entendo, afinal hoje é seu aniversário.

_Claro que eu vou. – falei olhando aqueles olhos castanhos. – Não perderia a chance de te ver e me orgulhar ainda mais. – disse lhe dando um breve selinho e ela sorriu agradecida.

_Aí eu aproveito e te dou seu presente, porque eu saí meio agitada do dormitório e acabei esquecendo ele em cima da cama. – falou constrangida.

_Não precisa me dar nada. – eu disse. – Você já é um presente.

_Precisa sim, e eu sei que sou seu presente, só que você me tem todos os dias. – falou. – Aí fica meio repetitivo. – disse fazendo uma careta e eu tive rir.

_Que horas é sua apresentação?

_Onze. – respondeu indiferente e eu olhei no relógio que eu tinha em cima da cabeceira.

_Violetta – falei balançando a cabeça negativamente. – São dez e vinte da manhã. – disse rindo e ela arregalou aqueles preciosos olhos, se levantando de meu colo em frações de segundos.

Ela ia saindo, mas puxei seu braço a fazendo ficar, e me olhar em reprovação. Peguei um casaco meu. Ela não ia voltar com aquele pijama à mostra. Coloquei meu casaco em volta dela e ela riu assim que percebeu o que eu estava tentando esconder. Dei-lhe um selinho que teria sido muito mais se a mesma não tivesse interrompido e saído correndo...

...