–Vamos a academia ou não? - Heather perguntou do outro lado da linha - Vamos, levanta essa bunda do sofá!

–Meu deus, tudo bem. Eu vou, satisfeita? - perguntei, tomando um gole do suco que Maia tinha feito pra mim.

–Isso! - ela comemorou.

–Te encontro na entrada da academia, tudo bem?

–Claro. Até! - ela disse e desligou.

Coloquei qualquer roupa de academia que eu achei. Peguei minha mala que eu usava para o balé, uma garrafa de água e as chaves do carro de Maia. Ela estava em casa, não se importaria se eu fosse com ele.

–Aonde você pensa que vai? - meu pai perguntou, parando na porta do meu lado.

–Vou na academia, com a Heather, pai. - respondi, virando-me para ele.

–E pra que as chaves?

–Pra eu ligar o carro, papai.

–Dirigindo?! Enlouqueceu?! Depois do acidente você já quer sair assim?

–Por favor, papai...

–Sem mas. - ele respondeu, abrindo a mão.

Bufei e dei as chaves na mão dele.

–Agora eu posso ir? - perguntei.

–Agora sim. Se divirta, filha. - ele respondeu, sorrindo.

–Eu vou pra academia, pai, não para uma festa. - murmurei baixinho.

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(Musica para essa parte: http://www.youtube.com/watch?v=P8GPcAMpkpc )

Coloquei os fones em meu ouvido e liguei a musica que encontrei em um vídeo de The Walking Dead. Sim, eu gosto do seriado! Isso é como o meu segredo nerd, sentir uma paixão platônica pelo Daryl ou pelo Carl, querer um pai como o Rick. Não que eu não gostasse do meu pai! Mas eu adoraria ter mais liberdade, poder apresentar Logan a minha família, como se ele fosse normal, como se eu fosse normal, como se nada disso fosse uma grande bagunça.

Comecei a correr. A academia era um pouco longe da minha casa, o que me dava um tempo para pensar.

Eu e Logan eramos namorados, ele tinha o meu coração, eu não podia negar. Mas tínhamos um puta obstaculo, minha família. Eu queria que meu pai aceitasse Logan, entendesse que nem todos os anjos caídos são ruins ou traiçoeiros.

Quem disse que ele me escutaria? Ele me internaria em um hospício!

Diminui um pouco o passo até parar, respirei fundo, puxando folego para continuar minha corrida.

Aquilo tudo era tão injusto! Eu odiava tanto aquela "divisão". Eu, filha do representante, não tinha porra de poder nenhum. A verdade que ninguém quer dizer, é que eu sou apenas mais uma peça controlada de meu pai. Sou o exemplo de filha perfeita. Sem nenhuma mancha no precioso histórico, pelo menos é o que pensam.

Não sei se é "pecado" namorar um anjo caído. Não sei nem se é pecado pensar coisas erradas sobre esse anjo caído!

O sistema é simples. Tem os Arcanjos, eles mandam os anjos olharem a terra e que passem informações para eles. Eles são impiedosos, pois não sentem nada, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Eles são mil vezes piores que os anjos caídos.

Mas quem tem coragem o suficiente de falar isso na cara deles? Acertou, ninguém!

Os anjos caídos são ignorados, desde que não metam o nariz no caminho deles. Os anjos que são mesquinhos e se importam com a presença deles aqui. As vezes eu cheguei a pensar em como seria se os anjos fossem iguais aos Arcanjos, mas apago essa ideia. Eu só queria que eles não ligassem para o fato dos anjos caídos pisarem na mesma terra que eles, seria muito mais fácil meu relacionamento com Logan.

Os Arcanjos são os filhos da puta! Eles mandam, nós cumprimos e os anjos caídos continuam condenado. Esse é o nosso justo sistema, muito lindo e eficiente!

(Musica para essa parte: http://www.youtube.com/watch?v=VnE6Xx0EoWg )

Quando eu estava para retomar meu caminho, um barulho de asas se abrindo e uma corrente de vento bateu em mim... seguida de outra, e outra, e outra, e outra...

Cinco garotos.

Suas asas negras estavam abertas, formando um circulo em volta de mim. Dali eu não escaparia, mesmo que eu me jogasse em suas asas, eu não sairia dali.

É, eu estava cercada.

Desejei que eu tivesse aceitado as aulas de voo com Logan. Meu pai nunca me ensinou como controlar as minhas asas, eu não sabia nem como fazer para elas aparecerem!

–Quem são vocês?! - perguntei, tentando manter a voz firme, sem parecer aflita.

–Não te interessa. - um deles respondeu.

–E por que não me interessaria? - rebati, tentando enrolar o garoto

–Se eu fosse você continuava calada... - outro garoto respondeu. Seus olhos logo encontraram os meus, eram vermelhos, como rosas na primavera.

–Olha garoto, cala a sua... ! - gritei, mas fui interrompida pelo garoto que falou comigo primeiro.

–Meu nome é Nathan. - ele respondeu, entrando dentro do circulo, que logo se fechou com as asas dos quatro garotos - Filha do representante.

Ele se aproximou, escondendo suas asas de volta. Seus olhos eram negros, piores do que a própria escuridão. Era muito mais alto do que eu, ele tinha que olhar bem para baixo para que olhasse em meus olhos. Ele encostou dois dedos em meu queixo e levantou meu rosto.

–É Ariel, não filha do representante! - respondi, tirando seus dedos de meu rosto.

–Hm, Ariel... Que nome mais estranho! - exclamou ele, se afastando e abrindo os braços, mostrando o circulo - Daqui você não sai, até que me prometa uma coisa.

–E por que eu faria isso? - perguntei, cruzando os braços.

–Porque eu estou pedindo com jeito, acho que ambos não vamos querer fazer do outro jeito. - Nathan respondeu, fitando-me com aqueles olhos tão vazios.

–Diga, o que você quer?

–É uma coisa simples.

–Eu não tenho o dia inteiro, fale logo! - falei, tentando parecer forte e confiante de que eu sairia dali.

–Que apressada! Estou gostando do meu tempo com você, por que apressar as coisas. - ele respondeu, lançando-me um olhar malicioso - O que eu quero é simples, como eu estava dizendo. Quero que você mande um recado para o sue querido pai. Diga para ele que os rebeldes estão chegando, não tem nada que ele possa fazer, se a sua filha for uma de nós!

Eu estava pronta para revidar, indignada com aquilo, mas Nathan sorriu e levantou voou junto com os outro quatro garotos.

Me deixando sozinha.

Como eu iria falar aquilo pro meu pai?